Capítulo 54 – O grande medo de um grande bruxo
N/A: Agora sim a fanfic ficou séria, mas foi sem querer, viu gente! Eu esperava escrever essa parte de uma forma mais amena, mas não deu para resistir... eu adoro fazer os outros se roerem com o suspense! Olha o furgão do St. Mungo outra vez! O que eles querem agora?
- Ei, Nina! Pare! Eu estou ocupada agora, não posso fazer carinho em você. Ai, não... olha só o que você fez com esse pergaminho, agora está sem um pedaço por causa da sua mordida... fica desse lado que você não atrapalha!
Cinthia lutava para deixar a gata quieta enquanto tentava se concentrar. Ela estava no dormitório, rodeada de pergaminhos, anotações, e almofadas na cama. Almofadas? Bom, sempre dizem que o melhor para se concentrar é ficar em um ambiente confortável, e o que é mais confortável do que almofadas macias? (Os pufes fofos eram as únicas coisas que ela gostava nas aulas de Adivinhação.)
Mas não era na lição de casa que Cinthia estava se concentrando. Como os professores, ela também estava intrigada com aquela mensagem, e era por isso que ela estava rodeada de pergaminhos cheios de símbolos e papéis amassados. Ela já havia lido alguns livros (literários) que envolviam enigmas e charadas, e como ela quase sempre descobria o culpado antes do fim resolveu tentar decifrar a tal mensagem. Mas não tinha esperanças de que realmente fosse conseguir, apenas fazia isso para se distrair quando tinha horários livres. Se conseguisse, melhor!
- Cinthia! O que você fez com as almofadas da minha cama? – perguntou uma Luciana surpresa ao entrar no dormitório.
- Ah, você não se importa, né? Fica mais confortável com elas.
- É claro que eu me importo! Olha como a minha cama ficou desarrumada! – Luciana pegava as almofadas de volta, mas não estava realmente zangada. – Além do mais, eu posso precisar delas para salvar o mundo a qualquer hora.
- É, eu também – murmurou Cinthia voltando a prestar atenção naquela mensagem esquisita.
Com a mudança de mês veio uma brisa de pensamentos claros para a escola, e alguns alunos se beneficiaram com ela, nos estudos e...
- Eu não acredito! – exclamou Cinthia. Alguns dos alunos que estavam em volta olharam torto para a garota, já que ela estava no salão principal com Aline, Fred, Jorge e Douglas fazendo os deveres, a mesma atividade dos outros alunos.
- Que foi Cinthia? – perguntou Aline? – Anotou errado a tarefa?
- Não, é só que... Me dêem alguns minutinhos.
A garota saiu correndo do salão, deixando a lição por terminar. Ela voltou dois minutos depois com uma braçada de folhas de pergaminhos.
- O que é tudo isso? – perguntou Fred.
- Eu estive trabalhando em cima daquela mensagem esquisita nas últimas semanas, e só faltavam um detalhe crucial para eu conseguir decifrar a mensagem – disse ela afastando os deveres com uma mão e jogando as dezenas de folhas em cima da mesa. – Como eu não conhecia nenhum feitiço útil para isso eu decidi fazer do jeito normal mesmo, mas só agora eu tive um lampejo para descobrir o resto da mensagem.
Jorge deu uma olhada para a tarefa que Cinthia estava fazendo: números, números e mais números. – Por causa da tarefa de Aritmância?
- Eu já disse antes que isso aí é pura lógica. Não é à toa que só agora me veio esse clarão. Eu não esperava decifrar, mas acho que agora já sei o que faltava.
Cinthia começou a consultar os pergaminhos, a fazer outras anotações, riscar algumas antigas e a olhar constantemente para a folhinha em que estava anotada a mensagem. Os outros acharam melhor não incomodá-la e preferiram ficar olhando o trabalho dela.
- Ai meu Deus! – disse Cinthia ficando pálida, quase caindo da cadeira.
- O que diz a mensagem? – perguntou Douglas.
- Leia – disse entregando o papel a ele, mas voltou a revisar as anotações para ter certeza de que não havia errado, o que teria sido uma opção mais favorável.
those who want to serve the lord of darkness shall prove your loyalty the ones who are disposed to devote your life to him must be at the hogwarts gate on january twenty seventh at one am after that there will be no return or forgiveness for the cowards
- Mas isso ainda assim não faz muito sentido – disse ele passando o papel aos outros.
- É porque tem que por a acentuação correta – disse Cinthia entregando outro papel a ele. – Acho que deve ficar assim, mas eu não tenho certeza absoluta.
Those who want to serve the Lord of Darkness shall prove your loyalty. The ones who are disposed to devote your life to him must be at the Hogwarts' gate on January twenty-seventh at one A.M. After that there will be no return or forgiveness for the cowards.
Tradução: Aqueles que quiserem servir ao Lord das Trevas devem provar a sua lealdade. Os que estiverem dispostos a devotar sua vida a ele devem estar nos portões de Hogwarts no dia vinte e sete de janeiro à uma hora. Depois disso não haverá volta ou perdão para os covardes.
N/A: Vocês não esperavam mesmo que um Comensal britânico escrevesse um código em português, não é? E me desculpem pelo inglês picareta para aqueles que entendem mais do que eu, é que eu só estudei o básico até agora e não sabia algumas palavras, por isso formei as frases de acordo com o que eu achei que daria mais impacto.
- Que recepção calorosa – disse ele com sarcasmo.
- Temos que levar isso ao diretor imediatamente – disse Aline. – Mesmo estando um pouco atrasado, acho que Dumbledore ainda vai querer saber disso.
- Mas nós não sabemos a senha da sala dele – lembrou Jorge. – Se tivéssemos o Mapa do Maroto poderíamos entrar na sala dele numa boa, mas o Harry disse que ele foi confiscado outra vez.
- Temos que procurar a Profª Minerva então. A sala dela não tem senha – disse Aline se levantando e ajudando Cinthia a pegar todos os pergaminhos que podiam ser úteis para mostrar ao diretor.
Os cinco saíram correndo do salão principal e por isso não notaram que quatro pares de olhos os observavam por causa de todo aquele alvoroço. Um deles se aproximou dos lugares que eles haviam deixados vazios e olhou para as anotações que estavam em cima da mesa, erguendo uma sobrancelha.
- Hum. Teria sido muito mais fácil se eles simplesmente tivessem dito ascendo... – disse ele baixinho, em tom de desdém, e o código que estava em um dos pergaminhos se decifrou imediatamente. – Finite incantatem... – ele murmurou, e a mensagem voltou para a sua forma original. – Não faz diferença, já é tarde agora.
- Mas professora, é muito importante! – dizia Douglas. Eles pediram para ir falar com o diretor, mas McGonagall insistia que ele estava muito ocupado.
- Ele não pode ver ninguém agora, está numa reunião. Seja qual for o assunto, vocês podem tratá-lo comigo.
- É sobre aquele código da parede que sumiu há alguns dias – disse Cinthia revirando as folhas que tinha nos braços, puxando uma delas para fora do bolo. – Veja! É isso o que ela dizia!
A professora leu a tradução e ficou chocada. – Como vocês têm certeza de que é esse o significado? Espero que essa não seja uma brincadeirinha de vocês – disse ela olhando discretamente para Fred e Jorge.
- Não é uma brincadeira, professora. É a mais pura verdade!
Se Aline não estivesse no meio deles a Profª Minerva provavelmente não acreditaria neles. Se tinha uma coisa que ela prezava muito era a palavra de um dos monitores-chefe, ainda mais em um assunto tão sério.
- Muito bem, suponho que esses pergaminhos todos sejam a resolução da mensagem. – Cinthia confirmou com a cabeça. – Deixe-os aqui. Vou mostrá-los a Dumbledore quando ele tiver tempo. Agora, prefiro que não falem nada a outros alunos enquanto o diretor não se pronunciar. E falo sério – disse ela olhando claramente para Fred e Jorge. – Se não me engano, está quase na hora do toque de recolher.
Os cinco entenderam que ela os queria fora dali, de preferência dentro dos dormitórios. E eles foram, mas estavam tão preocupados com a mensagem quanto a professora havia ficado, embora ela não houvesse demonstrado. Eles foram se deitar e o mesmo pensamento passava na mente dos cinco: haviam Comensais da Morte dentro de Hogwarts.
Entretanto, eles não ouviram nem uma palavra do diretor na manhã seguinte, e ficaram preocupados. E se ele não os tivesse levado a sério? Mas Dumbledore não apareceu durante todo o café da manhã, então eles esperaram. No almoço foi a mesma coisa, e eles esperaram outra vez. Por conseqüência disso, não conseguiam se concentrar nas aulas, que, por sinal, eram muito importantes para os exames finais.
Mas foi durante a aula de Adivinhação que a monotonia deles foi quebrada, quando a Profª Minerva colocou a cabeça para dentro alçapão.
- Desculpe interromper a aula, Profª Trelawney, mas eu preciso que a Srta. Christino me acompanhe.
Fred, Jorge e Douglas olharam surpresos para ela, e Cinthia retribuiu com o mesmo olhar, se levantando. Sibila não ficou nem um pouquinho contente, já que haviam quebrado a aura mística que havia na sala dela, e quando falou foi com um leve tom de desgosto.
- Não há nenhum problema nisso. Pode se retirar, minha querida.
Cinthia acompanhou a Profª Minerva até a sala de Dumbledore, e tentou guardar a senha caso precisasse mais tarde (Delícias Gasosas), o que foi um esforço tremendo sem poder anotar no bloquinho. N/E: Não exagera... A professora a deixou na porta e voltou pelo caminho que haviam feito para preparar a sua próxima aula.
Assim que entrou na sala de Dumbledore, Cinthia correu os olhos pelo recinto, reparando principalmente na bela fênix em um poleiro à um canto. Como o animal estava com os olhos fixos para a mesa do diretor, Cinthia olhou para lá também, onde Dumbledore a esperava. A Profª Vector também estava na sala, e segurava as anotações que Cinthia havia deixado com Minerva. Ela era uma bruxa baixa, de cabelos curtos já meio grisalhos que ainda tinham um pouco da cor castanha, e grandes olhos negros que a denunciavam como sendo uma observadora minuciosa.
- Sente-se, por favor. – Cinthia obedeceu, mas o próprio Dumbledore continuou de pé, assim como a professora.
"A Profª Hannah estava me ajudando a conferir todas as suas anotações – Dumbledore destacou o 'todas' com um tom divertido -, e tenho que dizer que foi um trabalho e tanto o que você fez. Não são todos os alunos que tem essa lógica e raciocínio rápido. Começar pela letra "e", que é a mais usada na língua inglesa, foi um começo muito bom. N/A: Raciocínio rápido?!?! Sem comentários...
- Eu... só fiz o que pude... para ajudar. – Cinthia não sabia se falava que havia feito aquilo nas horas vagas enquanto que a Profª Vector havia gastado boa parte dos dias tentando decifrar a mensagem. Não, era melhor ficar quieta. – Sinto muito por ter decifrado a mensagem só agora. Acho que não pode ser muito útil.
- Muito pelo contrário, Cinthia. A informação contida nela é de extrema importância, apesar de ser alarmante. O fato de que Voldemort – Cinthia estremeceu visivelmente a ouvir o nome do bruxo – está tentando recrutar novos Comensais dentro de Hogwarts nos mostra que ele ainda está juntando forças, mas isso também deve ter um motivo. Ele nunca havia tentado se infiltrar na escola antes, o que significa que está bastante confiante. Quanto aos alunos, tomaremos medidas para descobrir quem respondeu a mensagem, mas eu espero que eles simplesmente não existam.
"Eu apreciaria se você esperasse o meu pronunciamento no jantar para dizer alguma coisa a os seus amigos – Dumbledore pareceu ler a mente dela, já que Cinthia estava exatamente pensando em ir contar aquilo tudo aos outros quando saísse dali.
- Ah sim, antes que eu me esqueça... todo esse trabalho merece algum reconhecimento. Acho que sessenta e cinco seja uma pontuação justa. E preciso que você avise à Srta. Aline e ao Sr. Douglas que vocês três receberão um prêmio por serviços prestados à escola. Vai estar na sala dos troféus já na segunda-feira. Eu estava tão distraído nos últimos dias que me esqueci de dizer isso a eles.
Dumbledore se levantou, tendo a conversa como encerrada.
Cinthia estava simplesmente estática. Ia receber um prêmio por serviços prestados à escola! Nunca, nem em um milhão de anos que ela imaginaria que isso fosse possível. Nunca!
Mas a Profª Hannah N/A: ou Vector para os Zé-alguém da vida que ainda não entenderam quebrou o estado onírico de felicidade em que Cinthia estava, lembrando a garota de que já havia acabado a conversa com Dumbledore.
- Alvo, se você não se importa, eu gostaria ainda de dar uma palavrinha com a Srta. Christino.
- Claro, Hannah. Fique à vontade para usar a minha sala. Eu preciso mesmo enviar uma carta urgente ao Ministério. Com licença... N/A: Arre! Em algum lugar ainda existe boa educação!
O diretor saiu fechando a porta, e a Profª Vector se sentou na cadeira ao lado de Cinthia. Ela estava com um olhar sério, como se estivesse avaliando a garota, e Cinthia não pôde deixar de se sentir um pouco nervosa. Mas a professora percebeu isso e deu um sorriso para não preocupá-la.
- Acho que você já sabe sobre o que eu quero falar com você – disse ela ainda mantendo o sorriso.
- Não... mas tenho uma boa idéia do que pode ser. – Cinthia reparou que aquilo fez a professora sorrir mais, e agora não havia mais traços analíticos no olhar dela.
- Falando assim você me lembra da época em que eu era jovem. Você não deve saber disso, mas antes de dar aulas em Hogwarts eu trabalhava no Ministério. Já ouviu falar na Divisão da Inteligência?
Como prometido, Dumbledore divulgou a tradução da mensagem a todos os alunos depois do jantar, mencionado, é claro, o prêmio que seria dado aos três alunos que ajudaram. Disse também que todos os alunos permaneceriam no salão enquanto os professores revistavam os dormitórios. Muitos alunos pareceram ficar preocupados com aquilo, mas a maioria eram garotos. Até Fred, Jorge e Douglas não se sentiram bem ao ouvirem aquilo.
- O que é que vocês tem? – perguntou Aline, reparando na cara dos três.
- É que... que... - começou Fred, mas ele não sabia como falar das revistas que estavam escondidas debaixo das camas dos três, situação que também se aplicava a muitos de seus clientes.
- Eles podem acabar descobrindo a capa da invisibilidade, não é mesmo? – disse Cinthia percebendo o aperto em que eles estavam.
- Ééé – concordou Jorge, seguindo a mesma linha de raciocínio dela. – Isso certamente vai fazer com que Filch nos dê detenções por todas as vezes que saímos ilesos das brincadeiras.
- Esperem, Dumbledore vai explicar como eles vão revistar os dormitórios – disse Aline.
Dumbledore falou que os diretores de cada casa já estavam passando nos dormitórios e executando os feitiços que localizariam qualquer material usado para praticar a arte das trevas ou que tivesse qualquer relação com a mensagem que foi deixada na parede. Ele disse que as provas seriam levadas à Seção de Julgamento de Menores, e, claro, os alunos acusados seriam expulsos de Hogwarts.
Demorou um bom tempo para terminaram de revistar os dormitórios, e quando os professores voltaram, todos ficaram alarmados ao ver que os quatro traziam evidências de magia negra. Mas o profº Flitwick era o mais carregado, já que trazia um enorme embrulho preto e peludo, que era um pouco pesado para o baixinho professor. Ele deixou o embrulho no chão à frente da mesa dos professores, enquanto os outros traziam as evidências que haviam achado.
O primeiro a colocar as provas na frente de Dumbledore foi Snape. Havia um pergaminho com a mensagem decifrada, e alguns ingredientes para poções que eram proibidos pelo Ministério.
- Estes artefatos pertencem ao Sr. Brutus Burkes. Foram encontrados em um compartimento muito bem escondido debaixo do piso do malão.
Burkes se levantou furioso. Ele olhou para Giovanni, McNair e Avery com que pedindo ajuda, mas estes simplesmente olharam chocados para ele como se não soubessem de nada.
- Sr. Burkes, por aquela porta, se não se incomoda – disse o diretor. Brutus lançou a Snape um olhar extremamente ameaçador, ao que o professor devolveu-lhe com frieza. Lupin tinha a varinha apontada para o garoto e o acompanhou para dentro da sala, conjurou algemas e tomou-lhe a varinha, voltando para o salão.
Snape colocou mais alguns ingredientes à frente do diretor e disse em um tom mais neutro do que quando anunciara Burkes, quase como se ele mesmo estivesse surpreso com o ocorrido:
- E estes foram achados debaixo do colchão da Srta. Amanda Darkcat.
A garota continuou sentada, parecendo que havia entrado em choque. Quando Lupin se aproximou dela, Amanda se levantou muito consternada.
- Só pode haver um engano – disse quando o professor lhe tomou a varinha. – Eu nunca vi essas coisas na minha vida, eu juro! Eu nuca vi isso antes, nem sei o que são! – disse ela elevando a voz enquanto o professor lhe algemava e levava para a mesma sala em que estava Burkes.
- Foi só o que encontrei, Dumbledore – disse Snape.
Aquilo soou estranho para Fred, Jorge, Douglas, Aline e Cinthia, como se desde o momento em que a mensagem fora decifrada eles esperassem que um dos envolvidos fosse Giovanni. Eles cinco olharam curiosos para a mesa da Sonserina, na direção dele. O garoto viu que eles o observavam, e retribuiu com um olhar de superioridade, misturado com um sorrisinho de... triunfo?
As outras mesas também pareciam ter ficado muito surpresas. Amanda parecia ser a única sonserina descente no meio deles, e era a última pessoa de quem se suspeitaria que praticava a arte das trevas. Ela já estava em prantos quando Lupin fechou a porta, e o professor parecia realmente arrependido de ter feito aquilo. Se ela, uma garota tão querida, havia sido acusada de praticar arte das trevas, não havia como julgar os outros pela personalidade.
- E ela era extremamente simpática comigo – cochichou Aline para os outros, um pouco chocada. – Era sempre muito legal nas reuniões dos monitores, e sempre criticava os seus colegas.
Mas na mesa da Sonserina também haviam comentários sobre a garota, mas metade deles era diferente do que circulava nas outras mesas.
- Estávamos mesmo precisando nos livrar dela. Estava ficando muito enxerida nos assuntos particulares dos outros.
- Nem puro-sangue ela era para se tornar monitora da sonserina.
- Até que a Whisp foi esperta em esconder as suas coisas debaixo do colchão daquela magricela de óculos.
Mas, como todo o salão estava cheio de cochichos, sussurros e comentários não foi possível aos professores distinguirem um do outro, e isso simplesmente passou despercebido.
Em seguida, a Profª McGonagall colocou um pergaminho à frente de Dumbledore. Era visível que ela estava muito nervosa, pois inspirava rapidamente e suas mãos tremiam ligeiramente.
- Estas são instrução de uma poção terminantemente proibida pelo Ministério, que resulta em um veneno que não deixa vestígios. Foi achada no forro da cama do Sr. Harold Wellington.
Um garoto do sexto ano da Grifinória, de rosto quadrado e olhos miúdos, se levantou bruscamente, dando alguns passos para trás enquanto Lupin se aproximava dele. Percebendo que não teria como escapar do salão cheio de professores, ele deixou que Lupin o algemasse. Enquanto o professor o levava para a sala em que os outros dois estavam confinados, o garoto ainda protestou:
- Isso não vai ficar assim! Eu tenho os meus direitos!
Lupin tomou-lhe a varinha e empurrou o garoto de qualquer jeito para dentro da sala. Antes que pudesse fechar a porta, puderam ouvir o outro aluno falar em um tom de mofa:
- Você está bancando o idiota, Wellington.
- Cale a boca, Burkes! Você também não foi muito esperto. Trazer as mercadorias do seu pai para a escola... onde já se viu!
Lupin fechou a porta, cessando também o som dos choramingos de Amanda, mas parecia que o professor havia visto o fantasma de uma lembrança ruim pela cara que fazia.
- Isso também terá que ser informado ao Ministério – disse ele simplesmente.
- Sim, terá – disse o diretor. – Mas alguém, Minerva?
- Não, Dumbledore. Foi só o que encontrei.
Todos os grifinórios ficaram aliviados em ouvir aquilo, mas não era garantia que todos tivessem os mesmos motivos.
Flitwick colocou um objeto muito estranho na frente do diretor (tendo que dar a volta por trás da mesa por ser baixinho). Era uma espécie de teia feita com fios negros presa em um aro de bronze, como aqueles apanhadores de sonhos. Mas o curioso era que os fios negros brilhavam, e havia uma pedra oval no centro, de um marrom estranho, mas também muito brilhante.
- É um Controlador de Sonhos, diretor. É usado para influenciar a vítima através do sono, induzindo-a contra a vontade. Achei no meio dos pertences do Sr. Brian Nelvous.
O garoto se levantou lentamente, lançando um olhar frio e quase sem emoção aos professores e aos seus colegas da Corvinal. Ele entregou a sua varinha a Lupin sem resistência, e deixou-se algemar. O professor o seguiu até a porta, e Brian andou até lá de cabeça erguida. Não disse nada, não resistiu. Ele sabia que se deixasse escapar alguma coisa poderia se complicar mais tarde, como o Burkes e Wellington.
- Veja quem se juntou a nós – disse Wellington quando Lupin abriu a porta. – O Senhor Eu-Faço-Do-Jeito-Que-Quero teve um deslize, afinal.
Não se ouviu nenhuma palavra vinda de Brian, e Lupin fechou a porta.
- Meu Deus! – disse Cinthia. – Ele não parecia ser um cara mau. Se bem que ele não era muito educado comigo e a Luciana nas aulas.
- Síndrome do puro-sangue – disse Fred.
Flitwick deu duas folhas de pergaminho a Dumbledore. Uma continha a mensagem decifrada, e a outra era bem pequena, contendo apenas uma palavra: "ascendo".
- Esse é o código, e suponho que essa seja a senha que usaram para decifrá-lo.
Dumbledore olhou atentamente para aquela única palavra, e disse mais para si mesmo que para os outros no salão: - "Ascendo"... simples e engenhoso... não há dúvidas de que ele está mais confiante agora... Qual é o aluno responsável por estas anotações? – perguntou ele a Flitwick.
- Orácio Stebbins.
Lupin foi até ele como fez com os outros, mas o rapaz do sexto ano não se levantou.
- Vamos, Sr. Stebbins. Você não quer causar confusão, não é? – disse o professor em um tom que não lembrava em nada o seu jeito calmo de falar. Parecia que ele estava cansado de descobrir tantos traidores em Hogwarts.
Orácio se levantou a contragosto, lançando um ar desafiador a Lupin. Ele entregou a varinha com alguma resistência, andando lento até a sala em que os outros estavam confinados.
- Eu esperava que você fosse mais esperto, Stebbins – todo o salão pôde ouvir Brutus criticá-lo. – Nunca devíamos ter te dado a senha.
- Cale-se, Burkes. Você também foi pego com a mensagem decifrada.
- Mas pelo menos eu não deixei a senha largada por aí.
Antes que pudessem ouvir mais comentários espirituosos dos Comensais mirins, Lupin fechou a porta com força, e ainda tentava se controlar.
- É só, Dumbledore – disse Flitwick com um ar melancólico. Ele não imaginava que dois alunos sob sua direção pudessem estar do lado das trevas.
- Tudo bem, Filius – disse Dumbledore para acalmá-lo. - Profª Sprout?
Ela colocou um frasquinho na frente do diretor, que continha um líquido estranhamente cinza. Mas o mais horrível era que tinha alguma coisa dentro do vidro, e olhando mais de perto se parecia com uma mecha de cabelos grisalhos.
- Eu falei com o professor Snape e ele me confirmou que isso é uma poção para envelhecer. Mas não é como a comum, que precisa ser tomada pela pessoa. Essa poção envelhece aos poucos, dependendo do tempo em que algo dela permaneça dentro da poção, e pode levar à morte. Foi encontrada na cômoda da Srta. Suelen Fawcett.
- Você não tem provas de que isso é meu! – disse a garota se levantando bruscamente, assustando suas colegas de classe.
- Se não me engano, a senhorita me disse outro dia que morava sozinha com seu avô, e sei que a sua família tem uma boa fortuna – disse Lupin se aproximando dela. – A varinha, por favor.
Suelen entregou-a a Lupin grosseiramente, deixando-se ser algemada com uma cara de extremo inconformismo. Mas quando Lupin colocou a mão no seu ombro para levá-la até a sala em que os outros estavam, a garota repuxou-o para que ele a soltasse.
- Não encoste as suas patas em mim, lobisomem! – disse ela com um olhar frio. Lupin empalideceu levemente, mas não deixou que seu rosto demonstrasse uma reação. - Eu sei o que você é, e agora todos os alunos já sabem. Como é que o mocinho se sente ao ter um segredo revelado? Vamos, me conte.
- Para aquela sala, Srta. Fawcett. Agora! – disse Dumbledore elevando a voz.
A garota lançou-lhe um olhar que sugeria que ele estava sendo nada conveniente, mas foi até a porta que Dumbledore apontava. Entretanto, foi a Profª McGonagall que a abriu, já que Lupin continuava parado no mesmo lugar, com a maioria dos olhares centrados nele.
- Você disse que aquele feitiço de proteção iria funcionar – eles ouviram Fawcett falar irritada já dentro da sala.
- Eu achei que fosse funcionar – eles ouviram a voz de Stebbins responder. - Me passaram errado.
- Incompetente! Devia ter procurado mais de um feitiço.
- Você também não procurou um!
- Essa era a sua parte. Eu te passava a senha, e você o feitiço.
A Profª Minerva fechou a porta antes que pudessem ouvir mais daquela discussão inoportuna, trancando-a a um aceno de cabeça da Profª Sprout. Agora todos os olhares dos alunos estavam postos em Lupin, que continuava parado no mesmo lugar.
- Eu espero que o fato do Profº Lupin ser um lobisomem não afete a confiança que vocês tem nele como professor – disse Dumbledore lentamente, chamando a atenção de todos no salão. – Eu tenho plena confiança nele, e asseguro que todas as medidas são tomadas para garantir a segurança de vocês nos períodos de lua cheia. Se eu o contratei como professor, foi porque eu o considerei à altura do cargo. Alguma pergunta?
Todo o salão continuou em silêncio. Ninguém ousou contrariar Dumbledore, por mais que alguns estivessem chocados com o revelado. Lupin foi até Dumbledore, e em seguida todo o salão explodiu em burburinhos, não só sobre o professor mas como dos Comensais mirins que acabavam de ser desmascarados.
- Obrigado mais uma vez, Dumbledore – disse Lupin, mas agora os alunos não estavam mais prestando atenção nele.
- Eu só disse a verdade, Remo. Ninguém que te conhece diria que você é uma má pessoa só porque descobriu este pequeno detalhe. E todos temos um lado de nós que gostaríamos de esconder dos outros, por mais sem importância ou estranho que seja.
Todo aquele alvoroço pareceu ter "incomodado" o embrulho que Flitwick colocara no chão. Mas aquilo não era nenhum embrulho; tinha uma cabeça, olhos laranjas e deu um miado de indignação ao acordar. Era um gato. Não é preciso dizer o quanto todos no salão acharam aquilo estranho.
Flitwick se aproximou de Dumbledore com o gato no colo, e mesmo falando num tom normal todos o ouviram, tamanho era o silêncio que os alunos fizeram ao ouvir o miado.
- Eu não sei o que aconteceu, Dumbledore. Eu usei o feitiço no dormitório feminino do sétimo ano e essa gata voou direto para as minhas mãos. Mas eu realmente não consegui achar nada de errado com ela.
- Hã... professor? – chamou Cinthia, corando bastante ao perceber que todos no salão olhavam para ela agora. – Essa gata é minha. Ela comeu um pedaço do pergaminho que eu usei para anotar a mensagem.
- Acho então que esse animal não cometeu nenhum crime para ser levada à Seção de Julgamento de Menores – disse Dumbledore sorrindo, e quase todos no salão tentavam segurar o riso. – Mas acho que seria bom ela aprender boas maneiras à mesa. Pode devolvê-la agora, Flitwick.
O professor entregou a gata à Cinthia, que agora estava tão vermelha que quem estivesse perto podia sentir o calor que emanava do rosto dela. Dumbledore continuou falando:
- Eu espero que o que aconteceu hoje não se repita, ou serei obrigado a repetir também os procedimentos de expulsão quantas vezes forem necessárias. Peço que todos se dirijam aos dormitórios. Alguns bruxos do Ministério deverão vir ainda hoje para levar os alunos acusados. Podem se retirar.
- Foi uma noite muito estranha – comentou Douglas enquanto se dirigiam para os dormitórios. – Algum de vocês fazia idéia que o Lupin era um lobisomem?
- Não. Mas era estranho, não acham, que todo mês ele ficava doente – disse Aline.
- Bom, eu não acho que isso faça alguma diferença – disse Fred. – Ele nunca foi ruim ou atacou alguém, então não é agora que isso vai mudar.
- Será que o Ministério vai criar caso com isso? – disse Cinthia. – Vocês se lembram do ano passado, quando o Fudge desaprovou a atitude de Dumbledore em não contar que Hagrid é meio gigante e que o Harry é ofidioglota? Eu acho que isso vai pesar para o lado do Lupin. E do Dumbledore.
- Então vamos ter que ficar do lado deles – disse Jorge. – Lobisomens não tem uma fama muito boa, e alguns alunos podem não ser tão compreensivos quanto a gente. Sem querer me achar, claro, mas é a mais pura verdade...
N/A: "Ascendo" significa "ascensão" em esperanto, e não foi o único feitiço que eu "inventei" nessa língua. Fanfic também é curtura minha gente!
