Capítulo 26 – Gozações Slytherianas
Poucos dias depois do clube dos duelos, Nick-Quase-Sem-Cabeça e Justino Finch-Fletchley foram atacados pela criatura da câmara secreta, e logo no dia seguinte o colégio inteiro estava aos cochichos com o assunto.
- Bom dia, Cinthia – cumprimentou Aline para a amiga que vinha se sentar na mesa da Grifinória. Há um bom tempo ela não tomava o café da manhã na mesa da Corvinal. – Adivinha o que aconteceu?
- Pela cara de vocês, só pode ter sido uma coisa ruim – disse ela se sentando.
- Uma coisa péssima – corrigiu Douglas.
- O que foi desta vez? – disse ela cansada de ouvir más notícias.
- Houve mais um ataque – disse Fred.
- E dessa vez foi duplo – completou Jorge.
Cinthia estava sentada na ponta do banco e, ao ouvir aquilo entrou em choque, caindo para trás.
- Shiii, matamos ela de susto – disse Fred.
- Isso não tem graça! – disse Aline ajudando a amiga a se levantar. – Você está bem?
- Eu... eu? Estar bem? Como eu posso estar bem!? E quem foram os atacados dessa vez?
- Um garoto da Lufa-Lufa e Nick-Quase-Sem-Cabeça – disse Jorge. – E parece também que todos acham que foi o Harry o culpado pelos ataques, só por causa do que aconteceu no clube dos duelos, vê só que ridículo.
- É, como se o garoto pudesse ser mesmo o herdeiro de Slytherin - disse Fred caçoando, para em seguida imitar um bruxo das trevas lamentável. – Olhem para mim, eu sou herdeiro de Slytherin e vou petrificar todos vocês. BWAHAHAHAHA!
- Não brinque com essas coisas – repreendeu Aline. – Ta certo que foi muito suspeito o Harry ter falado com aquela cobra e eu também não acredito que tenha sido ele, mas isso não é motivo para vocês ficarem tirando sarro. Podem fechar Hogwarts se não descobrirem o responsável.
- Férias prolongadas! – disseram Fred, Jorge e Douglas em coro.
- Eu não consigo acreditar em vocês! – exclamou Cinthia - Agora pouco importa se estamos em grupo ou não, aquele monstro vai atacar de qualquer jeito!
- Se acalme, estressadinha – disse Douglas com a boca cheia de torrada.
- É, Cinthia. O Nick não tinha como se defender, e nem como morrer de novo, então o ataque não foi tão sério assim – disse Jorge tentando anima-la.
- E o Justino não era nenhum aluno modelo, se você quer saber. Ele não ia conseguir se defender nem com um aviso de uma semana. E além do mais, ele era da Lufa-Lufa, e todos sabem que o pessoal da Lufa-Lufa é meio lento.
Cinthia se levantou furiosa, olhando para Fred e Jorge com uma raiva que eles nunca tinham visto na garota.
- Se vocês não sabem, eu vou contar um segredo: o Chapéu Seletor quase me mandou para a Lufa-Lufa!
Ela saiu sem esperar resposta, indo até a mesa da Corvinal, sentando-se ao lado de Luciana.
- Vocês sabiam disso? – perguntou Aline, também não entendendo nada.
- Não fazíamos idéia! – disseram os dois juntos.
- Isso explica porque ela vive esquecendo as coisas – disse Douglas.
Perto do Natal, Fred e Jorge trataram de mostrar a todo mundo que achavam a idéia de Harry ser o herdeiro de Slytherin ridícula. Sempre que o garoto passava eles serviam de escolta, afastando todos do caminho. Embora tivessem tirado o clima pesado do garoto, muitos ainda achavam que Harry era o culpado pelos ataques.
Quem não gostou nada disso foi Gina. Ela estava muito assustada com tudo o que acontecia no seu primeiro ano, e vivia pedindo para os gêmeos pararem de brincar com isso. Fred e Jorge só atenderam a esse pedido quando Percy ameaçou escrever para a Sra. Weasley.
- Pelo menos o pessoal não pega tão pesado com ele – disse Fred na manhã de Natal enquanto os cinco caminhavam do lado de fora do castelo, aproveitando a pausa da nevasca do dia anterior.
- Tivemos o maior trabalho pra tirar ele da casa dos tios, e não queremos que todo esse esforço tenha sido apenas para ele passar um péssimo ano em Hogwarts.
- Mas não acho que servir de escolta pelo castelo adiante de muita coisa – disse Aline. – A irmã de você também não gostou muito.
- Ah, a Gina está só protegendo ele – disse Fred.
- Ela tem uma quedinha pelo Harry.
- E vocês acham isso engraçado? – perguntou Cinthia. – Se fossem os meus irmãos, já iam ficar em cima do cara para ele não se aproximar de mim. E acreditem, funcionaria.
- Nós só não ligamos porque sabemos que não vai dar certo – explicou Jorge.
- E como vocês podem ter tanta certeza? – perguntou Aline insinuante.
- Chame de intuição.
- Parece que aquelas aulas de Adivinhação serviram para alguma coisa, afinal – disse Aline debochando.
- Que aulas? – disse Douglas se fazendo de desentendido. – Aaaah, sim. Esqueci que aquele horário era reservado para aulas.
- Não me digam que você ficam só brincando nas aulas de Adivinhação?
- Que aulas? – perguntaram os quatro em coro.
- Eu não acredito que é só eu virar as costas e vocês já esquecem dos estudos. Isso não é coisa que se faça!
- Ah, Aline. Sai dessa – disse Cinthia brincando de jogar uma bolinha de neve para cima. – Você mesma falou que Adivinhação é uma aula inútil. Só continuamos nela porque é fácil de ganhar nota.
- De todos que poderiam dizer isso, você é a última pessoa que eu esperava...
Aline foi acertada por uma bola de neve e, quando se virou, viu Cinthia se abaixando para fazer outra.
- Se você quer uma avalanche, então uma avalanche terá! – Aline disse, mas não estava zangada.
Mas mal ela se abaixou para pegar um punhado de neve...
Ploft!
Ploft!
Ploft!
Fred, Jorge e Douglas miravam segundas bolas de neve em Aline, e a garota correu atrás de um montinho de neve, servindo-se dele como base.
- Aqui vai a sua avalanche, Srta. Mini Minerva! – gritou Douglas atirando cinco bolas de uma só vez.
- Quatro contra uma! Isso não está certo!
- Tem razão! – Cinthia atirou as bolinhas que tinha na direção dos garotos, que logo formaram um time contra elas.
Eles continuaram com a guerrinha até de tarde, esquecendo do almoço e todos os problemas que cercavam o castelo atrás de si.
