Anjos e Demonios

Capitulo 5 – Um mundo sem voce – Parte 1

- Se quiser pode me matar!

Duo abaixou lentamente suas mãos, olhando para Heero.

- Duo..

O jovem demônio permanecia calado e aos poucos caiu sentado no chão com um olhar vazio. Desesperado, Heero corre em sua direção, não querendo vê-lo daquela forma.

- Hey...

Não ouve resposta. Duo estava preso em sua própria mente, aquelas palavras ditas por Heero o fizeram se lembrar de um passado há muito esquecido.

Flash Back

A luz do sol batia na água límpida e calma. O vento surgia como uma caricia, tocando os corpos das duas figuras que estavam sobre a ponte.

- Se quiser pode me matar! – dizia um garoto semelhante a Heero.

A única diferença entre os dois era que aquele garoto tinha grandes asas brancas em suas costas.

- Quem é você, e como se atreve a se colocar no caminho de um dos 4 grandes líderes do inferno? – disse Duo em tom de desafio e autoridade, enquanto dava um passo a frente na ponte.

- Sou o guardião da torre do norte e jamais me curvaria diante de você. Este caminho é livre e são proibidas brigas neste território. – disse o garoto também dando um passo a frente.

- Quem diria... Então você é um dos arcanjos.

Duo deu um pequeno giro e com um pequeno pulo sentou-se na pequena mureta da ponte, balançando as pernas e olhando divertido para o arcanjo à sua frente disse:

- Senão me engano o arcanjo da torre do norte se chama Heero, não é? È uma pena que esse território seja uma zona neutra, senão você seria aniquilado.

- Hn.

- Meu nome é Duo. – o jovem de tranças deu um pequeno saltinho se aproximando sorridente do arcanjo - Nunca se esqueça, porque eu serei aquele que fará seus olhos se fecharem pela eternidade.

- Hn.

- Hey, você não sabe dizer nada além de hn?

- Otimo! Já estamos progredindo.

Os dois caminharam durante algum tempo pela ponte conversando, ou melhor, com Duo falando sem parar enquanto Heero ouvia atento. Apesar das diferenças, os dois pareciam animados e ambos estavam gostando da companhia um do outro.

- É aqui que nos separamos – disse Duo com um pequeno sorriso.

- Podíamos nos encontrar amanhã. O que acha? – disse Heero sem mostrar muita emoção.

- Estarei aqui sem falta.

Com um sorriso nos lábios, ambos seguiram caminhos diferentes, ansiosos pelo amanhã.

Fim do Flash Back

- Duo... – Heero o abraçava, quase chorando.

O demônio acariciou o rosto do humano que agora estava completamente perdido.

- Eu te amo. – disse Duo com um sorriso triste, que fez Heero ficar completamente paralisado. – Não tem como me esquecer de você. Seu rosto ainda continua o mesmo, seu.. – aproximou-se de Heero, deitando sobre os ombros do garoto, enquanto fechava seus olhos e dizia – Seu cheiro... Como pude me esquecer disso?!

Abraçando Heero com todas as forças que tinha sussurrou novamente:

- Eu te amo!

- Duo...

Duo puxou Heero para um beijo desesperado que a princípio o surpreendeu, mas logo foi correspondido meio que desajeitado, mas mesmo assim, ainda era cheio de desejo e amor. Assim que seus lábios se separaram, Heero sentiu um frio percorrer por toda sua espinha, seu coração batia tão rápido que parecia que a qualquer momento ia sair de seu peito.

- Nunca mais irei esquece-lo. Nunca! – disse o garoto de tranças.

- Cof cof.

Wufei fingiu tossir para que o casal a frente notasse a presença dos 3 anjos que ainda permaneciam ali. Duo abraçou Heero de forma possessiva e olhando para os três anjos a sua frente disse:

- O que querem com o Hee-chan?

Heero franziu o cenho e olhando para o garoto que o abraçava disse baixinho em um tom irritado:

- Hee-chan? Eu já disse para não me chamar assim.

- Está bem, Hee-baby. – o sorriso do garoto de tranças aumentou ainda mais, enquanto o humano o olhava com um olhar assassino.

- Heero! – a voz suave de Quatre rapidamente chamou a atenção dos dois enamorados que ainda estavam sentados no chão. - Recebemos a missão de protege-lo.

- Me proteger? Por que?

- Não podemos revelar o motivo, apenas estaremos ao seu lado protegendo-o como anjos da guarda. – disse Wufei dando um passo na direção do casal ao chão.

- Como vamos estar ao seu lado por algum tempo seria bom se nos apresentássemos, não é? - disse o loirinho com um sorriso doce – meu nome é Quatre.

- Trowa

- Wufei.

- É um prazer conhece-los. Eu sou Heero e esse aqui é o...

Duo abraçou Heero ainda mais possessivo.

- Duo... - disse Heero tentando livrar-se do abraço, os três anjos à frente riam divertidos com a cena.

Quando finalmente se livrou do abraço assassino Heero se levantou ajudando Duo a fazer o mesmo.

- Acho melhor irmos todos para casa.

- Todos? – perguntou um Duo indignado.

- É, eles...

- Eles tentaram me matar.

- Eles salvaram sua vida. Eu confio neles.

- Está certo Heero. Eu agüento essas velas ai por um tempo, mas que eles não nos incomodem quando...

- Duo! - exclamou um vermelho Heero.

- Hee-baby, você fica uma gracinha vermelhinho desse jeito.

Ainda mais vermelho e andando mecanicamente, Heero disse:

- Vamos pra casa!

Duo sorriu e com um saltinho já estava junto a Heero.

- Pra que andar, Hee-baby? Vamos voando - dizendo isso Duo segurou Heero ganhando altitude rapidamente.

Segurando-se como pode Heero olhou para Duo e tentando parecer irritado, já que estava com muito medo, disse:

- Não me chame de Hee-baby.

- Combinado, Hee-love.

- Eu desisto - Disse Heero se abraçando com Duo, enquanto sentia o vento frio batendo em seus cabelos.

Um pouco mais atrás vinham os 3 arcanjos voando numa distância considerável do casal apaixonado. Quatre olhava para os dois imaginando como seria bom voar junto com Trowa, seus corpos colados, seus sorrisos apaixonados. Aos poucos seu rosto foi ficando meio avermelhado, sua velocidade no vôo diminuindo e vários suspiros eram ouvidos.

- Quatre, você está bem? - perguntou um preocupado Trowa.

Com um sorriso sem graça, fez um positivo com a cabeça.

"Trowa se importa comigo" pensou Quatre voando feliz pelo céu, enquanto Trowa o observava ainda mais preocupado.

Wufei apenas olhava para os 4, rindo divertido com a cara que cada um fazia.


- Pessoal já está na hora! - disse J se levantando da mesa, andando em direção a pista de dança.

- Eu não consigo mais andar - reclamou O, esparramado na cadeira.

- Ninguém mandou você dançar como senão houvesse amanhã, vamos logo O - repreendeu H.

- Certo, mas depois dessa dança vamos para casa. O Hee-chan deve estar preocupado.

Todos olharam para G e riram divertidos.

- O que? Eu disse algo errado? - perguntou G.

- G, meu amigo, você acha que o Hee-chan ia estar preocupado conosco, tendo um garoto como aquele ao lado dele? - disse O com um sorriso malicioso.

- Acho! Não se esqueçam. Ele é o Hee-chan - disse um sério G.

- É verdade - concordou H, colocando as mãos nas costas e as empurrando um pouco para frente como se estivesse se aquecendo.

- Ah pessoal! Eu quero essa última dança vamos lá - pediu J.

- Vamos encerrar essa noite com chave de ouro - completou O, já ao lado de J com um grande sorriso.

Os outros 4 gritaram em acordo, porém seus gritos foram abafados pelo som alto que não parava de tocar.

Os 5 velhinhos entraram na pista de dança com o pé direito e com passos quase que coreografados começaram a dançar. As pessoas ao redor abriam passagem e riam da cena.


- Hee-love! - disse Duo com uma carinha de garoto perdido.

- Eu vou. Já é muito tarde e eles ainda não voltaram para casa.

- Hee-love!

Heero pegou as chaves da moto e deu um beijo no rosto de Duo.

- Eu já volto - olhando para os outros sorriu – cuidem bem das coisas até eu voltar.

Duo puxou Heero para um beijo.

- Tenha cuidado Hee-love.

- Eu terei.

Heero caminhou até a moto, olhou em direção a porta de sua casa e acenou para os 4 jovens que o observavam. Após colocar o capacete deu partida na moto, indo em direção a boate, que seu avô freqüentava.


- Duo é um traidor! - disse o homem de longos cabelos loiros, batendo na mesa redonda.

- Acalmasse Zechs. Poderemos usa-lo. - tentou tranqüilizar o ruivo ao lado do loiro.

- Usa-lo? - indagou o loiro sentando-se novamente.

- Você não percebeu ainda? - perguntou o ruivo acomodando-se melhor em sua cadeira.

- Perceber o que?

- Tolo! Fazer o Duo se aproximar daquele jovem é apenas um plano.

- Plano?

- Sim, um plano.

- Que plano é esse, Treize?

- Aquele jovem guarda a chave da torre do norte.

- A chave perdida da última guerra?

- Sim. Aquele jovem ainda não despertou seus poderes, poderemos usa-lo para quebrar o lacre que nos prende aqui.

- Eu discordo - disse Dhiamas que até então se manteve calado, observando os outros dois - Não devemos usar aquele jovem. Ele não tem nada haver com a nossa guerra.

- Como não tem, você já se esqueceu de quem ele é? Ou melhor, de quem ele foi?

- Isso já não importa mais Treize. Agora ele é apenas um humano.

- Humano ou não ele é a chave da nossa prisão, precisamos do sangue dele!

- Como faremos isso? Ele está sendo protegido pelos 3 arcanjos.

- Matar - disse Treize em um tom suave e calmo.

- O que? - exclamaram os outros dois demônios.

- Mataremos os 3 arcanjos e roubaremos suas chaves.

- Não é assim tão fácil. Eles são arcanjos.

- E nós somos generais supremos do inferno.

- Eu me recuso a participar desse plano.

Dhiamas se ergueu de sua cadeira.

- Você não tem escolha Dhiamas.

- Sempre temos escolhas.

- Você esta ficando fraco igual ao Duo. Por acaso também está apaixonado por aquele humano? - perguntou Treize, com um olhar provocador.

- Sabe que é impossível nos apaixonarmos - disse Dhiamas antes de deixar a sala.

Com um sorriso malicioso, Treize disse:

- Já deveria saber meu amigo, nada é impossível.


Quatre estava sentado na beirada da janela observando o jovem moreno de olhos verdes, quando o jovem de tranças aproxima-se sorrateiramente e coloca a mão em seu ombro.

- Duo! Que susto! - disse o loiro colocando a mão sobre o peito.

- O que está fazendo loirinho?

- Eu? Er...nada!

- Deixa-me adivinhar. Você estava olhando o franjudo ali de novo.

- Olhando o Trowa??? Eu??? De onde você tirou essa idéia? - riu nervoso.

- Eu sei como se sente - sorriu de forma sincera - você está com medo do que está sentindo, não é?

- Eu...

- Eu estou sentindo a mesma coisa. É um medo enorme.

Duo sorriu, sentando-se ao lado de Quatre.

- Porque você está com o Heero? - perguntou o loiro inseguro.

- Porque o que sinto aqui - colocou a mão sobre o peito - está me incomodando. Não poder toca-lo, não poder vê-lo, não poder senti-lo, tudo isso me incomoda, mas o que mais me deixa louco é não poder amá-lo.

- Duo...

- Loucura, não? Mas pense bem loirinho. Amor. Um sentimento tão banal, imbecil, desprezível e eu, logo eu, posso senti-lo.

- Isso não é loucura.

- Sim, isso é loucura, mas não me importo de ser louco.

Os dois trocaram um sorriso cúmplice.

- Porque não diz o que sente para o franjinha?

- Dizer? Eu não ia conseguir

- Porque não? Apenas diga aquilo que te sufoca.

- Mas...

- Nada de "mas". Apenas seja sincero com você mesmo. Apenas diga.

- Dizer. Porque não?

- Isso loirinho. É esse o espírito da coisa.


- Vô! - exclamou um surpreso Heero adentrando na boate, vendo seu avô no meio da rodinha.

- Eu deveria ter apostado que ele viria aqui - reclamou G, acompanhando os passinhos quase que ensaiados.

- J, seu neto é louco! - disse O, rindo enquanto rebolava.

- Esse menino não puxou meu lado da família - sorriu por fim.


- Trowa... Eu... Eu te amo. - mãos tremulas tocaram o rosto que permanecia indiferente.

- Você só está confuso - o moreno segurou delicadamente as mãos que tocavam seu rosto.

- Desculpe. Eu não queria, mas eu te a...

- Shhhhh - o moreno silenciou o loiro, colocando seus dedos sobre os lábios rosados. - Sabe que não podemos sentir algo tão egoísta.

- Mesmo assim, eu ainda sinto. Eu te amo, Trowa.

Não tinha jeito deveria dizer aquelas palavras que por tanto tempo temeu pronunciar. Se quisesse que Quatre continuasse ao seu lado, deveria dize-las.

- Eu não te amo - disse o moreno em um tom sem emoção.

O loiro deu um passo para trás e olhou incrédulo para o rosto indiferente a sua frente.

- Lamento, mas eu não te amo.

O loiro tampou seus ouvidos com força, não querendo continuar ouvindo aquelas palavras. Trowa abraçou Quatre e sussurrou em seu ouvido.

- Você é como um irmão, apenas isso. Eu jamais poderia ama-lo de forma diferente.

- Trowa..

Quatre o abraçou, escondendo seu rosto no ombro do moreno, enquanto dizia:

- Eu te amo.

Trowa estreitou ainda mais o abraço, deixando o loiro chorar em seus braços, enquanto acariciava suavemente os cabelos dourados.

- Eu te amo...


- Olha só que trabalho vocês me dão. - disse um emburrado Heero fazendo seu avô e amigos entrarem no carro após retira-los da rodinha.

- Hee-chan! Você é louco. - disse O mal-humorado, entrando no carro.

- Tinha que ser neto do J - disse G cruzando os braços.

- Hey! Eu nunca ensinei isso a ele. Não é verdade Hee-chan?

Heero fez uma negação, enquanto os cinco velhinhos entravam no carro da morte.

- Hee-chan, me responde uma coisa? - perguntou H em um tom sério.

- Fala.

- Porque você largou aquele lindo garoto e veio atrás de nós? Sério! Eu não consigo entender. Pessoal, alguém aqui entende?

Todos em uníssonos.

- Não!

- Então Hee-chan diz ai.

- Eu me preocupo com vocês - disse sério olhando para os velhinhos.

- Ai que gracinha! - disse G enquanto apertava suas bochechas.

- Kawaii! - J bagunçava ainda mais os cabelos rebeldes.

- Abraço em conjunto! - comandou O, pulando junto com os outros em direção a Heero.


As belas asas se abrem no céu num vôo majestoso e cheio de esplendor. Nuvens cinzas cobrem todo o céu como se chorassem junto com o pequeno anjo que voava perdido. Aquelas palavras ecoavam por todo seu espírito, porque sentia aquela tristeza? Não deveria ele sorrir? Sentou-se ao lado de uma estátua de aparência horrenda enquanto deixava as lágrimas molharem seu rosto perfeito. A chuva não tardou a vir, molhando o pequeno corpo que soluçava e tremia. Não deveria amá-lo de forma egoísta. Não deveria querer sua presença unicamente para si. Aquilo era um sentimento humano e ele não era um humano, mas então porque aquela dor? Abraçando os joelhos enquanto suas asas o cobriam numa espécie de casulo, deixou que mais lágrimas caíssem misturando-se com a chuva.


- Dhiamas!- diz o loiro adentrando no quarto escuro. - Ele ordenou que você nos acompanhasse em uma missão.

- Missão! Que tipo de missão?

- Não se preocupe, você não vai matar nenhum humano. - sorriu malicioso sentando-se ao lado do demônio de longos cabelos escuros - Ele ordenou que as memórias do humano que esta na companhia de Duo fossem apagadas e advinha quem é o encarregado dessa tarefa?

Dhiamas continuou calado, enquanto Zechs sorria divertido.

- Isso mesmo. Você vai apagar as memórias do humano.

- E o Duo?

- Duo deve voltar junto conosco.

- Mas ele...

- São ordens d'Ele, nada de mas...

- E quanto aos arcanjos?

- Se encontrar com algum você deve exterminá-los.

- Certo.

- Mas lembre-se, o objetivo principal dessa missão é apagar a memória do humano e não matar os arcanjos.

- Certo.

- Partiremos dentro de 10 minutos, cada um será enviado para uma região e deve cumprir com sua missão.

- Ok.


- Hee-love! - Duo foi sorrindo ao encontro de seu amado que trazia os velinhos sorridentes.

- Meu querido genro, você deveria ter prendido o Hee-chan em casa.

- Eu bem que tentei.

Duo sorriu malicioso, fazendo os velinhos gritarem enquanto Heero ficava vermelho.

- Da próxima vez o amarra na cama, no porão tem umas cordas. - disse J se aproximando de Duo com um sorriso enorme.

- Vovô!

- Pode deixar! - Duo deu uma piscadinha para J.

Os 5 velinhos entraram em casa. Sem cerimônia, cumprimentaram aos arcanjos presentes e olhavam em seguida para Heero com sorrisos cúmplices, mas não demorou muito para que os loucos velinhos arrumassem seus colchões no chão e dormissem. Nesse meio tempo Heero já havia sido informado por Duo de tudo o que havia acontecido entre Quatre e Trowa.


- Onde está o Dhiamas? O portão já está para ser aberto. - disse Treize impaciente, olhando para os 5 magos à frente que se reuniam numa espécie de círculo, com o desenho de uma mandala.

- Aqui! - disse uma voz séria.

- Certo. Já estamos todos aqui. Agora e só aguardar pela abertura do portão. Não se esqueçam de nosso objetivo.

Dhiamas abaixou a cabeça deixando que os longos fios negros cobrissem seu pálido rosto, enquanto os outros dois generais sorriam vitoriosos.


- Trowa, você não devia ter feito isso. - repreendeu Heero, olhando acusadoramente para o jovem que permanecia sentado na beirada da janela vendo a chuva cair com um olhar vazio.

- Trowa! - Heero se aproximou e colocou a mão sobre o ombro do amigo, exigindo uma explicação.

- Heero. - a voz do anjo de cabelos escuros ressoou como um trovão numa tempestade, fazendo Heero se virar em sua direção.

- Deixe o em paz. Ele fez isso pelo bem de Quatre.

- Bem?! Como pode chamar aquilo de bem, Wufei? Ele destruiu o coração de Quatre sem nenhuma piedade.

- Anjos não podem ser egoístas. Entenda...

- Entender que vocês são fracos? Entender que vocês não podem se arriscar por aqueles que amam?

- Você já amou alguém, Heero? - a voz de Trowa surgiu na sala cheia de tristeza - Você já amou a ponto de ser capaz de dar sua própria vida?

Todos ficaram em silêncio, enquanto o moreno se afastava da janela, ainda com o olhar vazio, expondo um pouco de seu coração ferido.

- Eu não queria machuca-lo, por isso eu disse aquilo para ele.

- Lamento, Trowa, mas você o machucou muito mais.

- Eu não quero perde-lo.

- Então porque você não diz isso para ele?

- Será que você não entende...

- Não. Eu não entendo. O que sei, é que mais vale um segundo vivido do que jamais viver. Diga que o ama, seja egoísta uma vez, não se importe com o depois, viva o agora. A eternidade não pode ser assim tão vazia.

Heero abre a porta de sua casa e sorrindo para o moreno diz:

- Ele deve estar te esperando. Vá ao encontro dele.

Trowa se envolveu num auto-abraço, enquanto fechava seus olhos cor de esmeralda e via a figura de cabelos dourados num sorriso doce. Porque não se esquecer de tudo e tornar-se egoísta apenas uma vez? Abriu seus olhos com um brilho diferente, um sorriso se iniciava de forma tímida em seu rosto, enquanto corria em direção a porta, passando por Heero e Wufei sem dizer nada. Com um pequeno salto abriu suas grandes asas, deixando que a chuva o banhasse.


O céu tornava-se cada vez mais escuro, nem mesmo a fraca luz das estrelas conseguia chegar até ele. Quatre sentia-se tão perdido, suas lágrimas cessaram, mas a dor em seu coração ainda permanecia lá. O que era aquilo que estava sentindo? Porque doía tanto? Ainda estava sentado ao lado do gárgula, quando viu a sombra ao seu lado começar a se agitar, sem perda de tempo, Quatre afastou-se da torre, olhando para a sombra que se agitava cada vez mais, viu surgir aos poucos um ser de bela aparência, que tinha longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo caído, vestes pretas e um pingente inconfundível, com certeza aquele ser parado a sua frente era um... Demônio.

- Boa noite - curvou-se o jovem demônio, no pequeno espaço da torre, sua voz calma transmitia uma certa melancolia e tristeza - meu nome é Dhiamas.

- Boa noite, eu sou...

- O guardião da torre do oeste, o arcanjo que tem por nome Quatre.

O demônio abriu suas asas negras, aproximando-se lentamente de Quatre. O rosto do demônio permanecia sério e não transmitia emoção alguma.

- Não é nada pessoal, mas tenho que matá-lo.

Quatre ergueu suas mãos para frente fazendo a água que caia circular ao redor de seu corpo o cobrindo como em uma barreira. O demônio a frente puxou o pingente sem delicadeza alguma de seu pescoço, pronunciando algumas frases transformou seu pingente em uma espada longa, brilhante e com alguns adornos dourados.

Os dois ficaram se observando por alguns minutos, cada um tentando encontrar a abertura na defesa do outro.

Dhiamas ganhou altitude e em questão de segundos atacou Quatre por cima. O arcanjo ergueu suas mãos fazendo com que a água que rodeava seu corpo atacasse o demônio que desviou sem problemas. Voando um pouco para a direita ainda caindo em direção ao anjo que rapidamente fez com que a água que usara no ataque anterior desse uma curva atingindo em cheio o demônio que foi violentamente jogado no chão.

Levantando-se do chão, Dhiamas passou a mão rudemente na boca limpando o pequeno filete de sangue que escorria por sua boca.

- Chega de brincadeiras!

Com a espada em mãos Dhiamas vôou numa super velocidade em direção a Quatre que se desviou da espada esquivando um pouco seu corpo, porém quando fez esse simples movimento foi atingido pelo ataque de energia negra que saia das mãos do demônio.

Quatre caiu no chão machucando seu ombro, que agora sangrava, porém o pequeno anjo parecia não sentir a dor que vinha de seu corpo machucado, com um salto voltou ao céu. Colocando as duas palmas das mãos juntas, fez surgir uma grande luz e de lá surgir uma lança dourada. Olhando para o demônio à frente Quatre concentrou todo o seu poder e voou em direção ao demônio que sorria, como se esperasse por aquele ataque.

- Não me subestime. Eu não sou assim tão fraco.

- Sem joguinho então.

Ambos concentraram-se em um grande ataque. Podia-se ver claramente as energias se colidindo, a luz negra em combate com a branca. Eram dois seres imortais que almejam a mesma coisa, sobreviver. Uma grande explosão fez com que toda a região fosse tomada por uma luz intensa.

Ao longe um anjo de olhos verdes parou no céu com várias lágrimas nos olhos enquanto via a luz forte à frente.

- Quatre... - disse quase num sussurro, enquanto se auto-abraçava e planava no céu. – Perdoe-me. Acho que cheguei tarde demais.

###Notas###

Oi Pessoal. Sou eu novamente com mais um capitulo, eu queria pedir desculpas pela demora, mas é que eu ando meio desanimada. Eu tava até pensando em parar de escrever, mas acabei desistindo quando li os comentários. Por isso meu muito obrigada a vocês que comentam, vocês me ajudaram muito. Valeu mesmo. Obrigado também a minha amiga Aryam por betar mais essa fic, valeu miga você é demais. Vou tentar atualizar essa fic mais rápido, juro. ) mas enquanto o proximo capitulo não sai, podem mandar comentários. Aceito sugestões também e novamente Valeu por lerem. Té a proxima.