"Entre deuses e dinossauros"

Autor (a): Phoenix

Comentários:

Cris

Quem disse que se dependesse de vc os aventureiros ficariam no Inferno?! vc que pensa amiga! Adorei as suas divagações sobre a possível resposta: vc fez uma análise muito legal! Vc não foi a única a achar que seria o plateau, mas sabe que na hora que eu escrevi o enigma (pois é, ele não foi tirado de lugar nenhum, a doideira é minha mesmo....) eu nem pensei nisso! Mas encaixa perfeitamente! Como disse no e- mail que te mandei (phoenix de vez em quando manda e-mails!), a resposta é uma das que vc falou, mas agora corre pra ver qual é!

Claudia

Não precisa agradecer! Eu disse e repito: não vou mais fazer greve, mas isso não significa que eu não importe com os reviews! Quanto mais reviews tiver, mais rápido os caps sairão, como neste caso especial de 2 caps em um fim de semana! Lembrando que ainda tem muita coisa pra acontecer na amarrada!

Rosa

Se vc ficou triste, imagina eu escrevendo! Em uma fic sobre mitologia grega, Hera não podia faltar; procurei retratá-la com base no que via nos filmes de Hércules, e vcs viram que não poupei crueldades, nem dela nem de Marguerite! Que bom que vc continua gostando, a resposta do enigma é o fim último de nossas histórias!

Towanda

Mas vc é podre de chique hein? Mandou a resposta em japonês.....tive que bater na porta de meu vizinho japa para saber, mas valeu a pena: vc acertou! Agora, só uma coisinha, quando quiser mandar algo, mande em português mesmo, pois, diferente do Trex, eu não sou poliglota!

OBS: À propósito: obrigada a quem leu a fic "When a Trex loves a woman" e deixou reviews. Que bom que vcs gostaram; quem sabe agora a AADT não ganha vários partidários com a certeza de que ele é um personagem essencial à série! Mas não pensem que as aventuras dele param por ai....quem sabe ele não volta, em outro vôo solo ou em um cross over de fics?

Who knows?

Besos,

Phoenix! E continuem deixando muitos reviews!

No capítulo anterior:

Os intrépidos aventureiros estavam na dead line: ou decifravam o enigma ou seriam devorados! O que o futuro estaria reservando para eles????

CAPÍTULO 10

"Vamos lá.......o tempo corre e faz tempo que ninguém se aventura por aqui ......". Disse a esfinge já impaciente.

"Pode deixar a gente pensar em paz?". Perguntou Roxton.

"Vcs me cansam......porque não aceitam logo que não vão saber e ponto final.....eu prometo engolir de uma vez só.....". Disse a esfinge já meio entediada e ao mesmo tempo ansiosa por devorar Verônica e Roxton.

"Com essa coisa atrapalhando não vamos conseguir! Deve ser por isso que ninguém consegue......isso é trapaça!". Disse Verônica visivelmente irritada.

Independente da interferência da esfinge, os dois não conseguiam pensar na resposta ao enigma e começaram a pensar que não sairiam daquela situação, seria o seu fim, pois a esfinge não teria piedade. Já certa de que eles não saberiam a resposta, e cansada de esperar, a face da esfinge começou a se transfigurar: de um rosto delicadamente feminino para a face de um terrível e implacável monstro prestes a devorar os pobres aventureiros.

Mas esperem um momento: que negócio é este de "pobres aventureiros"? Verônica e Roxton podem ser qualquer coisa, menos "pobres aventureiros" né! Então é claro que eles não se renderiam tão facilmente ao monstro a sua frente, pois de monstro eles entendiam bastante, vide os encontros com Trex, pterodátilos e plessiossauros. Quando a bocarra da esfinge já estava perto o suficiente para que eles pudessem sentir seu hálito parado há milênios, uma palavra iluminou-se na mente dos dois:

"Coração!". Gritaram os dois ao mesmo tempo.

"Que??". Perguntou a esfinge estupefata.

"Coração é a resposta! Este é o lugar do qual vc está falando!"

"Maldição, o que foi que eu fiz para merecer isso? Jejum eterno!"

"Olha nós não temos nada a ver com as suas queixas... pela sua reação nós acertamos, não é??". Roxton já não conseguia conter sua alegria.

"Tá tá tá.... acertaram..... mas poderiam me dizer: como descobriram?"

Mas os aventureiros não precisaram responder porque o sorriso que se abriu no rosto de cada um deles tornou mais do que óbvia a resposta, até mesmo para um ser mitológico de pedra. No derradeiro momento, quando quase não havia mais esperança para os dois, coincidentemente ambos apertaram em suas mãos coisas que lembravam as pessoas mais importantes de suas vidas naquele momento.

Roxton apertou contra o peito a pequena pedra que Marguerite havia lhe dado certa vez; quem diria, logo ela tão ávida por suas valiosas pedras, havia dado a Roxton a mais preciosa de todas que havia encontrado no plateau, uma gema puríssima e cujo formato era muito semelhante a um coração. Esta pedra era muito importante para ambos, não por seu valor comercial, mas por seu significado, embora eles nunca tivessem conversado sobre isso.

Verônica por sua vez, só conseguiu executar um gesto, tirar o lenço de Malone, que sempre a acompanhava e apertá-lo também contra o peito. Seu coração ficou apertado pensando que tudo poderia terminar ali, de forma tão inesperada sem que ela jamais tivesse dito a Malone o quanto precisava dele, o quanto sua simples presença a seu lado era capaz de tornar o seu mundo mais completo. Como desejou poder mergulhar mais uma vez naqueles olhos azuis e sentir o tempo parar por alguns momentos.

"Não poderia ser de outra forma, como eu pude achar que alguém que foi trazido aqui guiado totalmente pelo coração não descobriria meu enigma? Que ingenuidade a minha....... Creio que foi o coração que colocou vcs nessa e será ele que terminará por salvá-los"

"Não queremos ser grosseiros, mas.....". Disse Verônica interrompendo os devaneios da esfinge.

"Grosseiro seria ela ter devorado a gente Verônica!"

"É verdade, mas e agora? Vc deveria nos ajudar a achar o caminho para a medusa, não é??"

"Sim.....peguem isso aqui......". A esfinge baixou os olhos para a sua base, onde suas patas de leoa se estendiam e lá estava um pequeno frasco. Assim que Verônica se aproximou e pegou o frasco, ele imediatamente se acendeu e sua luz era tão intensa que ofuscou os aventureiros.

"Mas o que é isso?!"

"Que essa luz ilumine os lugares escuros por onde passarem, quando todas as outras luzes se apagarem!".

"Como assim?"

"Tenham este frasco sempre com vcs....saberão que estão no caminho certo quanto mais forte estiver a luz......além disso, servirá também para alertá-los quanto aos inimigos, pois enquanto a luz estiver branca tudo estará bem , mas a luz vermelha representará o perigo e sua intensidade indicará a proximidade deles".

"Muito obrigada!"

"Não precisam agradecer, vcs mereceram a ajuda que acabam de receber....agora vão em paz e boa sorte na sua jornada.......olhem sempre a luz, ela será o melhor guia que poderiam ter!"

Dizendo isso, Verônica e Roxton pegaram a estrada mais uma vez, agora com a alma mais leve e o coração mais aquecido por terem vencido o primeiro desafio. Pela primeira vez desde que haviam partido, eles conversavam de modo mais descontraído, como se por um momento o peso da responsabilidade que haviam assumido tivesse diminuído imensamente. Mas não demorou muito para que o assunto que os havia trazido até ali, viesse à tona:

"Roxton, o que vc sabe sobre mitologia grega?"

"Pouca coisa.. porque?"

"Porque eu também sei o pouco que lia nos livros de meus pais......eles eram bastante curiosos sobre muitas coisas, entre elas mitologia grega....."

"Mas o que é que lhe preocupa?"

"Não saber o que podemos encontrar pela frente! Que tipo de criaturas e ciladas......"

"Tem razão......seria muito bom saber mais coisas sobre a tal medusa, mas quem poderia nos dizer sobre ela? Quem sabe Challenger, Malone......"

"Acho que nisso eu posso ajudar!"

"Quem é vc?". Disse Roxton já empunhando a espada que havia recebido.

"Espere um pouco Roxton.......olha a clara e poderia até dizer que está até mais forte!"

"Ele tem razão.....devia ter me apresentado logo de início! Perdoem-me! Eu sou Perseu....."

"Perseu? E o que faz aqui?"

"Bom, eu poderia perguntar o mesmo, mas eu sei o que fazem.....Íris me disse....."

"A mensageira de Zeus......novamente ela.......". Disse Verônica.

"Parece que ela providenciou ajuda......". Disse Roxton sorrindo.

"É, parece que alguém com poderes divinos gosta de vcs! Mas vamos ao que interessa......estou aqui para ajudar de fato......ouvi quando disseram que gostariam de saber mais sobre a medusa......"

"É sim......na verdade, como chegar até ela!". Disse Roxton.

"Mas a medusa está morta!". Disse Perseu com uma expressão absurdamente tranqüila, assombrando os aventureiros.

"Como é que é? "

"Como sabe?". Completou Verônica.

"Porque fui eu quem a matou......"

"Não entendo mais nada......". Disse Roxton chacoalhando a cabeça em sinal de confusão.

"É uma longa história.......vcs parecem cansados, porque não descansam um pouco e enquanto isso eu conto tudo?"

"Não poderia ter uma idéia melhor!"

Sempre com um olho em Perseu e outro no frasco dado pela esfinge, os aventureiros sentaram-se em uma clareira para reunir mais forças e prosseguir na tarefa que garantiria a sua salvação como também a de seus amigos. A noite já começava a cair e o clima esfriava rapidamente. Perseu logo se acomodou ao lado deles e providenciou uma pequena fogueira, que rapidamente cresceu, aquecendo rapidamente os corpos cansados dos aventureiros. Enquanto as chamas crepitavam, Perseu começou a narrar sua mais fabulosa aventura: o encontro com a medusa.

Perseu não poupou detalhes, pois toda e qualquer coisa poderia ser útil para os dois corajosos mortais a sua frente. Ele começou por explicar sobre seres bastante estranhos e absolutamente terríveis: as Górgonas. Elas tinham forma de dragão, seu corpo era coberto com escamas douradas e possuíam cobras ao invés de cabelos. Tinham asas enormes e faces horrendas; suas línguas estavam sempre pendentes para fora, e tinham dentes grandes como presas. Viviam escondidas na extremidade ocidental do oceano, pois as pessoas que olhassem para elas se transformavam em pedra. Duas das Górgonas, Steno e Euríala, eram imortais. Medusa era a única que podia ser morta.

"Como foi que decidiu matá-la?". Perguntou Verônica com os olhos brilhando de curiosidade.

"Bem, eu era um jovem muito valente, mas na verdade quando aceitei a empreitada de matar a medusa, eu não sabia da amplitude do perigo que estaria correndo"

Perseu não havia exagerado: além de ter sido muito difícil chegar no local onde a terrível medusa se escondia, um local de difícil acesso, ele logo descobriu o porque de tantos terem falhado antes dele: a entrada da caverna era guardada pelas igualmente terríveis Gréias.

"Gréias? Minha nossa! Quantos monstros são esses?". Roxton tinha razão: parecia que havia tantos ou mais monstros quanto deuses no Olimpo!

"Vc se surpreenderia se soubesse a quantidade de criaturas terríveis e sombrias que habitam o nosso mundo.......geralmente as piores são as que se escondem nas profundezas e não é bom importuná-las!"

O herói continuou a contar: as Gréias eram conhecidas como as três "mulheres velhas" ou "as cinzas"; eram irmãs e guardiãs das Górgonas. As gréias tinham cabelos grisalhos desde o nascimento, eram decrépitas e possuíam somente um olho e um dente, os quais elas compartilhavam entre si. Seus nomes eram Enyo ("horror"), Deino ("medo") e Penfredo ("alerta"). Para driblar as guardiãs, Perseu teve de roubar-lhes esse olho para poder penetrar na caverna onde dormia a medusa.

Mas ainda restava um problema: todos que olhavam a medusa eram petrificados instantaneamente. Muito provavelmente, sem a ajuda de Hermes e Atena, ele teria falhado e teria sido transformado em pedra como todos os outros que se defrontaram com sua horrenda face, mas não foi assim. Antes de fitar a temível criatura, ele mostrou-lhe um espelho, de modo que, ao ver sua própria imagem, o monstro transformou-se em pedra, podendo então, Perseu cortar sua cabeça. Mas aí veio a maior surpresa: em seu pescoço cortado, apareciam duas veias.

"E ?". Perguntou Roxton.

"As veias, claro! De onde vem o sangue que precisamos!". Conclui rapidamente Verônica.

"Bela e astuta!". Comentou Perseu.

"Isso mesmo, de seu pescoço saiam duas veias.......foi o deus Hermes quem me contou que de uma das veias saía o sangue que podia ressuscitar os mortos, enquanto da outra veia, saía um veneno terrível"

Quando Perseu dizia suas últimas palavras, os aventureiros já estavam com os olhos pesados de sono, na verdade só conseguiam se manter acordados pelo interesse em saber de tudo.

"Acho que já ouviram demais por hoje......"

"Não......pode continuar nos contando......". Disse Verônica, enquanto travava uma dura batalha com seu próprio sono, mas devo confessar que ela estava prestes a beijar a lona.

"Acho que devem descansar......nunca tive ouvintes tão atentos quanto vcs, mas estão visivelmente exaustos...... eu ficarei aqui vigiando enquanto descansam......"

"Mas devemos revezar......". Insistiu a jovem da selva.

"Durmam......quando for a hora chamarei vcs!"

"Ele tem razão Verônica, precisamos de todas as forças para continuar.....além do mais, não consigo mais controlar minhas pálpebras.......elas estão tão pesadas!". Disse Roxton enquanto seus olhos se fechavam pesadamente.

"Está bem.......mas nos chame daqui a pouco.......". Verônica estava tão cansada que nem terminou sua frase.

"Durmam ........o sono dos justos cai bem para vcs......"

E foi assim que Perseu ficou ali, velando o sono dos aventureiros e eles dormiam tão profundamente que nem se mexeram; tinham uma respiração forte devido ao esforço pelo qual seus corpos haviam passado. Quando o sol estava prestes a se anunciar com seus primeiros raios, Perseu acordou Verônica e Roxton, pois já era hora de partirem. O herói havia providenciado algumas frutas para que eles não saíssem de estômago vazio e indicou um riacho que ficava a uma distância segura, para que se banhassem e espantassem os últimos vestígios de sono. Quando eles voltaram, encontraram Perseu de pé e aparentemente pronto para seguir viagem.

"Estamos prontos para seguir"

"Vamos.....mas foi aqui que nossos caminhos se encontraram e é aqui que eles vão se separar...."

"Como assim? Não vai seguir conosco?"

"Não....."

"Mas achei que fosse nos ajudar!"

"E ajudei! Mas não posso seguir com vcs.... esta tarefa não é minha.....qualquer ajuda que receberem será por um curto período...."

"Está bem....."

Dizendo isso, Perseu despediu-se dos aventureiros com um longo abraço nos dois, desejando toda a sorte possível. A partir daí, ele seguiu para um lado e os aventureiros prosseguiram na trilha como lhes foi dito. O sol, que ficava cada vez mais alto e quente brilhava esplendorosamente e era um alento a mais para os aventureiros, novamente sozinhos em sua caminhada. Vez por outra eles olhavam o frasco, confirmando a segurança do trecho, mas de repente a luz começou a enfraquecer e adquirir uma outra tonalidade: de início um vermelho pálido, mas que logo se tornou da cor de sangue, assustando Verônica e Roxton.

"Ai ai ai..... o que será agora?"

"Nem bem recomeçamos e já teremos problemas?"

"Pelo visto sim, vamos procurar um abrigo e descobrir o que é em segurança!"

A idéia de Roxton era boa, mas eles não tiveram tempo para isso, pois assim que ensaiaram uma corrida até uns arbustos próximos, foram atingidos por um vôo rasante de alguma coisa; eles não puderam ver de início o que poderia ser, mas sentiram sua ferocidade pois as garras do que quer que fosse aquilo, rasgaram de forma cruel as costas de Verônica. Roxton ia virar-se para ver para onde a criatura havia ido, mas teve que correr em direção à Verônica, ao ver a forte jovem da selva, tombar de uma só vez.

"Verônica! Verônica!". Gritou Roxton enquanto corria na direção dela, mas sem obter resposta.

"Verônica......". Ele chegou mais perto, mas continuava sem resposta: para seu pavor, a jovem jazia tão imóvel que ele teve medo de tocá-la e descobrir que o pior havia acontecido. Mesmo assim, ele se abaixou e a tocou, notando que ainda havia pulso, embora ele estivesse bem mais fraco. Roxton ficou extremamente aliviado ao perceber que ela estava viva, mas ao mesmo tempo preocupou-se em vê-la tão vulnerável: ela deveria estar realmente muito ferida.

"Verônica.. fale comigo......vc está bem?". Era evidente que ela não estava bem, mas foram as únicas palavras que ele conseguiu articular.

"Ham.....". Ela tentava esboçar alguma coisa.

"Tudo bem......não se esforce, vc está machucada......vou levá-la para um lugar mais seguro e ver o que podemos fazer...."

"Acho que não consigo me levantar......."

"Eu sei.....venha, apóie-se em mim......"

Verônica colocou os braços em volta do pescoço de Roxton, de modo que ele pode carregá-la. Infelizmente para ela, esta posição era extremamente incômoda pois o braço de Roxton estava exatamente em cima dos ferimentos, mas, fazendo um enorme esforço para disfarçar a dor que sentia, ela não deixou transparecer o quanto sofria a fim de não preocupar ainda mais o caçador.

Roxton tentava se mover o mais rápido que podia em busca de um lugar seguro, mas para azar deles, ali não parecia haver um lugar que pudesse servir de abrigo, apenas pequenos arbustos que esconderiam no máximo um coelho. Ele, então, olhou para cima e pode finalmente ver quem eram seus algozes; ele não sabia o nome das criaturas, mas a aparência delas indicava que não poderia ser nada de bom: a cabeça era de mulheres, embora seus corpos fossem de ave, com asas, bicos, e garras de pássaros.

Além disso, ele confirmou o que secretamente trazia em sua mente, as Harpias, sim, era este o nome delas, não tinham intenção de desistir do ataque aos aventureiros e, com certeza não descansariam enquanto não exterminassem os dois para que eles não cumprissem a sua tarefa. Se vcs acharam que elas haviam sido enviadas por Hera, acertaram em cheio! Com certeza a deusa faria qualquer coisa para impedir o sucesso de Verônica e Roxton e se vangloriar de seu poder e sua força para dirigir o destino dos mortais.

Como eu dizia, as harpias investiriam novamente contra eles e agora, com certeza seria pior, pois os aventureiros estariam mais vulneráveis. E não deu outra: elas foram com tudo pra cima deles, em mais um de seus vôos rasantes terrivelmente elaborados para ser fatal, quando a interferência divina mais uma vez se apresentou.

Ao prever o ataque certeiro e terrível, Roxton não quis nem ver e a única coisa que pode fazer, já que não havia encontrado mesmo um lugar protegido, foi colocar Verônica no chão e se curvar por cima dela; resolveu sacrificar-se para que a amiga não ficasse mais ferida do que já estava.

Se a harpia tivesse atingido o caçador, seria muito provável que não restasse ninguém para cumprir a tarefa, pois os ferimentos de Verônica estavam inflamando rapidamente. Mas, como eu disse anteriormente, a interferência divina havia se apresentado e, saindo não se sabe de onde e com uma velocidade inigualável, um escudo se colocou entre os aventureiros e seus algozes alados. Roxton não entendeu nada e levantou os olhos cheios de temor, para ver o que havia acontecido e qual não foi a sua surpresa ao ver o escudo ainda sobre ele e Verônica.

"Mas o que foi isso?". Perguntou Roxton, sem ver o rosto de seu suposto protetor.

"Shiiiiiiiiiii". Disse o homem.

"Mas...". Roxton ainda tentou continuar, mas foi novamente interrompido.

"Shi!". Insistiu o homem sem permitir que Roxton falasse e nem mesmo visse sua face, ainda escondida pelo enorme escudo.

O homem olhou seriamente para dois pontos no céu, que apenas ele conseguia identificar como as outras duas Harpias que ainda restavam, já que uma delas estava estirada no chão, morta pelo impacto com o invencível escudo. Sob o olhar atônito de Roxton, ele girou uma lança em cada uma das mãos, mirou rapidamente e com a sagacidade de uma águia atirou as duas ao mesmo tempo, de modo tão preciso que as duas criaturas caíram inertes, sem chance de cometerem maldades com algum outro vivente.

Depois o homem finalmente virou-se para os aventureiros com o olhar plácido de quem contempla o horizonte, e limitou-se a fitá-los, como se esperasse reconhecê-los, ou como pareceu a Roxton, como se quisesse ler seus pensamentos. Depois de um curto período de silêncio, Roxton voltou a se manifestar:

"Posso falar agora?"

"É claro......me desculpe, mas naquela hora eu precisava de concentração!". Disse o homem de maneira bastante polida.

"Como eu poderia reclamar depois de ter salvado nossas vidas! Muito obrigado!". Roxton parecia meio sem graça de ter tentado ser irônico com alguém que acabara de salvar a ele e Verônica.

"Não precisa agradecer.....precisamos tirá-la daqui... ela precisa de cuidados!". Disse o homem, olhando para a jovem que estava deitada no chão, entre ele e Roxton; dava para ver o quanto suas costas haviam sido machucadas.

"É..... aquela coisa a atacou e parece grave......"

"Ataques de harpias sempre são graves!". O homem estava visivelmente preocupado.

"Mas o que podemos fazer? Eu não tenho nada que sirva de remédio para ela! E ainda temos que cumprir.....". Roxton já ia mencionar sua tarefa, mas parou no meio do caminho,pois não tinha certeza se poderia confiar no misterioso homem.

"Eu posso ajudar, venha comigo......". Dizendo isso, o homem fez menção de abaixar-se para carregar Verônica, mas Roxton o interrompeu.

"Mas espere aí...... quem é vc? Para onde vai nos levar?"

"Não temos tempo para tantas perguntas.....não vê que ela está sofrendo?". Ele tinha razão, a expressão de Verônica era de dor, os cortes haviam sido profundos, as garras rasgaram sua carne e as unhas das harpias causavam ferimentos que inflamavam muito rápido e desatinavam uma dor lancinante. A jovem da selva contorcia-se, sentindo os primeiros efeitos dos ferimentos.

"Mas como vou saber se é seguro ir com vc?"

"Roxton....". Murmurou Verônica; apesar de fraca, ela ainda reuniu forças para levantar a mão que apertava o frasco, ela não o havia soltado nem mesmo no doloroso ataque que sofrera. A luz do frasco era branca e intensa o que indicava que aquele homem dizia a verdade: ele queria ajudar.

"Está bem, vc tem razão......não temos tempo! Por favor ajude-a!"

"Então vamos!". O homem abaixou-se novamente, tomando Verônica em seus braços. Ele indicou que seguiriam para um riacho próximo, onde havia deixado suas coisas. Na verdade ele havia parado para descansar e ao ouvir o grito estridente das harpias e sua pavorosa algazarra, imaginou que só poderiam estar assim por um motivo: ataque!

Roxton seguia atrás deles, imaginando quem poderia ser aquele homem. Só agora ele havia organizado suas idéias e ponderava sobre que pessoa seria aquela, capaz de parar os horrendos monstros com um escudo e mais, arremessar lanças com as duas mãos e alcançar precisamente alvos em movimento e absurdamente distantes. Enquanto estava perdido em seus pensamentos, não notou que haviam chegado à margem do riacho, até que o homem se virou e disse:

"E à propósito........meu nome é Aquiles!"

CONTINUA....

Um pouco de mitologia:

Harpias: Criaturas imundas com cabeças de mulheres velhas e os corpos, asas, bicos, e garras de pássaros. Podiam voar com a velocidade do vento, e suas penas, que não podiam ser perfuradas, serviam como armadura. As Harpias freqüentemente agarravam os mortais e os carregavam para o mundo subterrâneo, sempre deixando atrás um odor repugnante.

Observações:

Que essa luz ilumine os lugares escuros por onde passar, quando todas as outras se apagarem. Citação do livro "O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel" de J. R. R. Tolkien, retirado do trecho abaixo:

"Ergueu um pequeno frasco de cristal: ele brilhava quando ela o virava em sua mão, e raios de luz branca emanavam dele. – Este frasco – disse ela – contém a luz de Eärendil engastada nas águas de minha fonte. Brilhará ainda mais quando a noite cair ao seu redor. Que essa luz ilumine os lugares escuros por onde passar, quando todas as outras se apagarem. Lembre-se de Galadriel e seu espelho!"

DISCLAIMER: Os personagens aqui citados fazem parte da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World", não sendo, portanto de propriedade do(a) autor(a) desta fanfiction.