Capítulo 45 – Uma visita a Hogsmeade não feita
Duas semanas antes do fim das aulas foi anunciado que haveria um baile de natal, que era tradição acompanhar o Torneio Tribruxo. Hogwarts inteira entrou em rebuliço com aquela notícia, e até alguns professores desistiram de dar aulas, preferindo deixar os aluno à vontade do que tentar fazê-los entender qualquer coisa muito complicada. Claro, haviam sempre aqueles que não parariam de ensinar nem no olho de um furacão, como os professores Binns, Moody e McGonagall, e também aqueles que torturavam os seus alunos até o último segundo de aula, como o Profº Snape.
Obviamente, Douglas e Aline iriam ao baile juntos, Fred ainda decidia com quem ir, Cinthia não queria arranjar um par e Jorge bolava um plano para ir com Cinthia. Convenhamos, o coitado não tem muita chance. N/A: Se vocês acham que eu sou má, esperem até a segunda e terceira fanfic. Brincar de Deus é o joguinho mais legal que eu já joguei!
N/A: Ah, e os carinhas de St. Mungo não queriam uma xícara de açúcar, tampouco de sal. Ele estão me levando para dar uma volta, mas fica difícil de escrever dentro do furgão com essa camisa de mangas compridas que eles me emprestaram, ainda mais que as mangas estão amarradas nas minhas costas. Não sabia que o nariz podia ser tão útil numa situação dessas...
Mas Fred e Jorge não haviam parado com o novo passatempo de mandar cartas para uma pessoa desconhecida, e nenhum dos outros três conseguia arrancar deles um nome. Na falta de Errol, e com Aline se recusando terminantemente a virar uma coruja para entregar a próxima carta, os gêmeos não tiveram outra escolha a não ser pedir Pichitinho emprestado, a coruja de Rony, bem quando o garoto explodia um castelinho de cartas feito com baralho de snap explosivo.
- Ficou legal, Rony... vai combinar bem com as suas vestes a rigor, ah, isso vai! – disse Fred se sentando ao lado do irmão, e Jorge do outro.
- Rony, podemos pedir Pichitinho emprestado? – perguntou Jorge.
- Não, ele está fora entregando uma carta – respondeu o garoto apalpando as sobrancelhas queimada. – Por quê?
- Porque Jorge quer convidar a sua coruja para ir ao baile – disse Fred sarcasticamente, tentando arranjar um par mais fácil que Cinthia para o irmão.
- Porque nós gostaríamos de mandar uma carta, seu panacão – disse Jorge não achando muita graça.
- Para quem é que vocês tanto escrevem, hein? – perguntou Rony, provando ser um enxerido de primeira.
- Não mete o nariz, Rony, ou vou queimar ele para você também – disse Fred apontando a varinha na direção dele, e em seguida mudando de assunto para que o irmão não suspeitasse demais. – Então... vocês já arranjaram par para o baile?
- Não – respondeu Rony.
- Então é melhor andarem depressa, companheiros, ou todas as garotas legais vão estar ocupadas – disse Fred, meio que para incentivar Jorge também.
- Com quem é que vocês vão, então? – perguntou Rony.
- Angelina – disse Fred sem pestanejar, decidindo na hora.
- Quê? – espantou-se Rony. – Você já a convidou?
- Bem lembrado – disse ele virando a cabeça para o outro extremo da sala comunal da Grifinória. – Oi! Angelina!
A garota estava perto da lareira conversando com outra artilheira do time, Alícia Spinnet, e olhou para Fred.
- Que foi? – perguntou ela em resposta.
- Quer ir ao baile comigo?
Angelina avaliou Fred de cima a baixo, parou por um segundo e disse:
- Tudo bem.
- Pronto – disse Fred se virando para os outros novamente -, moleza.
Ele se espreguiço demoradamente e se levantou, seguido de Jorge.
- É melhor então usarmos uma das corujas da escola. Parece que ninguém está afim de colaborar com a gente ultimamente.
Os dois se dirigiram para o corujal, deixando o Roniquinho abestalhado, e Jorge estava intrigado com a atitude despachada do irmão, mesmo que eles agissem assim na maior parte do tempo. Depois de enviarem a carta, Jorge simplesmente perguntou:
- Como foi que você conseguiu convidar a Angelina assim tão fácil?
- É só não levar muito a sério – disse Fred como se fosse o maior dos especialistas no assunto. – Você precisa ficar calmo, relaxar e perguntar como se estivesse falando para a sua imagem na frente do espelho, esperando uma reação favorável.
- Você ensaiou na frente do espelho, admita!
- Isso não vem ao caso.
- Bom, é muito fácil falar, mas tenho uma levíssima e ínfima impressão de que o meu caso vai ser um tiquinho mais complicado.
- Não se preocupe com isso – disse Fred colocando a mão no ombro de Jorge enquanto os dois saíam do corujal -, eu sei de algo que pode te ajudar. Mas antes você precisa perguntar normalmente...
No dia seguinte, Fred contou que já havia arranjado um par para ir ao baile, abrindo o assunto depois do jantar.
- Isso é bem legal – disse Aline. –, especialmente porque a Angelina tem uma queda por você.
- Sério? – disse Fred parecendo mais interessado agora que na noite anterior. – Eu não sabia disso!
- Então por que você a convidou?
- Porque me pareceu uma boa idéia na hora – disse Fred casualmente, mas disfarçou bem o interesse nas palavras de Aline.
- Então, já que só sobrou a gente – disse Jorge se voltando para Cinthia -, o que você acha de irmos ao baile juntos?
- Nem vem! – disse Cinthia, espantando a todos com aquela reação. – Er... quer dizer... não é nada com você, juro, mas é que... vocês sabem... eu odeio dançar, e pares só servem para isso em bailes. Eu não me importo nem um pouco de aparecer no baile sem um par, sério.
- Mas e eu? – disse Jorge tentando apelar para o olhar de "cachorro pidão". – Como eu vou arranjar um par até o baile?
Aquilo realmente soava como uma piada para Cinthia, mas de um humor negro, ou até um pouco azulado. Eles tinham quase uma semana de aulas (era terça-feira) e ainda teriam mais oito dias depois disso até o baile de Natal.
- Jorge – começou ele bastante séria, mas com um leve tom de sarcasmo na voz -, se você não conseguir um par em onze dias, aí sim, em último caso, eu vou ao baile com você, mas só na entrada e sem dancinhas. Se é tão importante assim para você passar essa imagem de "eu sou o melhor porque consegui arranjar um par", então eu te ajudo a fazer uma entrada triunfal, mas só isso.
"Não era bem isso o que eu queria" pensou Jorge, imaginando que seria muito melhor ter a garota em tempo integral como seu par no baile. Mais uma tentativa, só mais uma, antes de precisar partir para o 'plano b'.
- Mas qual é o problema em irmos juntos ao baile se não temos mais ninguém para ir com a gente mesmo?
Era uma mentira deslavada, Katie já o havia convidado para ir com ele, mas Jorge a recusara, além de uma outra garota do quinto ano da Grifinória também. Estranhamente, os olhos de Cinthia começaram a soltar faíscas, como se ele tivesse dito um insulto.
- Se você não tem mais ninguém para ir, eu sinto muito, mas saiba que eu já fui convidada por outros seis garotos e, se eu não decidi ir com nenhum deles, é porque eu realmente não quero ir acompanhada ao baile. Eu só iria entrar com você no salão porque você é meu amigo, mas pelo jeito você acha que eu não tenho nada melhor para fazer, não é? – "Outch! Essa deve ter doído" pensou Fred ao ver a cara do irmão. – Se é assim, eu vou arranjar algo mais interessante para fazer do que ouvir você insistindo em um assunto que já conhece desde o ano passado.
Cinthia se levantou e rumou para a sala comunal da Corvinal, convencida que o assunto fora encerrado clara e definitivamente. Ainda sentado na mesa da grifinória, com cara de tacho, Jorge se perguntava o que havia dito de errado. Depois de concluir que não havia nada de errado com ele, mas sim com Cinthia, disse:
- O que é que ela tem?
- Estresse, eu acho – disse Aline. – Na semana passada ela foi abordada por cinco garotos, e um ontem. Ela ainda acredita em ditados bobos e no momento ele está ligada no "se um não quer, dois não brigam", adaptando-o para qualquer verbo e situação. Os seus ditados estão entrando em conflito com a realidade, e ela não gosta muito disso. – O três garotos se olharam confusos, como se Aline estivesse falando tibetano ou qualquer outra língua zen-budista. A garota revirou os olhos, impaciente. – Resumindo: TPM. Na semana que vem ela já está mais calma.
- Aaaah... - disseram os três, agora mais esclarecidos.
- Mas você tem um plano melhor para leva-la ao baile, né? – perguntou Douglas.
- Bom, quem me convenceu a pedir do jeito convencional foi ele – disse Jorge apontando para o irmão -, e ele me disse que tinha um 'plano b' caso este não funcionasse.
Jorge olhou para o irmão como quem diz "e então?", e Fred deu um sorriso torto.
- Eu estava pensando naquela Poção dos Pé Dançantes, sabe... ainda temos um pacotinho guardado.
- O QUÊ?! Este era o seu plano reserva?
- Eu disse que tinha algo que podia te ajudar, não algo que fosse realmente funcionar.
- E não ia funcionar mesmo – disse Aline. – Ela me contou que não aceita nada suspeito vindo de vocês depois que começaram a fabricar um monte daqueles logros. Depois de levar um susto no meio da aula de Feitiços com uma das varinhas falsas, ela não aceitou nem tinteiro emprestado de ninguém por um mês.
- Eu sabia que o mundo ainda não estava preparado para as varinhas falsas – disse Fred balançando a cabeça.
- É melhor você se apressar em bolar um 'plano c' – disse Douglas -, já que só tem mais onze dias.
E foi o que Jorge fez.
Os professores planejaram uma visita a Hogsmeade estrategicamente colocada a três dias do baile, como que para dar um tempo para os alunos comprarem o que estava faltando, para as garotas comprarem os apetrechos e acessórios necessários e os garotos... bem... para os garotos se divertirem. Não era um bailezinho que iria interromper seus afazeres diários, claro.
Muitos alunos (quase todos os do quarto ano para cima) iriam ficar para o Natal em Hogwarts, e depois das aulas terem acabado o castelo continuou estranhamente cheio, mas muito mais barulhento que no resto do ano.
Agora, enquanto esperavam os alunos irem para o saguão de entrada e deixar o corredor do terceiro andar livre, Fred passava a capa da invisibilidade para Cinthia.
- Lembre-se, só use em caso de "professor à vista", nenhum aluno xereta precisa saber que você não tem a autorização.
- Eu sei, eu sei. Bom, é melhor eu ir indo. Vejo vocês na Dedosdemel!
Cinthia guardou a capa na mochila e sumiu pela passagem secreta, que se fechou atrás dela com um estrépito. Enquanto os outros quatro iam para o saguão, Fred se lembrou que havia esquecido o dinheiro no dormitório e subiu para o sétimo andar. Aline, Jorge e Douglas ficaram esperando na escada do terceiro andar, e depois de uns dez minutos uma pessoa apareceu no corredor. Mas não era nenhum aluno, muito menos Fred; era Snape.
- Sr. Weasley! Estive procurando por você... não pensa em ir a Hogsmeade quando precisa terminar aquela redação de dois metros de pergaminho que não entregou no último dia de aula, não é mesmo? Bom, já informei aos professores responsáveis que não irá ao passeio hoje.
- Mas isso é... - começou Jorge, sendo interrompido.
- Bem lembrado... menos quinze pontos por desobedecer um professor. Agora vá andando – rosnou ele, e em seguida se virou para Aline e Douglas, que haviam aberto a boca para protestar. – E não me façam tirar mais pontos da Grifinória, ou ficarei muito feliz de fazer estes pontos acompanharem uma detenção.
Snape se afastou com Jorge na direção da biblioteca, o garoto não estava nada feliz. Aline e Douglas ficaram extremamente revoltados; de todos os dias que Snape poderia ter cobrado aquela redação, tinha que ter feito isso justo em um dia de visita a Hogsmeade!
Jorge e Snape caminhavam silenciosamente, sem se olharem. Mas, ao chegarem em um ponto em que não eram mais audíveis aos outros dois, começaram a rir descontroladamente.
- Você viu como eles ficaram quando você chegou perto? – disse Jorge entre risos. – Acreditaram que você era mesmo o... há há há!
O dois riram mais ainda. Era muito estranha a sensação de ver o Profº Snape rindo, mesmo que não fosse ele.
- Agora acabe com essa humilhação. É insuportável ficar na pele desse ensebado por mais de cinco minutos.
- Finite pocione! – disse Jorge parando de rir, e logo a figura do irmão apareceu no lugar do professor com nariz de gancho. – Obrigado por quebrar esse galho para mim e tomar a poção polissuco, mas não podia ter tirado menos pontos da Grifinória?
- Mas aí eu não pareceria o velho Snape de sempre. É melhor eu correr agora, ou aqueles dois podem desconfiar de alguma coisa. – disse Fred transfigurando as roupas de professor nas suas vestes habituais, e acrescentou: – A Profª McGonagall ficaria orgulhosa da gente!
Quando Fred alcançou Aline e Douglas ouviu-os dizer, contar e praguejar contra o fato de Snape ter levado Jorge para ir fazer aquela redação sobre as poções que eram feitas com o sangue de dragão. Fred ouvia tudo fingindo surpresa, e xingou Snape de tudo que podia (e do que não podia também) como um bom irmão indignado. Quando se tratava de fingir, Fred e Jorge eram incomparáveis nessa arte, e Aline e Douglas acreditaram em cara palavra de Fred. Eles não haviam contado aos dois que isso fazia parte do plano c porque Aline podia deixar escapar alguma coisa para Cinthia.
Jorge esperou um pouco, observando os alunos saindo da propriedade por uma das janelas. Quando viu os primeiros cruzando os portões, correu para a armadura que guardava a entrada da Corvinal, impaciente.
- Acho que já deve ter dado tempo suficiente. Apitus dispertine!
Cinthia já estava andando pelo túnel que levava à Dedosdemel a uns vinte minutos quando ouviu um apito dentro da mochila. Parou e abriu-a, vendo que o som vinha da capa da invisibilidade. Aquele som era extremamente irritante, e Cinthia disse "Finite incantatem", mas não funcionou. Começou a desenrolar a capa rapidamente e um bilhete caiu de dentro dela. Meio confusa, Cinthia usou o "finite incantatem" outra vez e o bilhete parou de emitir aquele som irritante de despertador. Ela guardou a capa e pegou o bilhete, lendo-o.
Pelúcia,
Ainda bem que você achou este bilhete (também, se não achasse seria tachada de tapada para o resto da vida), porque eu queria repetir algo que já disse antes. Bom, eu sei que muitos garotos já te pediram isso, inclusive eu, mas acho que nenhum deles tem mais chances do que esta pessoa maravilhosa que escreveu este bilhete. Queria esclarecer que eu não acho que você não tem nada melhor para fazer, mas, se não fosse tomar muito do seu tempo, eu queria te pedir novamente para ir ao baile comigo. Quando chegar à Dedosdemel me dê uma resposta.
Sorridentemente,
Focinho!
Cinthia amassou o bilhetinho com uma mão só quando acabou de ler, jogando-o de qualquer jeito em um dos bolsos da mochila. Ela achava que havia dito em alto em bom som que não queria ir acompanhada ao baile, mas pelo visto Jorge era persistente quando o assunto era fazer o contrário do que as pessoas diziam.
"Bom, se ele está esperando um resposta na Dedosdemel, eu é que não vou lá" pensou Cinthia, voltando rapidamente pelo túnel. "Ele sabe muito bem a resposta, não vou ficar repetindo."
Cinthia saiu da estátua corcunda de um olho só; por sorte não havia ninguém no corredor àquela hora. Como a entrada da Corvinal ficava no terceiro andar, ela só precisou passar por alguns corredores para chegar até a armadura que guardava a entrada. Mas, antes de dizer a senha, Cinthia achou ter ouvido um farfalhar de capa no corredor e se virou. Não, estava vazio.
Cinthia disse a senha (águia cintilante) e entrou, indo direto para o dormitório. Atirou a mochila em cima do baú quando entrou e se atirou na cama, de barriga para cima. Porque aquilo estava acontecendo com ela? Ainda se fosse um outro garoto... um que atendia pelo nome de Cedrico Diggory... aí talvez ela concordasse em ir ao baile, e até a dançar.
Mas ela não teve tempo de pensar muito. Uma raposa pulou sobre sua barriga, fazendo a garota se sentar na cama, de susto. Cinthia ficou olhando furiosa para Jorge, ainda na forma de raposa, e ele a olhava com a cabeça inclinada para o lado.
- Você é maluco? Quase que me mata do coração! Você não devia estar aqui, é um dormitório da Corvinal.
- Eu sei disso – disse ele voltando à forma humana –, mas quem disse que eu me importo? O que eu quero mesmo é uma resposta: você vai ou não ao baile comigo?
- Eu já disse que não.
- Mas você não mudou de idéia nesse meio tempo? – disse ele fingindo estar espantado. – Nem com o meu bilhete extremamente sincero?
- Você quer dizer, este bilhete? – disse Cinthia indo até o pé da cama e tirando o bilhete da mochila, mostrando-o a Jorge.
- Vejo que você achou uma utilidade para ele: descontar a raiva que sente pelo mundo.
- Você disse que estaria na Dedosdemel, por isso eu voltei para cá. Você me fez perder uma visita a Hogsmeade à toa!
- Não foi à toa. Eu sabia que você iria voltar se eu dissesse que estava te esperando lá.
- Isso é muito injusto, sabia?
- Não acho. Eu só queria saber se você ia dizer "sim" ou "não".
- Então eu digo não.
Cinthia se transformou em um guaxinim e saiu do dormitório depressa. Não queria agüentar Jorge questionando-a o tempo todo para que fosse ao baile com ele, ainda mais que havia pouca gente no castelo e ele não teria outro passatempo mais interessante.
Ela correu até o sexto andar, onde poderia se esconder naquela sala com o vitral que mudava de acordo com o astro que estava no céu. Fazia algum tempo que ela não precisava usar aquela sala, mas agora precisava se esconder de Jorge de algum jeito.
Mas, quando achava que o havia despistado, Jorge entrou na sala, surpreendendo-a ainda na forma animal. Cinthia tentou fala "mas como?", mas tudo o que saiu de sua boca foi um guinchado esquisito. Ela se transformou novamente em humana (com Jorge tentando segurar uma risada) e perguntou:
- Como você sabia aonde me achar?
- Bem... eu já vi você vir para cá outras vezes, quando ainda tínhamos o Mapa do Maroto.
- Você me espionava?!
- Er... bem... não... - "Que besteira você foi dizer" pensou Jorge. – É que quando eu e Fred usávamos o mapa no primeiro e segundo ano, a gente precisava ver se não tinha ninguém no corredor, e varias vezes a gente te via aqui.
- E eu achava que ninguém mais sabia disso... - disse Cinthia um tantinho irritada. – Agora que você já me contou que já sabia da minha sala secreta, pode me deixar sozinha, já que este é o objetivo desta sala?
Jorge olhou bem para a garota à sua frente e instantaneamente desistiu de fazer o que ela pedia. O vitral às costas da garota parecia ter sido colocado ali de propósito, lançando uma luz que se recortava na silhueta dela, e mesmo com as mãos na cintura e com uma cara zangada, Jorge a achava incrivelmente linda. Teria que convencê-la a ir ao baile com ele do jeito tradicional: se aproveitando da tapadisse dela e confundindo-a.
- Não, eu não vou te deixar sozinha – Jorge falava no tom brincalhão de sempre, sabendo que era a melhor tática para desarmar Cinthia daquela zanga toda. – Na verdade, eu acho que o que você quer mesmo é ir ao baile comigo.
- O quê?! Não, eu não quero!
- Ah, você quer sim.
- Eu não quero!
- Você quer.
- Não quero!
- Claro que não quer.
- Claro que eu quero!
Foi tão automático continuar dizendo o contrário do que ele dizia que a resposta saiu sem querer, e Cinthia ficou estática pensando na besteira que acabara de dizer e em como ele conseguiu que ela dissesse aquilo.
- Era o que eu estava falando desde o começo – disse Jorge sorrindo mais feliz do que nunca. Ele foi até a porta e, antes de sair, disse: - Então está combinado: vamos ao baile juntos! – e saiu fechando a porta.
Cinthia continuou parada no meio da sala, petrificada, como se tivessem lançado sobre ela o feitiço de corpo preso. Quando finalmente se deu conta de que havia feito uma promessa, disse:
- Eu vou ter que ir ao baile... com ele?
