#7ª Fase – quinto ano
Capítulo 34 – Que gelo!
Fred, Jorge, Aline, Cinthia e Douglas embarcaram no expresso de Hogwarts mais uma vez, e estavam esperando um dia como qualquer outro. Apesar das nuvens carregadas, o dia prometia ser normal, com um pouco de chuva no meio. Isso os deixou despreparados para a péssima surpresa que teriam no trem.
Depois que Aline voltou do vagão dos monitores (avisando todo mundo que Jonathan havia conseguido se tornar um monitor também naquele ano, uma informação que Cinthia já sabia) e de muitas partidas de Snap explosivo, o trem começou a diminuir a velocidade antes de chegar a Hogwarts.
- O que está acontecendo? – disse Aline se levantando para espiar pela janela, mas a chuva que açoitava o vidro nublava a sua visão. – Ainda não chegamos ao castelo. Por que será que paramos?
As luzes se apagaram logo em seguida, aumentando as dúvidas que os cinco tinham.
- Será que perdemos a força? – disse Cinthia preocupada.
- É melhor vermos o que está acontecendo. Vou lá na frente falar com o maquinista. – disse Douglas abrindo a porta, mas três vultos entraram correndo na cabine, esbarrando em Douglas e fazendo o garoto cair sentado no banco. Fred e Jorge usaram o feitiço "lumus" e reconheceram os vultos de imediato, se levantando.
- Dê o fora Malfoy! – bradou Fred.
- E leve esses dois montes com você! – disse Jorge se referindo a Crabbe e Goyle.
Mas Malfoy e os outros estavam com expressões de pânico no rosto, e, tentando manter a dignidade, Malfoy se endireitou e tentou dizer alguma coisa.
- Tem uma... criatura... no corredor... - disse ele ainda tremendo e com as pernas bambas, e o desdém em seu rosto mal disfarçava o medo.
- Ora, por favor! – disse Aline andando até a porta da cabine para dar uma olhada. – Não me venha com histórias da carochinha...
Mas a "criatura" parou na frente da porta, impedindo a sua passagem. Aline levou um susto e tropeçou em Crabbe, caindo em cima de Douglas. A figura vestia capa e capuz negros que impediam a visão de seu rosto, mas como roçava o batente da porta de tão alto os garotos adivinharam que não devia ser uma pessoa.
A criatura inspirou lentamente, como se quisesse inspirar mas ar do que havia na cabine. Os oito garotos foram tomados por um frio intenso e repentino que pareceu se alojar no coração de cada um, no pedacinho mais fundo de seu ser.
A figura encapuzada entrou na apertada cabine como se deslizasse ao andar, e olhou para o rosto de cada um, parecendo registrar o medo estampado em suas faces. Ao fazer o caminho de volta, a criatura olhou para o bagageiro em que estavam guardados os malões, ou assim pareceu aos garotos, já que o capuz parecia ter se erguido um pouco.
Ao sair da cabine, a figura encapuzada ainda lançou um último olhar para os presentes e saiu deslizando pelo corredor. A sensação de frio demorou a passar, e quando as luzes do trem se acenderam novamente todos ainda se sentiam estranhos, mas levemente melhores.
- Sai logo Malfoy! – gritou Aline e o garoto se assustou. Draco saiu aos tropeções da cabine, lançando um olhar de descaso aos que a ocupavam, batendo a porta com força.
Douglas empurrou Aline de cima dele e a garota caiu no chão com um baque. Ele se endireitou no assento, mas parecia um pouco encolhido e apreensivo.
- Obrigada pela delicadeza. – disse Aline se levantando e indo sentar no banco oposto, mas sua voz saiu sem nenhum tom de brincadeira de tão abalada que havia ficado com a criatura encapuzada. - Alguém sabe o que era aquela coisa?
- Era um dementador – respondeu Fred pálido e fraco. – Azkaban é guardada por centenas deles.
- Papai teve que ir a Azkaban uma vez – continuou Jorge no mesmo estado que o irmão. – Voltou para casa muito mal e abalado. Precisou tirar uns dias de licença para se recuperar.
O trem começou a andar novamente, e todos ficaram em silêncio por alguns instantes, imaginando que estavam se afastando daquela coisa.
- Parece que eles sugam a alegria da gente – disse Douglas de seu canto. – Parecia que eu estava congelando de dentro para fora. Por que eles estão revistando o trem?
- Papai disse que o Ministério da Magia contratou alguns para ficarem de guarda em Hogwarts. – disse Fred - Estão fazendo de tudo para capturar Sírius Black.
- No Profeta Diário dizia que ele escapou de Azkaban – disse Aline se lembrando. – Mas como é que se escapa dessas coisas, ainda mais de uma área de segurança máxima?
- Isso é que é o mais estranho – disse Jorge com um tom sombrio. – Ninguém sabe. Dizem até que foi Vocês-Sabem-Quem que o ajudou a escapar.
- E eles acham que os alunos estariam escondendo ele dentro do malão? – disse Aline incrédula. - Ah, por favor, o que é que eles estão pens... - só então Aline olhou para o canto em que Cinthia estava, e ela estava mais pálida que os outros. – Cinthia! Ai meu Deus... você está bem? – disse ela se sentando ao lado da amiga.
- Eu... eu... - mas a garota não conseguia falar nada. Estava com os braços em volta dos joelhos dobrados, e parecia ter suado frio. Estava em estado de choque.
- Fred, Jorge, procurem aquela bruxa gorducha com o carrinho de comida e comprem uns chocolates – disse Aline tirando um sicle do bolso e jogando para eles.
- Pra que? – perguntou Fred.
- Vão! Depois eu falo. Rápido, chispem!
Fred e Jorge saíram um tanto confusos da cabine, e Douglas olhou para Aline como se tivesse entendido o que ela queria fazer.
- O chocolate bruxo tem substâncias mágicas que esquentam e animam, certo? – disse ele.
- Acho que é o melhor para ela – disse Aline apontando para Cinthia, que parecia não ter prestado atenção.
Fred e Jorge voltaram num pulo e entraram correndo na cabine, dando as barrinhas de chocolate para Aline. Ela ofereceu a Cinthia e a garota pareceu voltar ao normal.
- Está melhor? – perguntou Aline.
- Estou sim. Obrigada – respondeu Cinthia, mas ela não sorria.
- Pelo menos estamos chegando em Hogwarts – disse Fred. – Nós perguntamos para a mulher do carrinho e ela disse que em dez minutos já estamos lá.
- Então foi por isso que demoraram tanto! Ficaram batendo papo ao invés de virem direto para cá – disse Aline, e Cinthia começou a rir. – O que foi? – perguntou Aline num misto de surpresa e alívio pela garota estar melhor.
- Até numa situação como esta você tem energia para dar bronca nos outros – disse Cinthia. – Você é uma monitora modelo.
- É mesmo! Eu sou monitora! – disse Aline dando um tapinha na testa, como se acabasse de se lembrar disso. – Eu tenho que ver como os outros alunos estão. Já volto!
Aline saiu apressada da cabine carregando os outros chocolatinhos, provocando risos nos quatro que continuaram na cabine. Quando Aline voltou, o trem já estava diminuindo a velocidade novamente, e eles embarcaram em carruagens sem cavalos que os levariam até o castelo. Ao passarem pelos portões da escola sentiram aquele arrepio frio novamente, mas mais fraco, e Cinthia comeu mais um chocolatinho, o único que havia sobrado, só por garantia.
Sentiram um grande alívio quando puderam entrar dentro do castelo e se sentar na mesa da Grifinória (Cinthia foi para a mesa da Corvinal assim que avistou Luciana no meio dos outros alunos). Era como se ali fosse o porto seguro deles, como se as paredes de pedra milenares funcionassem como um escudo, e a sensação de que Hogwarts cuidava deles estava mais forte do que nunca. Parecia que nenhum dementador nunca havia entrado em Hogwarts de tão boa era a energia que aquele salão principal transmitia, com todos conversando alegres nas mesas.
Infelizmente Hogwarts precisava ser "cuidada" por dementadores agora, e disso eles não podiam esquecer.
Depois da seleção, Dumbledore fez o seu discurso usual, e Fred e Jorge desanimaram bastante quando ele disse que os dementadores podiam ver através de capas da invisibilidade. Mas não iam precisar dela, já que podiam usar as passagens.
Aplaudiram entusiasmados quando Dumbledore disse que Hagrid seria o novo professor de Trato das Criaturas Mágicas, e um pouco apreensivamente o novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, já que ele parecia um tanto adoentado, e uma simples brisa parecia capaz de derrubá-lo. No entanto simpatizaram com Lupin, já que ele parecia estar na mesma situação que a família Weasley – as roupas remendadas e um pouco surradas davam a impressão de que o Professor não estava muito bem financeiramente, e nem só por isso significava que não fosse um bom professor.
Foram dormir muito mais tranqüilos, já que era apenas uma questão de tempo para pegarem Sírius Black e retirarem os dementadores de perto de Hogwarts.
O problema era quanto tempo.
Na manhã seguinte, Fred e Jorge não puderam deixar de notar as imitações ridículas de Draco e os comentários que circulavam na mesa de que Harry teria desmaiado no trem por causa do dementador. Quando o garoto se sentou na mesa da Grifinória estava bem irritado com as provocações vindas da mesa da Sonserina, e Fred e Jorge não puderam deixar de contar que o próprio Draco havia passado na cabine deles, e que estava quase mijando nas calças de medo do dementador.
