Título: Estupidez

Autoras: Pamina e Mint

Sinopse: O comportado cavaleiro de aquário resolve que é hora de se declarar, o charme do cavaleiro de escorpião já estava tirando-o do sério, e como lhe faltava coragem para fazê-lo (ainda que ele não admita) resolveu embebedar-se e agarrar, sem aviso prévio, o surpreso escorpiano. Camus/Milo (MdM/Afrodite, Mu/Shaka)

Retratação: Os personagens e locais não me pertencem, são todos de Masami Kurumada. Apenas escrevi isso aqui sem fins lucrativos e não intenção de me divertir um pouco mexendo com o Camus.

Capítulo 02

Vinha caminhando a passos lentos enquanto Camus ansiava o contado, mas a estranha força da gravidade se fazia mais presente quando a bebida e a razão brigavam pelo controle em sua mente. Chegando a ele Escorpião não repetiu a pergunta meio abobado com o olhar cortante que Camus lhe dava, era de puro desejo, por ele? Ele se perguntava, mas o que importava, no momento ele não conseguira mesmo dormir pensando em seu aquariano. E pensar que desceu para espairecer um pouco e encontra-o com um olhar convidativo desses.

Nesse momento, tendo Milo tão perto de si e já estando tudo como estava ele não pensou duas vezes, se é que chegou a pensar, pois desde que decidira ir à casa de escorpião agira com instinto, enlaçou o surpreso escorpiano pelo pescoço sentindo enfim a textura de seus cabelos que sempre imaginara como seria em seus sonhos, tão sedosos quanto rebeldes, com um perfume temperado que ele já não tinha mais idéia de como definir. Era bom, como era bom.

A cabeça de Milo foi a mil! Pensamentos N rodeavam na velocidade da luz por sua mente. O que afinal está acontecendo... Camus está louco? Resolveu finalmente se declarar ou está apenas bêbado e me confundiu com uma mulher? Por acaso meu cabelo longo dá essa impressão? Mas que droga é isso? Ah, por Zeus ele é tão lindo... Como pode fazer isso comigo? Mas todos foram abruptamente interrompidos por um novo deliciosamente espaçoso que tomou o lugar de todos os outros. Camus levantou seu rosto, os olhos enevoados, pouco podia ser visto na penumbra em que toda a casa se encontrava, abriu levemente os lábios úmidos e a poucos centímetros estava os trêmulos lábios de Milo que imediatamente tomou posição, enfim, enlaçou Camus pela cintura aumentando o contato entre eles. No início do roçar os lábios se separam e um peso inesperado cai pesadamente sobre o corpo de Milo. Camus desmaiou!

-Ah por Zeus, Camus, o que é isso!? – Mas esse não lhe respondeu, parecia acabado depois de travar uma difícil batalha, que realmente acontecera, contra seu desejo, e perdera. Respirou profundamente com a cabeça no ombro de Milo espalhando seus cabelos com a expiração deixando o grego totalmente sem palavras.

-Er... Bom, o que fazer...? Talvez eu devesse levá-lo p'ra casa dele... - Balbuciou coçando a cabeça e observando o grande salão de sua casa.

-Não.

-Hã, Camus, Você está acordado?

-Não.

-Não!? – Milo só não ria por que a situação estava realmente muito estranha... Mas Camus falava dormindo! - Ei, francês, o que quer que eu faça então?

Camus nada respondeu, Milo instintivamente começou a alisar os longos cabelos, que desciam pelas costas de Camus, lentamente e sentiu um sono forte bater. Nem que o aquariano lhe pedisse ele subiria até a décima primeira casa agora, mesmo sendo apenas duas acima da sua, ele não queria deparar-se com um Shura de pijamas. Carregou Camus para seu quarto então, sem muita dificuldade já que esse não lhe largava por nada, deitou-o sobre a cama e hesitou todas as quinze vezes que tentou afastar-se. Como era tentador o rosto daquele cavaleiro, até dormindo ele o seduzia, mais uma vez fez menção de se afastar e então pensou como seria bom deitar-se ao seu lado, enlaçar-lhe o corpo, aquecer-lhe caso tivesse frio. Frio. Milo deu um triste sorriso.

-Hehe, boa noite, Camus.

Indo contra toda a sua vontade se levantou, e como se vestisse uma pesadíssima armadura, se afastou sem olhar para trás.

-Sabe... Eu não sei o que você veio fazer aqui hoje, mas seja lá o que for gostaria de pensar que veio me ver, porque eu não sei se você sabe, mas eu gosto de você, acho o seu mau humor simplesmente delicioso e sempre que você me reprime... - Olhou acima do ombro e encontrou Camus na mesma posição, dormindo com uma expressão de eu-bebi-demais. Correu para a porta e fechou-a atrás de si "Droga!".

-Não... Me deixe, Milo. – Soou uma voz sonolenta no quarto do cavaleiro de escorpião que já se encontrava longe demais para escutar.

000o000

De volta ao térreo o grego andava sem rumo e sentou-se na escada que seguia para a casa de Sagitário.

-O que diabos foi isso...?

Escutou passos atrás de si e um cauteloso Shura descia olhando para todos os lados, encontrou o olhar confuso, e não bravo, de Milo e seguiu até ficar ao seu lado.

-Milo, olá, boa noite, amigo... Como está?- O mais amarelo dos sorrisos.

-Tá procurando o Camus? Ele veio 'bebo' e apagou agora a pouco. Deitei ele lá em cima, se quiser pode levar, mas ele pesa, sabe...- Bom humor característico.

Shura não conseguiu esconder a cara de alívio ao saber que Camus ainda estava 'vivo', e ter encontrado Milo calmo, ao menos isso, mas se apressou em mudar a expressão.

-Ah é, não, não, é só que eu o achei estranho, sabe, ele passou pela minha casa com pressa eu nem pude vê-lo direito... heh. - Foi falando e subindo as escadas, no final da sentença, inacabada, já desaparecia na entrada da casa de sagitário.

-Hmm...

000o000

Uma, duas, sabem-se lá quantas horas se passaram, mas Camus tinha a cabeça muito cheia para conseguir dormir até o amanhecer e acordar sorridente. Já abrindo os olhos ele cobriu-os com as mãos sentindo temerosamente a violenta dor de cabeça que se aproximava, vislumbrou o quarto ainda escuro e certificou-se de que ainda era noite. Por um minuto pensou estar em seu quarto, tendo sido levado por Shura que nem deixara que se arriscasse a encarar o raivoso escorpião, mas tudo mudou quando viu a porta do quarto se abrindo e Milo entrando discretamente, tentando não fazer barulho, vindo buscar um livro numa pequena estante do outro lado do quarto. Estremeceu com os muitos pensamentos que passaram por sua cabeça e então tomou noção de sua situação. Estava ele na cama de Milo, com as roupas um pouco abertas e sem sapatos. Com a tontura da dor de cabeça fez um movimento brusco que chamou a atenção de Milo.

O Escorpião olhou encabulado para o amigo que se encontrava em sua cama e deu um sorriso, meio sem jeito com toda aquela situação. Oh Zeus! Camus havia quase beijado-o e agora estava ali em seu quarto, as faces coradas e uma das mãos na cabeça tentando segurar uma careta que insistia em aparecer. Quase riu da cara que o amigo fazia, mas achou melhor se segurar e dar uma de garoto sensato e responsável, como se isso fosse possível se tratando dele.

- Você está se sentindo bem, Camus? – Perguntou com a voz um pouco baixa e rouca. Camus o olhou mais constrangido ainda. Pensou o que afinal de contas fazia na cama do grego. Bom, pelo menos ainda estava com roupas, então talvez não fosse nada demais. Maldita bebida!

- Milo! O que eu faço aqui? Por que você me trouxe para sua cama? – Milo resolveu ignorar aquele tom de desconfiança do outro, passou a mão nervosamente pelos longos cabelos e tentou falar em tom de brincadeira.

- Eu não sei se você lembra, mas foi você quem veio até a minha casa, e por sorte me achou acordado. Você deve ter bebido demais e... – "tentou me beijar", pensou em dizer, mas conhecendo bem aquele ali não seria uma boa idéia. -...Desmaiou.

Camus não sabia se suspirava aliviado. Então não tinha feito nada demais, há não ser ir até lá e desmaiar. Agora só era agradecer e sair dali antes que não respondesse por si.

- Foi só isso mesmo que houve, Milo? – Não conseguiu se conter e acabou perguntando. – Você não fez nada, certo? – "Melhor dizendo, eu não fiz nada?". Ainda era muito orgulhoso a ponto de perguntar se tinha feito alguma coisa, era mais fácil jogar para cima do Escorpião.

Milo dessa vez não ignorou a pergunta e o tom inquisidor do amigo. Ah se aquele francês soubesse da vontade que ele teve de agarrá-lo a partir do momento em que viu sendo enlaçado por ele e o contato de seus lábios. Se soubesse o quanto se controlou para não fazer nada, tirar algum proveito da situação em que o amigo se encontrava de madrugada. Comportou-se como um bom menino e em vez de ser recompensado, o que recebeu foi desconfiança.

- O que está insinuando, Camus? – Crispou os lábios, fazendo birra feito um menininho mimado. – Eu não fiz nada. – Cruzou os braços. Devia era ter passado na cara de Camus quem foi que tentou agarrar quem ali.

- Nada, Milo? Eu sou... – Levou novamente uma das mãos a cabeça sentindo uma tontura. Oh não! Por que isso tinha que vir logo na pior hora? Não podia pelo menos esperar que ele já estivesse em sua fria casa, onde não haveria constrangimentos.

Levantou da cama rapidamente e avistou a porta do banheiro ao lado do closet. Entrou e o pior de tudo foi constatar que nem conseguiu chegar a um local apropriado para colocar toda aquela bebida para fora. O tapete do banheiro de Milo já era.

No lado de fora, Milo ainda estava na dúvida se ria ou não. Cômico demais, se não fosse a situação em que se encontrou horas atrás, antes de amanhecer. Ainda não acreditava no que Aquário quase fez com ele, mas não passava de um momento desvairado de um bêbado.

Quando aquário saiu do banheiro murmurou um desculpa (provavelmente pelo tapete) e já ai saindo do quarto, quando foi impedido pelo braço de Milo.

- Espera, Camus! – Milo fez a melhor cara felina que podia. – Você não vai me dizer por que veio até aqui? – Camus arregalou os olhos e tentou esconder sua surpresa. Não poderia falar a verdade, não já estando em seu estado normal, sóbrio.

- Hum... Eu... Eu não sei... Acho que...

- Ah, pára de enrolar, ô francês, diz logo o que você veio fazer aqui bicado daquele jeito. – Milo deu uma tapinha nas costa dele e soltou com mais zombaria do que nunca. – Quem diria heim? O Grande senhor do auto controle, que nunca faz nada de errado e obedece as ordens de Athena, bêbado, justamente no dia em que a deusa viaja. Qual foi o motivo? Ah, mas desde quando nós precisamos de motivos para desobedecer à deusa... Eu só não esperava isso de você.

Camus fuzilou Milo com o olhar. Quer dizer que ele ficava bêbado uma vez naquele santuário e já era visto com um dos irresponsáveis? E o pior era ter que fingir que era isso mesmo, melhor do que contar a Milo qual o verdadeiro motivo.

- Não tenho que lhe dar explicações, agora me deixe ir que eu tenho que treinar ainda hoje.

- Que é isso, já tá de mau humor? Se você quiser eu pego mais bebida para você. – Brincou Milo, sem conter mais o riso. Era sempre assim, melhor fingir ser alegre e brincalhão do que ter que admitir que a única coisa que queria era que Aquário continuasse bêbado para que, quem sabe, assim ter coragem de fazer o que tanto queria.

Perdendo a pouca paciência que lhe restava, Camus saiu dali, pisando duro e querendo chegar logo na décima primeira casa, resmungava, em francês, frases que se perdiam no meio, já chegava a misturar frases em francês, russo e grego. Na escada de saída de escorpião finalizou tudo com um:

- Isso é que dá beber e querer se declarar, só podia dar nisso mesmo. – E mais alto ainda soltou. – Eu mato o Shura! Ele devia ter me amarrado.

Subiu o resto das escadas sem notar Milo mais atrás, próximo a uma das pilastras, com a cara mais boba desse mundo e tentando digerir os resmungos do mal humorado francês.

Milo deixou as costas deslizarem pela pilastra e se sentou no chão frio. Camus havia ido ali para se declarar? Seus ouvidos só podiam estar lhe pregando uma peça ou estava sonhando. Baixou a cabeça, meio manhoso, desejando que tudo fosse verdade e que Camus voltasse para assumir a possível declaração. Sorriu amargamente, nunca que ele iria fazer isso. O sol batia fracamente na pilastra da sua casa e a nevoa do amanhecer ainda se dissipava. Sentia tanto sono, passou a madrugada acordado por causa de um estúpido cavaleiro de ouro que não queria assumir o que sentia.

Ainda com aquela cara de menino manhoso que acaba de perder um doce voltou a pensar na sua amizade com Camus. Era divertido apreciar o jeito peculiar e distante de Camus e sempre achou que sentia algo pelo aquariano, tentava a todo custo tirar essas coisas da cabeça, não queria perder a amizade de Camus, preferia não estar tão próximo dele, pelo menos o ter por perto sempre que quisesse e poder olhar nos seus belos olhos gélidos. Zeus! Camus havia dito que estava ali para se declarar, seus sentimentos eram correspondidos e o que ele fazia? Ficava ali, encostado em uma das pilastras sem acreditar no que ouvira. Daria um jeito naquela situação, teria que tirar essa historia a limpo e saber sobre a suposta declaração de Aquário. Tocou com os dedos os lábios imaginando o possível beijo.

Continua