Capítulo 17 – Hogsmeade!!!
- É nesse próximo fim de semana! – disseram Fred e Jorge enquanto tentavam ver o aviso por cima de um mar de cabeças. Eram os mais altos dos cinco, enquanto Aline tentava ver o aviso por baixo de todo mundo. Não que Cinthia fosse muito mais alta, claro. Os brasileiros geralmente são mais baixos (talvez com a exceção de Jonathan, que era quase da altura dos gêmeos).
- Beleza! – disse Douglas – Vamos logo entregar as autorizações para a McGonagall.
Depois de terem pegado as autorizações, os quatro grifinórios esperaram Cinthia perto da escada do terceiro andar. Mas ela demorou mais do que devia.
- Que aconteceu? – perguntou Jorge – A gente já tava indo embora sem você. Que cara é essa? – ele acrescentou depois de olhar melhor para a cara da garota, que parecia desesperada.
- Eu... perdi! Perdi a autorização!
- Eu não acredito! – exclamou Aline – Tem certeza?
- Tenho! Quer dizer... não que eu tenha perdido mesmo... acho que... esqueci em casa, em cima da minha cama.
- Você esqueceu de trazer, mas lembra exatamente onde deixou!? – disse Fred aparvalhado. – Como isso é possível?
- Bom... Talvez eu tenha deixado em cima da cômoda... ou no balcão da cozinha... ou na estante do sótão... realmente não me lembro.
- Então peça para a sua mãe pedindo que mande a autorização. – disse Douglas - Hoje ainda é segunda-feira, com certeza uma carta-expresso da conta do tempo.
Aline olhou como se ele tivesse dito algo muito estranho.
- Que foi?
- É raro ver você usando os dois neurônios que tem ao mesmo tempo.
Antes que os dois brigassem, Cinthia disse: - Essa é uma ótima idéia! Vão até o corujal e peguem uma coruja. Vou mandá-la até o correio pedindo uma coruja-expresso.
Cinthia correu para o quarto pegar pena e pergaminho e foi correndo até o corujal escrever as cartas.
A resposta veio na sexta-feira. Cinthia estava no dormitório guardando os livros quando viu uma coruja entrar em vôo rasante pela janela. Mal pegou a carta, a coruja disparou janela afora.
- Deve ser um feitiço de velocidade. – disse ela pensando alto enquanto abria o envelope.
Mas o estranho era que havia um cartão vermelho dentro, e não a autorização que ela lembrava. Abriu o cartão e logo ela ouviu a voz da sua mãe gritando umas cem vezes mais alto que de costume.
- VOCÊ DEVIA TER MAIS CUIDADO COM AS SUAS COISAS! QUANTAS VEZES EU JÁ FALEI PARA PRESTAR MAIS ATENÇÃO NO QUE ESTÁ FAZENDO! AGORA VAI FICAR SEM PASSEIO! SABE AONDE EU ACHEI A AUTORIZAÇÃO? DEBAIXO DA SUA CAMA, CHEIA DE MARCAS DE DENTES DE GATO. APOSTO COMO FOI UM ÓTIMO BRINQUEDO PARA O DENGO. EU NÃO VOU MANDAR OUTRA AUTORIZAÇÃO PARA VOCÊ APRENDER DE UMA VEZ A CUIDAR DAS SUAS PRÓPRIAS COISAS! VOCÊ NÃO É MAIS UMA CRIANCINHA QUE PRECISE DE UMA BABÁ 24 HORAS POR DIA!
Cinthia estava pálida e, para o seu horror, viu que Luciana estava parada na entrada do dormitório, e a porta continuava aberta. Não que fechada fosse fazer muita diferença, mas o todo o terceiro andar deve ter escutado o cartão berrador.
- Pena que você não vai poder ir. – disse Luciana simplesmente.
- É. – respondeu Cinthia lacônica, ainda em estado de choque.
Como ela não estava muito a fim de conversar com alguém, muito menos de ver alguém, saiu rápida do dormitório, sem reparar em algumas pessoas que cochichavam no salão comunal, e foi direto para a passagem.
Não é que Aline, Fred, Jorge e Douglas vinham naquela direção? E Jonathan, que provavelmente estava voltando para o salão da Corvinal, vinha logo atrás deles.
- Nós ouvimos tudo. – disse Fred. Exatamente o que Cinthia não queria ouvir.
- Sua mãe não foi um pouco exagerada? – perguntou Douglas.
- Um pouquinho, talvez. – respondeu Cinthia sem jeito – Mas essa não é a primeira vez que eu esqueço de... levar ou fazer alguma coisa. Na verdade, ela até que gritou por pouco tempo.
- Você não pode estar falando sério. – disse Fred.
- Ah, ela tá sim. – respondeu Aline – Uma vez ela esqueceu a apostila no primeiro dia de aula lá no Brasil. Outra vez ela foi lá em casa pra fazer um trabalho de geografia e esqueceu de levar a pesquisa.
- Não foi o mesmo que ela esqueceu de levar os cartazes no dia da apresentação e, de quebra, não lembrava nem da fala? – disse Jonathan.
- Esse mesmo!
- Mas como é que você sabe disso se nem estava na mesma sala? – perguntou Cinthia estupefata.
- Então você era a Tapada da 5ªM? – lembrou Douglas - Eu acho que todo o colégio ficou sabendo dessa. E eu até contei pra uns amigos meus de outro colégio.
- Como é que ninguém me contou que a história tinha se espalhado? – ela viu que Aline tentava disfarçar olhando para o teto. – Aline! Você sabia? Você sabia! E não me disse nada?
- Ah, não me olhe assim. Eu contei para algumas pessoas, só isso, e a informação se espalhou sozinha. Mas não fui eu quem te chamou de Tapada, foi o Guilherme.
- Tinha que ser aquele mala! Mas isso não importa agora. Bem que minha mãe falou pra eu ter mais cuidado com as minhas coisas. Agora eu não vou poder ir a Hogsmeade! Droga! – mesmo estando bastante triste, Cinthia mentalmente amaldiçoava sua memória de jerico. Às vezes ela lembrava de coisas e detalhes que ninguém reparava, mas em muitas outras vezes ela esquecia coisas óbvias, como agora. Isso a deixava muito aborrecida consigo mesma.
- Não fique assim – disse Jonathan colocando a mão no ombro dela. – No ano que vem você vai poder ir. A não ser que alguém ache um jeito de chegar até lá sem passar pelos professores.
- Quem souber de uma passagem secreta levante a mão – disse Cinthia brincando.
Jonathan sumiu pela passagem da Corvinal, e Fred e Jorge se entreolharam trocando uma idéia.
Quando Aline, Douglas, Fred e Jorge se encaminhavam para ir a Hogsmeade no dia seguinte, e Cinthia os acompanhava, os gêmeos puxaram os outros para um canto.
- Antes de irmos, temos uma coisa para mostrar a vocês.
Foram os cinco até o terceiro andar e os gêmeos os levaram até a sala que usaram para se esconder de Cinthia no primeiro ano.
- O que vamos mostrar é muito importante. – começou Fred.
- Ninguém mais sabe dele.
- Se cair em mãos erradas, o resultado pode ser desastroso.
- Confiamos e vocês para manter segredo.
- Vocês estão querendo nos mostra a arma do Juízo Final, é? – disse Aline impaciente. – Digam logo o que é!
Jorge tirou com bastante floreio um pedaço de pergaminho velho e sujo do bolso e colocou-o sobre uma mesa. – Antes, vocês precisam jurar por todos os doces e logros que puderem comprar em Hogsmeade que não vão dizer uma palavra sobre isso.
- E que vão proteger este objeto preciosíssimo a qualquer custo, não importa como.
Os três olharam para o preciosíssimo pergaminho, velho, sujo e meio rasgado e duvidaram da sanidade mental de Fred e Jorge, mas concordaram porque estavam muito curiosos.
- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom. – disse Fred dando uma batidinha no pergaminho com a varinha. Aline, Douglas e Cinthia mal puderam acreditar no efeito que aquilo teve.
- Um mapa... - disse Douglas admirado.
- Não... você descobriu isso sozinho? – disse Aline e ele fingiu que não escutou.
- Mas por que vocês estão mostrando isso para a gente?
- Bom, tem dois motivos. – disse Fred.
- Um é porque já tínhamos o Mapa do Maroto desde o primeiro ano e seria muito injusto se vocês não soubessem dele.
- Deve ter sido uma decisão difícil, hein?– comentou Aline sarcástica.
- E o outro é porque a Cinthia "perdeu" a autorização para ir Hogsmeade, e esse mapa mostra algumas passagens que vão para lá.
- Ah, 'brigada! Vocês não sabem o quanto eu tô feliz! – disse ela abraçando os dois deixando-os vermelhos, porque não era comum ela demonstrar tanta afeição.
- Bo-bom - disse Fred quando ela o soltou -, mas depois de usar vocês precisam apagar o pergaminho.
- É só dizer "malfeito feito" e dar outra batidinha no mapa.
- Huuumm. – fez Aline se lembrando de algo – Então foi assim que vocês conseguiram a receita da cerveja amanteigada, né. Se ela só é vendida em Hogsmeade, vocês só podem ter conseguido a receita indo até Hogsmeade.
- Ceeerto. – disse Jorge, que nem se importava mais com aquele incidente – Mas agora é melhor irmos antes que alguém note a nossa falta no meio dos alunos que vão pelas regras. Que tedioso...
- Cinthia, confiamos a você a missão de manter o pergaminho são e salvo de qualquer professor ou aluno xereta. – disse Fred com uma cara tão séria que chegava a ser hilariante.
- Podem contar comigo!
- Não vai esquecer de apagar o mapa depois?
- Não.
- Não mesmo?
- Vocês não acham que eu vou esquecer uma coisa importante dessas, acham?
- Bom... sinceramente... - disse Jorge.
- Não tá mais aqui quem perguntou.
Eles deixaram Cinthia na sala e foram para Hogsmeade com os professores. Encontraram-se na Dedosdemel e se divertiram a valer, mesmo tendo que esconder Cinthia a toda hora dos professores e de Luciana e Jonathan, que também sabiam que ela não tinha autorização. Foram os últimos que apareceram para voltar ao castelo, e em parte devido ao grande volume de doces e logros que deixaram todos os bolsos das vestes estufados. Cinthia quase se esqueceu que tinha que voltar pela Dedosdemel, e saiu correndo quando viu Snape esperando os alunos.
