Anjos e Demônios

CAPITULO 3  - ATÉ O AMANHECER

- Hee-chan! Sua namorada é muito bonita! – disse G ajeitando as roupas meio que amassadas pela queda.

Heero rosnou e disse em fúria.

- Não me chame assim! E ela na verdade é ele. Então parem de ficar falando que ele é meu namorado!

J riu e se escondendo atrás de H, para dizer:

- Desculpa, Hee-chan! Não pretendíamos ofender seu namorado!

Heero o encarou com um olhar mortal, fechou a porta com força e voltou bufando para a cama, onde Duo o esperava.

- O que foi Hee-chan?! – disse Duo com um sorriso meio que inocente.

- Até você?!

Heero deixou seu tronco cair sobre a cama, deixando suas pernas ficaram dobradas na beirada. Duo se aproximou lentamente do corpo de Heero, e só parou quando ficou por completo sobre o japonês.

- O que foi? – perguntou Heero com uma voz um pouco trêmula, suas fases estavam completamente vermelhas.

- Adoro seus olhos, sabia?! – Duo se aproximou mais de Heero e disse murmurando no ouvido do japonês – Parece que eles estão me chamando.

-...- Heero ficou absolutamente sem palavras, não sabia como deveria agir. O garoto de tranças estava se aproximando perigosamente de sua boca, seus olhos se encontraram e um ficou perdido nas profundezas do olhar do outro. Nervoso Heero passou a língua no lábio inferior, o que fez com que Duo se aproximasse mais rápido.

- Hee-chan! Já tem janta! – disse J batendo de leve na porta.

Heero rapidamente se afastou de Duo com as fases coradas e começou a andar como uma máquina que precisa de ajustes, indo em direção a porta. Duo sorriu ao ver o constrangimento do outro e o seguiu.

- O que os mocinhos estavam fazendo no quarto? - perguntou O, fazendo uma cara de malícia, enquanto terminava de ajeitar a mesa.

- Nada!!!! – Heero respondeu rápido, enquanto suas fases coravam violentamente.

H cutucou O e olhou com um olhar reprovador. Todos se se sentaram à mesa e começaram a se servir de pizza. Duo apenas os olhava com curiosidade e tentava acompanha-los. Todos os 5 velhinhos conversavam animados planejando a farra da noite, provavelmente mais um baile da terceira idade.

- Hee-chan! Eu e o pessoal vamos sair para nos divertir e não pretendemos voltar aqui hoje, então a casa vai ser toda sua! – J piscou um olho para Heero e deu um enorme sorriso.

Heero se abaixou totalmente constrangido na cadeira, o que aqueles velhos estavam pensando? Não ia acontecer nada entre ele e Duo. Está certo que no quarto Duo havia sido um pouco ousado e por pouco eles não se beijaram, mas isso não significava nada. Afinal, Duo era um demônio que só queria uma recompensa por ter salvado sua vida. Heero abaixou a cabeça ainda mais e seu olhar novamente tomava a frieza costumeira, uma certa angustia tomou conta de seu ser. Novamente ele seria envolvido pela solidão, Duo não poderia permanecer a seu lado por muito tempo, só seriam mais algumas semanas depois tudo seria como antes.

J percebeu a mudança de Heero e decidiu deixar seu adorável netinho com Duo que estava todo lambuzado com a pizza, sorrindo J se levantou e chamou os amigos para o carro da morte, apelido dado por Heero, já que o carro era bem velho e os loucos velhinhos só andavam acima de 120.

Na saída J se aproximou de Duo e disse bem baixo para que Heero não ouvisse:

- Por favor, cuide bem do meu garoto!

Duo sorriu e com um tom gentil respondeu:

- Pode deixar!

Heero se aproximou dos dois, enquanto G fazia a manobra para tirar o carro da garagem.

- Vô, por favor, não volte muito tarde!

- Que isso Heero? A noite é apenas uma criança. Cuide bem da casa e juízo. – J disse as ultimas palavras dando uma piscadinha para Heero, que o encarou com seu melhor olhar assassino.

Heero acompanhou seu avô até a porta de casa, enquanto Duo continuava sentado na mesa. Após todos entrarem no "carro da morte", G pisou fundo no acelerador fazendo os pneus cantarem, enquanto os outros gritavam como loucos. Heero apenas fez uma negação com a cabeça e fechou a porta, voltando em seguida para a mesa onde terminaria de comer sua pizza. Assim que se sentou, ele e Duo recomeçaram a refeição que havia sido interrompida. Meio tímido e com as fases um pouco coradas Heero olhou para Duo e deu um belo sorriso ao ver o outro todo lambuzado e lutando com o catchup.

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- Quatre-sama! Quatre-sama! – gritava um jovem de belíssimas asas brancas que voava em direção a uma fonte natural, que era rodeada por uma mata virgem. Naquele lugar vários animais viviam em harmonia.

- O que foi Rosiel?

- O Senhor pediu para que o senhor, Trowa-sama e Wufei-sama interfiram no destino de um humano.

- Porque?! O que de tão grave fez esse humano para que os 3 arcanjos tenham que descer até a terra?

- O Senhor não mencionou, mas pelo que fiquei sabendo, um dos 4 grandes demônios não cumpriu com o acordo celestial e está agora na companhia desse humano.

- Isso não é nada bom. Isso pode resultar em outra guerra santa.

Quatre abaixou a cabeça e fez uma negação com a cabeça e continuou falando.

- Rosiel! Avise a Wufei que me encontre em frente aos portões celestiais e lá me passe o resto das informações, pode deixar que eu chame o Trowa.

- Sim senhor!

Quatre observou a partida do anjo a sua frente e assim que o viu desaparecer no céu, abriu suas grandiosas asas e com simples batidas Quatre já estava a metros de distância do chão, a visão do local se tornou mais ampla e a mata verde e bem diversificada se transformava em um simples tapete verde. Com uma velocidade surpreendente Quatre voou em direção as montanhas, onde o belo anjo de olhos verdes permanecia em sua meditação.

Em menos de 5 minutos ele chegou e encontrou Trowa. As asas o cobriam como se o protegessem numa espécie de casulo que pairava no ar, a bela manta caia displicentemente, cobrindo seu bem definido corpo. Quatre se perdeu na imagem à frente, era sempre a mesma coisa quando via Trowa, seu coração sempre batia acelerado e um desejo louco de sentir seus lábios juntos com o do outro o invadia.

- Quatre? – a bela voz de Trowa o hipnotizava e as palavras pareciam sumir de sua boca.

- O que foi? – insistiu novamente o arcanjo de olhos verdes, tirando Quatre de sua distração.

- Me desculpe! Por favor, me acompanhe até os portões celestiais temos mais uma missão para cumprir.

- Do que se trata?

- Me acompanhe que lá esclarecerei tudo para você e Wufei.

- Wufei? Pelo jeito deve ser algo grave.

Rapidamente Trowa tomou a posição de voou e os dois arcanjos voaram, numa dança muda e magnífica, rapidamente chegaram aos portões celestiais e após alguns minutos os três arcanjos estavam finalmente reunidos.

- Quatre! Trowa! – disse Wufei recolhendo suas asas, enquanto se aproximava dos dois – qual o motivo dessa reunião?

Trowa olhou para Quatre esperando pela resposta, que não tardou a vir.

- O Senhor nos ordenou a interferirmos no destino de um humano, isso e tudo o que sei. Rosiel será que você poderia nos contar o resto das ordens?

- Claro, Quatre-sama! O Senhor pediu para que os três arcanjos vigiassem o humano e não deixassem que nada de mal aconteça a ele. O nome desse humano é Heero Yuy e parece que nesse momento ele está na companhia de um dos 4 grandes demônios.

- Yuy?! Rosiel, você sabe qual o nome do demônio que está acompanhando Yuy?

- Eu ouvi dizer que o nome do demônio é Duo, Wufei-sama.

Todos ficaram paralisados ao ouvir aquele nome, o anjo percebendo a mudança drástica na face dos três pediu licença e se retirou.

- Mas que droga! – disse Trowa demonstrando toda a sua raiva.

Quatre colocou a mão sobre a boca e seus olhos tomaram um tom triste, novamente eles teriam que impedir a união daqueles dois. Wufei apenas abaixou a cabeça e disse em um tom triste:

- Não temos tempo a perder. São ordens do senhor!

Os três se colocaram um ao lado do outro, Quatre estava no centro, Trowa à direita e Wufei à esquerda, os três fecharam os olhos e estenderam as mãos em direção ao portão, suas mãos brilharam e logo em seguida seus corpos foram tomados pelo brilho. E os grandiosos portões de ouro começaram a se mover.

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Será que na próxima esquina vem um carro? Será que vai dar tempo de passar? Ou os dois carros vão se chocar? Num carro camicase, G é o piloto, J o navegador e os outros três vão agitando como se essa fosse sua ultima noite na terra. Os 5 cinco velhinhos haviam sido desafiados para um racha por uns 5 jovens loucos em uma super máquina, sem pensar muito J e os outros aceitam o desafio e assim que o sinal fica verde os dois carros saem em disparado em direção a uma boate.

J dá um uivo para a lua e destrambelha numa risada satânica, enquanto G acelera com mais força deixando o outro carro para trás.

- Aqueles imbecis, com aquele calhambeque decadente, não vão pegar a gente nunquinha.- dizia H rindo e sentindo a adrenalina aumentar.

G avança outro sinal vermelho. Os faróis do carro que vinha no cruzamento pareciam queimar o carro-suicida. Sem mais nem menos G mete o pé no freio. O carro canta e dança. Numa animação infantil, G vira para trás e pergunta eufórico:

- Vocês viram o que eu vi?

- Claro! – confirma J.

Todos riram muito ao avistar a boate. Numa pequena manobra, G dá uma pequena ré e estaciona o carro, esperando por seus desafiantes que vinham um pouco mais atrás.

- E então mocinhos, os velhinhos aqui não podem esperar por muito tempo, ainda temos que voltar para o asilo! – disse O brincando enquanto se aproximava de um de seus desafiantes.

- Está certo! Nós perdemos. O que vã querer como prêmio? – disse um dos jovens que estava vestindo uma jaqueta preta.

- Nós?! – disse G rindo – deixa-me ver – G coloca um dedo na boca enquanto se vira para os outros que ainda riam de sua façanha.

- Vocês vão ter que pagar por tudo o que consumirmos nessa boate. – sentencia J com um sorriso de lado a lado.

- Ok, vovó! Então vamos?!

- Claro!

Os 10 entraram na boate e não demorou muito para eles se enturmarem, apesar da diferença de idade, os 10 conseguiam manter uma conversa animada e descontraída, J acabou se lembrando de Heero e não pode deixar de pensar em como seria divertido se Heero os acompanhasse.

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- Obrigado, Duo!

- Viu?! Usar os meus poderes é bem mais prático do que limpar toda essa bagunça manualmente.

Heero sorriu após ver a cozinha completamente limpa, graças à ajuda de seu novo amigo. Ainda sorrindo Heero se retirou da cozinha e começou a subir os degraus da escada, enquanto falava:

- Você tem toda a razão. Novamente obrigado!

- Ei Hee-chan, me espera!

Heero parou imediatamente no degrau em que estava e lentamente se virou para Duo que ria da cara de irritação do amigo.

- Nunca mais me chame assim!

- E porque não, Hee-chan?!

- Ora seu... – antes que Heero conseguisse pronunciar mais alguma palavra foi acertado por uma almofada bem no rosto.

Duo sorria da cena, mas de repente Heero pegou a almofada e saltou dos degraus com a almofada na mão, seu olhar fez Duo se arrepender de ter lançado aquela almofada. Quando Heero se aproximou de Duo este começou a gaguejar um pedido de desculpar que foi cortado com uma voz fria:

- Agora já é tarde demais! Agora é guerra! – Heero levantou a almofada e deu uma almofadada em Duo que sem perder tempo pegou outra almofada e correu para ter sua "vingança". Heero conseguiu ser mais agiu e subiu as escadas antes que Duo pudesse alcança-lo, os dois corriam como loucos. No corredor Duo lançou sua almofada certeiramente em Heero, que se virou e fez o mesmo. Os dois correram para pegarem a antiga "arma" de seu rival e continuaram a corrida, até que Heero entrou em seu quarto e fechou a porta com pressa. Respirando mais aliviado, Heero deixou seu corpo deslizar pela porta até chegar ao chão, sua cabeça estava levemente abaixada, sua respiração descompassada, mas mesmo assim um sorriso bobo continuava em sua fase.

- Você fica uma gracinha assim, Hee-chan! – rapidamente Heero levantou a cabeça e olhou em direção a sua cama.

- Como você conseguiu chegar aqui?! – perguntou Heero totalmente sem fôlego.

- Você se esqueceu que eu sou um demônio, Hee-chan?!

Heero levantou a almofada, ainda bufando e disse lançando a almofada que devido a seu cansaço não foi muito longe:

- Não me chame assim!

Duo sorriu e se aproximou de Heero, como num abrir e fechar de olhos, e perguntou já enfrente ao menino de olhos cobalto:

- Então como devo chamá-lo?!

Heero corou novamente devido à proximidade, Duo estava com uma mão na porta, o que o impedia de tentar fugir, porque aquilo tinha que acontecer logo com ele. Heero corou ainda mais quando respondeu:

- Pode me chamar de qualquer coisa, mas, por favor, não me chame de Hee-chan!

- Mas porque?!

Duo se aproximou ainda mais de Heero, seus lábios estavam quase se tocando, os olhos de Heero transmitiam o brilho da mais pura inocência, totalmente envergonhado Heero fecha os olhos e encosta ainda mais a cabeça na porta. Duo sorri e se aproxima, mas quando ia tomar os lábios de Heero sente três presenças se aproximando deles numa velocidade fantástica. Duo se afasta de Heero segurando com força seu pingente, que logo é transformada na foice, sua veste humana se transformaram novamente na enorme manta negra, seus olhos ganharam uma tonalidade de violeta mais forte. Enormes asas negras, semelhantes à de morcegos apareceram nas costas de Duo que olhava com fúria em direção a janela. Recuperando-se do choque Heero se levanta e se aproxima de Duo vagarosamente e pergunta preocupado ao ver que o outro havia se transformado.

- O que foi?!

Duo se vira para Heero com um olhar preocupado e diz:

- Proteja-se! Em breve, vamos ter problemas!