#3ª Fase – segundo ano

Capítulo 11 – Testes de Quadribol

Neste ano, a Grifinória precisava re-arranjar o time da casa. O goleiro, um artilheiro e os batedores haviam terminado Hogwarts, e os outros dois artilheiros haviam saído por não agüentar levar baixas em quase todos os jogos (especialmente contra a Sonserina). Só sobrou o apanhador e capitão do time, que estava no sétimo ano.

O time da Corvinal também precisava de um novo batedor, e Madame Wooch resolveu marcar os testes dos dois times para o mesmo sábado.

Aline não tinha a menor vontade de entrar para o time. O esporte era interessante, mas ela não se animou muito com um jogo que envolvesse voar em vassouras. Luciana gostava de assistir aos jogos também, mas achou muito violento para se jogar. Já Cinthia tinha gostado da idéia e resolveu entrar para o time. Depois que aprendeu a usar uma vassoura e viu o jogo, ficou muito animada com a perspectiva de participar dos Campeonatos de Quadribol da escola. Tinha até ganho uma vassoura de presente quando voltou para casa e mostrou as boas notas do primeiro ano. (Também pediu o "Quadribol através dos séculos" emprestado para Douglas, mas isso ela não contou a Aline.)

No caminho para o campo de Quadribol, Cinthia ia acompanhada pelas duas amigas, que iriam assistir aos testes e torcer por ela, além de vaiar Douglas na menor das oportunidades. Ele iria fazer o teste para goleiro já que treinava um pouco com futebol no Brasil.

Algumas pessoas já estavam no campo esperando os capitães dos times, e Aline apontou para as suas colegas de quarto ao avistá-las.

- Ouvi elas falando que iriam tentar as vagas de artilharia, mas quais são as chances de todas as três conseguirem?

- É "artilheiras" – corrigiu Cinthia. – Você não se lembra de nada que aprendeu sobre Quadribol no ano passado?

- E por que eu lembraria? Não vamos usar este ano, já que foi substituído por mais um horário de Poções. E eu só gosto de ver o jogo, não preciso saber os nomes corretos das posições para assistir e entender, só saber o que cada um faz.

- Humpf!

- Olhem lá! O Big também veio – apontou Luciana. – Acho que ouvi ele falar alguma coisa de "talvez tentar entrar no time", ou coisa do tipo. Ele vai ser um concorrente forte, Cinthia.

- E por que você acha isso?

- Ele é maior – disse Luciana contando nos dedos -, mais forte e treina a mais tempo que você.

Era chato de admitir, mas Luciana estava certa.

- E daí se eu sou um pouco baixinha? Nada a ver. E claro que ele é mais forte; ele é um menino. E se eu soubesse que era bruxa antes já estaria treinando a mais tempo.

- E ainda assim você acha que pode conseguir a vaga? – perguntou Aline cética.

- Eu não vou desistir tão fácil assim. E quem sabe... sei lá... vai que eu dou sorte, né?

Havia muitos alunos de todas as idades em campo, especialmente grifinórios, mas o que não combinava mesmo com aquela multidão era um pontinho verde no meio do campo. Especialmente um sonserino conversando com um grifinório e um corvinal. Mas ele se chamava Giovanni.

- Eu não te disse, Cinthia? – disse Aline dando um cutucão na amiga. – Ele veio apoiar os amigos. Não está virando "um deles".

- É, tá. Acredite no que quiser.

Primeiro seriam feitos os testes da Corvinal, já que era só para uma vaga. Aline e Luciana foram para as arquibancadas em que todos os outros grifinórios (e Giovanni) estavam. Eles também avistaram no meio dos alunos Lino Jordam, que narrara os jogos do ano anterior.

- Você veio tentar uma vaga no time ou narrar os teste? – perguntou Aline.

- Eu só vim dar uma força pro pessoal. Mas bem que podiam me deixar narrar os testes, sabe só para os novatos se acostumarem.

- Mas isso pode tirar a concentração dos que estão sendo testados – disse um garoto do quarto ano atrás de Lino. – Ah, desculpa a intromissão – disse ele virando para as garotas. – Sou Olívio Wood.

- Oi! Sou Aline. E ela... Luciana. – disse Aline, já que Luciana ficara momentaneamente muda.

- Veio fazer um teste? – perguntou ela por fim.

- Vou tentar pegar a vaga de goleiro. Faz anos que estou esperando abrir uma vaga no time.

- Eu espero, sinceramente, que você consiga! – disse Aline de repente.

- Obrigado! – Olívio respondeu, sem entender porque a garota queria tanto que ele entrasse no time.

No campo, Cinthia esperava a sua vez para fazer os teste. Seria a segunda, e Jonathan iria depois dela. Haviam mais dois garotos que iriam fazer o teste: um tinha um cara meio abobada, do quarto ano; e o outro do quinto ano era muito bonito, mas parecia ser um daqueles que tinha um espelho no lugar do cérebro.

Quem iria testá-los não era o capitão do time, mas Rogério Davies, o outro batedor. Ele estava no terceiro ano e era um garoto já bastante atraente. Ele ia se fazer de alvo móvel para os balaços e os candidatos a batedores tinham que protegê-lo.

O primeiro garoto errou algumas das batidas, o que quase derrubou Davies da vassoura.

Quando voltaram ao chão ele chamou o nome de Cinthia com as sobrancelhas erguidas. Ela foi até onde ele estava e pegou o bastão do chão. Rogério a olhou de cima a baixo e disse:

- Você tem certeza que quer fazer esse teste?

- Como assim? – perguntou Cinthia bastante confusa.

- Quero dizer, não seria melhor você tentar a vaga de apanhadora, ou até de artilheira, quem sabem.

Aquilo foi muito além da conta para Cinthia. Ele a estava subestimando porque ela parecia ser "meio mirrada" para uma batedora, já que era um requisito para batedores ter e aparentar força física. Ela iria esfregar na cara de Rogério Davies que não precisava ser uma montanha de músculos para ser um batedor. Ou uma batedora.

- Não, a vaga de batedora é exatamente o que eu quero. – disse ela seca, montado na vassoura.

- OK então. Eu vou soltar os balaços e a gente sobe. Daí em diante você já sabe o que fazer.

Ele soltou os balaços, que foram em direções opostas. Os dois decolaram e Cinthia ficou esperando os balaços voltarem.

- Vou mostrar pra esse oxigenado com quantas vassouras se joga quadribol! – ela disse, arremessando um dos balaços para longe e dando a volta por debaixo da vassoura de Davies para interceptar o outro.

Ela não deixou nenhum balaço acertar ou chegar muito perto de Rogério, e a vassoura ajudava muito. Era um modelo Zig Zag Star, brasileira, muito boa para manobras e curvas fechadas. Sendo de 1987, não era um modelo muito novo, mas era bastante estável e confiável.

Quando desceram, Rogério disse que ela tinha se saído muito bem. Cinthia notou que a voz dele estava um pouco rouca na hora e sorriu de satisfação. Aline desceu da arquibancada e veio falar com ela.

- Você foi muito bem! Com certeza melhor que aquele primeiro.

- Mas eu estou preocupada é com o terceiro.

Jonathan acabara de levantar vôo com Rogério, Ele se saiu muito bem também, mostrando tudo o que havia aprendido nos últimos seis anos. Ele usava uma vassoura Mercury, o mais novo modelo no Brasil, que era também a mais rápido dentre os modelos nacionais brasileiros.

Já o garoto do quinto ano (Darcy era o nome dele?) parecia estar mais preocupado com a conservação do belo rosto do que com a segurança de Davies. Nunca se colocava entre o balaço e sua vítima, ocasionando mais cenas hilariantes do que bons resultados.

Voltando ao chão muito agradecido, Rogério reuniu os quatro e explicou como ele iria avaliá-los. Quando Cinthia se dirigiu para a arquibancada com Aline, esta foi logo perguntando o que ele disse dos testes.

- Ah, ele só disse que ainda falta uma pessoa para fazer o teste e que vamos esperar até a Grifinória terminar a escalação.

Os testes da grifinória foram um pouco mais longos, já era preciso preencher seis vagas. Katie, Alícia e Angelina conseguiram afinal as três vagas de artilheiras, mostrando um melhor desempenho quando jogavam juntas do que com outras pessoas. Os gêmeos Weasley conseguiram as vagas de batedores, pois também eram imbatíveis como dupla. E quem ficou com a vaga de goleiro foi...

- Olívio Wood!

- O quê?! – disse Douglas indignado. – Eu não acredito!

- É uma pena, não é mesmo, Tosco? – disse Aline logo atrás dele. – É realmente um tragédia.

- Cale a boca! A última coisa que eu preciso é de uma rolha de poço cortiçando no meu ouvido!

Ele saiu de perto de Aline para ir falar com Jonathan, uma companhia mais agradável no momento. Cinthia, Aline e Luciana foram dar os parabéns a Olívio, reconhecendo o verdadeiro talento do rapaz em comparação com o Tosco. Pouco depois, Jonathan chamou Cinthia para que fossem falar com Davies.

- Como já passou bastante tempo desde a hora marcada e o Klaus ainda não apareceu – disse Davies – ele será considerado eliminado dos testes. Dêem os parabéns ao nosso novo batedor... Jonathan Harper!

- Você não se importaria em dizer o porquê, se importaria? – perguntou Cinthia o mais educada que pôde.

- Bom, Denttol e Hanstrops foram eliminados porque deixaram vários balaços passarem, e eu escolhi o Harper porque ele tem mais experiência de jogo.

- É, até que é justo – murmurou Cinthia para si mesma, virando em seguida para o novo batedor. – Bem, parabéns Big!

- Estou impressionado com o seu desempenho! – disse Olívio se juntando ao bolinho de pessoas ao redor de Davies. – E quando os dois balaços vieram ao mesmo tempo, um de cada lado, e você conseguiu rebater os dois, foi incrível!

- Ah, claro! – disse Cinthia se afastando do bolinho com Aline em seu encalço. – "Vamos todos ignorar a pequena Cinthia mesmo ela tendo feito as mesmas coisas que o outro, já que ela não tem o físico de um batedor."

- Deixe de ser tão dramática!

As garotas se viraram e viram os gêmeos Weasley. Eles estavam saindo do campo e passaram por elas enquanto Cinthia se lamentava.

- Hein?

- Isso mesmo – confirmou Fred. – Aquele Davies não escolheu você pra entrar no time; grande coisa! E ele está certo em escolher quem tem mais experiência, é melhor para o time.

- E quando ele sair, a vaga é sua. Com um ano de treinamento você já joga bem, imagine daqui a algum tempo!

- Puxa, obrigada! – disse Cinthia meio sem jeito.

- Ei, a gente entende disso – disse Jorge.

- Afinal, entramos para o time da grifinória como batedores, não entramos?

- E você deve ser pelo menos um pouquinho forte para rebater os balaços daquele jeito, mesmo não aparentando.

Cinthia não sabia se considerava aquilo um elogio, mas deixou passar o comentário.

- É, acho que vou esperar abrir outra vaga.

- Mas nem pense em tentar a de apanhadora – disse Fred. – Você tem talento como batedora.

Jorge olhou no relógio e cutucou o irmão.

- Dez para as quatro. Temos que ir andando – disse ele para as garotas e puxando o irmão para o castelo.

- É, depois a gente te ensina umas boas azarações para lançar naquele babaca do Davies!

Os dois correndo para o castelo. As duas não entenderam direito o porque da saída repentina e ficaram apenas olhando.

- Esses dois são legais, mas agem muuuito estranho.

- Com certeza. – Cinthia deu uma rápida olhada em volta e disse: - Vamos voltar para o castelo também.

- Mas e a Luciana? – perguntou Aline procurando a outra com os olhos.

- Ela está ocupada – disse Cinthia sorrindo, indo em direção ao castelo.

Quando Aline finalmente achou Luciana, viu a amiga conversando com Lino e Olívio. Parecia estar levemente vermelha, e Aline deixou que ela continuasse se divertindo.