Capítulo 16 – Aulas novas
- A Grifinória não tem comparação!
- É a melhor casa de todas!
- Convencidos...
Naquela 1ª manhã de aulas, a mesa da Grifinória estava muito alvoroçada. Para falar a verdade, todas as mesas das casas foram tomadas por cochichos e comentários. Harry Potter entrou na casa da Grifinória, o que desapontou alguns e inflamou o orgulho de outros. Como o de Fred e Jorge.
- Não estamos dizendo mais que a verdade – defendeu Jorge.
- E a maior prova disso – explicou Fred - é que Harry Potter, o bruxo mais sortudo do mundo, foi selecionado para a Grifinória.
- Mas ele é mais que um bruxo sortudo. Quer dizer, deve ter algum tipo de magia muito poderosa no meio dessa história pra ele ter conseguido sobreviver a um ataque mortal.
- Aline! – exclamou Cinthia – A única pessoa que eu achei que fosse ficar do meu lado fica enchendo mais ainda a bola desses dois!
- O que eu posso dizer? Também sou uma grifinória, tá lembrada?
- E aí! – cumprimentou Douglas se sentando junto deles – qual vai ser a primeira aula?
- Herbologia.
- E eu vou ter Aritmância – disse Cinthia – e, com a turma da Sonserina. Só pra começar a semana no maior lixo!
- E quais as aulas extras que vocês escolheram? – perguntou Aline.
- Nós três – apontou Jorge - vamos fazer Trato Com Criaturas Mágicas e Adivinhação. Parecem ser as mais fáceis.
- Eu também vou fazer essas duas e Aritmância. – disse Cinthia – Mas vocês não sabem o que eu passei nas férias tentando desconvencer essa daí. – ela apontou para Aline.
- Oras! Que é que tem de mais em querer ampliar a minha margem de ensino ao máximo?
- Não me diga que você vai fazer todas as cinco matérias?!
- Sim, Tosco, eu vou. Não custa nada aprender.
- Mas você não precisa fazer Estudos dos Trouxas. Você já veio de pais trouxas!
- Mas eu quero fazer e ponto final.
- Você é louca! Como é que vai dar conta de todos esses estudos? É muita coisa!
- Eu consigo! Agora, se me dão licença, não quero chegar atrasada no primeiro dia de aula.
Aline se levantou e tomou o caminho das estufas. Cinthia se levantou logo em seguida.
- Gente, ela está certa. É melhor irem logo ou vão se atrasar. - e também foi procurar a sala de Aritmância com Jonathan e Luciana.
As aulas não mudaram muito, apenas o tio de Fred e Jorge deixou o cargo para ir trabalhar no exterior e o Profº Quirrel o substituiu, transformando as aulas em piadas, já que morria de medo da matéria que ensinava. Snape continuava a mesma cobra de sempre. McGonagall continuava inflexível com seus alunos (e Aline continuava a achando um modelo perfeito de professora). O Profº Binns parecia surpreendentemente mais monótono que no ano anterior e Flitwick estava disposto a explicar todo o livro de feitiços para eles logo na primeira semana, mas foi frustrado pela indisposição dos alunos. Na terça tiveram duas aulas geminadas de Trato com Criaturas Mágicas com o Profº Ketellburn e foi um tanto diferente do que esperavam. Ele se confundia muito na hora de dizer os nomes e origens, e os alunos acabaram lendo o livro para entender a aula (o que Aline fez com empolgação!).
O pequeno problema apareceu quando chegou a 1ª aula de Adivinhação, na quarta-feira. Tinham ouvido dizer que a sala ficava na torre norte, mas onde era a torre norte?
- Eu não acredito que nenhum de vocês sabe! E que estamos perdidos!
- Calma lá, Aline! Você também não foi se informar – disse Jorge. "Não acredito que depois de tanto tempo com o Mapa do Maroto a gente nunca tenha visto um caminho para a torre norte" pensou ele, tentando lembrar dos desenhos no Mapa.
- Não interessa! Quando eu dou bronca em alguém é porque eu tô a fim de dar bronca em alguém. Vocês são uns desinformados, viu!
- E como a Mini Minerva vai resolver esse problema já que ela é tão esperta, hein? – disse Douglas, só para provocar.
- Por enquanto não me ocorreu nenhuma idéia de gênio, mas quem sabe o Sr. Tosco tenha uma. Ah, já ia me esquecendo, o seu QI é menor que o de uma minhoca!
- Querem parar vocês dois? – interveio Cinthia – Nós podemos perguntar para uma das pinturas. O castelo está cheio delas e devem conhecer cada palmo de pedra que tem aqui. Ó, tem uma de um cavaleiro logo ali.
Eles se aproximaram do quadro e Fred já saiu perguntando:
- Ô, da armadura! Você sabe aonde é a tor...
- Auto lá, cães sarnentos! Identifiquem-se ou sentirão o fio da minha espada!
O cavaleiro desmontou do pônei gordo, mas ficou com o pé preso no estribo. Puxou de um jeito, puxou de outro, mas só se livrou depois de cortar o estribo com a espada, que era um tanto grande para ele.
- Olha aqui, a gente só quer saber onde fica...
Mas Fred foi interrompido novamente pelo cavaleiro.
- Cala-te pobre diabo! Não quero saber suas dúvidas, quero saber vossos nomes!
Jorge puxou os amigos para longe do quadro para que Sir Cadogan não os ouvisse:
- Até que a sua idéia foi boa, mas o intervalo está acabando e a tinta que usaram nesse aí já está meio caduca. Que tal procurarmos outro quadro?
- Calma – disse ela. - Pode deixar que eu falo com ele.
Ela se aproximou do quadro e, como ia sozinha, Sir Cadogan embainhou a espada.
- Ó nobre cavaleiro, eu e meus amigos estávamos procurando pela torre norte, mas parece que nos perdemos. Estávamos nos perguntando se um cavaleiro tão gentil como o senhor saberia o caminho, já que mora neste castelo há muitos anos.
- Andarilhos perdidos! – exclamou ele parecendo entusiasmado – Não são os primeiros e não serão os últimos. Por que não falaram antes? É só seguir Sir Cadogan para achar o caminho, milady. Sei exatamente aonde ir.
Cinthia fez sinal para os outros andarem logo e tiveram que apressar o passo para acompanhar Sir Cadogan pelas escadas. Quando finalmente chegaram a um alçapão, o cavaleiro apareceu uma última vez.
- É aqui que vos deixo. Espero que esta não seja a última vez que nos encontremos. Até breve! E boa sorte com a libélula do alçapão.
E o barulho de sua armadura foi descendo escada abaixo. O que o cavaleiro parecia não ter notado foi que seu último comentário deixou os garotos muito confusos, além de estarem ofegantes por causa da corrida pelas escadas. Mas tinham chegado uns dois minutos adiantados, e já havia alguns alunos esperando... qualquer coisa acontecer.
- Como é que você sabia o que falar pro cavaleiro maluco nos entender? – perguntou Douglas.
- Ele é um cavaleiro da Idade Média, certo? Então tudo o que eu fiz foi me dirigir a ele como se estivéssemos na Idade Média. Até que aqueles meus livros não são uma total perda de tempo, né, dona Aline?
- Hum, é – Aline estala relutante em admitir. - Mas você ia aproveitar mais se lesse livros relacionados à matéria. Hogwarts – uma história seria bastante útil também... Ei, 'cê tá me escutando?!
Cinthia começou a olhar para o alçapão, fingindo estar muitíssimo interessada em procurar a tal libélula. Fred, Jorge e Douglas, como não estavam a fim de escutar um longo resumo de "Hogwarts, uma história" também fingiram estar interessados no alçapão.
- Ei! Ninguém tá me escutando?!
- Hum? Ouviram alguma coisa, meninos?
- Não.
- Negativo.
- Eu não ouvi nada.
- Parem de me ignorar! Ei! Alôu! Não façam isso comig...
O alçapão abriu de repente, emudecendo todas as conversas paralelas no local. Fred e Jorge eram os mais próximos da escada e se entreolharam.
- Algum candidato? – perguntou Fred para todo o saguão – Não? Então vamos nós.
- Se acontecer alguma coisa com a gente, avisem algum professor, sebo nas canelas e salvem suas vidas.
- Não exatamente nessa ordem.
Os dois subiram e nenhum aluno foi depois deles, ficaram só esperando. Logo um grito veio de dentro da sala.
- AAAAAAAAAH!!! CORRAM! TEM UMA MANTICORA AQUI DENTRO!
Cinthia já ia dar meia volta quando Aline a segurou pelas vestes.
- Você sabe que é brincadeira, certo?
- Ah, é... é claro! – disse ela tentando disfarçar.
- O que é que vocês estão esperando? – a cabeça de Fred apareceu pelo alçapão aberto. – Entrem logo. Libélulas não são o prato favorito das manticoras – ele disse brincando.
Dentro da sala, muitos alunos perceberam que a professora devia ser uma típica vidente. Mas até um gorila não ia deixar de notar no forte cheiro de incenso, o ambiente iluminado à meia-luz e nas bolas de cristal a um canto. Quando o último aluno entrou, o alçapão foi fechado, deixando a sala muito abafada.
Aline, Cinthia, Douglas, Fred e Jorge se sentaram em uma rodinha de pufes particularmente fofos, quase sumindo dentro deles. Levaram um susto quando a professora saiu de um canto escuro ao lado da lareira, com seus óculos que deixavam os olhos duas vezes maiores que a cara. Fred, Jorge e Douglas tentaram inutilmente transformar os risos em acesos de tosse, e entenderam o que Sir Cadogan quis dizer com "a libélula do alçapão". A professora percebeu e se virou para eles, deixando os óculos em maior evidência; os cinco quase explodiram tentando segurar as risadas.
- Boa tarde, meus alunos... – e fez um pequeno discurso que foi até um bom pedaço da aula, e depois todos tiveram que ler borras de chá.
Quando finalmente tocou o sinal e puderam sair da sala de aula foi como se tivessem acordado. Ou pelo menos foi o que pareceu para Cinthia.
- Nossa! Aquela sala dá um sono, ainda mais com aquele incenso enjoativo. Teve uma hora que eu não consegui prestar atenção em outra coisa e foi como se eu tivesse perdido um pedaço da aula.
- Isso foi porque você dormiu na aula – disse Fred.
- Ah... foi, é? – disse ela embaraçada - E por que não me acordaram?
- A professora tava olhando bem na hora e ia perceber que você tava dormindo se a gente te acordasse. – disse Jorge – Por sorte ela achou que você estava apenas se concentrando, e graças a Deus você não ronca. Daí você acordou como se nada tivesse acontecido.
- Pelo menos ela disse que eu tenho jeito para adivinhação depois disso, mas eu não acredito muito nessas coisas. Entrei nessa aula só pra ver como era mesmo. Que cara é essa, Aline?
Douglas teve a gentileza de responder no lugar da garota:
- Enquanto você puxava um ronco, a Profª Trelawney disse que a aura da Aline não tinha receptividade, que ela ia ter que se esforçar muito.
- Como se eu fosse perder o meu tempo com uma matéria dessas. Mas se me lembro bem ela fez algumas adivinhações muito boas.
- Foi aí que eu peguei no sono.
- Isso mesmo. Mas você perdeu a melhor de todas: ela disse que um certo Tosco vai morrer este ano.
- Credo! – exclamou Fred – Se você acha legal a morte de um amigo, imagine o que não deseja para um inimigo!
- E tomem cuidado que eu coloco essas idéias em prática se me der na telha.
Fred e Jorge se afastaram até o outro lado do corredor, lançando olhares de esguelha para Aline e fingindo cochicharem entre si.
- Tão engraçados... Podem voltar!
- Não, obrigado!
- Temos mais chances de chegar a aula de Feitiços inteiros se continuarmos aqui.
- Eu concordo com eles – disse Douglas indo também pelo outro lado do corredor.
- Pelo menos você continuou aqui – disse Aline se virando para Cinthia.
Cinthia olhou para um lado, olhou para o outro, e foi de fininho se juntar a Douglas, Fred e Jorge.
- Agora virou motim!?
