Capítulo 19 – Uivos e latidos
Nas aulas de uma sexta-feira antes do almoço, Cinthia tinha o horário livre, assim como Douglas Fred e Jorge. Aline preenchia esse horário com as aulas de Runas Antigas, e como eram todas as turmas juntas por causa do pequeno número de alunos, ela não estava se divertindo muito: Giovanni também fazia Runas Antigas.
Mas Cinthia gastava seu tempo de outro jeito: lendo! Para a maioria dos outros alunos isso seria perda de tempo, mas Cinthia adorava ler. Não aqueles livros chatos de pesquisa como Hogwarts – uma história, mas livros como O Hobbit, O Senhor dos Anéis, Orgulho e Preconceito, Sherlock Holmes, publicações de Isaac Asimov... Enfim, São tantos títulos e gêneros diferentes que ia demorar muito para colocar todos.
Ela estava lendo um desses livros na sua sala do sexto andar quando ouviu um uivo. Não parecia estar muito longe daquela sala, o que a fez congelar de medo.
- Que é isso Cinthia? Deixe de ser medrosa! – ele tentou se encorajar, sem muito resultado. – Não. Eu preciso perder esse medo! É só ranger os dentes e ir ver o que fez esse... - outro uivo a interrompeu, mas foi mas curto que o primeiro.
E agora? Ia ou não ia ver? Curiosidade e medo não é uma combinação muito boa, mas a curiosidade venceu e Cinthia foi investigar o som.
Saiu da sala com o livro na mão, pronta para atacar ao menor sinal de perigo (- o livro tinha apenas 974 páginas básicas!) Quando estava chegando em uma curva do corredor ouviu dois latidos distintos brigando, mas não duraram muito tempo. 47 segundos depois ela já estava dentro da biblioteca, aterrorizada. Como ela conseguiu ser tão rápida? Não me pergunte, só sei que o medo faz maravilhas em corridas, principalmente se "salve a sua vida" for o motivo.
Na hora do almoço ela contou o que ouviu para os outros quatro.
- Você tem certeza de que os latidos não vieram daquele corredor no terceiro andar? – perguntou Aline. – Pode ser por isso que Dumbledore proibiu os alunos de passarem por lá.
- Eu tenho certeza de que vieram de uma sala no sexto andar. Estavam muito altos para virem de qualquer outro andar.
- E se esse monstro que estava no terceiro andar fugiu e agora está a solta no castelo – sugeriu Fred entusiasmado, o que fez Cinthia se encolher na cadeira.
- Você não tá falando sério, tá? Eles não iam guardar um monstro, lobo, ou seja-lá-o-que-fosse numa escola.
- Vocês sabem que o Dumbledore é meio maluquinho, mesmo sendo um gênio – disse Jorge. – É bem capaz de ter muito mais coisas escondidas na escola do que eles contam para os alunos.
- Mas... mas... se o bicho está solto, os professores não avisariam os alunos?
- E você acha que eles falariam abertamente sobre isso? – disse Fred sombrio. – Nããão, eles não iam querer esse tipo de notícia no Profeta Diário: "Monstro solto em Hogwarts... nada foi avisado ao Ministério da Magia". Os professores devem estar tentando pegar o monstro sem fazer muito barulho.
- E se ainda está solto, pode estar em qualquer lugar do castelo – completou Jorge.
Cinthia quase sumiu atrás da mesa de tão encolhida que estava. Aline olhava par Fred e Jorge com reprovação.
- Vocês dois são uns amigões, sabiam?
- Obrigado – responderam os gêmeos em coro.
- Pombas! Aqueles latidos podem ter sido só um treinamento de transfiguração mal feito e vocês ficam falando em monstros do terceiro andar! Isso é lá coisa que se diga? É óbvio que os professores iriam avisar se tivesse alguma coisa perigosa na escola.
Cinthia se endireitou na cadeira, um pouco mais calma. Preferia acreditar na teoria de Aline.
- Mas até que seria legal tentar descobrir o que tem naquele corredor. – disse Douglas – Se realmente tem um monstro lá tem que ter um bom motivo também.
- Parem de falar desse monstro – disse Cinthia impaciente. – Provavelmente não é nada de mais e... olha a hora! Vou chegar atrasada para a aula de Defesa Contra Arte das Trevas.
Ela se levantou e antes que estivesse muito longe, Douglas disse:
- Talvez você aprenda alguma coisa sobre "como derrotar monstros misteriosos de corredor".
- Burro! - Aline não gostou nem um pouco daquela atitude, e se levantou para ir a aula de Estudo dos Trouxas, embora faltassem quinze minutos para bater o sinal.
