Capítulo 31 – Douglas e, hum, revistas...

Acharam facilmente a casa de Douglas com todas aquelas instruções de Aline: "Vocês viram na rua tal, andam três quadras, viram na casa que vai ter um cachorro se esgoelando, ..." Não tinha como se perder. Mal tocaram a "pancainha", Douglas já apareceu para abrir a porta para eles.

- E aí, como vocês tão? Não morreram na casa da Aline?

- Não, mas foi por pouco – informou Jorge.

- Se não tivéssemos saído de lá hoje não sei o que seria da gente amanhã – acrescentou Fred.

- Vocês conheceram o Marcel, não foi?

- Você também conheceu ele?

- Não. Mas minha mãe me falou alguma coisa sobre ele. Ela e a mãe da Aline se falam bastante, e sempre que se encontram param o que estiverem fazendo para colocar as novidade em dia. Geralmente são mais de cinco horas de fofoca e menos de meia hora de informações realmente úteis. Por isso eu não saio mais com a minha mãe.

Como a casa de Douglas não tinha um quarto de hóspedes (isso não é muito comum em casas brasileiras), Fred e Jorge dormiriam em colchões no quarto de Douglas. Isso é, se conseguissem achar um lugar para coloca-los. Era tão grande a bagunça naquele quarto, tantas coisas e roupas jogadas para lá e para cá que mal tinha aonde pisar, só havia um estreito corredor limpo que ia da cama para a gaveta, e dali para a porta. Havia também uma trilha até o guarda-roupa, mas esta parecia estar fora de uso há algum tempo.

- É só nas féria que isso aqui fica assim – informou Douglas afastando um amontoado de roupas de uma cadeira que ele pensava não existir mais. – Antes de ir para Hogwarts eu sou obrigado a arrumar esse quarto – disse ele como se aquilo fosse uma injustiça.

- Vamos ter que fazer um montinho com as roupas e dormir em cima, é? – perguntou Fred jogando a mochila no mais recente achado: a cadeira.

- Claro que não! Eu só estava esperando vocês chegarem para dar uma arrumada nisso tudo. Se dividirmos em três o trabalho vai mais rápido. A não ser, claro, que vocês prefiram dormir com o meu irmãozinho.

Fred e Jorge saíram do quarto sem dizer nada e Douglas ficou esperando eles voltarem.

Dez minutos passaram e nada...

- OK, OK! Podem voltar! – e acrescentou baixinho para si mesmo: - Visitas ingratas...

Fred e Jorge entraram sorrindo no quarto.

- Muito legal o seu irmãozinho – comentou Jorge.

- E organizado também – acrescentou Fred.

- O meu irmão não está em casa e sempre tranca o quarto quando sai para eu não mexer nos vídeo games dele. O que eu acho uma sacanagem, já que ele sempre pega os meus sem pedir.

- Cometemos uma pequena falha, Fred.

- Devíamos inventar mentiras mais coerentes com a verdade, Jorge.

- Concordo – disse Douglas. – Só por isso vocês estão intimados a me ajudarem a arrumar o quarto.

Fred e Jorge se viraram de costas e juntaram as cabeças por um instante. Os dois balançaram as cabeças positivamente e se viraram para Douglas.

- Tudo bem.

- O que temos que fazer?

- É só jogar tudo dentro do guarda-roupa. Foi de lá que saiu tudo mesmo.

- Cara, se a Aline vê isso ela tem um treco! – exclamou Jorge enquanto aumentava o bolo de roupas amassadas misturadas com um monte de coisas dentro do guarda-roupa.

- Num tô nem aí.

Depois de empilharem tudo no guarda-roupa, que teve que ser fechado com muito esforço (sim, era muita coisa para guardar), Douglas armou os colchões em que Fred e Jorge dormiriam. Logo depois a mãe de Douglas os chamou para jantar.

- Então, como vocês dois conseguem falar português tão bem? – perguntou Sra. Berttapeli. – Não acho que seja muito comum escolas de português na Inglaterra.

- Estamos usando Chá de Português, senhora – respondeu Fred.

- Já ouvi falar disso – disse o pai de Douglas, que também era bruxo. – Passei em frente a uma loja umas semanas atrás e vi na vitrine que esses Chás de Idiomas são meio caros.

- Nosso pai ganhou O Grande Premio da Loteria no Profeta Diário, o nosso jornal – disse Jorge. – Uma parte do prêmio foi usado para financiar essa viagem enquanto mamãe e papai estão no Egito visitando o nosso irmão mais velho.

- Ele trabalha no Gringotes de lá, não é? – perguntou o Sr. Berttapeli. – Douglas me falou alguma coisa sobre isso.

- Ele desfaz feitiços – informou Fred. – Essa época de férias é a mais complicada para ele: muito trabalho e pouca folga.

O jantar seguiu mais calmo que as refeições na casa de Aline, com a exceção do momento em que Rafael chegou em casa e se sentou à mesa; Os pais de Douglas tinham acabado de sair. Rafael estava estudando em Tapiruam, mas estava muito interessado em saber mais sobre Hogwarts. Por sorte Fred e Jorge haviam tomado um Chá de Português logo antes do jantar.

- E tem passagens secretas lá no castelo?

- Provavelmente tem, mas ainda não descobrimos nenhuma – disse Fred dando uma imperceptível piscadela para Jorge e Douglas.

- E vocês tem uma lula gigante no lago?

- Eu já contei isso pra você antes, Rafael - disse Douglas impaciente.

- Mas você é tão chato que só fala "É. É. É.". Se soubesse juntar duas palavras em uma frase só eu não precisava fazer tantas perguntas.

- Pentelho.

- Orangotango.

- Que família exemplar – comentou Jorge. – Douglas, vamos te contar um segredinho de como se dar bem com irmãos pestinhas.

Fred e Jorge cochicharam alguma coisa no ouvido de Douglas e este abriu um enorme sorriso, e lançava um olhar cínico para seu irmão. Sem precisar de maiores informações, Rafael saiu dali o mais rápido que pôde, deixando os três garotos livres para conversar.

- Por que vocês não contaram antes que podiam fazer feitiços? – perguntou Douglas indignado. – Teria sido muito mais fácil arrumar aquele quarto.

- Só podemos fazer 20 feitiços – disse Fred.

- E já gastamos uns seis feitiços cada um lá na casa da Aline.

- Não podemos desperdiçar essa oportunidade arrumando a bagunça de pessoas folgadas e preguiçosas.

- Eu não sou folgado, só não sou muito organizado. – Fred e Jorge fizeram caras idênticas de "sem comentários". – Olha, o que vocês acham de aproveitar que meu irmão ta morrendo de medo da gente e pegar os vídeo games dele?

- Vide-o quê? – perguntaram os dois.

- Eu mostro.

Douglas foi até o quarto e pegou umas fitas esquisitas: "Sonic, GT2, Street Of Rage". Enquanto iam até o quarto do irmão de Douglas, Jorge perguntou:

- É isso aí?

- Não, bobo. O que vem "dentro" dessas fitas é bem legal. Droga! Ta trancado. Será que vocês não podiam dar um jeito nessa porta?

- Não vamos gastar um feitiço só para arrombar o quarto do seu irmão – disse Fred.

- Mas vamos te ensinar um método trouxa bastante útil.

- Tem um grampo?

- Vocês não estão pensando em se embelezar para convencer o meu irmãozinho a abrir a porta, não é?

- Às vezes a Aline está certa em te chamar de Tosco, sabia – disse Jorge. - É para forçar a fechadura.

- Eu não uso grampos, mas achei um pedaço de arame no meu guarda-roupa esses dias. Serve?

- Serve.

O que Douglas fazia com um pedaço de arame no guarda-roupa, os gêmeos não ousaram perguntar, mas naquele momento foi muito útil.

- Consegui! – exclamou Fred.

Douglas pegou mais umas cinco daquelas fitas esquisitas dentro do quarto o irmão e foi até a sala de TV. Rafael estava lá assistindo um programa com quatro pessoas engraçadas, de cores diferente e com uma coisa pendurada na cabeça; a criatura azul segurava uma bolsa.

- Sai daí Rafael, que a gente vai jogar um pouco.

- Mas bem na hora que tá passando os "Teletubos"?

- Não me interessa. Fora!

- Chato... - murmurou Rafael enquanto saía.

Douglas mostrou como funcionava aqueles botõezinhos engraçados dos controles do Play Station e ensinou os gêmeos a jogarem. Lamentou que não tivesse nenhum de quadribol, mas ensinou o de futebol para Fred e Jorge, que tiveram ainda mais dificuldade para entender do que o basquete. Ficaram entretidos com o Play Station por horas, e de longe o joguinho que mais gostaram foi o de corrida, mas sempre acabavam empatados ou com uma diferença mínima nos centésimos de segundo. E sempre eram os últimos.

- Vocês ainda tem muito a aprender... - disse Douglas desligando o aparelho.

- O importante é ganhar, mas se não deu, paciência – disse Jorge num tom filosófico.

- E lembre-se que os últimos serão os primeiros – disse Fred no mesmo tom.

- Claro, claro. O que vocês acham da gente ir dormir? Já passa das duas da madruga.

- Pra que ir tão cedo?

- Podemos jogar mais alguma coisaaa-a – disse Fred com um bocejo.

- Amanhã eu combinei com um pessoal da gente se encontrar no campinho de manhã para jogar futebol de verdade. Vocês não querem fazer feio e cair de sono em cima da bola, não é.

- Caminha, pra que te quero! – disse Jorge.

Óbvio que os três garotos não conseguiram dormir muito cedo. Ficaram conversando sobre coisas que garotos falam quando não tem nenhuma garota ou adulto por perto para ouvir. E isso acabou tirando o sono deles. Quando finalmente decidiram ir dormir já eram quase quatro da madrugada.

Fred estava com o colchão aos pés da cama de Douglas, e como seu olhos já haviam se acostumado com a escuridão, viu uma enorme pilha de revistas debaixo da cama que não havia notado durante a arrumação.

- Cara, o que são essas revistas?

Douglas deu um pulo na cama, se levantou e fez menção de guarda-las, mas Fred foi mais rápido e pegou uma para ver.

- Nem precisa nem acender a luz para ver direito o que tem aqui! – disse Fred jogando a revista para Jorge depois de ter olhado a página central.

- Uau! Como é que você escondeu isso do seu irmão até agora? – perguntou Jorge sem desgrudar os olhos da revista.

- Ele é muito tonto. Quando vem procurar os vídeo games não repara em mais nada. E claro que eu escondo melhor, mas eu tinha esquecido onde elas estavam com a bagunças que estava aqui antes.

- Não tem esse tipo de coisa no meio dos bruxos – disse Fred. – Sabem o quanto poderíamos lucrar vendendo essas revistas em Hogwarts?

- Ah, não! - disse Douglas recolhendo as revistas que Fred e Jorge estavam olhando. – Se algum professor pega quem se ferra sou eu. Mesmo que vocês vendam, quem garante que alguém sacana não entregaria vocês?

- Seriamos os únicos fornecedores desse tipo de revista na escola inteira. Quem é que iria estragar a sua provável única fonte de diversão?

- Ninguém. Mas tem gente que acha isso indecente, errado e fora das regras escolares. Alguém que nós conhecemos muito bem e que, se descobrisse, não hesitaria em nos delatar.

- Aline! – os gêmeos bateram nas próprias testas por não terem pensado nisso antes.

- Mas ela não contou nada sobre sermos animagos – disse Fred. – Por que ela contaria sobre as revistas?

- Ela só não contou que vocês eram animagos porque estava morrendo de vontade de ser uma também e sabia que demorava muito mais tempo se fizesse do jeito que explicam nos livros da biblioteca. Mas as revistas... ela é muito puritana para se interessar por uma coisa dessas.

- Então vamos ter que esconder muito bem dela.

- Simples assim.

- Ainda estou com um mau pressentimento sobre isso.

- Se ela descobrir, tentamos traze-la para o nosso lado da força – disse Fred.

- Se não der certo, pensamos em alguma coisa. Chantagem, talvez.

- Mas ela é monitora! – lembrou Douglas.

- Nem mesmo o nosso querido irmão Percy, que agora se tornou um monitor-chefe, está livre das chantagens dos fabulosos gêmeos Weasley! – disse Jorge com orgulho.

- Como assim?

- A Gina nos contou que ele tem uma namorada, Penélope Clearwater, outra monitora enjoadinha. – explicou Fred - Gina pegou os dois se beijando e parece que ele e Penélope se encontraram durante o ano passado inteiro às escondidas. Imagine se Gina tivesse visto os dois um pouco depois?

- Coitadinha da sua irmã.

- Exatamente! Ele sabe que não se pode ficar "namorando" em Hogwarts, e é monitor.

- OK, OK. Vocês me convenceram. Mas as melhores continuam comigo.

- Só se você deixar a gente te ajudar a escolher.

- Feito!

Na manhã seguinte os garotos acordaram tarde, mas o jogo de futebol estava marcado apenas para as onze horas. Fazia muito frio e o soprava um vento cortante, mas durante o jogo isso não importou muito para os garotos. Como todo brasileiro que se preze, os amigos de Douglas faziam de tudo com a bola nos pés, e não é preciso dizer da dificuldade que Fred e Jorge tinham de jogar um jogo que era grudado no chão. Uma coisa era jogar no videogame, onde os jogadores sabem o que fazer e você não é vaiado se jogar mal, e outra coisa era jogar na real, pra valer.

- Vocês jogam como garotas! – gritou Guilherme chutando a bola para o gol, um garoto loiro metido a filhinho de papai, mas até que jogava bem. Fred e Jorge não tiveram outra opção.

- Você está pensando no que eu estou pensando, Jorge?

- Só se você estiver pensando no que eu estou pensando, Fred.

- Vamos fazer isso?

- Com certeza!

Não era nem um pouco justo, era totalmente fora das regras, mas agora não tinha nenhuma Mini Minerva por perto para dizer isso a eles. Usaram um feitiço similar ao que fizeram na casa de Aline para jogar basquete, mas esse foi para futebol. O resultado vocês já podem imaginar.

- Até minha irmãzinha joga melhor! – gritou Fred para Guilherme quando este errou o gol, chutando a bola na trave.

Ficaram jogando até meio dia e meia. A partida terminou 9 a 6 para o time de Douglas. Ele havia ficado no time adversário ao dos gêmeos na escolha de time, e mesmo com o feitiço que haviam feito, Fred e Jorge não conseguiram marcar muitos gols em Douglas. O garoto era bom.

- Quando o Olívio acabar Hogwarts já sabemos quem vai substituí-lo no time de quadribol – comentou Jorge enquanto eles três e alguns garotos do jogo iam até a lanchonete mais próxima para almoçar.

- Quadri-o-quê? – perguntou Lucas, um garoto moreno, baixo comparado aos gêmeos.

- É um jogo lá da Inglaterra – disse Douglas tentando ser evasivo. – Também tem goleiro, mas se joga com quatro bolas.

- Deve ser complicado – disse Lucas.

- Oh, muito complicado – disse Douglas tentando desviar a atenção deles de quadribol.

Depois deles almoçarem, Douglas avisou aos gêmeos que não falassem muito de coisas bruxas. Só haviam mais uns dois amigos da escola antiga dele que eram bruxos, o resto nem acreditava nisso.

Eles demoraram um pouco para voltar para casa, ficaram enrolando e conversando até os amigos de Douglas irem embora. Quando chegaram na casa de Douglas, ele foi logo ligando o computador.

- Podem esperar um pouco? Preciso checar meus e-mails.

- Sem problema – disse Fred.

- Mas tem como você explicar direito esse negócio de iternerd? Na casa da Aline a gente não pôde usar muito porque o pai dela não deixava.

- O nosso pai vai ficar doido quando contarmos a ele sobre essas coisas ecletônicas de trouxas.

- Tá, eu mostro como funciona. Mas pelo amor de Deus, falem certo: in-ter-net; e-le-trô-ni-cas.

- In-ter-net; e-le-trô-ni-cas – repetiram os dois.

- Assim está melhor.

Depois de checar a sua caixa de e-mails (nenhuma mensagem recebida de ontem para hoje) Douglas mostrou alguns sites interessantes para Fred e Jorge. Por incrível que pareça, Fred reparou em um baner minúsculo, ínfimo, no finalzinho de uma das páginas, que lembrava muito uma das figuras que estavam nas revistas de Douglas.

- É, a internet está cheia de coisas assim. Meu pai colocou uma proteção para não exibir esse tipo de página.

- Então como é que esse baner apareceu? – perguntou Jorge.

- E vocês acham que eu não tentei tirar o programa de proteção? Se quiserem ver fotos de qualidade eu sei de um site ótimo.

- Você leu a minha mente – disse Fred.

Aquela tarde foi bastante produtiva para os três garotos, que ficaram vendo mil e uma fotos de pornografia gratuita e ainda escolheram as revistas que venderiam e as que guardariam. Conclusão; garotos, bruxos ou trouxas, são e sempre, sempre e sempre serão garotos.

Os dias seguintes se alternaram em jogos de Play Station, partidas reais e visitas a sites não muito recomendáveis. Douglas os levou também a centros de jogo em shoppings e uma lanchonete ou outra em que poderiam "caçar" um pouco. Fred e Jorge conseguiram uns quinze telefones diferentes, mas anotaram todos no celular de Douglas (Mas que aparelhinho útil!). Ainda disseram que não estavam exercitando seu charme corretamente, que estavam guardando para quando realmente precisassem.

- Vocês estão usando magia, isso sim! – disse Douglas depois da décima terceira cantada.

- Quem disse que precisamos disso? – disse Fred indignado.

- Você está com inveja de nós. Somos naturalmente irresistíveis – acrescentou Jorge com orgulho.

- E isso se aplica ao refrigerante que aquelas duas garotas jogaram em vocês agora pouco, é claro.

- Elas é que não tem bom gosto.

- Não sabem o que estão perdendo – disse Jorge mais alto para que elas o ouvissem do outro canto do recinto.

- Sorte que vocês puderam limpar aquilo com um feitiço.

Éééé. A semana que passaram com Douglas foi, com certeza, muito produtiva. Mas depois de sete dias eles já estavam de saída. À tarde, antes de arrumarem as mochilas eles estavam 'apreciando' alguns sites, além de terem aprendido a usar um programinha muito legal chamado ICQ. Além de números de telefone, eles conseguiram uns números para o ICQ também e fizeram bom uso deles.

- Pode deixar que eu mantenho os apelidos de vocês ativados – disse Douglas enquanto eles se dirigiam à lareira dele para irem até a casa de Cinthia.

- Seria melhor que papai se interessasse por computadores – lamentou-se Fred. – Imagine que ele coleciona tomadas enquanto poderia ter um aparelho maravilhoso desses em casa!

- Pobre papai – disse Jorge balançando a cabeça. – Não sabe o que é realmente útil.

Nesse momento o telefone tocou e, como não havia ninguém mais em casa, Douglas teve que atender.

- Até que enfim eu consegui ser atendida! – disse uma voz bem conhecida do outro lado da linha.

- Aline? Por que é que você está ligando pra cá? – perguntou Douglas.

- O Fred e o Jorge ainda estão aí?

- Hum-rum.

- Então me coloca no viva-voz.

Douglas apertou um botãozinho e Fred e Jorge conseguiram escutar a voz da menina saindo do aparelho (milagre!). – Pronto.

- Antes de eu dizer o que queria dizer faz quatro dias, posso saber o que vocês tanto faziam que o telefone ficava ocupado o tempo todo?

- Estávamos usando a internet – disse Douglas simplesmente.

- Fazendo o quê

- Pesquisando – respondeu Fred.

- Pesquisando? O quê

- Dados sobre a Micronésia – responde Jorge.

- Hein?

- Oras, você não me disse para consultar um geoatlas, ou seja-lá-o-que-fosse se eu quisesse saber mais sobre a Micronésia? – disse Douglas se lembrando da mini aula que a Mini Minerva havia dado sobre aquele mini arquipélago tão famoso. – Então, nós ficamos interessados e resolvemos pesquisar um pouco.

- Por quatro dias inteiros? – desacreditou a garota.

- As tradições daquele lugar são muito interessantes e diversificadas – disse Fred inocentemente.

- Tá legal. Eu finjo que acredito.

- Mas o que você queria falar com a gente? – perguntou Jorge antes que Aline pudesse formar uma suspeita muito concreta.

- Ah é. Vocês vão passar essa última semana na casa da Cinthia, não é?

- É sim.

- Então. Ela não está na casa dela. Foi passar uns dias na chácara com os pais. Mas acho que não tem problema se vocês aparecerem por lá.

- Imagina se a gente não recebe esse recado a tempo – comentou Fred.

- Serviria para vocês aprenderem a desocupar um pouco o telefone, sabem.

- Tá, tá – disse Jorge impaciente. – Precisamos do nome da chácara para chegar lá.

- O nome é Chácara Alvorada. Bonitinho, né? Foi a Cinthia que escolheu.