N.A: Primeira vez em tudo. Primeira vez que eu escrevo mpreg (gravidez masculina), primeira vez que eu escrevo uma fic em primeira pessoa. Por isso, só um recado para ninguém ficar perdido. A fic tem vários POV diferentes. Às vezes um capítulo é um POV de apenas um personagem, outros são mais de um POV por capítulo. Bem, mas mesmo assim espero que gostem.
Ah, e eu gostaria de agradecer a Yoru pela idéia do título da fic. Beijos.
16 de fevereiro ano 197 AC
Duo POV
Um dia, algumas horas em um bocado de minutos. Quando essa contagem regressiva chegar ao zero, meu melhor amigo, o soldado perfeito… melhor dizendo, o ex-soldado perfeito, estará subindo ao altar para transformar a srta. Peacecraft em uma feliz sra. Yuy.
Chega a ser um pouco bizarro, cada vez que eu penso nisso. Heero se casando. O mesmo Heero que há um ano, e há alguns meses atrás, era capaz de se explodir junto com o seu Gundam se isso fosse trazer paz a Terra e as Colônias. O mesmo que vivia dizendo que a sua vida era dispensável. Aquele que quase andava com um cartaz colado no Wing dizendo: tudo pela causa. Mas eu estou feliz, feliz pelo meu amigo, feliz pelo rumo que ele está tomando na vida, que todos nós estamos tomando. Confesso que quando a guerra contra Marimeia terminou, eu pensei que esse seria o fim do Soldado Perfeito. Os outros pilotos e eu até tínhamos conversado sobre o fim que Heero levaria. Afinal, o que iria fazer um soldado em um mundo de paz? Um sujeito que foi criado e educado desde pequeno a batalhar, mas não a viver. Porém, foi depois desses questionamentos que veio a surpresa, quando o próprio Heero anunciou seu relacionamento com Relena e tempos mais tarde o noivado. O danadinho durante esse um ano que tivemos de paz entre o fim da primeira guerra e a segunda, não andou tão sumido assim, ao menos não das vistas da Vice-Ministra.
Porém, não vamos fugir do assunto. A questão aqui é: Heero vai se casar e ponto. E como a tradição manda, o noivo tem direito a uma despedida de solteiro. E é por isso que estamos todos aqui reunidos… ou quase todos, porque mulher dentro dessa festa não entra, com certeza devem estar todas paparicando Relena no momento, em uma casa noturna. Sim, eu sei, como foi que a gente conseguiu arrastar Heero para uma casa noturna não me pergunte. Mas eu já disse, o final da guerra e o amor mudam as pessoas. Claro que meu ex-parceiro de batalhas não é o Sr. Emotivo em pessoa, mas ao menos ele agora sabe o significado da palavra relaxar. Na verdade, acho que ele está levando essa palavra muito ao pé da letra.
-Heero… - minha voz estava pastosa. Ao contrário do dito popular, apesar de eu sempre ter sido o animado durante a guerra, querendo colocar empolgação no grupo e esconder meu lado mais sombrio com uma máscara de felicidade, eu não era do tipo de pessoa que ao primeiro sinal de tédio se debandava para uma festa. Estávamos em guerra, por Deus, dar as caras em locais públicos quando você é um assassino procurado, é usar um alvo no meio da testa pedindo para morrer. E por causa dessa falta de diversão, meu organismo não estava muito acostumado ao excesso de álcool no sangue. E eu acho que o de Heero também não.
-O quê? – os olhos dele estavam mais escuros que o normal e em um estado meio febril. Será que em vez de levá-lo para casa eu deveria levá-lo ao hospital? Ex-soldados perfeitos correm o risco de entrar em um coma alcoólico? Hunf, a quem eu estou querendo enganar? Eu estou em igual ou pior estado do que ele. Tanto que Wufei está nesse momento dançando com uma morena na pista e eu não estou nem um pouco a fim de curtir com a cara dele. Isso é estranho. Acho que nunca mais vou beber, beber me deixa melancólico, mostra o meu verdadeiro eu. Hum… acho melhor ir embora. Está tarde e eu tenho um casamento amanhã cedo para ir. Pensando nisso me levantei da mesa, apenas para cair como uma fruta podre de novo na cadeira.
-Duo? – Quatre, sempre solícito e felizmente sóbrio, me chamou. –Duo, está tudo bem? – dei um sorriso paspalho para ele.
-Quatre… como vão vocês três? – okay, se agora eu estava vendo três Quatre, três quartos de Quatre… eu estou bêbado. Se eu estou fazendo piadinhas na minha mente com o nome do loiro, eu estou o supra-sumo da embriagues… traduzindo em língua de bêbado… eu to de porre.
-Acho que está na hora de você ir para casa Duo. – Trowa falou perto de mim e também havia três dele. Três Trowa dá quanto? Um inteiro. Entendeu? Três e três, um inteiro… acho que eu preciso de um banho frio e um café forte.
-Ah não! – Heero segurou na manga da minha blusa justamente quando eu estava tentando ficar em pé de novo. –Meu padrinho tem que ficar aqui comigo e continuar a beber comigo, porque ele é meu amigo e meu companheiro em todas as horas e situações, e se eu estou aqui aproveitando a noite nessa boate… - ele parou de tagarelar como se tentasse se lembrar de alguma palavra. -… maravilhosa… - okay, se Heero está classificando um local, para o qual ele teve que ser trazido à força, de maravilhoso, ele também estava em igual ou pior estado do que eu.
-Heero… meu amigo… - puxei o braço que ele segurava e o pus de pé junto comigo. Ele cambaleou, se apoiou em mim, o que não foi uma grande ajuda já que eu também estava meio "torto", e me deu um sorriso lânguido me olhando com olhos brilhantes.
-Duo… meu amigo Duo… porque você é dois se eu estou vendo quatro? – e agora ele também estava fazendo piadinhas com os nomes. Era hora de encerrar a noite. Até porque a gente tinha que entregar um noivo inteiro amanhã na igreja para a Relena.
Meio que carreguei, meio que arrastei, o meu corpo e o de Heero para fora da boate. Trowa nos acompanhou durante todo o caminho e nos colocou dentro de um táxi, dizendo ao motorista o endereço do meu apartamento, visto que eu parecia o mais apto a ser o responsável por nós dois. Não prestei atenção no trajeto que o carro seguiu, e mal me lembro de ter pagado ao homem e carregado novamente Heero, junto comigo, escada acima para o apartamento de segundo andar no prédio antigo onde vivia. Um lugar que eu tinha conseguido arrumar para ficar cada vez que viesse para a Terra.
-Olha Duo! Uma porta! – Heero falou debilmente ao meu lado, apontando para a porta de madeira, enquanto eu tentava escorá-lo, manter-me em pé, e abrir a porta ao mesmo tempo. Em um bom dia eu, o melhor piloto em infiltrações em bases inimigas, conseguiria fazer isso com uma mão só. Mas regado a seis copos de tequila e quatro taças de curaçau blues, seria um milagre se eu lembrasse o meu nome pela manhã. Finalmente, depois da vigésima tentativa, eu consegui enfiar a maldita chave na fechadura.
-Quando foi que eu mudei a decoração? – Heero perguntou debilmente quando entramos no meu apartamento.
-Você não mudou… - fechei a porta e me joguei no sofá. Heero poderia cair no chão duro que eu não me importava, não agora que eu estava bem acomodado na poltrona. -… estamos na minha casa.
-Ah… - ele sentou-se ao meu lado e ficou em silêncio, o que eu agradeci muito pois sem a adrenalina da boate correndo em minhas veias, o álcool estava perdendo o seu efeito e uma ressaca estava começando a surgir. –Duo? – merda, nunca mais levo Heero para a noitada. Um Heero bêbado é um Heero falador… e olha que ele não fala baixo. Acho que os ouvidos dele ainda devem estar zumbindo por causa da música alta.
-Não precisa gritar Heero.
-Ah… desculpe… Duo? – sussurrou tão baixo que eu quase não ouvi.
-Também não precisa sussurrar.
-E em que tom eu falo então? – senhoras e senhores, acabamos de descobrir que enquanto eu sou o bêbado do tipo melancólico, Heero Yuy é o do tipo chato. Vou dar um porre no Wufei e no Trowa um dia desses para ver se eles viram do tipo bêbado alegre.
-Apenas fale Heero.
-Okay… seguinte, eu queria saber o que eu faço depois que disser o sim?
-Sim para quem?
-Para a Relena, oras.
-O que você faz? Vive com ela como um casal feliz e apaixonado.
-Não Duo… - ele se inclinou como se fosse me contar um grande segredo. –O que eu faço na noite de núpcias? – eu ri, eu juro que tive que rir. Sóbrio Heero nunca me perguntaria o que fazer. Com certeza ele se sentaria na frente daquele maldito laptop e procuraria pelas respostas. Na verdade, aposto que ele fez isso, mas o álcool não o deixa lembrar desse fato.
-Bem, quando vocês estiverem no hotel, você a pega no colo, passa pela porta do quarto e diz: Enfim sós.
-Só isso?
-Não, aí você a beija, diz que a ama muito e… você sabe.
-Não, não sei. O que eu tenho que fazer?
-Ah Heero, você não quer que eu desenhe um gráfico ou faça demonstrações, quer?
-Quero. – eu fiquei chocado. E eu preciso dizer que poucas coisas me chocaram nessa vida. A seriedade com que ele falou isso quase me fez acreditar por um minuto que ele estava me fazendo uma proposta indecente. Até que eu lembrei que ele estava bêbado, e então eu ri, deslizando do sofá e sentando no chão.
-Ta Heero, eu to bêbado mas não doido.
-Por que você não pode me mostrar? – eu ri mais ainda, na verdade gargalhei histericamente. Ele estava fazendo beicinho. Heero Yuy fazendo beicinho. Onde está a maldita máquina fotográfica quando eu preciso dela?
-Porque não. – respondi entre risadas.
-Mas por onde eu vou começar então?
-Comece pelo beijo e depois siga os seus instintos.
-Você quer que eu a mate? – eu fiquei sem ar de tanto rir. Ele arregalou os olhos como uma criança chocada que acabou de descobrir que Papai Noel não existe. Como eu poderia ter esquecido que o instinto primordial de Heero, mesmo que ele não seja mais tão frio assim, era de matar qualquer um que se pudesse em seu caminho?
-Não. Você vai consumir o casamento.
-Oh. – pela cara dele, a palavra consumar sumiu do dicionário dele. O sujeito não fazia a mínima idéia do que eu estava falando. Eu não fazia a mínima idéia do que eu estava falando. Somos amigos, eu sei, mas não melhores amigos, daqueles que contam seus podres um ao outro. Não, eu deixo essas pequenas fofocas para as mulheres, elas se entendem mais com isso.
-Okay… eu vou te mostrar… mas só um pouquinho para ver se clica alguma coisa aí dentro. – agora além de bêbado eu estava insano. Heero deslizou do sofá e sentou-se ao meu lado no chão, e ficou me olhando na expectativa. Indeciso, eu resolvi começar lhe dando um leve beijo nos lábios, um selinho, e depois ir explicando a partir desse momento. Mas algo deu errado. Algo deu muito errado. O beijo que era apenas para ser demonstrativo tornou-se algo mais. A explicação de teórica ficou mais prática… e uma lembrança estranha do passado, uma voz que recordava muito a do Dr. G, ficava me dizendo que eu não deveria fazer isso, permitir isso, pois haveria conseqüências. Mas quando dei por mim, já era tarde e eu tinha feito uma besteira que mudaria toda a minha vida.
