Anjos e demônios

Capitulo 4 – Anjos.

Eu o vejo caminhando em direção a grande janela. Seu olhar sério, faz meu coração se apertar contra meu peito. Não sei o porque, mas algo me diz para impedi-lo.

Parece estranho que me sinta tão próximo de alguém que mal conheço, porém às vezes tenho a sensação que o conheço desde antes de nascer.

Caminho a passos incertos para próximo de meu anjo da morte. Seus olhos parecem frios e isso só faz meu coração se apertar ainda mais. Coloco uma mão sobre meu peito tentando aliviar a pressão, porém parece que nada do que faço alivia minha dor.

Fecho meus olhos, enquanto puxo o ar com dificuldade, com a mão apertando fortemente meu peito volto a abri-los. Meus olhos se arregalam ao perceber que não estou mais em meu quarto. Dou um pequeno giro, tentando reconhecer onde estou, porém não consigo me lembrar, um lugar desconhecido me rodeia, mas ele não me parece estranho. Novamente aperto meu peito a dor parece me estrangular.

- Duo...

Os olhos violetas estão cobertos por lágrimas, seu semblante sempre tão alegre, agora é coberto por uma tristeza profunda.

Ergo minhas mãos em sua direção e para minha surpresa elas estão cobertas com sangue, assim como todo o meu corpo.

Seu grito ecoa por todo o meu ser, como uma canção triste, fazendo-me tremer. Aos poucos sinto meu corpo dolorido e fraco, tocando o chão frio. Meu sangue continua se espalhando, caminhando em pequenas trilhas por todo o chão, a dor fica ainda mais forte, porém ainda tenho forças para erguer minha cabeça e vê-lo lutando contra as grossas barras de aço, sua mão erguida de forma desesperada em minha direção, faz meu coração falhar uma batida. Uma estranha sensação toma meu corpo, meu coração parece não existir mais. Apenas posso ouvir uma voz chata dentro de meu peito, dizendo que nunca mais o verei. Aos poucos meus olhos se fecham me levando de volta ao meu pequeno quarto, mas especificamente para os braços de Duo.

- Heero, Você está bem? O que aconteceu?

- Duo.

Um grande sorriso toma conta de seu rosto, enquanto pronuncio seu nome. Sem aviso algum o abraço forte. O que foram aquelas imagens? Porque meu coração dói? Sinto seu doce aroma e seu calor dopando aos poucos todos os meus sentidos.

- Heero...

Ouço sua voz um pouco fraca e surpresa, sendo abafada por meus braços.

- Não vá!

Digo abraçando-o como se fossem meus últimos minutos de vida. Não quero voltar a sentir aquele sentimento de perda nunca mais. Como um fantasma você deixa meus braços abrindo ainda mais suas asas, porém antes de me deixar sozinho no silêncio mórbido de meu quarto, ouço suas duras palavras deixarem seus lábios rosados.

- Não se esqueça, humano. Demônios não podem amar.

Amor. È isso o que sinto? Não! Não pode ser. Eu não posso amar. Eu não quero. Sentimentos são fraquezas e eu não posso ser fraco. Mas então porque estou com medo de descobrir o que sinto? E se for realmente amor?

Não! Eu não o amo. Não posso amar alguém que mal conheço. Talvez eu apenas o deseje. Não! Não é apenas desejo. É algo muito mais profundo que um simples desejo. Eu me importo com ele, mesmo que não o conheça. Eu me importo. Eu me importo com a vida dele mais do que a minha própria vida. Esse estranho sentimento está me assustando. Não quero que ele vá. Não quero. Não permitirei que ele sentencie meu destino.

Pegando minha jaqueta que estava sobre a cadeira, saio apressado pela rua. Estranhamente, eu sei onde encontra-lo.

Uma forte luz cobre o céu e ninguém parece perceber. Continuo correndo na direção onde a luz se intensifica e vejo três seres alados, cercando Duo. Não consigo ouvir o que eles dizem, ainda estou muito longe. Tento correr mais rápido.

Duo coloca sua foice a frente, enquanto pronuncia algumas palavras que não consigo compreender. Uma grande energia rodeia seu corpo fazendo seus longos cabelos flutuarem ao seu redor.

O jovem de cabelos castanhos coloca-se à frente do loiro, erguendo seus braços, enquanto cria uma barreira de vento. Posso ver a agonia nos olhos azuis. Suas palavras trazem uma tristeza, que invade meu coração. Suas lágrimas parecem se intensificar ainda mais quando ele grita, segurando sua lança dourada contra seu peito.

- Pare Trowa! Por favor!

Duo lança uma grande bola de energia em direção aos jovens, porém seu ataque parece não fazer efeito. Por um instante respiro aliviado porém a batalha no céu continua.

O terceiro jovem de cabelos negros salta de trás do jovem de cabelos castanhos atacando Duo com sua espada reluzente.

- NÃO!!!!

O grito do jovem loiro, corta os céus, cobrindo-o com nuvens escuras. Meu coração parece parar, quando vejo Duo caindo do céu.

Antes que seu corpo tocasse o chão, salto no ar segurando-o. Retiro algumas mechas de seu rosto, enquanto chamo por seu nome. Seu corpo está sujo pelo próprio sangue. Minha cabeça parece dar várias voltas. Duo está morrendo. Não! Eu não vou deixar que isso aconteça. Sacolejo seu corpo, agora gritando seu nome, os olhos violetas abrem novamente me olhando com uma pequena tristeza.

- Porque veio aqui?

- Eu me importo com você, Baka!

Digo sem nem ao menos pensar. Um sorriso divertido parece se formar em seu rosto, enquanto ergue uma de suas mãos para limparem as lágrimas que eu derramava.

- Não precisa chorar. Eu não morrerei por algo assim.

Limpo minhas lágrimas, sorrindo de modo desajeitado.

- Eu não estou chorando, é só um cisco que caiu no meu olho.

- Mentiroso.

Após um sorriso, os violetas se fecham, como se fosse uma despedida.

Fechando meus olhos, abraço-o ainda mais forte, sentindo seu corpo tornando-se mais frio a cada minuto.

Ao olhar para frente, vejo os três jovens alados aproximando-se de nós.

Coloco Duo cuidadosamente no chão e me coloco em sua frente com os braços abertos. Ninguém vai machuca-lo. Ninguém! Antes que o matem, terão que me destruir.

O jovem loiro parece triste e vem em minha direção e me abraça como se me conhecesse há vários anos. Sinto suas lágrimas quentes, tocando minha pele. Por que ele está chorando? Porque me sinto triste por ele estar assim? O afasto gentilmente, enquanto seco algumas de suas lágrimas. O jovem de cabelos castanhos aproxima-se de Duo, abaixando-se a seu lado, deixo o loiro e seguro o corpo de Duo com força. Se eles fossem mata-lo, primeiro teriam que me matar.

O jovem de olhos verdes, parece tentar sorrir. Meu coração parece se acalmar, mas logo em seguida volta a se agitar quando vejo suas mãos brilhando.

Fecho meus olhos esperando pelo ataque que destruiria a mim e a Duo, porém o ataque parece não vir. Abro novamente meus olhos e vejo que os ferimentos de Duo, aos poucos vão desaparecendo. O jovem de cabelos negros se aproxima e diz ao de olhos verdes.

- Trowa, tome cuidado! Ele pode ataca-lo.

O jovem de olhos verdes parece não se importar e continua com o processo de cura. Sorrio ajeitando Duo em meus braços e logo em seguida murmuro.

- Obrigado.

O loiro sorri feliz, enquanto o jovem de cabelos negros parece um pouco emburrado. Parece estranho, mas tenho a sensação que já conheço a todos eles. Não demora muito e Duo abre novamente seus olhos.

Assim que percebe a pouca distância entre ele e seus algozes, ele dá um salto para trás, estendendo uma de suas mãos em direção aos três. Sem pensar, coloco-me em frente a sua mão.

Seus olhos parecem se perder e por um instante ele parece desistir de seu ataque, porém sua mão continua erguida, enquanto ele grita:

- Saia da frente, humano!

Faço uma negação com a cabeça e continuo na frente dos seres que salvaram a vida de meu anjo da morte.

- Heero! Saia daí!

Novamente faço uma negação, aproximando-me dele. Suas mãos parecem ficar um pouco trêmulas, enquanto ele diz:

- Se não sair eu vou mata-lo.

Sorrio de suas palavras.

- Eu não estou brincando!

Seus olhos ganham um tom mais escuro, enquanto ele posiciona sua mão firmemente em minha direção.

- Saia daí!

Ele grita angustiado. Com um pequeno sorriso, coloco sua mão em meu coração, enquanto sussurro.

- Vá em frente.

Vejo seus olhos ganharem um tom de surpresa.

- Se quiser pode me matar!

=== NOTAS ===

Ei pessoal. Sou eu novamente, com mais uma fic de dar medo. Aos corajosos que estão lendo essa fic meu muito obrigado. Espero que continuem com a mesma coragem. Um obrigado especial para minha miga Bra. Miga, muito obrigado pela betagem.

Espero vê-los em breve e é claro muito obrigada pelos comentes. Eles ajudam muito. Beijinhos e té!