Capítulo 18 – Dia dos namorados
14 de fevereiro, dia dos namorados. O amor está no ar, os pássaros estão cantando, as flores estão abrindo... e mais uma visita a Hogsmeade veio de bônus! E todos passeavam descontraidamente nas ruas do vilarejo.
- Por que você trouxe esse pacotinho, Aline? – perguntou Cinthia para a amiga que não parava de olhar em volta.
- Ah, porque depois de amanhã é o aniversário do... de alguém, e eu vou aproveitar pra dar o presente hoje.
- Não precisa nem dizer quem é. – disse Douglas – Ele vindo aí.
Giovanni vinha subindo a rua na direção deles e Aline pensou por um instante no que fazer.
- Me esperem aqui.
Ela foi até Giovanni, disse alguma coisa, entregou o presente e voltou. Giovanni virou numa rua sem passar por eles e continuaram andando.
- Como é burra. – disse Douglas.
- Você é o último que deveria julgar os outros assim. Se eu quero dar o presente pra ele, eu dou! E você era tão amigo dele, o que aconteceu pra você ficar tão frio com o Véio?
- Se você quer mesmo saber, ele mudou. É patético o modo como ele age desde que entrou na Sonserina. Aliás, é mais patético ainda ver o jeito que você fica babando por aquele idiota.
- Há! E você é menos idiota que ele, suponho.
- Mas é claro! Você não vai querer questionar isso, não é.
- Isso é extremamente questionável, sabia.
- Ei! Vocês dois, andem logo!
Fred, Jorge e Cinthia já estavam mais à frente esperando os dois. Quando chegaram viram que estavam parados na frente de um portão de uma casa bastante antiga, com as janelas fechadas com tábuas.
- Essa é a casa dos gritos. – disse Fred.
- Dizem que é mal-assombrada – acrescentou Jorge.
- O povoado volta e meia conta histórias de uivos e gritos que vem de dentro da casa...
- ... mas há muitos anos que não são ouvidos.
- Alguém já tentou entrar pra ver a fonte desses gritos? – perguntou Aline. – É só tirar as tábuas ou usar um feitiço.
- Podemos fazer isso agora mesmo! – disse Fred pulando por cima da cerca e sendo imitado por Jorge, Douglas e Aline. Cinthia parecia uma estátua, parada do jeito que estava atrás da cerca. Ela não gostava de assombrações.
- Você não vem? – perguntou Douglas a Cinthia.
- Não, obrigada. Estou muito bem aqui – ela disse se afastando da cerca, parecendo meio assustada. E ela estava.
- De que adiantou a gente ter te trazido até aqui se você não aproveita a melhor parte do vilarejo? – disse Jorge indignado.
- Um dia eu posso até entrar aí, mas vai ter que ser por um bom motivo, ou se eu estiver muito desesperada.
- Mas não vai nem ajudar a gente a achar uma entrada?
- Hum... Tá. Mas nem que o céu caia na minha cabeça eu entro aí.
Eles tentaram entrar de todos os jeitos, usaram todos os feitiços que poderiam ser úteis (infelizmente não conheciam muitos), mas não acharam nem um buraco grande o suficiente para eles passarem.
- Bom - disse Fred meio desapontado, meio resignado -, depois de um dia de trabalho, nada melhor que passar no Três Vassouras. Topam?
- A melhor idéia que eu já ouvi no dia inteiro! – disse Cinthia aliviada.
Mas quando chegaram lá tiveram uma visão que não os agradou nem um pouco. Giovanni e seus amiguinhos McNair, Avery e Burkes estavam sentados em uma mesa perto da entrada e não puderam deixar de ouvir a conversa.
- ... e aquela tonta da Mini Minerva ainda escreveu um bilhetinho junto com o presente. Nunca li coisa mais ridícula. E o presente eu nem abri, não devia ser grande coisa mesmo. Joguei direto no lixo.
Aline ficou visivelmente perturbada. Cinthia ainda tentou levar a amiga para um outro lado, mas Aline se desvencilhou e foi até a mesa de Giovanni.
- Você jogou fora!?!? – explodiu ela enraivecida (ficar se chorando não era com ela).
- Você ouviu. Mas que pena. Agora sabe que eu tô pouco me lixando pro seu presentinho. Agora some daqui, sua Mini Minerva metida a besta.
- Cretino! – disse ela entre dentes enquanto puxava a varinha, mas McNair, Avery e Burkes se postaram ao lado de Giovanni como guarda-costas.
Aline teria enfrentado cada um deles, se Fred, Jorge e Cinthia não a tivessem tirado de lá. Douglas ia com eles, mas Giovanni chamou sua atenção.
- Você realmente perde seu tempo com coisas inúteis, Berttapeli. Olha só as companhias que você arranja: dois pobretões, uma sangue-ruim tapada e uma sangue-ruim metida. Bom, cada um reconhece o seu igual, não é?
- Exatamente – respondei ele seco. – Cada um reconhece seu igual.
Ele se juntou aos outros do lado de fora do Três Vassouras e encontrou uma cena peculiar.
- Me deixem voltar lá! – gritava Aline – Eu vou explodir a cabeça daquele desgraçado e depois vou dar as tripas de presente para a Madame Nor-r-ra!
- E você acha que ia dar conta daqueles três? – disse Jorge tentando convence-la.
- Eu podia tentar! Agora sai da minha frente!
Aline conseguiu escapar de Fred, Jorge e Cinthia, mas Douglas estava perto da porta e segurou o braço dela com força antes que Aline entrasse.
- Você acha que vai conseguir alguma coisa se tentar duelar com ele? O máximo que vai acontecer é a gente ter que carregar vocês cinco até a enfermaria de Hogwarts e ainda pegar detenção por isso.
- Agora você está defendendo ele. Que gracinha. – disse ela sarcástica. – Se você não quer levar uma azaração é melhor me soltar. – mas ele segurava o braço direito da menina, impossibilitando-a de usar a varinha.
- Não seja burra! – gritou ele – Você não viu que tinha professores lá dentro? Você só estaria fazendo o jogo dele. Aposto como ele ia adorar ver alguém da Grifinória de detenção, ou pior, sendo expulso. Por sorte os professores não estavam prestando atenção.
Douglas soltou o braço de Aline, mas ela não entrou. Ele saiu pela rua, provavelmente ia voltar para o castelo, e Aline continuou parada de frente para o Três Vassouras.
- Aline – disse Cinthia cautelosa. – Tudo bem?
- O Tosco tá certo! – disse ela se virando e olhando para os outros como se tivesse acabado de ver um milagre. – Ele está certo! O Pieri queria realmente que nós nos déssemos mal. Vocês também estavam certos desde o começo! Como é que eu não vi que ele estava virando um desgraçado nojento filho duma #$!
- Isso é pra você aprender a seguir os nossos maravilhosos conselhos! – disse Fred tirando sarro.
- Além do mais – continuou Jorge -, se nós não estivéssemos aqui, você provavelmente seria expulsa.
- Eu podia cuidar muito bem de mim mesma! – disse Aline – Eu inventava alguma coisa para os professores e escapava da detenção numa boa.
- Não sei se você reparou – disse Cinthia – mas o Snape estava lá também.
- Epa! Bom, eu ia ter que inventar uma baita de uma desculpa então.
- Mas já que não estamos interessados em compartilhar o Três Vassouras com quatro montes de bosta, aonde vamos? – perguntou Fred.
- Hummm, preciso ir ao correio-coruja – disse Cinthia. – Preciso mandar uma carta.
- Mas pra quem é que você tanto manda carta? – perguntou Jorge.
– Todo mês é uma – completou Fred.
- Se vocês não lembram, eu ainda moro no Brasil, só venho para Hogwarts para estudar. Deixei um bocado de amigos lá, mas tem um que mora em outra cidade e a gente combinava de se comunicar por cartas.
- Quem?! – perguntaram os gêmeos juntos, Aline tentou disfarçar uma risadinha.
- É... ô Aline, para! ... O nome dele é Maylson... Aline! Quer parar de rir!
- Descuuulpa – disse ela parando de rir. – Se eu tô atrapalhando, é melhor eu ir. – disse ela saindo de fininho.
- Ah, não! Você vai me contar o motivo da risada. Volta aqui!
Cinthia disparou atrás de Aline e, como ela estava mais magra que antes, não foi alcançada tão fácil.
Fred e Jorge apenas se entreolharam e foram visitar a Zonko's. De dentro da loja eles viram Aline e Cinthia passar correndo pela rua. Só se encontraram depois no castelo, num dos corredores, e Aline parecia chateada enquanto que Cinthia estava com a cabeça bem erguida (de nariz empinado).
- Ela me beliscou! – disse Aline. – Só porque eu disse o que eu tinha pensado.
- Você não só disse o que tinha pensado como também disse que tinha certeza absoluta de que estava certa. E não é verdade.
- Mas bem que você queria que fosse verdade, né? – Cinthia corou involuntariamente, mas continuava zangada. – Pôxa! Tá vendo! Não precisava ter me beliscado! Doeu, sabia.
- E foi bem merecido. - Douglas chegou naquele momento e respondeu antes que Cinthia dissesse qualquer coisa (mas não ia ser muito diferente disso).
- Seu Tosco! Você nem sabe o que aconteceu! – disse Aline bastante zangada – Como pode dizer que eu mereci se nem sabe do motivo do beliscão?
- Qualquer motivo é pouco se for pra Mini Minerva mais irritante que eu já conheci.
- Ah, é? Pois então me belisca! Duvido que você tenha coragem.
Fred e Jorge haviam saído sorrateiramente enquanto eles discutiam, e ninguém notou isso! N/A: Mas são desligados, viu! Aline e Douglas não notaram porque estavam brigando, e Cinthia por pura tapadisse...
- Eu não costumo machucar pessoas mais fracas do que eu ou meninas idiotas.
- Mas eu costumo.
Aline chutou a canela de Douglas sem piedade, e antes que ele tivesse alguma reação, Cinthia tirou a amiga de lá, subindo algumas escadas.
- Maluca! Quase que o Filch pega vocês dois brigando. A Madame Nor-r-ra deve estar avisando ele da briga no corredor. N/Pelúcia: Ahá! Ela não reparou na saída dos gêmeos porque estava prestando atenção na Madame Nor-r-ra. Que brilhante conclusão... N/Emplumada: Que brilhante desculpa você quer dizer...
- Tô pouco me lixando! – explodiu Aline – Pelo menos é o Tosco que ficou lá pra pagar o pato, e não eu.
De repente Cinthia começou a falar num tom de caçoada, quase rindo: - Puxa, quem diria. Aline, a pessoa mais preocupada com regras e notas que eu conheço, armando briga no corredor debaixo do narigão torto do Filch. Como você pôde chegar a este ponto?
- Ah, é que... - Aline não sabia como continuar zangada quando a outra pessoa também não berrava. - ... eu tô meio estressada, se é que você me entende. Por causa do que aconteceu de tarde... Resumindo: é melhor ninguém chegar perto de mim por uma semana.
- Eu te conheço. Então pode ir se acalmar sozinha que eu vou com você.
- Isso não é sozinha.
- Mas você se acalma mais rápido. Quer jogar um xadrez bruxo para passar o tempo?
Aline saiu correndo pelo corredor, fugindo do tabuleiro que Cinthia oferecia.
- Agora ela fica sozinha mesmo! – parou um instante para pensar e logo rumou para a entrada da Corvinal. – Talvez o Big queira jogar xadrez bruxo! Ele é muito bom, mas não melhor do que eu. Vai ser chato ganhar de novo, mas quem sabe ele tem sorte dessa vez.
(Não é importante, mas mesmo assim eu vou dizer: Cinthia ganhou todas as três partidas que jogou com Jonathan.)
Depois daquele dia, Aline passou a dar razão aos colegas em relação aos sonserinos (com a exceção de Amanda Darkcat, que era mesmo uma pessoa legal e todo o pessoal das outras casas gostava dela, menos a própria Sonserina), especialmente a Douglas. Ela nunca mais implicou com isso e o número de discussões caiu um pouco, já que esse era um dos assuntos mais cotados nas brigas.
