Capítulo 20 – Animais e suspeitas

- Aline! Ainda faltam dois meses para os exames! Assim você vai torrar os nossos miolos antes de passarmos de ano – disse Jorge.

Os cinco estavam fazendo as tarefas que os professores haviam passado na biblioteca, quando Aline sugeriu que começassem a preparar as revisões do ano. Ninguém aprovou a idéia.

- Correção: um mês e meio. E se vocês não se preocuparem com isso desde já não tenham tanta certeza de que vão passar de ano.

- Ninguém aqui é tão burro que precise estudar para os exames tão cedo – disse Cinthia. – E os professores nem terminaram de dar a matéria. Espera um pouco, quando eles terminarem de passar a matéria a gente estuda, tá.

- Mas, mas...

- É isso aí – concordou Douglas. – Não entendo por quê você gosta de estudar tanto. Já não basta você fazer todas as matérias extras, tem que fazer os amigos virarem máquinas atoladas de informação inútil?

Douglas cometeu um grande erro. Falou uma palavrinha a mais do que devia, uma única palavrinha...

- Inútil? INÚTIL?! Se tudo o que a gente aprende na escola fosse inútil nossos pais não pagariam para os professores ensinarem a gente. Tudo isso que estamos aprendendo vai ser muito importante quando formos adultos, pode salvar nossas vidas, e você ainda diz que é tudo inútil?!

Aline não admitia que as pessoas desprezassem os estudos, e a atitude dela intimidaria até Snape se ele estivesse lá.

- Tá bom, tá bom. Não tá mais aqui quem falou. Vamos começar as revisões então. Se for o único meio de você parar de encher o saco... - ele disse a última frase quase que num sussurro.

- O que disse?!

- Nada não.

Duas semanas antes dos exames, e Aline mais uma vez estava deixando os amigos loucos de tanta revisão. Douglas estava pegando as anotações que esqueceu no dormitório quando notou em uma coisa meio estranha. Em umas das roupas que os gêmeos deixaram jogadas na cama tinha pêlo! Mas não era pelo de gente, mas de algum animal. Ele pegou uns pelos e guardou com cuidado. Provavelmente a sabe-tudo Aline iria saber do que eram.

Já na biblioteca...

- Onde é que estão o Fred e o Jorge?

- Pensei que eles tinham ido com você – disse Cinthia. – Eles saíram daqui logo depois de você.

- Mas eu não vi eles.

- Mas são cara-de-pau! – disse Aline. – Usaram uma desculpa idiota dessas só pra não precisar estudar. Amanhã eu pego aqueles dois!

- Pelo menos eles não vão ouvir a gente.

Aline olhou para Douglas desconfiada. – Como assim?

- É que eu achei uma coisa muito estranha nas roupas deles. – Douglas mostrou os tufinhos de pelo que havia pegado antes. – Eles não têm nenhum gato de estimação, e a tarântula do Lino não solta pelo. Na verdade, ela sumiu.

- Os animais que estamos estudando em Trato Com Criaturas Mágicas não têm pelo também – disse Aline examinado os tufos. – É bastante estranho. Eles não te falaram nada mesmo, nenhum comentário sobre um bichinho contrabandeado para dentro de Hogwarts?

- Se eles tivessem falado alguma coisa eu lembraria.

Cinthia pegou os tufos e ficou examinando por um tempo.

- Não acho que esses pelos sejam de bichinhos de estimação. – disse ela – Esse aqui, mais avermelhado é de uma raposa canadense de porte médio. E esse outro, mais marrom, é de um coiote do deserto. Definitivamente eles não iriam querer esses animais como bichinhos de estimação.

- Como... você... sabe? – disse Douglas estupefato.

- E desde quando você estuda esse tipo de coisa? – perguntou Aline.

- Ah, não é bem um estudo, mas eu via bastante documentários lá no Brasil, e em casa tem uns livros bem interessantes sobre animais.

- Mas por que é que Fred e Jorge teriam esses pelos de animais na roupa? – disse Aline – Não tem sentido.

- Eu não estou tão preocupada com o por quê, e sim com o como. – Cinthia parou um pouco para pensar e disse de repente: - Douglas! Você está encarregado de vigiar os gêmeos Weasley daqui em diante.

- Por que eu?

- Não é óbvio? – retrucou Aline - Porque você dorme no mesmo dormitório que eles, e é mais fácil eles deixarem escapar alguma coisa sobre o assunto só com você por perto do que com a gente.

- Mas vocês também vão investigar, não é? Não quero fazer todo o trabalho sozinho.

- Claro – respondeu Cinthia. – Mas você tem que ficar alerta o tempo todo.

- Sobrou pra mim...