Capítulo 44 – Decepções tribruxescas
HOGSMEADE!!!
Teriam uma visita uma semana depois da escolha dos campeões, mas, como sempre que eu escrevo sobre as visitas, alguma coisa tende a dar errado. Adivinhem quem esqueceu a autorização outra vez!!!
- Eu não mereço amigos tão compreensivo! – disse Cinthia com um sorriso a iluminar a sua face. Fred e Jorge lhe emprestavam a capa de invisibilidade para passar despercebida no vilarejo caso visse algum professor. – Vocês são demais!!!
Ela abraçou os dois, quase sufocando-os. Fred e Jorge massagearam as gargantas quando ela os soltou.
- Mas deixe ela escondida – lembrou Fred. – Nenhum outro aluno sabe que você não pode ir a Hogsmeade, então só a use se tiver um professor por perto.
- Entendido!
Eles viram Cinthia sumir pela passagem da estátua da bruxa de um olho só, e antes da abertura se fechar ela gritou: - Encontro vocês na Dedosdemel!
Em Hogsmeade eles se divertiram um bocado! Já no final da visita, os cinco resolveram ir até a Zonko's, já que o estoque de Fogos Filibusteiros de Fred haviam sofrido um acidente antes de ir para Hogwarts.
- Ei! Olha lá! – disse Fred só para Jorge, apontando para o lado de fora da vitrine da loja.
- O Bagman!
- É. Vamos!
Os dois largaram tudo o que iriam comprar em cima do balcão, deixando os amigos extremamente confusos. Os três acompanharam pela vitrine os gêmeos correndo pela rua, e logo perderam os dois de vista.
- O que será que eles querem com o Bagman? – perguntou-se Cinthia.
- Talvez seja para ajudar a loja de logros deles – disse Douglas indo pagar as suas compras. – Vocês lembram, não é, quando eles nos contaram que o que queriam fazer depois que acabassem Hogwarts era abrir uma loja de logros. Com a influência do Bagman, talvez eles consigam fama rapidamente.
- Não acho que o Bagman possa ajudar muito eles – disse Aline, também pagando as suas compras. – Departamento errado.
- Seja o que for, acho que eles vão querer isso aqui – disse Cinthia pagando as compras dos dois juntamente com a sua.
Como os três não estavam muito animados para sair pelo vilarejo procurando Fred e Jorge, decidiram ir até o Três Vassouras encerrar a visita. Durante todo o percurso Aline e Douglas andavam abraçadinhos, e Cinthia não parava de falar "mas que pombinhos adoráveis", deixando os dois sem-graça.
Fred e Jorge ainda não haviam chegado ao Três Vassouras quando eles entraram (provavelmente continuavam caçando Ludo pelo vilarejo), e Cinthia, Douglas e Aline ficaram jogando conversa fora, e, milagrosamente, Aline não falou nem uma vezinha sequer em estudos, preferindo falar do Torneio Tribruxo e outras coisas.
- Pena que este ano não vamos ter o Campeonato de quadribol - disse Douglas. – Mesmo com o Torneio Tribruxo eles poderiam ter mantido os jogos.
- Mas seria muito desgastante para o Harry – disse Aline. Imagina só ter que lidar com quadribol, torneio e estudos, tudo junto! Ele não iria agüentar, e ia acabar sendo retirado do time, já que os outros dois são prioridade.
- Quem sabe a Corvinal não teria uma chance de ganhar a Taça! – disse Cinthia com um ar sonhador, e seus olhos brilhavam com a perspectiva. – A Lufa-Lufa não daria trabalho porque o Cedrico também está no Tribruxo, e a Cho, a nossa apanhadora, é incomparavelmente melhor que o Malfoy da Sonserina. Não temos os melhores artilheiros e nem um excepcional goleiro, mas poderíamos vencer apertado.
- É mesmo – concordou Aline. – Pelo menos ajudou Fred e Jorge a esfriarem a cabeça. Imagina ter que, neste ano, sair de campo carregando o Big toda vez que jogassem contra a Grifinória...
Aline percebeu o que havia falado e se calou imediatamente, mas Cinthia não entendeu muito bem o que ela quis dizer com isso. Foi aí que se lembrou do jogo no final do quinto ano, Grifinória x Corvinal.
- Até hoje eu não descobri por quem é que os três estavam brigando naquele jogo – disse ela. Por mais que tentassem, Aline e Douglas não conseguiram disfarçar as caras de quem sabe demais, e Cinthia percebeu. – E agora eu sei que vocês sabem quem era. Podem desembuchar!
- Então quer dizer que a sangue ruim tapada da Corvinal ainda não se tocou? Bom, se tivesse percebido teríamos que avisar aos cientistas que estudam fenômenos bizarros.
Aquela voz tão conhecida dos três não podia ter sido mais mal-vinda. Giovanni Pieri e seus três amiguinhos da Sonserina acabavam de entrar no bar.
- Dê o fora, Pieri! – disse Aline fechando a cara.
- Ora, ora, ora. Que eu saiba, este é um lugar público, então fique quieta sua metidinha a sabe-tudo.
Douglas se levantou cheio de raiva, pronto para levar Pieri para fora a pontapés se necessário. Aline segurou o seu braço para que ele não avançasse em Giovanni, causando uma confusão que certamente atrairia os professores. Se Giovanni se lembrasse do incidente no ano anterior, certamente não estaria desdenhando os três, e sim evitando-os.
- Se você não tem nada para fazer aqui, dê o fora! – disse Douglas com os punhos cerrados, se controlando para não faze-los chegar até a cara de Giovanni.
- Que comovente, Berttapeli, defendendo a namoradinha metida e a amiguinha tapada. Saia da minha frente, vocês está atrapalhando o caminho.
- Dê a volta – disse Douglas em tom de desafio. – Não saio do lugar para deixar filhinhos-de-papai passarem.
- Cuidado com o que fala – sibilou Giovanni em um tom de clara ameaça, tomando cuidado para eles não o verem tirando a varinha do bolso. – Pelo menos os meus pais não são trouxas que trouxeram ao mundo sangue ruins.
Giovanni ergueu a varinha, mas no mesmo instante um feixe azulado o atingiu e ele caiu estuporado no chão. Avery, McNair e Burkes olharam abobados para quem lançara o feitiço, chocados demais para ter uma reação. Cinthia tinha a varinha segura na mão, trêmula de raiva, e ainda apontava para onde Giovanni estivera de pé, mas agora ameaçava os três bruxos que estavam atrás desse ponto.
- Levem ele daqui e, quando acordar, digam que foi uma sangue ruim que o nocauteou. SAIAM!
Os três estavam muito estupidificados para terem qualquer reação e levaram Giovanni para fora. Achavam que Giovanni era o mais rápido em saques de varinha para duelos, mas estavam errados. Só depois que eles saíram foi que Cinthia, Aline e Douglas perceberam que o bar estava quieto, e todos no Três Vassouras os olhavam. Assim que se sentaram, o barulho das vozes voltou ao normal e Fred e Jorge entraram, indo até a mesa deles.
- Uau! Acabamos de ver aqueles três trasgos carregando o Pieri para fora daqui, estuporado! – Fred disse parecendo encantado. – O que aconteceu?
- Pelúcia acabou de estuporá-lo! – disse Aline num misto de alegria e orgulho.
- Não! – disse Jorge fingindo estar escandalizado. – A nossa meiga Pelúciazinha? Como foi possível?
- Agradeça a Olho-Tonto-Moody – disse ela ainda um pouco nervosa. – Parece que as aulas de "sempre suspeite que seus inimigos planejam te atacar" estão funcionando. E não suporto quando me chamam de sangue ruim!
- Isso é bem claro – disse Jorge admirado com a mudanças que as aulas de Moody estavam fazendo na garota.
Nos dias que se seguiram, Giovanni Pieri não parava de lançar olhares de ódio aos cinco, mas evitava tomar uma atitude mais direta. Talvez isso se devesse ao fato que sempre havia um professor por perto quando ele via algum dos cinco, mas Giovanni estava realmente receoso de puxar briga com um deles, sabendo que os outros ajudariam e que os seus guarda-costas eram mais medrosos que filhotes de poodle toy. Teve uma vez em que Douglas o viu com um olhar extremamente malicioso, como se estivesse bolando uma conspiração contra eles, mas estava atrasado para a aula de Herbologia e não prestou muita atenção na hora, achando que fora só impressão.
No final de novembro seria realizada a primeira prova do Torneio Tribruxo, e uma semana antes todos os alunos já estavam eufóricos para saber o que seria, e imaginavam as mais mirabolantes tarefas.
- Acho que eles vão ter que colocar a cabeça dentro da boca de um manticora, como fazem aqueles domadores de leões em circos.
- Talvez eles tenham que correr numa pista de obstáculos vivos!
- Ouvi dizer que vão trancá-los em uma sala com cem fiumns. Quem sair de lá no dia seguinte menos maluco ganha mais pontos.
No dia vinte e quatro, os alunos finalmente descobriram qual era a primeira tarefa. Depois do almoço eles se dirigiram para uma enorme barraca armada nas margens da Floresta Proibida, e os cochichos e boatos sobre a primeira tarefa eram mais audíveis do que nunca.
Fred, Jorge, Cinthia, Aline e Douglas se sentaram, nessa ordem, no meio da platéia, não conseguindo achar um lugar mais para frente. Havia um enorme picadeiro gradeado, rodeado pela arquibancada, mas enorme mesmo. Tinha umas duas ou três dúzias de metros de altura, e o mesmo tanto de comprimento e largura. No centro havia o maior ninho que eles já haviam visto, e logo o tamanho ficou explicado. Alguns tratadores trouxeram um dragão para o ninho, junto com alguns ovos. Fred disse que era um Focinho-Curto sueco; Carlinhos falava muito de dragões quando ia para a casa dos pais.
Bartolomeu Crouch explicou a todos que os campeões deveriam passar pelo dragão e pegar o ovo dourado do meio da ninhada. Seriam dados pontos de acordo com a perfeição que realizassem a tarefa, descontando por ferimentos e ações mal sucedidas.
- É melhor que todos os boatos que eu ouvi! – disse Douglas animado.
Em seguida, Crouch soou um apito e o primeiro campeão entrou no picadeiro. Cedrico Diggory deu dois passos depois da entrada e parou, encarando o dragão enquanto ouvia fecharem as grades atrás de si. Seu rosto estava um tanto... verde.
- É ele... - disse Cinthia baixinho, num misto de admiração e preocupação. Jorge ouviu, e passou a odiar cada fiozinho de cabelo de Diggory, assim como cada mínima célula daquele nariz perfeitamente reto.
Cedrico procurou qualquer coisa em volta, cuidando para não atrair a atenção do dragão embora os olhos deste já estivessem fixos sobre o garoto. Por fim ele achou uma pedra de bom tamanho no chão e transfigurou-a em um cão labrador de raça pura, arrancando um "Aaaah" das arquibancadas pela perfeição da transfiguração. O cão começou a latir para o dragão, e por um instante o lagarto desviou o olhar de Cedrico. O garoto tentou se aproximar do ninho sorrateiramente, mas o Focinho-Curto ainda estava encima dos ovos e lançou uma labareda sobre Cedrico, fazendo o garoto dar um pulo para trás para evitar as chamas. Houve mais um "Ooooh" da arquibancada.
- Eu não posso ver isso!
Cinthia virou o rosto para o lado e se apoiou no ombro de Jorge, deixando o garoto extremamente sem graça.
- E-ei, não precisa ficar assim – disse ele sem saber o que fazer.
- Não, não. Eu não tenho coragem de ver isso. É tão perigoso! Não deveriam dar tarefas tão... mortíferas para os campeões. Me avisa quando já estiver tudo bem.
Jorge ficou olhando para a cabeça de Cinthia enquanto ela usava as mãos e o ombro dele para encobrir o rosto, e não conseguiu fazer nada. Era a primeira chance que ele tinha de ficar pertinho dela (com uma boa desculpa), mas ele simplesmente não teve coragem de se aproveitar da situação.
Fred lhe deu um cutucão no braço como que dizendo "vai lá, abraça ela e diz que vai acabar tudo bem com o mané". Aline, do outro lado de Cinthia, se esforçava para não rir; era a primeira vez na vida que via Jorge corar de vergonha. Douglas levantou o dedo polegar para ele também o encorajando. Mas antes que Jorge dissesse qualquer coisa, Cinthia falou, numa voz abafada devido às mãos no rosto:
- Alguém me diz o que está acontecendo. Eu não tenho coragem de olhar!
Jorge pigarreou e disse, evitando olhar para Aline, que estava quase rindo alto: - Ele mandou o vira-lata correr em volta do dragão... quase que uma das asas acerta o bicho! Mas parece que agora o dragão ficou zangado... está indo atrás do cachorro. O Diggory está indo até o ninho... não, o dragão viu ele...
A torcida fez um "Oooooooohhh" de decepção e Cinthia fico preocupada:
- Ai não! O que aconteceu?
- Ele precisou recuar – disse Jorge simplesmente.
- Continua, continua!
Com um suspiro de resignação Jorge continuou narrando a tarefa de Cedrico para Cinthia, que agora apertava o braço do garoto nervosamente, quase cortando a circulação dele: - Como você pode ouvir, o cachorro está latindo para o dragão e correndo em círculos em volta dele... seria mais atrativo como presa se perseguisse a cauda em círculos... o dragão finalmente abandonou o ninho. O Diggory está indo até o ovo dourado e... conseguiu. – Jorge tentou não parecer muito desapontado enquanto toda a arquibancada vibrava com a vitória do campeão de Hogwarts. – Pode olhar agora – disse ele tentando se sobressair a barulheira.
Cinthia deu uma espiada, mas nesse instante o dragão pareceu perceber que seu ninho havia sido invadido e lançou uma enorme labareda de fogo naquela direção, ignorando totalmente o garoto. Cedrico se jogou para um lado, mas não foi o suficiente para desviar totalmente das chamas, queimando parte do rosto. Cinthia voltou bruscamente a esconder o próprio rosto no ombro de Jorge, mas agora usava as mãos para dar pequenos socos nele.
- Eu disse para me avisar quando estivesse tudo bem, e não quando ele estivesse sendo torrado!
- Como é que eu ia saber que o dragão prefere filé de carne humana bem-passada a carne de cachorro crua?
Cinthia levantou o rosto preocupada, mas felizmente Cedrico já havia sido retirado do picadeiro e alguns tratadores de dragões retiravam o Focinho-Curto sueco de lá, atordoado. Os juízes deram as notas de Cedrico, e nenhuma delas foi dez por causa do acidente.
A vitória de Harry foi ainda mais espetacular que de todos os outros campeões, apesar da nota baixa que Karkarof lhe dera, e a festa na sala comunal da Grifinória foi ainda maior que as anteriores, se é que era possível. Fred e Jorge pilharam a cozinha como nunca, mas os elfos domésticos até que ajudaram, deixando a comida um pouco mais leve para eles carregarem até a torre. Eles aproveitaram para divulgar os Cremes de Canários, suas mais novas invenções, e conseguiram faturar bastante naquela noite. Com os fogos Filibusteiros de Lino a festa virou uma verdadeira algazarra, mas ninguém se importou com aquilo, nem mesmo a monitora modelo que todos nós conhecemos; ela estava um tanto ocupada em um dos cantos da sala, com a boca de Douglas.
