Capítulo 41 – Adeus ano letivo cruel

Na viagem de volta no Expresso Vermelho, Aline foi direto para o vagão dos monitores dando a desculpa que precisava ver como estavam as suas chances de se tornar monitora-chefe no último ano, algo que ela mesma não estava com pressa de ver. Fred, Jorge, Douglas e Cinthia passaram boa parte do tempo jogando Snap explosivo (ocasionalmente os gêmeos saiam para soltar uma e outra bomba de bosta que achavam escondidas nos malões e onde quer que houvesse um bolso nas vestes deles). Lino Jordam apareceu uma vez para acompanha-los em uma partida de snap, mas depois saiu para procurar a sua aranha de estimação (e até hoje a mãe dele não sabia que ele a tinha). Luciana e Olívio também deram uma passada, mas foi só para ficarem relembrando do último jogo de quadribol do ano. Eles tinham que admitir, Luciana e Olívio formavam um casal muito feliz e bonitinho!

Assim que os dois saíram, Cinthia saiu também com a desculpa que precisava... fazer qualquer coisa. Arranjar desculpas convincentes não era o seu forte.

A verdade é que ela foi encontrar Aline. Cinthia estava realmente preocupada com a amiga, e sabia que Aline estava tentando usar a mesma tática que ela usou com o Big: ignorar. Algo dizia que dessa vez não ida dar certo. N/A: Mas nem da outra vez funcionou direito! O que é que esses personagens estão pensando? Que a vida é fácil? De jeito nenhum! Não tem folga, não.

Ela foi até a cabine dos monitores e perguntou por ela, e Jonathan a informou de que a Aline havia ido até o fim do trem, no último vagão. Aquele era o vagão de bagagens e coisas extras que geralmente os professores usavam para colocar toda aquela parafernália que usavam nas aulas. Apesar de serem poucos professores que iam no trem, aquele vagão ficava bem cheio por ser o menor de todos.

Aline não estava dentro do vagão. Havia um espaço gradeado do lado de fora do vagão e Aline estava lá, Cinthia conseguiu vê-la pela janelinha no fim do vagão. Abriu a porta com cuidado para não fazer barulho, mas ela rangeu mesmo assim. Aquele trem devia ser bem velho, e eles realmente deveriam cuidar melhor dele. O céu já estava um pouco arroxeado, e Cinthia concluiu que não faltava muito para eles chegarem à estação King's Cross. Parou ao lado de Aline e ficou olhando a paisagem com ela.

- Você é bem teimosa, sabia? – disse Cinthia sem olhar para a amiga.

- Como é? – Aline não entendeu o que ela queria falando daquele jeito.

- Você é teimosa. Pede um conselho e não o segue só porque não parece conveniente. Você devia falar com ele.

- Você mesma disse que eu tinha que resolver esse problema sozinha, e é o que eu estou fazendo.

- E está usando uma tática que nós duas sabemos que não funciona – Cinthia olhou para Aline com um sorriso enigmático, e Aline sabia que ela falava por experiência própria.

- Pode não ter funcionado para você, mas para mim vai funcionar.

- E só por causa disso você vai se afastar dos seus amigos? Para mim foi fácil, eu focava com vocês enquanto tentava evitar o Big, mas vai ser muito pior se você se afastar dos gêmeos e de mim só por causa de um mal entendido entre você e o Douglas...

- Não foi um mal entendido! – disse Aline mais alto do que queria. - Foi... um tipo de... foi um...

- Não acha que o Douglas pode explicar o que foi?

Aline olhou para o horizonte que se afastava delas com o ar gelado da noite a lhe refrescar os pensamentos. Ela sentia que a sua resposta estava no horizonte mas, como aquele trem, ela estava apenas se afastando dele quanto mais tentava ir em frente. Mas ela não queria falar com Douglas, e não iria!

- Não – disse ela por fim. – Ele não vai conseguir explicar. É uma pergunta sem resposta.

- Só porque você não sabe, não significa que os outros não podem saber. Nem tudo está nos livros, sabia? N/A: A maioria dessas situações se encontram em textos avulsos como as fanfics. Viu, isso aqui é cultura!

Aline ficou anormalmente quieta. Nem tudo estava nos livros, ela sabia, mas até agora nunca havia se deparado com uma situação que não tivesse aprendido a lidar. Se ela pudesse ao menos ter falado com alguém que já tivesse passado por isso...

Cinthia entrou no vagão de carga sem esperar uma resposta de Aline porque sabia que ela não falaria nada. Aline continuou lá até sentir que o trem diminuía de velocidade, apenas observando a noite cobrir o céu acima de sua cabeça, pensando. Ela se debruçou no gradeado do lado do trem e avistou a estação King's Cross depois da curva. Agora ela teria que voltar para a cabine para pegar o malão, pois sorte já havia trocado de roupa antes de ir ao vagão dos monitores. Mas quando chegou na cabine ela já estava vazia, com alguns indícios de queimados das partidas de snap explosivo em alguns cantos, e também com um cheiro esquisito (provavelmente bombas de bosta).

Ela demorou um pouco para pegar o malão e desceu lentamente do trem. Mas quando ela procurou os outros par se despedir ela só achou Fred, Jorge e Cinthia, os três estavam se despedindo de Lino.

- Onde está o Douglas? – perguntou ela se aproximando deles.

- Ele já foi embora – disse Cinthia. – O barco dele sai antes que o nosso N/A: Vocês acham que eles iam ter dinheiro para gastar em viagens de avião assim, como se notinha verde fosse folha de árvore? Sai caro fazer isso duas vezes no ano. porque vai fazer uma parada no Equador, onde a mãe dele está trabalhando.

- A Luciana não vem com a gente esse ano, né?

- É, mas ela não me contou o porquê.

- Ela vai conhecer a família do Olívio – disse Fred.

- É, ele nos falou alguma coisa assim – disse Jorge.

- Pelo manos ela vai aproveitar o verão enquanto nós encaramos outro inverno lá no Brasil – disse Aline.

- Olha, eu já volto. Vou perguntar para o Big se ele vai no mesmo barco que a gente, ou a viagem vai acabar ficando monótona.

Cinthia deixou o malão e a gaiola em que estava Nina com eles e foi procurar Jonathan no meio do povo. Fred e Jorge ficaram incomodados com o "ou a viagem vai acabar ficando monótona", e Aline reparou na cara dos dois. Mesmo que alguém tenha os seus problemas, é impossível pensar em uma coisa só por horas seguidas, ainda mais quando surgem oportunidades tão boas para praticar o seu terceiro hobby favorito. N/A: Deixem uma review tentando descobrir os dois primeiros. Vamos divulgar quem acertar primeiro!

- É impressão minha ou vocês... - começou Aline, mas foi interrompida por um sonoro:

- Nem comece! – de Fred e Jorge.

- Podem ficar tranqüilos. Eu roubei o diário dela recentemente e li umas coisinhas interessantes. É que eu estava precisando de algo para me distrair antes da final do campeonato – disse ela casualmente.

- Não estamos interessados – disseram os dois muito a contragosto.

- Não engana que esse assunto já é mais velho que o Big Bang (explosão que deu origem ao universo, e não o relógio em Londres). Depois daquela partida de quadribol acho que até a Profª McGonagall ficou sabendo.

- OK. Podemos estar levemente interessados, mas se for só uma brincadeira sua, você pode esperar uma morte lenta e dolorosa a qualquer momento improvável – disse Fred.

- Que meda...

- Fala logo! – disse Jorge impaciente.

- Ela não gosta do Big e, pelo que deu para entender, só vai gostar dele como amigo. Mas, se vocês me permitem um ligeira interpretação pessoal das anotações dela...

- Não – disse Jorge para não ter que ouvir as provocações de Aline. – Apenas os fatos concretos bastam.

- Assim vocês tiram toda a graça em torturar vocês. Mas já que insistem, aqui vai o grande choque: ela ainda gosta do Cedrico!

- O quê?!

- Daquele capitãozinho desqualificado?

- Daquele trapaceiro imundo?

- Daquele...

- Daquele cara forte, bonitão, com pinta de galã de cinema – acrescentou Aline. – É, esse mesmo.

- E o que é que ele tem que a gente não tem? – disse Fred.

Aline olhou bem, mas bem mesmo para os gêmeos e seus olhos corriam das inúmeras sardas nos rostos deles para os narizes compridos e finos, das vestes meio surradas e velhas, e finalmente para a aparência magrela dos dois, que era acentuada por eles serem muito altos.

- Vocês querem mesmo que eu repita o que acabei de dizer?

- Ela está voltando – disse Jorge entre os dentes, com um sorriso forçado, fingindo que eles não haviam falado nada de mais.

- Bom, ele disse que já está indo para o cais e que vai esperar a gente para usar a chave de portal N/A: Transporte bruxo é cheio dos esquemas! – disse Cinthia se aproximando dos três. – É melhor a gente ir agora, Aline. Da outra vez a gente quase perdeu o barco.

- Tudo bem.

As duas se despediram de Fred e Jorge e se encaminharam para a longa jornada que teriam até o Brasil. Fred e Jorge procuraram os outros irmãos Weasley para esperar a mãe e o pai, mas não estavam de muito bom humor.

N/A: Eu sei que eu estou judiando muito do Fred e do Jorge e que eles não mereciam essa enrolação toda, mas eu prometo que vou melhorar as coisas para o lado deles. Ah, antes que eu esqueça: vocês achavam mesmo que Aline e Douglas só iam ficar juntos depois da Cinthia e o ... (vou manter o suspense), não é? Admitam, vocês acham que eu não sei com quem ela vai ficar. Mas, para os incrédulos, eu aviso que isso foi uma das primeiras coisas em que eu pensei. Se você conseguiu chegar até esta parte da fanfic sem cair no sono ou se irritar com a enrolação, eu lhe dou os parabéns. Não é todo mundo que consegue isso, só a maioria das pessoas normais. Espero que gostem mais das próximas fases!

E não se esqueçam de mandar uma review com a sua opinião sobre quais são os dois hobbys favoritas da Aline. ;-) Vai ser difícil alguém acertar precisamente, mas não custa muito tentar, custa?