Heero POV
Eu sentia os meus músculos um pouco doloridos pelas horas que Duo e eu ficamos abraçados no meio do escritório, e quando dei por mim, ele tinha adormecido nos meus braços. O ergui no colo, não ficando surpreso em descobrir o quanto ele é leve, e o carreguei para o meu quarto, o depositando sobre a minha cama e me deitando ao lado dele, observando o seu rosto vermelho e trilhado pelas lágrimas agora sereno durante o sono.
O sol já se punha no horizonte quando Duo começou a se mexer durante o sono, indicando que estava despertando. Eu apenas fiquei quieto, observando enquanto os olhos violetas se abriam e me encaravam num misto de surpresa e medo. Em um pulo Duo sentou-se na cama e ficou olhando pelo quarto, desorientado. Quando o olhar dele voltou para mim, os orbes violetas ficaram mais largos ainda de pavor e ele quase que fugiu da cama, mas eu o segurei a tempo pelo pulso e o puxei de novo para cima do colchão, o fazendo deitar ao meu lado e o prendendo pelo braço.
-Heero… - ela estava com medo… com medo de mim. Acho que estava na hora de termos uma conversa clara.
-Duo. – os olhos dele começaram a brilhar e eu sabia que ele estava fazendo força para segurar as lágrimas. Num impulso eu estendi a mão que não o segurava e lhe acariciei a bochecha. Era tão macia… tão suave. Senti os meus dedos formigarem diante do toque. Reações que eu só tinha sentido uma vez com Relena, no início do nosso casamento, quando a paixão ainda existia. Mas com Duo pareciam diferentes, elas pareciam mais fortes, mas, ao mesmo tempo, suaves. Com Relena eu tinha vontade de satisfazer logo os meus desejos, com Duo eu… eu queria o quê? Protegê-lo? Cuidar dele? Por quê? Por que dessas sensações logo agora, a essa altura da vida?
Ele fechou os olhos e suspirou diante do meu toque e eu senti o meu coração dar outro pulo, coisa que estava se tornado familiar perto de Duo. E então eu percebi. Eles sempre estiveram lá… os sentimentos. Eu apenas os tinha suprimido, confundido com amizade, os ignorado e desistido deles quando Relena se aproximou de mim. Eu achava que a amava, e talvez em um ponto eu tenha estado apaixonado por ela, mas o amor de verdade, o companheirismo, era tudo de Duo. Mas eu não sabia como reagir, naquela época eu não sabia o que isso queria dizer. Eu era o Soldado Perfeito, e só me permitia à amizade, e nada mais. Como fui tolo. Por causa da minha ignorância eu afastei Duo de mim e não vi o meu filho crescer. Não me entendam mal, eu não me arrependo de ter casado com a Relena, pois ela me ensinou muitas coisas, ela me deu uma filha linda… e se não fosse por ela eu nunca saberia… eu nunca saberia…
Que eu amo Duo Maxwell.
-Eu sinto muito Heero… sinto mesmo. Mas eu me apavorei naquela época. Era uma coisa tão estranha, homens não ficam grávidos… e quando eu descobri, eu não sabia o que fazer, então recorri ao meu instinto primordial… - correr e se esconder, esse era o instinto primordial de Duo quando ele estava com problemas. E foi o que ele fez.
-Shhh, Duo… está tudo bem. – e estranhamente estava. Eu ainda estava surpreso, um pouco magoado, mas depois de ter ficado horas o observando dormir e pensando sobre o assunto eu percebi que não poderia culpá-lo. Creio que faria a mesma coisa se estivesse no lugar dele. Ele apenas pensou de maneira lógica para poder proteger Nathan. E eu não podia crucificá-lo, eu, de todas as pessoas, não tinha esse direito.
-Está? – ele ainda parecia inseguro e eu deslizei a minha mão pelo rosto dele, desenhando com as pontas dos dedos todos os seus traços, tentando ver o que tinha mudado nesses últimos anos. O físico, o rosto, tudo tinha amadurecido. Eu estava diante de um homem, mas os olhos ainda eram do mesmo menino maroto e alegre que eu conheci durante a guerra.
-Eu… - fechei os olhos, como se buscando as palavras dentro da minha mente. Um passo de cada vez. Eu poderia ter finalmente admitido o que sentia por Duo, mas ainda era tudo muito confuso, tudo veio muito rápido, e no meio da confusão que estava a minha vida eu não conseguia assimilar nada direito. Certo que eu tinha perdoado o americano parcialmente, mas daí a tentar explorar mais profundamente o nosso relacionamento… e eu nem sabia o que ele sentia por mim. Talvez nem gostasse de mim, talvez nem me visse mais como um amigo. E a única coisa que nos ligava era Nathan.
-Eu ainda estou confuso, chateado por você ter escondido isso de mim… - senti ele enrijecer sob os meus dedos. -… mas eu entendo. Realmente entendo. E eu sinto muito por não ter estado ao seu lado durante esses anos, por… não ter visto o nosso filho crescer. – ele ficou me olhando por um tempo e sua expressão nada dizia, até que um sorriso começou a surgir em seu rosto, misturado com as lágrimas.
-Ah Heero! – ele deu um pulo e me abraçou, e pego fora de guarda levei alguns segundos sem reagir, mas o abracei de volta logo depois. –Eu… você mudou tanto, e eu estou orgulhoso de você nesse ponto. Obrigado mesmo, muito obrigado. – ele se afastou um pouco de mim, mas somente o suficiente para os nossos narizes roçarem e eu poder sentir a respiração quente dele no meu rosto. Abaixei o meu olhar para aqueles lábios cheios e vermelhos… lembro de quando os beijei pela primeira vez há dezesseis anos atrás, quando toda essa confusão começou. Mas eu estava bêbado naquela época e só tinha fragmentos de memória. Me aproximei para poder recordar de como era beijar Duo, mas em um minuto ele estava nos meus braços, no outro não estava mais.
-Er… acho que vou para o quarto que Relena preparou para mim. Preciso de um banho, porque eu estou me sentindo um lixo. – ele disse meio incomodado e foi embora. E eu fiquei feito um pateta estirado na minha cama, olhando para o teto, mais perdido do que cego em tiroteio.
Nathan POV
Uma mentira. Minha vida toda foi uma mentira. Meus pais, minha família, eu sou uma mentira. E o mais estranho é pensar que a minha verdadeira mãe… é o meu pai. Bizarro. Bizarro e confuso, extremamente confuso. Isso quer dizer que Audrey é minha irmã. Ao menos uma coisa boa nessa história. Eu gosto muito dela, apesar do pouco tempo em que passamos juntos. Mas quanto ao resto.
Soltei um suspiro e deitei de lado no gramado do jardim da Mansão Peacecraft. Podia ver ao longe as gaivotas voando no céu do entardecer. Havia uma pequena colina perto da mansão que levava para uma praia particular. Antes de receber a notícia chocante eu tinha passado uma manhã divertida com Audrey e o senhor Yuy… senhor Yuy, Heero… será que agora eu teria que chamá-lo de… papai? Eu estava perdido, completamente perdido. E eu nunca fiquei assim em toda a minha vida. Era frustrante.
-Nathan? – me virei e me deparei com os luminosos olhos azuis de Audrey. Ela tinha os olhos do… senhor Yuy.
-Hei Drey. – tentei sorrir mas não me sentia no espírito para isso. Por isso apenas sentei na grama a convidando para se sentar ao meu lado. –O que faz aqui fora sozinha? Seu pai vai ter um troço quando não te encontrar dentro da casa. – senti meu coração apertar. Ele também era o meu pai e eu falava como se ele não fosse nada de significante para mim. Sei que ficamos amigos nesses últimos dias, mas saber que um homem que você mal conhece é seu outro pai… é estranho.
-Eu estava te vendo da janela da sala e resolvi vir aqui para saber o que há de errado. – garota esperta. Ela parecia até capaz de detectar a tristeza emanando de alguém, porque ela me olhava com um olhar sábio e eu me sentia estranhamente sendo avaliado por aqueles olhos infantis.
-Sabia que o exame deu compatível? Logo a cirurgia será feita. – tentei divergir do assunto que estava me incomodando, esperando que isso atraísse a atenção dela, mas ela percebeu rapidamente o que eu estava tentando fazer, pois só me respondeu com um:
-Bom. Mas o que há de errado? – ela não espera que eu conte para uma menina de dez anos qual é o meu problema, não é? –E não me olhe com essa cara de que eu não tenho idade para ouvir os seus problemas. Desembucha. – ela disse em um tom mandão e autoritário. Acho que é o resultado dos genes Peacecraft-Yuy. E era por isso que eu não gostava de ver crianças doentes. Doenças amadureciam as pessoas, e em crianças elas tinham efeito redobrado, e eu não achava isso justo. Uma menina de dez anos deveria pensar como uma menina de dez anos, e não como uma de vinte.
-Eu descobri uma coisa hoje… que me chateou.
-E o que foi? – mesmo com o ar sério ela ainda possuía o brilho infantil da curiosidade. Sorri um pouco.
-É complicado, Drey.
-Ah pelo amor de Deus. Complicado? Nada do que você disser para mim pode ser considerado complicado. Afinal, eu era a única criança da minha classe que entendia física quântica. Então pode começar a falar. – ri com o comentário dela. Claro, como eu não pensei nisso antes? Sendo filha de Heero com certeza ela seria um pequeno gênio como… como eu. Ah, então daí vem à explicação para boa parte do que eu sou. Não é a toa que a Doutora Chang fez uma cara muito estranha quando me perguntou aquelas coisas. Um quadro clínico como o meu com certeza ela só tinha visto em uma pessoa… Yuy.
-Eu descobri que o meu pai… não é bem o meu pai… - ela ergueu uma sobrancelha para mim e eu sabia que era inútil tentar explicar a situação para ela. Porém, a expressão que ela fez depois me incitou a continuar. –Ele… bem… a minha mãe… - eu estava gaguejando. Que ridículo. Eu estava gaguejando. Eu nunca gaguejei em toda a minha vida.
-Fala logo Nathaniel. – eu estremeci com o tom dela. Essa garota sabia meter medo, quase ri por causa disso.
-Bem, parece que eu não nasci da minha mãe, mas sim do meu pai, o que me faz ter dois pais. E não um pai e uma mãe como as outras pessoas. Entende? – esperei que ela dissesse que não, mas a expressão dela mostrava claramente que ela entendia sobre o assunto, o avanço que a ciência estava tendo sobre essa situação.
-E só por causa disso você está com essa cara?
-Você não entende! – levantei rapidamente, passando as mãos de maneira nervosa pelos meus cabelos. –Uma mentira. Minha vida toda foi uma mentira. Eu pensava que a Hilde era a minha mãe, quando na verdade não era. E o meu outro pai… - parei estupefato. Eu não deveria estar falando isso para ela. O meu outro pai era o sr. Yuy. E se ela soubesse o que aconteceu entre o sr. Yuy e o meu pai, com certeza ficaria muito triste. Toda criança gosta de ver os pais juntos, e Drey não merecia a dor de saber que o pai dela traiu a mãe dela com o meu pai, quando eles ainda eram noivos.
-O que tem o seu outro pai? Você o conheceu? – ela perguntou, me olhando fixamente. Depois começou a piscar os olhos intensamente e o que eu vi dentro deles fez um frio descer a minha espinha. Essa menina era esperta demais para o próprio bem. Esperei ela explodir, já sentindo um aperto no peito. Tinha acabado de ganhar uma irmã e iria perdê-la antes mesmo de conhecê-la melhor. Pois com certeza ela me odiaria e odiaria ao meu pai pelo que aconteceu no passado. –E você não está feliz? – o tom calmo com que ela me perguntou isso me assustou. Alarguei os olhos e a fitei, chocado com a sua reação. O que ela estava querendo dizer com isso?
-Como?
-Meu pai não é ruim. Ele pode ser duro e frio às vezes, mas ele é o melhor pai do mundo. Aposto que o sr. Maxwell também é assim. – falou em um tom inocente, característico de qualquer criança. Sorri um pouco. Meu pai era o melhor pai do universo. Tudo o que ele fez depois que a mamãe morreu apenas o tornou meu super herói. O modo como ele tentava ser forte e carinhoso ao mesmo tempo. Seus sorrisos, seus gestos, seu jeito. O modo como ele batia de frente com quem me incomodasse, ou quando cantava para mim quando eu era pequeno para eu poder dormir. Ou quando deixava eu dormir com ele porque eu tinha medo do escuro… ele era perfeito…
Soltei um suspiro pesado e cai com um baque na grama, ao lado de Audrey. Deus, o que foi que eu fiz? Tudo o que o meu pai fez durante esses anos foi tentar me proteger, cuidar de mim, fazer eu ter uma vida normal apesar de ser diferente. E o que eu dei em troca no primeiro momento em que descubro que o todo poderoso Duo Maxwell é apenas humano, como qualquer outra pessoa? Eu grito com ele, eu o acuso… eu me sinto um lixo.
-É… ele é um paizão. – dei um sorriso fraco e ela sorriu de volta para mim, algo tão brilhante e confortante que eu senti vontade de chorar.
-Isso quer dizer que eu ganhei um irmão? – o modo como os olhos dela brilhavam de felicidade pela novidade quebrou todo o meu mau humor e confusão diante da revelação.
-É, você ganhou um irmão. – fui pego de surpresa quando ela se jogou nos meus braços e apertou o seu corpo contra o meu. Naquele momento, todo o peso em meus ombros sumiu e eu me senti eu de novo.
Duo POV
As primeiras estrelas já brilhavam no céu mas eu estava pouco me importando com o brilho delas. Minha mente estava a mil por hora, embora o meu olhar estivesse perdido no enorme jardim da mansão Peacecraft. Ainda estava olhando janela afora, repassando tudo o que tinha ocorrido nos últimos dias, quando a porta do meu quarto se abriu. Me virei para ver quem era, esperando intensamente que não fosse Heero, pois não sabia direito como lidar com ele. Certo que ele tinha me consolado e ficado ao meu lado depois de tudo o que aconteceu. mas ainda sim era estranho. O modo dele de agir, o modo como ele me olhou. Era quase como se ele… sacudi a cabeça para poder afastar essas idéias da minha mente. Não queria me iludir. Eu não tinha mais idade para ficar me agarrando a pequenas esperanças como uma adolescente apaixonada.
-Pai? – senti o coração dar um pulo e sai da janela rapidamente, caminhando até Nathan, mas parei no meio do quarto incerto sobre o que fazer. Ele ainda estaria chateado comigo? Será que ele não viu que tudo o que eu fiz foi para o seu próprio bem? Será que eu tinha perdido o meu filho?
-Nathaniel. – falei com a voz falha, sentindo as lágrimas novamente arderem em meus olhos. Bosta, eu estava me tornando um idiota sentimental e dessa vez nem poderia culpar os hormônios por causa disso.
-Pai, eu queria dizer…
-Dizer o quê? – que iria me abandonar e me odiar pelo resto da vida pelo simples fato de eu tê-lo amado demais e feito coisas com medo de perdê-lo?
-Eu pensei muito… e… e… - e o quê? Droga! Ele era tão bom com as palavras quanto Heero. Ou seja, uma lástima em comunicação quando não tinha, ou não sabia, o que dizer. –Eu te amo muito papai! – isso me pegou de surpresa, mas não mais que o abraço apertado que ele me deu, se encolhendo em meus braços como uma criança assustada. Quebrei inteiramente com esse gesto. Meu garotinho estava de volta, eu não o tinha perdido. Deus realmente gostava de mim, e eu retiro tudo de ruim que disse sobre Ele durante esses anos.
-Nathan… isso quer dizer que você não está mais chateado comigo? – perguntei com um bolo na garganta e tentando segurar o choro. Tudo que eu recebi em resposta foi uma negativa dele com a cabeça e dei um sorriso, acariciando os rebeldes cabelos castanhos.
Acho que ficamos por uma meia hora naquela posição, até que ele hesitante me soltou, e eu pude ver as marcas de lágrimas em seu rosto. Sorri um pouco. Ele era como Heero e eu, não gostava de demonstrar fraqueza.
-E agora Nerd-boy? – ele deu uma pequena risada e eu senti o meu coração aliviar diante daquele som. Eu adorava a risada dele. –O que você vai fazer? – perguntei sério, não querendo evitar esse assunto. Uma hora teríamos que tocar nele, porque agora tudo estava diferente e por mais que eu quisesse não poderia proteger o meu filho para sempre. Ele estava se tornando um homem e, como eu tinha dito antes, teria que enfrentar as conseqüências de seus atos e decisões.
-O que você quer dizer?
-Você tem um outro pai agora… e uma irmã. – sai do ponto onde estava, no meio do quarto, e caminhei até uma mesa próxima, pegando um envelope e estendendo a Nathan. –Toma.
-O que é isso?
-Leia. – ele abriu e leu, seus olhos se alargando à medida que lia. Era a autorização assinada para Nathan realizar a operação. –E depois, Nathan? Quando a operação terminar? Você volta comigo para L2… ou fica? – ficar não era uma opção que eu queria, mas agora a decisão era toda dele e eu não passaria de um espectador.
-Por que você não pode ficar aqui comigo… conosco? Eu quero conhecer melhor o senhor Yu… meu outro pai, mas não quero me afastar de você. – um sorriso triste surgiu no meu rosto e eu dei as costas para ele, voltando meu olhar as estrelas que brilhavam através da minha janela. Ficar? Essa não era uma opção para mim. Ficar tão perto de Heero… quando por todos esses anos eu quis me manter longe. Sei que agora ele é um homem livre e desimpedido, mas isso não quer dizer que ele vai se apaixonar por mim só porque temos um filho em comum.
-Pai? – senti seus olhos queimarem as minhas costas e eu sabia que ele tinha entendido toda a minha situação. –Tem certeza? Nunca se sabe… vocês podem…
-Nathan. – me virei bruscamente e o impedi rapidamente. –Não. Quando você foi concebido, eu sinto dizer isso, mas foi durante uma aventura de adolescente. Estávamos bêbados e não sabíamos o que fazíamos. Não havia sentimentos envolvidos.
-Mas agora tem, não tem? Esse olhar, esse modo de olhar que você ganhar cada vez que Heero está por perto… é o mesmo olhar que eu já vi várias vezes no seu rosto. É a dor de um… coração partido.
-O que você entende de coração partido, Nathan? – perguntei com um sorriso triste.
-Tudo, já que eu vivi dezesseis anos sob o mesmo teto que o senhor. – ah, ele era esperto demais para o seu próprio bem.
-Se você quiser ficar aqui para conhecer o seu pai, eu não serei contra. Mas eu volto para L2.
-Mas…
-Apenas prometa que vai me visitar. – o tom que usei foi para dar como encerrado o assunto. Eu não queria mais falar sobre isso. Tudo o que eu queria era voltar para a minha colônia e recolher os cacos do que restou do meu coração.
-Sempre pai. – ele disse num sussurro e me abraçou de novo. E assim ficamos por horas.
