Capítulo 53 – Uma pichação e uma interrogação

As férias de natal vieram e se foram mais rápido que em qualquer outro ano, e quase todos os aluno passaram o Natal em casa, fazendo com que o castelo parecesse mais vazio e quieto do que nunca. Mas a volta dos alunos logo encheu o castelo com os som característicos dos estudantes Pum?, mas infelizmente aqueles que acreditavam em tudo o que aparecia no Profeta Diário ainda estavam do lado de Fudge.

Na primeira semana de aulas, o Profº Lupin conseguiu achar alguns bichos-papões pelo colégio e usou-os principalmente para as turmas do sétimo ano. Os primeiros a terem essa aula foram os alunos da Lufa-Lufa, em seguida os da Corvinal, depois os da Grifinória, e logo no mesmo dia os da Sonserina.

Depois das aulas, os cinco estavam fazendo as tarefas no salão principal, e quando acabaram não havia nenhum outro aluno lá, só Dumbledore e os professores McGonagall e Lupin. Como ainda tinham algum tempo antes do toque de recolher, continuaram lá conversando, e Cinthia ficou curiosa sobre os bichos-papões dos outros, perguntando antes a Aline no que o bicho-papão dela havia se transformado, e Aline pareceu um pouco constrangida ao contar.

- Bem... ele se transformou no Dumbledore...

- Você tem medo dele? – estranhou Cinthia.

- Não. É que depois de se transformar ele disse que eu havia sido expulsa por causa das notas baixas do ano anterior, e que haviam cometido um erro em me receber este ano.

Douglas, Fred e Jorge não puderam deixar de rir novamente quando Aline contou aquilo, e Douglas disse:

- Realmente, este não era o seu maior medo a dois anos, mas ele parece ter evoluído. Antes era a Profª Minerva dizendo que você havia repetido de ano, e não que havia sido expulsa.

- Bom, foi melhor que o meu bicho-papão – disse Cinthia se encolhendo um pouco na cadeira.

- No que foi que ele se transformou? – perguntou Jorge.

- Ah, bem, não deu para ver direito. Ele começou a mudar para um monte de coisas muito rápido quando eu me aproximei dele, e nem precisei usar o feitiço Ridicullus para acabar com ele. Toda a sala começou a rir e ele explodiu.

- Esse com certeza foi o pior bicho-papão que eu já ouvi! – disse Douglas rindo, e Fred e Jorge haviam escondido os rostos nas mãos para que não os vissem rindo.

- Então conta qual foi o seu bicho-papão – disse Cinthia. – Do que é que o Sr. Perfeitinho tem medo?

Douglas parou de rir imediatamente e ficou sério, mas não respondeu.

- É mesmo – disse Fred. – Na hora não deu para ver direito. Eu só vi que ele havia se transformado em você, mas eu não consegui ver o que o bicho-papão fez depois disso. O que o Lino quis dizer com "Você tem medo de ter uma tatuagem horrorosa?"

Douglas deu um suspiro antes de explicar. – Vocês não viram porque estavam do lado direito do bicho-papão, e ele levantou a manga esquerda. Eu estava com a Marca Negra tatuada no braço, igual àquela que eu havia visto no braço do Snape no final do ano passado.

Os cinco ficaram em silêncio. Eles sabiam agora que aquela era a marca dos Comensais da Morte, e o maior medo de Douglas era se tornar um deles. Aquilo era bom, mas lembrou-os de tudo o que estava acontecendo fora do castelo, dos ataques, e principalmente de que nem o Ministério nem Dumbledore haviam conseguido descobrir algo muito útil sobre os planos de Voldemort.

- O Lupin sabe da Marca Negra – disse Aline. – Foi por isso que ele pediu para falar com você depois da aula, não foi?

- É, foi. Ele perguntou se eu sabia o que aquela marca no braço esquerdo do meu bicho-papão era, e eu disse que sim. Ele disse que isso só foi descoberto no final do ano passado, e que supostamente não era para os alunos saberem de nada. Eu disse que o Rony contou para vocês dois e que vocês me contaram, e que o que eu mais abomino neste mundo é um Comensal. Melhor que dizer que eu fiquei espionando uma conversa sigilosa entre Dumbledore e Fudge, não acham?

- Isso foi bem esperto – disse Aline. Enquanto eles falavam, McGonagall e Lupin já haviam saído do salão, e Aline percebeu que estava tarde. – Olha só a hora! São quase dez! Vamos, é melhor irmos antes que nos peguem aqui.

Os cinco saíram do salão principal, mas logo no saguão de entrada Douglas puxou Aline para que eles se distanciassem dos outros.

- Você não se importaria se hoje nós desrespeitássemos o toque de recolher mais uma vez, não é? – disse ele abraçando-a pela cintura depois de perder os outros de vista.

- Hum, não. Hoje eu não me importo com isso – disse ela com um sorrisinho, dando um logo beijo em Douglas.

Eles se esqueceram de sair do saguão enquanto se beijavam, e mesmo o badalar das dez horas no relógio não conseguiu interrompê-los. Mas poucos segundos depois eles ouviram uma luta no salão.

Não foi exatamente uma luta, eles ouviram alguém lançar um feitiço e um gemido de dor de Dumbledore. Depois mais algumas palavras e alguns passos correndo. Os dois entraram correndo no salão e viram uma figura encapuzada saindo por uma porta. O diretor estava estirado no chão, com a varinha a alguns metros dele. Aline cobriu a boca com as mãos para evitar uma exclamação de espanto: Dumbledore estava sangrando!

- Cuide dele – disse Douglas, disparando em seguida pela porta que o intruso usara.

Aline se abaixou e viu que o ferimento no abdômen do diretor era profundo, provavelmente feito por um feitiço de corte. – Vou chamar a Madame Pomfrey – disse ela se levantando.

- Não vai adiantar – disse Dumbledore com a voz meio fraca, como se o corte tivesse atingido seu pulmão. – O intruso entrou pela ala hospitalar. Presumo que Papoula também foi atacada.

Aline precisava pensar rápido. Se fosse chamar um dos professores teria que deixar Dumbledore sozinho, e o intruso poderia voltar. Não que ela pudesse detê-lo, mas poderia frustrar os planos dele. E Dumbledore não ia agüentar muito tempo.

- Cikatrigi! – disse Aline apontando a varinha para o ferimento de Dumbledore. Era um feitiço que ela lera no livro de Magia Medicinal que eles ainda não haviam treinado em aula porque era um tanto avançado para o começo do ano, e ela não sabia se iria funcionar. Pensou o mais forte que pôde consigo mesma que aquilo tinha que funcionar, enquanto uma luz azul-clara saia de sua varinha como fumaça e pousava levemente no ferimento de Dumbledore.

"Funciona, droga! Funciona!! Ele tem que ficar bom!"

Aline já estava perdendo a esperança de que aquilo adiantaria alguma coisa e estava prestes a se levantar para chamar algum professor quando viu maravilhada que o ferimento havia parado de sangrar, e começava a cicatrizar lentamente.

Douglas nunca havia ido para aqueles lado do castelo, e descobriu que a porta em que entrara dava para um corredor muito estreito, mas de teto alto. Não havia nenhuma porta em volta, então o intruso só podia ter seguido pelo corredor. Douglas correu o mais depressa que pôde, cuidando para não esbarrar nas armaduras. Não devia ser um corredor muito usado, já que não havia tochas para iluminar o caminho.

Depois de uma curva Douglas avistou o homem correndo à sua frente. Não era muito alto, e o capuz que usava havia sido jogado para trás por causa da corrida, revelando uma cabeça meio careca na parte de trás. Sem pensar duas vezes, Douglas lançou um feitiço de impedimento, mas errou o intruso por alguns centímetros. Infelizmente, aquilo fez o intruso perceber que estava sendo seguido, e ele lançou para trás um feitiço que explodiu a parede ao lado de Douglas, mas não o acertou. Douglas reparou que por debaixo da manga esquerda do bruxo saia uma mão prateada, e ficou um pouco confuso.

Aquele momento de distração foi o suficiente para o bruxo lançar outro feitiço, mas dessa vez foi no teto, que desmoronou em cima de Douglas. Antes de ser tragado pelas pedras que caiam, Douglas teve tempo de conjurar um leve feitiço de proteção, e viu o intruso sumir por uma das poucas janelas daquele corredor, sumindo na noite que rodeava o castelo.

Ele não podia se mexer. O feitiço de proteção dele garantia que ele não se machucasse com o peso das pedras, mas como não havia treinado muito aquele feitiço nas aulas de Defesa Contra a Arte das Trevas ele precisava de toda a sua concentração para que continuasse funcionando. Se pudesse ao menos usar um outro feitiço para mover as pedras que o soterravam, ele podia ir ver onde o intruso fora.

No salão principal, Dumbledore já havia se recuperado. O barulho havia chamado a atenção de alguns dos professores, que vieram imediatamente ver o que haviam acontecido. McGonagall, Snape e Lupin foram os primeiros a aparecer.

- O intruso que me atacou foi por aquela porta – disse Dumbledore se levantando do chão com algum esforço. – Um corajoso mas imprudente aluno foi atrás dele. Vão, rápido!

Lupin e Snape foram imediatamente, mas McGonagall se deteve ao ver a Profª Hornby chegando pelo saguão de entrada.

- Olívia, fique aqui com Dumbledore e veja se pode fazer alguma coisa. Com licença, diretor. – E ela seguiu os outros dois professores pela porta que Dumbledore indicara. Aline a seguiu, estava preocupada com Douglas.

No corredor, os professores Snape e Lupin se surpreenderam com a parede quebrada, e mais ainda com o buraco no teto. Ao ver a janela quebrada, Lupin se debruçou para tentar ver alguma coisa lá fora, mas já era tarde. O intruso havia desaparecido.

- Como é que você não nos avisou de nada, Snape? – disse ele. Douglas, que estava soterrado debaixo da pilha de pedras entre os professores, achou melhor não se pronunciar no momento.

- Eu não sabia que eles atacariam Hogwarts, não me disseram nada – Douglas ouviu Snape falar baixinho, e notou pela primeira vez um tom de preocupação na voz do professor. – Acho que eles estão perdendo a confiança em mim.

"Então é isso!" pensou Douglas. "Dumbledore confia em Snape porque ele trabalha de espião para o diretor, e é assim que ele tem tanta certeza do que Você-Sabe-Quem esta fazendo. Êta trabalhinho perigoso!"

Eles ouviram alguns passos vindo pelo corredor e pararam de falar, mas logo viram que era só a professora Minerva que chegava com cara de extrema preocupação.

- Conseguiram pegar o intruso? – perguntou ela reparando no grande buraco no teto, do qual ainda caia um e outro fragmento ocasional.

- Não – disse Snape seco. – Ele fugiu.

- E o aluno que Dumbledore disse que o seguiu?

Os dois professores iam responder que não viram ninguém no caminho quando escutaram outros passos virem correndo pelo corredor. Estavam com as varinhas em punho, mas as abaixaram surpresos ao ver Aline aparecendo depois da curva, correndo até eles.

- Srta. Quadros! – exclamou a Profª McGonagall. – O que estava fazendo aqui? Estou surpresa que a profª Hornby não a tenha mandado para a cama!

- É que o Douglas... - começou Aline, mas um leve movimento na pilha de pedras fez com que os professores se virassem. Eles empunharam as varinhas mais uma vez, e Snape tirou as pedras que estavam mais em cima com muita cautela, libertando Douglas. Ele havia se desconcentrado ao ouvir a voz de Aline e o feitiço de proteção falhou, fazendo com que algumas das pedras se apoiassem nele.

- Sr. Berttapeli! – exclamou McGonagall mais uma vez. – Eu não esperava essa imprudência do senhor, ainda mais em uma situação de risco como essa.

- O que o senhor pensava em conseguir seguindo o intruso, Sr. Berttapeli? – perguntou Snape, mas ele não deu chance para o garoto responder. – Por que não correu para chamar algum dos professores ao invés de usar as pernas para correr atrás do intruso?

- Ora, Snape – disse Lupin em seu tom calmo de sempre –, não haveria tempo para chamar os professores, o intruso escaparia do mesmo jeito. Você conseguiu ver quem era, Douglas?

- Bom, eu não pude reconhecê-lo, mas o capuz dele caiu enquanto corria.

- Está vendo? – continuou Lupin no mesmo tom calmo, e agora os outros dois professores também se acalmavam. Ele sabia que a suspeita de Snape era infundada por causa do bicho-papão de Douglas, e mais tarde arranjaria tempo para explicar isso aos outros. - Essa perseguição imprudente nos rendeu uma descrição do atacante. Você consegue lembrar como ele era, Douglas?

- Era meio careca, não muito alto. Ah, e a mão esquerda dele parecia feita de algum metal, só deu para ver uma pontinha prateada por debaixo da manga.

Um estranho brilho passou pelos olhos de Lupin, mas Aline e Douglas não puderam identificar o que era. O professor havia ficado ligeiramente pálido também, mas aquilo não foi notado pelos outros professores.

- Vamos, é melhor voltarmos para o salão – disse a profª Minerva quebrando o silêncio que havia se instalado naquele corredor depois da descrição que Douglas dera.

- Você está bem? – perguntou Aline em um sussurro para Douglas. Eles andavam logo atrás da profª McGonagall, sendo seguidos por Snape e Lupin. – Não se machucou?

- Só alguns arranhões da hora em que ele explodiu a parede – cochichou Douglas de volta. – E uma leve dor nas costas por causa das pedras que caíram em cima de mim. – Mas aquilo estava doendo mais do que ele queria admitir.

Quando eles chegaram ao salão, viram Dumbledore sentado em uma das cadeiras e a Profª Hornby checando a leve cicatriz que havia ficado pelo rasgo nas vestes.

- Bem, quem fechou esse ferimento fez um excelente trabalho! – disse a professora se virando para o grupo que chegava. – Foi você, senhorita?

- Fu-fui eu sim – disse Aline meio sem jeito.

- Esse feitiço é bastante avançado. Estou surpresa que tenha conseguido executá-lo sem precisar das aulas e em tão pouco tempo – disse a professora encarando Aline com orgulho.

- Acho que o que ainda falta ser dito é que você salvou a minha vida, Aline – disse o diretor por detrás dos óculos de meia-lua.

Aline corou um pouco com o elogio, e Douglas segurou a sua mão para mostrar que também estava orgulhoso dela.

Depois disso, Dumbledore pediu que às professoras fossem até a ala hospitalar, onde Madame Pomfrey podia estar precisando de mais ajuda que ele no momento. Assim que elas saíram, o diretor se levantou e olhou sério para Douglas e Aline, e os dois só ficaram esperando ele dizer alguma coisa (e, claro, soltaram as mãos discretamente).

- Eu presumo que vocês estejam cientes do perigo que correram hoje, e que você, Douglas, poderia ter sido gravemente ferido pelo que fez. – Douglas só confirmou com a cabeça. – A atitude dos dois foi muito digna, mas eu não quero que se arrisquem assim outra vez. Bem, eu acho que coragem, lealdade e bom uso da mágica merecem alguns pontos. Sessenta e cinco por cabeça, para ser mais preciso. – Aline e Douglas olharam surpresos para o diretor. Achavam que ele ia dizer alguma coisa sobre estarem fora dos dormitórios depois do toque de recolher, mas nem fizeram questão de lembrá-lo disso. Snape fez uma leve careta ao ouvir a Grifinória ganhar tantos pontos. – Agora, eu peço que vão diretamente para os seus dormitórios, e confio que assim o farão. Severo, Remo, preciso dar uma palavra com os dois.

Aline e Douglas saíram do salão ainda chocados com o que havia acontecido, e não falaram enquanto iam para a torre da Grifinória. Quando chegaram lá puderam constatar que todos os outros alunos haviam ido dormir, e que ninguém havia ouvido as pequenas explosões andares abaixo. Douglas foi o primeiro a quebrar o silêncio:

- Dumbledore não quis falar sobre o que aconteceu na nossa frente.

- Eu acho que ele está preocupado por alguém ter entrado em Hogwarts. Isso é extremamente preocupante, e nem quando Você-Sabe-Quem estava no seu auge havia tentado uma coisa dessas.

- Mas não é estranho que o intruso não tenha acabado com o serviço? – disse Douglas se sentando em uma das poltronas de frente para a lareira. – Ele fugiu antes da gente entrar no salão. É quase como se não esperasse encontrar ninguém no caminho.

- Mas então, o que ele poderia ter vindo fazer?

- Não faço a mínima idéia.

Os dois foram dormir com a dúvida pairando sobre suas cabeças, mas acabariam por descobrir a resposta na manhã seguinte.

Mesmo que os professores planejassem manter segredo do ocorrido, isso não seria possível. Não, não foi só porque Douglas e Aline contaram para Fred, Jorge e Cinthia o que havia acontecido na noite anterior, foi por causa de um sinal muito mais visível aos outros alunos.

No café da manhã, Dumbledore provavelmente iria falar alguma coisa do ocorrido, já que fez menção de se levantar quando todos os alunos estavam no salão, às quinze para as nove. Mas ao invés de todos cessarem as conversas paralelas para ouvir o diretor, os murmurinhos aumentaram terrivelmente, e o diretor não pôde deixar de perceber que muitos alunos apontavam para a parede às suas costas. Ele se virou e ficou surpreso com o que viu, assim como os outros professores.

Grandes símbolos começavam a aparecer lentamente por toda a parede, como se alguém as estivesse escrevendo com uma tinta preta bem forte, mas não faziam sentido nenhum. Quando acabou de escrever, os alunos explodiram em comentários em tons mais altos dessa vez, e Dumbledore teve que elevar o tom de voz para que todos fizessem silêncio.

- Por favor, não se alarmem. Peço que todos os alunos voltem para as suas salas comunais, em silêncio. A primeira aula do dia será cancelada para que os diretores de cada casa possam explicar o que está acontecendo. Os professores que continuarem no salão me ajudarão aqui.

Dizendo isso, todos os alunos se levantaram e seguiram os monitores de suas casas ainda fazendo muito barulho. Os professores responsáveis pela direção delas ainda falavam com Dumbledore, e só dali a alguns minutos rumariam para as salas comunais.

Ainda no saguão de entrada, Aline deixou o encargo de guiar os alunos para outro monitor para ir falar com os Douglas, Fred, Jorge e Cinthia.

- Agora já sabemos para que ele invadiu o castelo – disse ela ao encontra-los no meios dos outros alunos, levando-os para um canto.

- Mas qual é o sentido em colocar uma pichação maluca dentro das paredes de Hogwarts e se mandar depois disso? – disse Fred. – Isso é obra de um lunático, e não de um Comensal.

- Aquilo não é uma pichação qualquer – disse Cinthia. – Aquilo é um código, tenho certeza. Tem muitos símbolos repetidos pra ser apenas poluição visual. Só depois de decifrado é que vamos saber se era trabalho de um maluco ou de um Comensal da Morte.

Cinthia tirou do bolso um bloquinho e uma pena e começou a anotar os símbolos que estavam na parede.

- De onde é você arranjou esse bloquinho? – perguntou Jorge.

- Ah, isso. Como eu sou meio esquecida eu decidi ter um bloquinho no bolso para anotar o que eu achava importante. Escrever me ajuda a lembrar, e foi aqui que eu anotei aquelas coisas estranhas que o Moody estava fazendo no final do ano.

Cinthia acabou de anotar e mostrou o código para os outros.

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- Como é que eles esperam alguém entenda isso?! – disse Douglas. – Parece mais uma conta matemática maluca.

- Bem, alguém no castelo deve saber o código que usaram para a mensagem – disse Cinthia. – ou pode ter uma senha que a revela.

- Se for uma senha, então isso daí pode ser só um embaralhado de letras. – disse Aline.

- Não necessariamente. Eu li no livro de Aritmância que mesmo mensagens em código escondidas por um feitiço ou senha precisam seguir um padrão lógico, já que a senha decifra o código como faria um bruxo, só que em menos tempo.

- Isso vai ser um problema – disse Fred. – Quem é que tem lógica suficiente para decifrar isso aí? Quer dizer, todo mundo sabe que nenhum bruxo se preocupa muito com a lógica.

- Alguns sim – disse Cinthia. Agora eles estavam seguindo os últimos alunos para as salas comunais antes que algum professor os pegassem. – Aritmância é pura lógica. Acho que a Profª Vector vai conseguir decifrar isso.

Eles se separaram na escada do terceiro andar. Poucos minutos depois os diretores das casas passaram para dar os recados necessários. Eles relataram o que aconteceu na noite passada, mencionando Aline e Douglas, e que a pichação era obra do intruso. Aquilo deixou quase todos os alunos preocupados, já que Hogwarts nunca havia sido invadida antes, e ainda mais com tamanho êxito. Eles disseram que os professores estariam trabalhando na mensagem da parede, mas as aulas continuariam normalmente, para o descontento de alguns alunos.

Dumbledore não escondeu o caso, mas o Ministro da Magia não quis acreditar nele, dizendo que o diretor havia feito aquilo só para chamar a atenção. Dumbledore ficou extremamente irritado com aquilo, e concluiu que nada do que dissesse poderia convencer Fudge de que Voldemort havia voltado e que a comunidade bruxa corria grande perigo.

Dias se passaram sem que eles conseguissem nenhum resultado, e a mensagem na parede não pôde ser apagada por nenhum feitiço ou poção, e os professores resolveram cobrir a mensagem com uma tapeçaria para não deixar os alunos nervosos. A Profª Vector não era a única que estava tentando decifrar a mensagem. O Prof° Snape também havia se voluntariado para tentar decifrar o código, e os professores McGonagall, Flitwick e Lupin procuravam feitiços e palavras-chave que pudessem decifrá-lo.

Estranhamente, a mensagem na parede desapareceu no final do mês, e os professores retiraram a tapeçaria. Aquilo não atrapalhou a rotina dos alunos, mas todo o castelo estava rodeado por um clima de tensão quase insuportável. Os professores pediram que eles não se preocupassem, já que depois de um tempo nada aconteceu, mas eles não desistiram do código.

N/A: Para aqueles que são leitores ávidos como eu, o código pode ter parecido um tanto familiar. Eu tirei os símbolos do livro "O Escaravelho", de Edgar Alan Poe (é, eu sou fãzona dele...), que também foi uma inspiração para essa parte da fic. A única diferença foi que eu mudei um e outro símbolo que não tinha no teclado e inventei outros que estavam faltando, e ainda separei as palavras, já que a Cinthia não é a maior dos gênios para descobrir fácil, fácil um código daqueles.