Título: Estupidez

Autoras: Pamina e Mint

Sinopse: O comportado cavaleiro de aquário resolve que é hora de se declarar, o charme do cavaleiro de escorpião já estava tirando-o do sério, e como lhe faltava coragem para fazê-lo (ainda que ele não admita) resolveu embebedar-se e agarrar, sem aviso prévio, o surpreso escorpiano. Camus/Milo (MdM/Afrodite, Mu/Shaka)

Retratação: Os personagens e locais não nos pertencem, são todos de Masami Kurumada. Apenas escrevemos isso aqui sem fins lucrativos e não intenção de nos divertirmos um pouco mexendo com o Camus.

Capítulo 03

Após seguir bufando capricórnio acima, berrando e declarando-se inconscientemente ao escorpião a quem direcionava seu momentâneo ódio, e eterno amor. Parou na casa seguinte buscando com olhos a próxima vítima de seus devaneios, mal sucedidos, e nem teve trabalho em encontrar Shura, que lá estava espreguiçando-se como se tivesse acabado de acordar. Virou-se sonolento e encarou com certa surpresa o raivoso aquariano, que congelava o chão que passava, aproximando-se.

- Cammmm... - Nem seu nome conseguiu terminar, pois sua goela foi envolvida por frígidas, enormes e enfurecidas mãos. – Gasp!

- Shhhuraaa - Sussurrou Camus entre dentes. – Por que infernos você me deixou ir?! Deveria ter me amarrado! Me prendia em qualquer canto, cortava os meus pés com a Excalibur!

Dúvida era tudo o que tinha na cabeça do pobre capricórnio. Um pouco de medo também, quem sabe o que o comportado cavaleiro de aquário sob o efeito da bebida poderia fazer. Desvencilhou-se como pôde e balbuciou algo.

- Mas... mas, Camus! - Camus o soltou para ouvir sua explicação, até certo ponto.

-Camus, eu fui, ainda ontem, na casa de Milo, ele estava acordado e falou comigo, disse-me que você chegara bêbado e que estava dormindo na casa dele. Vendo que você estava bem... - Shura parou, não deveria demonstrar tanta preocupação pelo cachaceiro que só lhe deu trabalho... Mas já dissera demais. As mãos de Camus o soltaram.

-Então... Foi apenas isso mesmo. – "Mas eu estraguei tudo mesmo", pensou, "inclusive o tapete... Ah Zeus!".

Mais uma vez arrependido, já se zangando de suas atitudes impensadas que lhe causavam um incômodo arrependimento desnecessário, voltou a por a gélida máscara. Deu uma leve tapa no ombro de Shura.

- Me desculpe. - E continuou a subida até sua casa. Daria uma lavada no rosto, pegaria a armadura e sumiria por pelo menos alguns dias, não conseguiria encarar Milo agora. "Maldita hora em que... Eu jamais deveria... Maldita seja... Esta paixão."

Shura estava perdido em dúvidas desde que encontrara o aquariano bêbado. Ao menos ele se desculpara após tudo.

-Ahhh, que irritante! Pro inferno com tudo isso, pensar faz minha cabeça doer!

Sons de passos vinham das escadas que seguiam para a casa de aquário, Shura já temeu encontrar novamente Camus em outro acesso de loucura por se lembrar de algo que aconteceu. Mas ao invés do furioso aquariano ele deparou-se com um sorridente canceriano. MdM vinha a passos largos, com os cabelos assanhados, uma cara amassada, de quem não dormira... muito, mas seu amplo sorriso confirmava que ele estava de extremo bom humor.

Passou por Shura sem cumprimentá-lo, como de costume, deu uma esticada nos braços, pescoço e desapareceu pela entrada da casa de capricórnio. Depois dessa Shura voltou para a cama.

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"Não sei por que ele não vem até a minha casa, ele deveria respeitar minha decoração! Quanto tempo isso vai dura? Já são muitos os que sabem..." Ainda descendo MdM pensava na sua relação com Afrodite e deparou-se com Escorpião que estava sentado no chão de seu templo, encostado numa pilastra, o olhar perdido.

Passou por ele encarando, sem se pronunciar, e sumiu a sua frente. Aparentemente isso fez com que Milo saísse do transe. Piscou algumas vezes e sorriu. "Aquele peixinho fogoso acaba com o Máscara... Como se ele não gostasse". Respirou fundo.

-Se eu e o Camus conseguíssemos nos entender...

Levantou-se, sacudiu a poeira, limpou a mente e subiu para seu quarto para limpar o corpo também. A noite foi estranha, no momento nada fazia muito sentido, mas o santuário está de pé e vida continua.

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Desceu da décima primeira casa, na manhã seguinte, ainda era bem cedo, a maioria ainda devia estar dormindo. Foi correndo silenciosamente sem olhar para nada, passou pela oitava de olhos fechados e finalmente atravessou a primeira, aparentemente ninguém lhe notara, talvez Shaka, mas isso não era problema.

Desapareceu para treinar o mais arduamente possível, treinar não apenas seu corpo e cosmo, mas principalmente seu coração. O ar frio que fazia com que ele batesse compassadamente havia esvaecido, precisava constituí-lo novamente ou, sem a presença do que lhe completa, ele não agüentaria.

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A isolada oitava casa estava imersa em melancolia, seu dono socava e chutava o ar desejando destruir suas incertezas com seus golpes. Passara-se um dia em que ele não vira ninguém, o santuário todo em movimento, cada um tinha seus deveres a cumprir, algumas missões que Saori lhes davam, mas a ele só havia o dever de pensar. Refletir e chegar a alguma conclusão que corrigisse o mal entendido que acontecera entre ele e Camus, mas refletir não era com ele. Mais uma vez soca o ar, mas sem ímpeto de ferir seu golpe sai lento e fraco. Meu punho é como minha mente... fraca.

Milo retirou a armadura e saiu de sua casa, talvez encontrasse alguém, como Camus, parou imediatamente e se concentrou buscando por seu cosmo, mas não podia sentir-lo em qualquer local próximo, Camus não estava no santuário, concluiu. Por hora se sentiu aliviado, mas novamente ficou apreensivo, com o que lhe diria quando o visse. Chegando a casa de libra trombou levemente com um nervoso loiro que tinha os olhos fechados.

-Shaka...! Você está bem?- Shaka estava roxo de tão vermelho, variava entre raiva e vergonha, talvez fosse os dois.

-Milo... Desculpe, distraído estava eu.

-Então, preocupar-se você não deve. - Riu calorosamente Milo. Arrancando também um sorriso do rosto apreensivo de Virgem.

- Me desculpe, eu realmente não prestei atenção, vim com pressa, mas porque tinha pressa em chegar a minha casa. - Disse Shaka tentando reconstituir sua solene expressão.

- Sua casa...? Então, você passou. - Disse escorpião com a maior cara de inocente apontando para a entrada da casa de libra.

Shaka acompanhou com os olhos a direção que Milo apontou e a única alça da sua túnica escorregou um pouco e parou no meio do seu braço.

Notando a perdição no rosto loiro Milo pôs a mão em seu ombro e com um sorriso convidou-o a sentar-se na escadaria da casa de libra. Não era muito bom ouvinte, mas precisava falar também, fora que a presença de alguém já era reconfortante.

O virginiano entendeu a intenção de escorpião e admirou sua sensibilidade. Respirou fundo pondo as idéias em ordem, ajeitou a túnica, passou as mãos pelos cabelos e encarou Milo que aguardava sua preparação pacientemente. Os olhos azuis claros do escorpiano lhe deram a confiança necessária.

-Milo, você já se apaixonou?

Nesse momento um asteróide cor-de-rosa e em forma de coração atingiu a cabeça de Milo, bem na nuca, esse pendeu a cabeça um pouco para frente e nada disse. Virgem começava a ficar nervoso com a resposta que tardava mais e mais.

-Milo, escute, se você não... - Milo cortou-lhe.

-Shaka, eu sinto muito... Não! Eu não sinto. Eu sinto por não sentir, entende?

Shaka boiou mesmo.

Milo agora juntava as fichas que caíam periodicamente, antes não tinha nada, e tava tudo bem, treinamento e só. Agora de repente Camus e Shaka. "Oh, Zeus, por que fazia isso?"

Foi a vez de a ficha cair na cabeça do loiro.

-Não!! Hahah Não, não, não! Milo, não é por você que estou apaixonado, não se preocupe.

-Ah, você não gosta de mim!

Milo abraçou Shaka como a um boneco que acabou de ganhar. "Oh, Zeus! Sabia que não faria isso comigo."

Soltando Shaka, ambos se recomporam, e Milo fez o que deveria ter feito desde o início. Deixou Virgem explicar-lhe primeiro a situação.

- Então eu decidi que algo estava errado, não conseguia meditar, como sempre, o cosmo dele se espalhava chamando minha atenção. Eu desci para encontrá-lo, mas nada saiu como eu desejava. Queria ao menos saber se ele gosta de mim, como saber o que ele sente por mim...?

-Ah isso é fácil, eu posso ir e perguntar ao Mu se você quiser. - Respondeu Milo, bem direto.

-Quê...!? - Shaka engasgou. Quando ele falara que sua secreta paixão era Áries?

- Você sentiu o cosmo dele porque ele estava consertando uma armadura, não era? Se não me engano era o chifre de Aldebaran.

Shaka ficou mudo.

-Então, o Mu é calado, mas é bem notável para todos nós que ele gosta muito da sua presença! - Virgem olhava, meio vermelho com cara de "você acha?". – É, naquela reunião que Athena fez para comunicar que Saga continuaria sendo o mestre do santuário e que ela ficaria morando em Tóquio, lembra? - Shaka assentiu com a cabeça. - Você demorou muito para chegar, de fato foi o último cavaleiro a se apresentar. - Shaka fez um muxoxo dizendo que se atrasara por um motivo importante, mas Milo não deu atenção. - O Mu só fez perguntar por você. E isso é só um exemplo, ele está sempre preocupado contigo. Eu diria que ele gosta de você a mais tempo do que você gosta dele, já que só descobriu isso agora.

Virgem olhava maravilhado para a cara convicta de escorpião. Ele não tinha idéia de como o ajudara. Afinal podia ser isso mesmo, Mu lhe falava todos os dias, mesmo que tivesse que subir até sua casa, sempre fora gentil com ele. Seus olhos verdes sempre reconfortantes, os cabelos de uma coloração exótica, mas linda, aquele perfume... Voltou a si meio nervoso, seus pensamentos haviam deixado seu rosto vermelho novamente e Milo certamente notou isso.

- Milo, de escorpião, suas palavras foram de extrema importância para mim, eu lhe agradeço muito. - Falou formalmente, parecendo enfim voltar a si. Então, lhe sorriu docemente.

Escorpião ficou pasmo, em poucos segundos o rapaz que estava do seu lado se transformou no cavaleiro de virgem. Sorriu em resposta. Respirou, resignando-se, seus problemas ainda estavam lá, mas ao menos ajudara Shaka.

-Agora é sua vez, Milo.- Disse Virgem com seu doce sorriso transformando-se num malicioso risinho.- Conte-me o que te preocupa, sei que Camus faz parte disso, mas gostaria de ajuda-lo e para tal preciso saber mais, não...?

Milo surpreendeu-se com a condescendência, sorriu por dentro, de certa forma era bom ter Shaka como amigo, ainda que não pudesse esconder nada dele.

-Sim, Camus é a própria causa da minha preocupação... - Contou-lhe por alto o que acontecera, inclusive as últimas palavras que ouviu do aquariano que por horas ecoaram em sua cabeça.

Shaka ouviu tudo com atenção e no fim chegou à conclusão que não deveria opinar. O que deixou Milo, no mínimo, bravo. Mas o caso é que Camus já havia dito tudo, e o que Milo deveria pensar agora nem era se falaria com ele, pois isso era necessário e, claro, inevitável. O que deveria pensar é o que diria a ele e para isso ele tinha que chegar a certas conclusões, as quais Shaka viu que não deveria comentar.

-É você tem razão, Virgem.

-Não se preocupe tanto, tenho certeza de que tomará a certa decisão.

-Obrigado, Shaka, valeu mesmo. Mas sabe... No seu caso, eu acho que tenho uma sugestão sim. - Disse recobrando seu sorrisinho malicioso, acentuando as curvas do seu rosto.

Shaka levantou as sobrancelhas.

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A noite caiu, a lua cheia brilhava no céu iluminando as casas do zodíaco. Na primeira casa o cavaleiro de Áries observava sua beleza, sentado nos primeiros degraus de sua escadaria. Uma leve brisa acariciava seu rosto e carregava poucas folhas no chão, o silêncio era dominante. Até que passos próximos derrubaram o império do silêncio e chamam a atenção do ariano, cabelos cor de lavanda, que virou o olhar para a entrada de sua casa. Lá estava um rapaz de longos cabelos loiros, usava uma túnica branca de um tecido bem fino, na cintura um lenço preto torneado com jóias douradas, que também estavam presentes nos pulsos e pescoço. A brisa parecia mais presente nele que em qualquer um, seus cabelos dançavam em suas correntes e suas vestes de leve tecido dançavam sobre seu belo corpo.

-Sh-Shaka.- Disse Mu incerto se seu simples ser, vestindo uma túnica cinza escura, era digno da presença daquele que lhe observava.

-Boa noite, Mu. - Shaka estava contente com o impacto que causou. - A lua está linda, não acha?

-Muito lindo. - Nem se deu ao trabalho de corrigir.

Shaka desceu até ficar do lado de Mu, sentou-se nos degraus, encarou a lua por mais um tempo e começou a falar. Afinal, deixa ele já arrumara, o plano de escorpião, de chegar com um visual de quem sabe o que quer, funcionara melhor do que imaginara.

-Mu, me desculpe por ontem, eu nem cheguei a pensar no que dizer antes de chegar aqui. Fui apenas...

-Não se desculpe, Shaka. Em parte a culpa é minha mesmo, eu que nunca te falei o que sentia, fui meio covarde quanto a isso...

-De forma alguma!- Virgem falava, mas queria ouvir o que Mu tinha a dizer.

-... Mas eu tinha medo que você não correspondesse...

-Mu! - Áries se calou.- Mu, eu também gosto de você.- Disse Shaka abrindo seus olhos que eram de um belo azul claro e refletiam a luz da lua.

O carneirinho não cabia em si de alegria, e por Zeus como eram lindos os olhos de virgem. Enlaçou Shaka comprimindo-o contra seu corpo, alcançando o maior contato que as circunstâncias permitiam. Shaka fechava seus olhos e aspirava o perfume que provia dos cabelos de Mu. Seus corações batiam no mesmo ritmo, descompassados.

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Manhã fria, como a de três dias atrás. Milo se arrumava, vestia uma calça jeans escura e uma camisa de botões, aberta até o meio, azul escura. Concentrou-se para certificar de que encontraria Camus em sua casa, já era o terceiro dia que não o via e agora que sentira seu cosmo no santuário resolveu ir vê-lo, ele estava mesmo na décima primeira casa. Mas procurando por ele percebeu algo que o fez rir. Os cosmos de Mu e Shaka se encontravam... tão próximos.

-Velho plano escorpiano. Charme que não falha. É um dom.

Continua

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N.A: Pamina – Oi! Bom a Mint não quer aparecer (ela é uma garota muito tímida) e eu so estou escrevendo essa N.A. para avisar que esse é o penúltimo capítulo e que o último vai sair logo, acho que na próxima semana. E acho que o Milo ta meio OOC (na verdade eu nem sei direito o que é isso). E para esclarecer, no primeiro cap. o Milo não estava esperando o Camus e nem ouvi a gritaria, ele simplesmente não conseguia dormir porque estava pensando no francês. E claro, muito obrigada pelas reviews, eu e a Mint não esperávamos já que essa é a nossa primeira fic de CdZ. Bjos