Título: Estupidez

Autoras: Pamina e Mint

Sinopse:O comportado cavaleiro de aquário resolve que é hora de se declarar, o charme do cavaleiro de escorpião já estava tirando-o do sério, e como lhe faltava coragem para fazê-lo (ainda que ele não admita) resolveu embebedar-se e agarrar, sem aviso prévio, o surpreso escorpiano. Yaoi Milo x Camus. E um pouquinho de MdM x Afrodite Mu x Shaka

Retratação: Os personagens e locais não nós pertencem, são todos de Masami Kurumada. Apenas escrevemos isso aqui sem fins lucrativos e não intenção de se divertir um pouco mexendo com o Camus.

Capítulo 01

O ar frio entrava agradavelmente em seus pulmões. Respirou com força, querendo que ar gelado o congelasse por dentro, impedindo todas aquelas sensações. Ele era frio, não podia sentir essa era a mais pura realidade, Camus jamais poderia sentir. Mas estava contradizendo tudo aquilo, sentindo algo apertar dentro de si, comprimir o que achava que estava congelado há muito tempo, um remexer de borboletas dentro de seu estômago, acontecia quando avistava os cabelos azuis ao longe, balançando com o vento e ondulando mais os cachos. Vendo o cavaleiro de escorpião caminhando felinamente, com aquele sorriso de zombaria e orgulho nos lábios, os olhos se estreitando como se fosse atacar a qualquer momento. Definitivamente tudo isso não era justo com ele. Por que Milo tinha que ser tão irritantemente sedutor? Respirou mais uma vez, enevoando os pensando e sentido o chão se congelando com o seu cosmo. Só queria voltar a ser frio, somente isso.

Ouviu um barulho de passos passarem pela sua casa e reconheceu o cosmo como sendo o de Máscara da Morte. Lá ia o cavaleiro de câncer, tentando ser discreto, se dirigindo para décima segunda casa ao encontro de um alegre Afrodite. Camus já podia até sentir o cheiro de rosas que exalava da casa vizinha, Afrodite não media esforços se tratando de suas rosas, ainda mais quando sabia que seu amante apareceria àquela noite. Deixou um sorriso amargo passar por seus lábios. Até MdM já tinha se rendido àqueles sentimentos, por que o cavaleiro de gelo não podia?

Seus pensamentos se turvavam enquanto sorvia a forte bebida, sabendo que não deveria ter começado a beber assim em pleno santuário, mas ele detestava a agitação de Sábado que ficava a cidade mais próxima, onde os cavaleiros costumavam ir para beber e se divertir. Para ele toda aquela socialização, ambientes lotados e o barulho de pessoas alegres, eram irritantes. Não tinha o hábito de se render ao álcool, no entanto precisa de algo que o fizesse esquecer, mesmo sabendo que aquela era a forma mais errada e que não adiantaria muito no final das contas. Bebeu mais um gole no gargalo da garrafa e mais outro e mais outro... Se afogava nos próprios sentimentos.

Ouviu mais um barulho nas escadas que levava para a casa de peixes. Saiu da parte mal iluminada, de trás de uma das pilastras e andou para a saída de sua casa a fim de ver o que acontecia nas escadas, apesar de já ter noção do que se tratava. Levantou-se cambaleando para os lados, com a sensação de que o chão era uma espuma inconveniente que não o deixava se equilibrar e manter sua compostura. Saiu com a garrafa ainda na mão e já avistando os dois cavaleiros que se agarravam nas escadas. Por Athena! Será que não podiam controlar os malditos hormônios? Já não eram mais adolescentizinhos em descobrimento.

- Aqui não Máscara, pode aparecer alguém. – Afrodite sussurrou próximo ao ouvido de MdM.

- Até parece. Camus deve estar dormindo há essa hora, a casa dele estava bastante silenciosa, e foi você que tratou de vim até aqui em vez de me esperar na entrada da sua casa. – O italiano fogoso, agarrava possessivamente a cintura do delicado cavaleiro de peixes, afundando o rosto no pescoço e tentando aspirar ao máximo o cheiro de rosas.

Tinha que ser aqueles dois. Camus que não era adepto do voyeurismo, já foi logo reclamando, ou melhor, fazendo um escândalo, já que se encontrava sob enfeito da bebida.

- Mas que pouca vergonha é essa aqui? – Gritou, descendo as escadas. Os outros dois cavaleiros se afastaram rapidamente. Camus desceu com cuidado para não cair, sua consciência lutando para que demonstrasse mais auto controle. – Vão parando com esse agarramento, até parece que não conhecem um quarto.

- Fala baixo, Camus. – Sibilou MdM.

- Falar baixo? – Gargalhou. – COMO SE MAIS NINGUEM SOUBESSE DO CASO DE VOCES DOIS...

- Psiiiii... – O italiano tentou pular em cima de Camus para silenciá-lo, mas foi impedido por Afrodite.

- Desculpe Camus. – Pediu ajeitando a fina blusa que havia subido para o meio do abdômen. Olhou para Aquário, os cabelos meio desarrumados, o rosto um pouco rubro e uma garrafa de uísque na mão. – Você bebeu? – Perguntou meio incrédulo.

- Só um pouquinho. – Respondeu Camus, sorrindo abobalhado.

- Vamos embora daqui Afrodite, antes que apareça alguém.

- Espera, Máscara, o Camus está bêbado.

- E daí? Você já ficou bêbado inúmeras vezes, eu também, qual o problema nisso? – Dito com impaciência

- Estamos falando do Camus. O que levaria um dos cavaleiros mais certinhos e obedientes do santuário beber? – Indagou curioso e com um sorriso malicioso.

- Eu se fosse você, MdM, segurava esse cavaleiro ai antes que ele tente me agarrar. – Soltou Camus rindo descontroladamente e levando a garrafa à boca.

- Ora seu... – MdM ameaçou partir para cima de Camus, mas foi impedido por Afrodite.

- Mais que diabos estão acontecendo aqui? – Shura apareceu no meio de toda aquela confusão, sem entender nada.

- Olá Shura, venha presenciar o agarramento desses dois. – O cavaleiro de capricórnio olhou com a cara meio amassada para o casal e depois se voltou para Camus.

- São duas da manhã, eu estava dormindo sabia? Quando ouvi você berrando e acordei, o que deu em você, Camus? O que é isso na sua mão? Você está bebendo?

- Vamos embora, Afrodite. – MdM puxou Afrodite para ir com ele.

- Afrodite, você embebedou o Camus? – Perguntou Shura.

- Claro que não, que é isso, Shurinha. Por que toda vez que acontece algo assim vocês tem logo que me acusar? – Fez biquinho e Shura tentou concertar.

- Bom... É que... Foi assim com o MdM, não foi?

MdM olhou de Shura para Afrodite sem entender nada. Peixes arregalou os olhos e fez sinal para que Shura se calasse.

- Você me embebedou, Afrodite? – Perguntou o cavaleiro de câncer ficando vermelho.

- Claro que não...

- Embebedou sim. – Camus deixou a garrafa de lado. – Todo o santuário ficou sabendo, você não lembra, MdM, na festa que o Aioria deu.

- Me explique essa historia, Afrodite. – MdM já se alterava.

- É... Bom... Não foi isso não, amorzinho, eles entenderam mal e... E...

- Não enrola não, Afrodite, vai logo com isso. – Incentivou Camus.

- Camus, você bêbado não dá certo. – Shura tentou levantar o amigo e sair dali com ele antes que estragassem mais ainda o romance de Afrodite.

Tentou levantar Aquário enquanto MdM pedia explicações e um Afrodite quase choroso com aquela situação. Pela primeira vez o peixinho não tinha feito algo por mal, foi na mais pura "inocência". Shura já descia as escadas de volta para a casa de aquário, com Camus quase caindo e segurando a garrafa de uísque, tentou tomar das mãos dele, mas não obteve sucesso. Aquele ali bêbado era mais teimoso ainda. Chegaram dentro da casa e Shura já ia levar Camus para seus aposentos secretos que tinha em toda casa do zodíaco, quando o amigo pediu para que o soltasse.

- Você não está em condições de andar sozinho.

- Cadê o Milo? – Shura olhou confuso diante a pergunta e depois responde o óbvio.

- Essa hora deve estar dormindo. Você tem sorte dele não ter acordado com os seus berros, aquele ali quando é perturbado dormindo sai de perto.

- Chama ele, Shura.

- O que? - O cavaleiro arregalou os olhos. Sabia que Camus e Milo eram muito amigos e ligados, só que não havia necessidade de chamar o Escorpião, ele é que não era doido de incomodar Milo no meio da madrugada, não mesmo, ainda tinha muito o que viver. – Olha, Camus, caso você queira alguém para conversar sobre os seus problemas pode falar comigo, mas não é uma boa idéia chamar o Milo à uma hora dessas. – Ficou surpreso do que havia dito, desde quando ele tinha paciência para ouvir problemas, e nem era tão próximo assim de Camus, o único que conseguia mesmo quebrar a barreira de gelo era Milo.

- Não! Eu quero o Milo. – Camus fez uma carinha manhosa de menino perdido. – Chama ele, Shura.

Sem dúvida nenhuma aquele ali não era o frio cavaleiro de aquário. O que um pouco de uísque não faz com alguém tão controlado.

- Se você quiser eu posso chamar o Mu... – Não, não era uma boa idéia. Não queria ter que ir até a primeira casa só porque Camus tinha tomado um porre. – Quer dizer, tem o Afrodite, ele gosta de ouvir essas coisa... Ah não, esquece, ele tá com o MdM...

Camus se levantou de vez, sentindo uma tontura, resolveu ignorar. Shura tentou mais uma vez ajuda-lo, mas foi impendido com um leve empurrão.

- Não precisa chamar ele. – Aquário se dirigiu à saída de sua casa. – Eu vou até lá.

- Camus, isso já é demais. Você não pode acordar o Milo. – Já perdia a paciência com aquele ali.

- Posso sim. – Camus descia as escadas e Shura vinha mais atrás, bufando irritado.

- Milo vai fazer um escândalo se for acordado.

- Milo nunca faria um escândalo por ser acordado por mim. – Camus deixou um discreto sorriso passar pelos seus lábios.

- Volte, Camus! Eu sei que você não quer levar uma agulha escarlate. Eu ouvi dizer que dói bastante.

- Eu sei, o Hyoga me disse...

Continuou indo para a oitava casa, passando pela de capricórnio, ainda com Shura ao seu encalço e descendo para a de sagitário. Seu lado racional gritava para que desse meia volta e esquecesse aquela loucura. Tomou mais um gole de uísque na tentativa de afetar de vez a sua consciência, se dando ao luxo de baixar a guarda pelo menos uma vez. No entanto ainda tinha noção de que iria se arrepender mais tarde e que teria conseqüências se continuasse com aquela loucura. Queria tanto ver Milo, nem que fosse só para sentir aquele leve perfume almiscarado de mar que sempre sentia quando estava muito próximo do grego.

Chegou as escadas que desciam para a casa de escorpião, sua visão já não estava muito boa, conseguia ver duas pilastras lado a lado, mas tinha certeza que só havia uma e que a outra estaria mais afastada, olhou para a outra e viu mais duas, o chão rodava aos seus pés. Teve ímpeto de se jogar ali na escada e ver se parava com aquelas sensações, mas suas pernas os guiavam apenas para a casa de escorpião.

- Camus, volte! Você conversa com o Milo amanhã. – Camus não deu ouvidos. – Ah, quer saber? Eu vou voltar para a minha casa, não vou ficar aqui para ver o Milo enfurecido por se acordado.

- Shiiiii! – Camus levou um dos dedos aos lábios fazendo sinal para que Shura fizesse silêncio. – Vai acabar acordando ele. E eu quero fazer uma surpresa.

- Não acho que o Milo vá gostar dessa surpresa. Você fica muito chato bêbado, ainda bem que isso é raro.

Entrou pela saída da casa. Tudo escuro e bêbado daquele jeito não conseguiria achar os aposentos do seu amigo, mesmo conhecendo aquela casa de cor e salteado. Shura desistiu de ir atrás dele e voltou para a casa de capricórnio, pensando na estranha atitude do cavaleiro de gelo e querendo mais do que nunca voltar a dormir. Seria capaz de entregar Camus para Athena, dizendo que ele estava bêbado dentro do santuário, mas ele mesmo já havia feito isso tantas vezes que não tinha esse direito.

Camus ainda cambaleou pela casa de escorpião, mas parou ao sentir o cosmo do amigo muito próximo. Milo estava ali ao lado, encostado em uma das pilastras, de braços cruzados. Virou-se para ele meio confuso afinal, o que fazia ele ali? Não poderia falar nada a Milo.

- O que faz aqui? – O grego perguntou de forma calorosa, como era de seu costumo ao falar com Camus. Andou até ele, Camus podia notar mesmo no escuro o típico sorriso de escárnio nos lábios do escorpião.

Continua