Anjos e Demônios

CAPITULO 2 - LEMBRANÇAS

- Finalmente vamos poder ficar juntos!
- Por toda a eternidade!
Duo se agarrou ao rapaz que tinha a mesma aparência de Heero, porém em suas costas existiam grandes e belas asas. Os dois sorriam enquanto se abraçavam, as asas do rapaz os envolvia.
- Eu te amo! – disse o rapaz olhando nos grandes olhos violetas.
- Demônios não amam! – disse uma voz fria que se aproximava dos dois.
- Quem está ai? – Duo rapidamente transformou seu pingente em foice e caminhou lentamente para frente, ficando de costas para o rapaz. Como não houve resposta Duo repetiu a pergunta e deu mais alguns passos a frente.
- Você deveria saber! – respondeu a voz.
Os olhos de Duo se arregalaram, um pânico fora do comum tomou conta de seu corpo. Rapidamente ele virou para ver o rapaz e só pode gritar com todas as suas forças para que ele fugisse, mas havia sido tarde demais o belo rapaz já havia sido atingido por várias lanças pontiagudas e negras, suas roupas brancas ganhavam um tom vermelho. Seu corpo quente experimentava o sabor da dor jamais sentida, aos poucos os grandes olhos azuis se fechavam. Duo entrou em desespero correu até o rapaz, mas antes que conseguisse alcança-lo uma grande prisão se formou a seu redor. Duo gritava e chorava enquanto tentava derrubar as barras de aço que o prendiam, porém era tudo em vão. Três seres alados de grande beleza olhavam para Duo com piedade, enquanto pegavam o anjo que dormia um sono eterno e voavam em direção ao céu.
Duo foi trancafiado em um quarto escuro e deixado sozinho. A cena era de uma beleza rara e sem igual, os longos cabelos estavam soltos e caiam como uma cascata, as roupas negras e bem detalhadas davam um ar de poder, os olhos sem brilho não expressão nada a não ser a fuga do pobre garoto de sua realidade. Duo experimentava pela primeira vez o gosto da solidão. Todos haviam virado as costas para deixa-lo sozinho. Ele já estava ali a dois dias, porem não havia derramado uma lagrima sequer desde que entrou naquele quarto, permanecia sentado abraçado a seus joelhos, com a mesma expressão distante.
- Duo! Você tem idéia do que fez?! – dizia um jovem de longos cabelos pretos, que estava sentado na beirada da cama, sua expressão era severa e impiedosa.
- Você é um irresponsável como pode cometer um taboo desses?! Você sabe que demônios não podem amar!
Duo continuava preso a imagem do anjo sendo sacrificado, a cada lança que cortava o corpo daquele ser Duo abraçava com mais força suas pernas.
- Idiota! Por isso demônios não podem amar, sempre vamos estar sozinhos! Agora você está sozinho! Está vendo porque não se deve amar?! O amor é traiçoeiro! O mestre ordenou que eu te desse isso!- o jovem de longos cabelos negros ergueu um frasco em direção a Duo e ordenou – Beba! Isso é a poção do esquecimento, assim que você a tomar não vai mais se lembrar de nada do que aconteceu entre você e aquele anjo!
Duo continuava preso em sua doce insanidade, não prestava atenção em nada que lhe era dito, tudo que conseguia ver e ouvir era a morte de seu anjo.
- Vamos, Duo! Pega! Isso vai te fazer bem!
Novamente não ouve resposta, o jovem abriu o frasco impacientemente, segurando o rosto de Duo inclinado para cima e despejou o liquido em sua boca. Duo não fez nada para impedir, seus olhos foram se fechando lentamente enquanto seu corpo caia na cama aos poucos. O jovem de longos cabelos negros apenas se retirou do quarto. Algumas horas depois Duo acordou, com os gritos que vinham do lado de fora de seu quarto, em passos lentos ele se levantou e olhou pela janela, os campos estavam repletos de almas desafortunadas e muitas vozes gritavam por liberdade, mas era tudo em vão elas iriam desvanecer com o tempo. Duo estava muito confuso, parecia que algo valioso, algo que ele deveria se lembrar havia sido arrancado dele. Naquele momento ele pensou em pedir ajuda para Dhiamas, mas se lembrou das palavras que ele havia dito uma vez "Há somente você para responder a si!"
Uma luz estranha vinha na direção de seus olhos, parecia ser tão forte como a luz do sol. Duo colocou a mão na frente de seus olhos para protege-los e de repente ouve uma voz familiar dizendo:
- Finalmente acordou!
- Quem está ai?- assim que os olhos de Duo conseguem enxergar a figura que se formava ele diz - Heero!
- Que bom que ainda se lembra do meu nome! Me desculpe! Mas eu não sei como chama-lo?
- Pode me chamar de Duo! – enquanto falava Duo se remexia na cama, em movimentos iguais aos de um felino, Heero o observava em silêncio sua expressão fria continuava. – Você por acaso se lembra de alguma coisa que aconteceu ontem?
- Eu não fui embora justamente porque ainda me lembro de ontem. Obrigado por me salvar! Você é alguma espécie de anjo?!
Duo deu uma risada do que Heero havia acabado de dizer. Ele salvando um humano, aquilo havia sido apenas coincidência e ainda confundido com um anjo! Isso era demais para o menino de olhos violetas. Muitos o chamavam de anjo da morte! Mas de anjo...
- Eu não sou um anjo é sim um demônio. Não precisa me agradecer, eu ainda não decidi se vou deixa-lo vivo!
Heero permaneceu com a mesma expressão neutra e disse enquanto Duo se levantava da cama:
- Mesmo assim obrigado!
- Nossa estou morrendo de fome!
- Eu já preparei seu café da manhã!
- Nossa quanta gentileza, depois disso acho que não posso te matar. – Duo da um sorriso gentil para Heero, enquanto desfazia sua enorme trança para refaze-la - , mas tem uma regra que diz que um demônio não deve fazer favores para humanos sem pedir algo em troca.
- E então o que vai querer de mim? – Duo parou com o que estava fazendo e olha para Heero com um olhar malicioso.
- Ainda não sei! Estou pensando em ficar um tempo aqui na terra, você poderia ficar comigo por esse tempo. Assim que eu descobrisse um desejo que você pudesse realizar, eu apagaria sua memória e cada um seguiria sua vida!
- Mas porque você tem que exigir algo em troca?
- Demônios que salvam humanos são vistos como traidores e recebem uma punição! Por isso estou em um dilema mata-lo imediatamente ou receber esse favor e apagar sua memória!
- Você pode ficar aqui na terra?
- Sem problemas! Eu posso ficar aqui por um mês, mas depois disso eu devo voltar. E aproposito você não vai poder dizer para ninguém que eu sou um demônio, senão eu te mato e mato a pessoa para a qual você contou, acho que vou ficar na sua casa até descobrir o que fazer.
- Na minha casa?
- Claro, assim vou ficar mais próximo de você!
- Mas meu avó talvez...
- Não se preocupe eu já sei o que vamos fazer. – Duo estava se divertindo muito, por mais que quisesse mudar a expressão do jovem não conseguia, ele continuava com a mesma aparência fria.
Após o café da manhã Duo deixou o lugar como estava antes e partiu junto com Heero para sua nova casa. Por ser uma manhã de domingo os ônibus não passavam com muita freqüência por isso os dois foram caminhando pelas ruas. Por onde iam Duo chamava atenção, um pouco era devido a sua beleza, mas grande parte das pessoas ficavam admiradas com suas roupas pretas em um dia tão quente.
- Hoje está muito quente! O que acha de um sorvete?!
- Sorvete?! O que é isso? – perguntou Duo colocando um dedo na boca enquanto olhava para Heero.
- Como posso te explicar. Sorvete é algo gelado, doce....você come...
- Comida! Um demônio não precisa comer! Mas vou adorar saber como é esse coisa chamada sorvete!
Sem muita demora os dois foram até uma sorveteria que estava no caminho. Heero escolheu ambos os sorvetes e escolheu de sabores diferentes. Os dois se sentaram um pouco afastados da janela e mais próximos ao ventilador. Duo colocou uma colherada na boca muito rápido, seus olhos se arregalaram e ele olhou desesperado para Heero, colocou sua mão na cabeça enquanto tremia :
- Isso é muito frio! Acho que não quero mais! – disse Duo empurrando o sorvete na direção de Heero, que com um meio sorriso disse:
- Baka! Não coma tão rápido! – Heero pegou uma colherada de sorvete e a levou na direção de Duo enquanto dizia- Vamos, experimente de novo!
Duo ficou um pouco receoso aquilo tinha um gosto bom, mas era muito frio. O jovem demônio olhou nos olhos de Heero e sem pensar mais abriu lentamente sua boca. Heero permanecia com uma expressão séria enquanto dava o sorvete para Duo, assim que este experimentou pela segunda vez, fechou seus olhos e assim que abriu falou, enquanto pegava de volta seu sorvete:
- Mudei de idéia acho que vou comer!
Assim que terminou de comer seu sorvete, Heero ficou admirando Duo que estava com a cara toda suja de sorvete, enquanto comia sua segunda rodada. Instintivamente Heero pegou alguns guardanapos e limpou o rosto do demônio que sorria agradecido.
Após aquilo os dois continuaram com sua pequena jornada, até que finalmente chegaram, já passava das 5 da tarde, além da sorveteria os dois haviam parado em outros lugares.
- Vovó! Cheguei! – disse Heero retirando os sapatos e entrando em casa, acompanhado de Duo.
- Hee-chan! Onde você esteve eu fiquei tão preocupado, você nunca.... – o Velho de longos cabelos grisalhos parou enfrente a Heero e viu que uma figura muito sorridente o acompanhava. – Heero, eu não acredito.... – várias lágrimas se formavam em seus olhos - finalmente você arranjou alguém, finalmente! – o velho abraçou Heero enquanto continuava falando - Não acredito! Finalmente meu netinho... – o velho se aproximou de Duo e pegou em suas mãos – Minha nora!
Duo sorriu divertido com o que estava acontecendo, enquanto Heero continuava calado, Duo observava heero, este parecia estar constrangido!
- Hoje é realmente um dia muito especial! Eu vou dar uma grande festa finalmente meu netinho desencalhou! Bem que eu senti que algo ia acontecer...
Duo sorria ainda mais a cada palavra dita pelo velho!
- Então você poderia deixar sua norinha querida morar aqui por um tempo? – Disse Duo fazendo uma cara de vitima.
- È claro! Tudo o que você quiser! Você pode me chamar de Vovó!
- Muito obrigada, vovó!
O velho finalmente largou as mãos de Duo e o abraçou. Heero observava toda aquela cena no mais puro silencio. Assim que o velho largou Duo, Heero puxou o mesmo para seu quarto. O velho mais do que depressa correu para o telefone para contar as boas novas.
- Alo, G! Aqui é o J! Você não vai acreditar no que aconteceu hoje?- J segurou o telefone com mais força e disse impaciente - Não eu não fiz bolo de abacaxi! – J se sentou na cadeira ao lado do telefone e continuou - O Heero, o meu menino, ele arranjou uma namorada! Não! não é brincadeira, se quiser pode vir aqui e ver com seus próprios olhos! Eles estão nesse exato momento no quarto.... – J deu uma risadinha enquanto ouvia a resposta de G – Ta eu sei que o Heero não faria isso. Então vem e chame os outros! Hoje aqui em casa vai ter festa!
No quarto, Heero estava sentado na cama de frente para Duo e aguardando uma resposta.
- Ora Heero, eu não sou um ser humano. Eu sou um demônio, não precisa ficar com medo de nada, eu não vou te prejudicar! Se for necessário eu apago a memória desses velhos caducos, não se preocupe.
- Mas...
- Eu já disse não se preocupe! Eu dou um jeito e apropósito onde é que vou dormir?
- Você pode dormir aqui!
- E você?
- Eu durmo no sofá.
- Não precisa fazer isso, podemos dividir a cama!
- Mas minha cama é de solteiro e não dá para duas p...
- Sem problemas! - após Duo pronunciar algumas palavras em latim a cama se transformou em uma cama de casal.
- Você é realmente insistente!
Duo sorriu e de repente são ouvidos alguns barulhos que vinham da porta. Heero vai lentamente até a porta e a abre com força, 5 velhinhos fuxiqueiros caíram no chão! Heero ficou totalmente irritado e olhou para os cinco velhinhos com um olhar assassino.
- Desculpa! Hee-chan! Nós só estavamos procurando a lente de contato do O.
- Hoje não é meu dia!