Capítulo 13 – Uma trégua com o inimigo

As féria de natal acabaram incrivelmente rápido, e o castelo voltou a ficar apinhado de estudantes. E também marcou o início da lua crescente.

Logo no primeiro dia de aula, Aline e Cinthia trataram de seguir Fred e Jorge pelo castelo o mais discretamente que podiam. Aline os vigiava nas aulas, caso eles falassem em qual sala estava a poção ou pra que ela servia, e Cinthia rondava pelas partes principais do castelo.

Essas vigilância só mostrou resultados na quinta feira, depois da última aula. Normalmente os alunos do primeiro e segundo anos iam para a biblioteca ou para as salas comunais depois das aulas, mas Aline viu Fred e Jorge pegarem outro corredor sem que os outros notassem. Correu para alcançar Cinthia saindo da aula Poções e as duas as duas fizeram o caminho mais curto para o sexto andar.

Mas um dia você caça, outro dia você é a caça. Estavam sendo seguidas.

Haviam quase chegado ao sexto andar quando Aline ouviu um terceiro par de passos na escada. Cutucou Cinthia para que ela parasse e se virou, vendo o perseguidor e com a raiva lhe subindo o sangue.

- Você?!?!

- Não, é a McGonagall dando uma festa. Você está me vendo aqui, não está?

Era Tosco, quer dizer, Douglas que estava seguindo as dias. Se Cinthia não segurasse Aline na hora, ela teria avançado no garoto sem pensar nem uma vez que era perigoso brigar no meio de uma escada.

- Por que é que você estava seguindo a gente, seu Tosco idiota?! – Aline tentava a todo custo se desvencilhar de Cinthia, mas não conseguia nem alcançar a própria varinha. Seria capaz de azarar Douglas com os piores feitiços que conhecia por ele ter estragado a sua perseguição.

E o garoto parecia estranhamente calmo.

- Pra ver o que as duas estavam fazendo.

- Não é da sua conta. – Aline parou de se debater e Cinthia a soltou. Agora que elas já haviam perdido de vez o rastro dos gêmeos nem adiantava ficar zangada.

- É da minha conta sim. Você sabe o quanto a Grifinória precisa de pontos, e já perdemos muitos deles por causa das detenções de Fred e Jorge.

- Não esqueça de contar as suas detenções.

- Foram apenas duas, e elas não fazem tanta diferença assim!

- Claaaro que não, só uns cinqüenta pontos! E agora você vai impedir os outros de perder pontos só para se divertir um pouquinho mais, não? Vê se cresce e deixa de ser tão imbecil.

- Vê se cresce você, sua baleia tampinha!

- CHEGA!

Cinthia pulou entre os dois, ameaçando-os com a varinha.

- Se continuarem assim logo um professor vai seguir os gritos de vocês e tirar pontos dos dois. E os dois estão precisando "amadurecer", e muito! O que vocês acham de pararem com essas criancices de uma vez por todas?

- Como uma trégua? – disse Aline.

- É, pode-se chamar isso de trégua.

- Eu concordo se ela falar primeiro – disse Douglas.

- Mas é um crianção mesmo!

Cinthia apontou a varinha para Aline e a garota se calou, olhando feio para ela.

- Espere aí. Tos... heh, Douglas, posso falar com você um instantinho?

Os dois desceram toda a escada e Douglas e virou imediatamente para Cinthia, falando de prontidão:

- Eu não vou fazer as pazes com aquela metida. Nem sei porque você tenta.

- Não é fazer as pazes, isso é só uma trégua. Você só tem que parar de azucrinar a vida dela. Pense bem, sem brigas idiota e inúteis, sem a Aline pegando no seu pé ou buzinando no seu ouvido por qualquer coisa que você faça. Só tem vantagens! Mas você teria que fazer a sua parte também.

- Hum... vou pensar. Ela tem que prometer isso tudo que você falou também.

- Então fique aqui pensando enquanto eu falo com ela.

Cinthia foi até Aline e ainda subiu mais uns degraus, mas ela estava bastante aborrecida.

- Essa foi a pior idéia que você já teve em toda a sua curta vida. Eu não vou abrir uma trégua com ele. Quer dizer, é do Tosco que estamos falando, e não de um outro idiota qualquer. Esse é o mais idiota dos idiotas, e o mais tosco deles também!

- Escuta aqui – Cinthia ameaçou novamente com a varinha e Aline engoliu em seco, se calando outra vez -, vocês dois precisam parar com isso. Eu já enjoei. Concordo com você que ele seja um idiota e tudo o mais, mas essas brigas bestas iam ter que acabar algum dia. E que melhor hora senão agora? Tá certo que ele acabou de nos tirar a chance de descobrir o que Fred e Jorge estão aprontando, mas ele também pode nos ajudar.

- Como assim? – agora Aline estava ficando interessada com a idéia.

- Quem é a pessoas que mais anda com os gêmeos?

- O Lino e o Tosco.

- Mas agora o Lino tá andando com a Lucy, O Big e aquele Wood. E pelo que eu conheço do Douglas, ele vai ficar tão curioso quanto a gente, e com certeza vai acabar nos ajudando. Quem sabe ele já não saiba de alguma coisa, hein.

- Menina, que ótima idéia! Você é um gênio!

- Eu sei.

- Ué? Pra onde foi a modéstia?

- Ainda tá de férias. Mas e então, topa?

- Tá legal – disse Aline levemente desanimada. – É um preço alto, mas vale a pena.

Cinthia chamou Douglas e o fez parar de frente para Aline. Cinthia cutucou a amiga para falar de uma vez, ou ele podia mudar de idéia.

- Ham-ram... trégua? – disse Aline estendendo a mão.

Douglas demorou exatos oito segundo olhando para a cara dela e para a mão estendida.

- É... trégua - ele concordou, apertando a mão dela. Menos de um segundo depois os dois soltaram as mãos como se tivessem levado um choque, e Cinthia revirou os olhos.

- Satisfeita, tia?

- Muito, sobrinha – disse Cinthia com um sorrisinho. – O que vocês acham de jogarmos um snap explosivo para comemorar?

- Não force a barra! – os dois disseram em coro.