Capítulo 40 – Seções de estudo

N/A: Não, este não tem sentido duplo. Vocês só pensam em besteira, hein! Chega a dar medo, sabiam?

Depois da GRANDE vitória de Grifinória no campo de quadribol, esse assunto ainda foi comentado, lembrado e ocasionalmente comemorado algumas vezes durante uma semana. Mas os professores não queriam saber se os alunos só conseguiam pensar na Taça de quadribol, que agora pertencia muito merecidamente à Grifinória. Estavam mais preocupados em passar-lhes revisões compridíssimas, listas intermináveis de deveres de casa e vários exercícios complementares para os exames finais.

Até Fred e Jorge, que geralmente só faziam os deveres de casa por obrigação, estavam levando os estudos à sério, quer dizer, relativamente sério. Eles, Aline, Cinthia, Douglas e toda a turma do quinto ano iriam prestar os exames de N.O.M.s, Níveis Ordinários em Magia, e os professores estavam mais ávidos do que nunca em abarrota-los de informações.

E, pela primeira vez na vida, Douglas ficou preocupado com a aproximação dos exames. Tanto é que algo muito improvável, impossível, impensável, inimaginável aconteceu N/Pelúcia: Prometo que paro com essa mania de Macaco Louco, algum dia, não hoje, não agora, não neste exato momento, talvez mais tarde, quem sabe amanhã... N/Emplumada: O furgão do Manicômio St. Mungo anda rondando a rua da Pelúcia de novo. E quem vocês acham que fez a denúncia, hein? em uma fatídica tarde de começo de verão, quando tudo o que os alunos queriam era ir para os jardins aproveitar o sol e os exames estava a apenas uma semana de distância...

- Er, Aline? Será que você podia me ajudar com as revisões?

"É O FIM DO MUNDO!!!", você pode estar pensando, ou até gritando pela casa feito um doido varrido e comprando tudo o que sempre sonhou em ter antes de morrer, mas não é. Douglas percebeu que N.O.M.s eram uma coisa séria e recorreu ao seu último recurso para passar de ano: as revisões da Mini Minerva.

Além de preparar as revisões de Fred, Jorge, Cinthia e Douglas, algo que Aline já fazia por livre e espontânea vontade, ela ainda teve que dar aulas extras a Douglas, que não parava de repetir desesperado depois das aulas que não havia entendido patavina de nada do que o professor passara. Conseqüentemente, eles eram os últimos a sair da sala comunal da Grifinória, e os primeiro a abrirem os livros depois da última aula do dia, encurtado até o tempo do jantar.

Mesmo tendo muito que estudar, Fred e Jorge arranjavam tempo para aprontar as suas, e até estes raros tempos de paz entre Aline e Douglas eram motivos de piadas.

- Deviam escrever uma matéria sobre vocês no Profeta Diário – disse Fred às vésperas do primeiro exame.

- É! – apoiou Jorge. – Dois adolescentes que se achavam um pé no saco convivem pacificamente após um baile. Líderes do mundo inteiro pensam em adotar o mesmo esquema para chegar à Paz Mundial – disse ele como se anunciasse uma manchete sensacionalista de um jornal.

- Ah, não enche! – disse Aline tentando se lembrar de quais eram as revisões mais urgentes de todos. – Se um amigo está precisando, eu ajudo a estudar. Mas se eles começarem a bancar os engraçadinhos eu posso muito bem mudar de idéia.

- Pensando bem, não acho que um baile resolva os problemas políticos mundiais – disse Fred, e depois acrescentou baixinho só para Jorge e Cinthia. – Isso só funciona em Hogwarts.

- Eu ouvi essa! – disse Douglas, e os três enfiaram as caras nos livros como se não tivessem feito nada mais do que comentar o tempo.

Aline passou revisões pesadíssimas das matéria que cairiam no dia seguinte para eles. Poções e Feitiços para ela, e ainda Adivinhação para Fred, Jorge e Douglas; Cinthia também teria Adivinhação, mais Transfiguração e História da Magia.

Eles ficaram estudando até o toque de recolher no salão principal, às dez horas, mas nem por isso foram dormir. Os cinco continuaram estudando nas salas comunais o quanto podiam. Cinthia passou as suas revisões para Luciana na Corvinal, mas as duas não agüentaram ficar estudando por muito mais tempo, indo se deitar pouco depois das onze horas. Lá por onze e meia, Fred e Jorge também se cansaram de ficar estudando e foram se deitar, bocejando e dizendo para Aline que ela ia acabar os exames com os miolos torrados.

Ela e Douglas continuaram estudando mesmo depois de todos na torre terem ido dormir. Aline continuou estudando por motivos óbvios, e Douglas só continuou lá porque não havia tido o trabalho de abrir os livros para estudar durante o ano inteiro.

- Já terminou com os apontamentos de Poções? – perguntou Aline bem depois da meia-noite. Duas vezes um elfo doméstico apareceu para limpar a sala, mas saiu desconcertado depois de ver os dois ainda estudando, sentados lado a lado no canto em que a lareira iluminava melhor. Da segunda vez teve que mexer nela para o fogo não apagar, mas agora a luz já estava ficando fraca novamente.

- Ah, se eu não lembrar de alguma coisa, azar! – disse Douglas empurrando os apontamentos de Aline de volta para ela. – Acho que vou dormir.

- Mas você precisa melhorar a sua pronúncia nos feitiços. Ouvi dizer que vamos ter mais testes práticos do que teóricos nessa matéria, e seria bom que você treinasse um pouquinho.

Aline pegou O livro padrão de feitiços, 5ª série e começou a folheá-lo freneticamente, procurando os feitiços que provavelmente seriam cobrados no exame. Mas Douglas deu um tapão no livro, fazendo Aline dar um pulo na cadeira, de susto.

- Você pediu a minha ajuda, agora agüente! Vai ter que estudar até morrer. E se virar fantasma, vai ter que continuar estudando do mesmo jeito.

Douglas não tirou a mão de cima do livro. Na verdade, não estava com a mínima vontade de continuar estudando. Ele simplesmente levantou os olhos para Aline, e estava prestes a dizer que não queria mais estudar, mas alguma coisa o impediu de falar. Talvez fosse o bruxulear da lareira, talvez fosse o reflexo do fogo nos olhos de Aline, mas Douglas não conseguiu desviar o olhar da garota. Ele também percebeu que havia se aproximado bastante dela para poder alcançar o livro, e não quis se afastar.

Aline se sentiu incomodada por aquele olhar, como em muitos momentos durante a dança forçada deles. Mas aquele olhar era diferente de todos os outros que ela havia recebido dele, muito diferente das vezes em que brigavam, e mesmo assim, havia algo de familiar. É, era parecido com o que ela se lembrava da Floresta Proibida, só que com menos preocupação e muito mais...

Ela não teve tempo de terminar o pensamento. Antes que se desse conta de que ele estava se aproximando dela, os lábios de Douglas cobriram os seus em algo que ele esperava ser um beijo, mas a garota não o correspondeu. Aline levou alguns segundo para entender o que estava acontecendo, e quando o fez empurrou Douglas para longe de si, quase derrubando-o da cadeira.

- O que você pensa que está fazendo! Ficou louco?! – disse ela se sentindo ofendida.

- Vai dizer que não gostou? – disse ele impertinente.

- Eu me recuso a responder uma pergunta dessas!

Aline se levantou e começou a juntar os seus livros rapidamente, extremamente perturbada. Não queria acreditar que aquilo havia acontecido, não queria! Ela nem olhou para Douglas quando ele se levantou, apenas se afastou dele com os livros que conseguiu de juntar e deu meia volta, mas ele segurou o seu braço antes que saísse.

- Você não ficou chateada com isso, não é? Não era essa a minha intenção.

- Chateada? CHATEADA?! Eu fiquei foi muito IRRITADA com isso! Você me faz ficar estudando com você até tarde e ainda faz uma afronta dessas!

- Quem quis continuar estudando foi você.

- Eu... ora... me larga!

Aline deu um puxão com o braço para se livrar de Douglas e acabou derrubando os livros que carregava. "Mais essa agora!" Ela se abaixou para pegar os livros, e Douglas ajuntou alguns para ela.

- Você não precisa me ajudar – disse ela se levantando apenas com parte dos livros e pergaminhos.

- Assim como eu não precisava ter te salvado na Floresta Proibida – disse ele se aproximando da garota. – Eu também não precisava ter dançado com você naquele baile, e com certeza não precisava ter te beijado. Mas eu quis.

Aline estava desconcertada. Queria dizer alguma coisa para repreende-lo, mas o seu coração estava batendo forte e ela não conseguia pensar direito. Douglas a olhava daquele jeito provocante outra vez, e Aline recuou uns dois passos dele.

- Pode... me devolver os livros? – disse ela meio rouca, estendendo a mão livre para ele com a cabeça baixa.

Douglas devolveu os livros para Aline e viu que ela não conseguia encará-lo. Ele se virou e sentou em uma das poltronas de frente para a lareira, o fogo já quase extinto. Passados alguns segundo de silêncio, ele ouviu Aline subindo as escadas e acompanhou o som de seus passos indo até o dormitório feminino.

Ele sabia que tinha exames de N.O.M no dia seguinte e que precisava acordar cedo, mas a sensação daquele beijo ainda estava fresca em sua memória. E um pensamento ainda mais estranho rondava sua mente: por que exatamente ele havia feito aquilo? Nem ele sabia dizer direito, mas tinha a impressão de esse sentimento não havia aparecido de uma hora para outra. Não, certamente já estava por ali há algum tempo, esperando ele admitir que aquilo realmente existia. Douglas finalmente ouviu uma vozinha dentro dele dizer a resposta em seu coração: "VOCÊ AMA ELA, PASPALHO! SE TOQUE DE UMA VEZ OU EU ACABO FICANDO ROUCO!" Ele ouviu aquilo durante o ano inteiro, não tinha mais como ignorar.

No dormitório feminino do quinto ano, Aline tinha dificuldades para dormir, mesmo ela estando deitada em uma caminha macia e confortável. Ela podia ouvir o próprio coração batendo acelerado, e torcia para que fosse um início de enfarte, pois a verdade não podia ser real. Simplesmente não podia! Aline se atormentava a cada segundo com a lembrança daquele beijo. "Vai dizer que não gostou?" "Mas até que foi bom..."

- Não, não, não e não! – disse ela para si mesma em um sussurro, evitando acordar as outras quatro garotas que já estavam dormindo. – Amanhã isso passa, com certeza. Não foi nada. Preciso me concentrar nos exames, e não naquela... tosco idiota!

"Por que ele precisava ter feito aquilo? QUE DROGA! Eu deveria ter tirado pontos dele, ah devia! Por que eu só penso na coisa certa para fazer depois? Deve ser um efeito retardatário. Eu preciso parar de pensar... PARE DE PENSAR! Aquele beijo não parecia ser de gozação, e ele não queria que eu tivesse ficado chateada... Por que?"

Demorou um pouco para que Aline pegasse no sono no meio de pensamentos tão conflitantes, cada vez mais confusa com aqueles ínfimos segundos em que seus lábios se encontraram.

Na manhã seguinte, todos os alunos acordaram nervosos com os exames, e muitos revisavam a matéria durante o café da manhã para se assegurar de que não esqueceriam de nada.

Mas Fred, Jorge e até Cinthia notaram que Aline e Douglas estavam estranhos um com o outro. Não se falavam além do estritamente necessário, que se resumiu a um "bom dia" extremamente vago. Nem as ofensas e provocações costumeiras eram ditas! Não se olhava e tentavam ficar o mais longe possível um do outro. Depois dos exames do dia, Fred, Jorge e Cinthia até tentaram descobrir alguma coisa, mas eles eram evasivos e tentavam evitar o assunto.

Na quarta-feira, os três estavam cansados dessa atitude, e até os estudos deles estavam sendo afetados. Depois do jantar, Cinthia chamou Aline até o corredor para uma conversinha. Fosse o que fosse, ela sabia que Aline talvez não quisesse contar na frente dos outros. Ela parou de frente para Aline com uma cara muito séria e começou:

- Eu sei que aconteceu alguma coisa, não tente me enrolar. Eu prometo que não conto para ninguém se você quiser assim, mas eu sou a sua melhor amiga e preciso saber o que tem de errado com você.

N/A: Convincente, hein?

- Eu... bem... sabe...

- Sem enrolar.

- Tá. Você ia acabar descobrindo uma hora ou outra. No domingo, depois que você saiu e os gêmeos foram dormir, o Douglas... ele... me beijou – disse Aline com a cabeça baixa.

- Foi isso?

- E você acha pouco?!

- Não Fiquei chocada, só isso.

- Não vai dizer mais nada?

- Eu tenho vontade até de te dar um conselho, mas isso é algo que você precisa resolver sozinha.

- Mas eu estou desesperada! Eu aceito qualquer conselho!

- Converse com ele. Se isso foi um tipo de piada de mal gosto em que ele acabou se arrependendo, bom, seria melhor esclarecer isso.

- Não parecia uma piada de mal gosto...

- Então você tem algo sério em mãos.

Aline olhou para Cinthia assustada. Ela sempre havia brigado com Douglas, desde os nove anos de idade. Como isso podia ter mudado tão radicalmente a ponto de se tornar uma "situação séria" sem que ela percebesse?

- Não, isso não é sério. Você vai ver – disse ela mais para se convencer do que para Cinthia.

- Só vai deixar de ser sério se você quiser. Você quer?

- Eu não quero pensar nisso agora. Ainda faltam dois dias de exames, e isso acabou me atrapalhando.

- Você é que sabe.

Cinthia achava que Aline estava adiando demais para resolver o assunto, e isso simplesmente não fazia o feitio da amiga. Elas decidiram estudar sem os garotos nesse dia, obviamente. Cinthia não fazia questão e sabia que eles iriam entender.

No caminho para pegar os seus livros, Cinthia encontrou Fred e Jorge no corredor, ambos com caras esquisitas.

- Você soube? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.

- Do que exatamente? – Aline não havia dito a Cinthia que não era para ela falar sobre aquilo, mas Cinthia não contaria do mesmo jeito, a não ser que os dois já soubessem.

- Do beijo dos dois cabeças-duras – disse Fred sem rodeios.

- Acabei de saber. Foi meio repentino, né?

- Acho que já estava fiando evidente dês da festa – disse Jorge sério.

- Por causa de uma dancinha daquelas? Acho que não – disse Cinthia convicta.

- Por causa de uma dança de mais de cinco horas – corrigiu Fred.

- Que seja. A coisa parece séria.

- O que a Aline disse?

- Nada. Ela não se decide se acredita ou não naquilo.

- O Douglas não vai ficar feliz em saber disso.

- Quer dizer que é sério mesmo?!

- E por que não seria? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.

- Porque é estranho. Mas acho que isso vai ser um problema.

- Nem fale! – disse Fred.

- Precisamos fazer alguma coisa pelos dois – disse Jorge.

- Mas o quê? – perguntou o irmão.

- Eu... acho... que... ... Já sei!!! Nestas férias, deixem comigo!

Fred e Jorge olharam desconfiados para Cinthia, mas como não tinham a mínima idéia de como resolver aquela situação, então deixaram ela cuidar de tudo mesmo.

Os três foram estudar para os exames de amanhã, separados, e Douglas e Aline não sabiam de nada...

Os cinco foram bem nos exames, mas Fred e Jorge tiraram menos N.O.M.s do que esperavam. Aline foi, novamente, a melhor do ano (só para variar) embora achasse que podia ter ido melhor. Douglas foi realmente bem pela primeira vez na sua vida, graças às revisões de Aline. Cinthia havia ido normal como nos outros anos, já que não tinha nada que a distraísse como os outros, ou quase isso.

N/A: Vocês estavam esperando isso desde o segundo capítulo que eu sei, admitam!