"Entre deuses e dinossauros"
Autor (a): Phoenix
Comentários:
Cris
Oi! Que bom que estamos de bem de novo e que bom que vc gostou dos acontecimentos! E quanto à pra ver o que ela vai conseguir fazer!
Claudia
Ora, ora, o segredo do suspense reside exatamente em parar na melhor parte, pois só assim vcs ficam loucas pelo próximo cap! Vou adiantar logo que não será o Hércules, mas espero que vc goste de qualquer forma! Sabe que eu pensei em colocá-lo? Até pesquisei sobre ele, mas não consegui encaixá-lo....quem sabe em uma próxima!
Nessa Reinehr
Digamos que vc perdeu.....metade das suas fichas.....não é Zeus, mas vc chegou perto! A Hera é malvadinha mesmo, mas sempre se encontra alguém para dar uma freada.... Como isso vai terminar? Vc vai saber agora....pois este é o cap final.....
ArianaKrux
Mas vejam só, tenho uma nova leitora! Olá Ariana, é um prazer tê-la como leitora, e estou muito feliz que vc tenha gostado! eu tb amo mitologia e por isso tive um enorme prazer em escrever esta fic!
Towanda
Ainda bem! Ainda bem! Ainda bem! Que vc colocou os reviews atrasados, porque senão eu puxaria as suas orelhinhas querida Towanda! Também achei horrível a idéia de terminar a fic, mas fazer o que? Não tinha mais o que inventar....acho que o ciclo dela realmente se fechou, além do mais, vcs já devem estar fartas de mitologia e coisas doidas! Sabe que este negócio dos braços de morfeu eu sempre ouvi e repeti, mas nunca soube a origem da expressão? Foi uma oportunidade para aprender tb!
Rosa
Como não sou boa nas cenas de romance (deixo isso para as demais escritoras que fazem isso com maestria!)....prefiro escrever sobre a amizade dos aventureiros, especialmente Rox e Vê, cuja relação eu acho interessantíssima! Quem sabe, depois eu mostro como a fic terminaria, como uma espécie de extra de dvs! Afinal, vc tem razão... eu sou imprevisível!
Kakau
Sabe, eu escrevi duas outras fics (O lar é onde o coração está e When a Trex loves a woman), mas tenho um carinho especial por esta, deve ser por causa da mitologia! Eu tb fiquei muito envolvida....às vezes ficava horas na frente do PC elaborando uma frase, uma palavra mais adequada, que passasse a emoção que eu queria, mas isso sempre era recompensado pelos reviews de vcs! E quanto à próxima fic....a idéia já existe....! Aguardem!
No capítulo anterior:
Hera parecia incansável nas suas tentativas de arruinar com os exploradores, mas na hora H, alguém finalmente aparecera para barrar as suas loucuras. Quem teria coragem e altivez suficiente para tal feito?
CAPÍTULO 15
"Quem ousa se levantar contra mim? Eu sou Hera, a esposa do deus supremo Zeus!"
"E eu sou Dike, a justiça divina! A filha de Zeus!"
"Ora sua....". Hera mantinha-se agressiva, mas no fundo sabia que aquela era uma deusa que ela não podia desafiar.
"Não me interessa saber o que achas de mim Hera, só quero que a justiça seja feita aqui!"
"Justiça....". Sussurrou Hera.
Os aventureiros ficaram pasmos ao ver a fúria da grande deusa sumir gradativamente, a arrogância era sua marca principal e a antipatia com que tratava a todos, fazia com que os aventureiros torcessem para que aquela misteriosa mulher (como quase todas nesta fic!) trouxesse alguma razão à Hera.
"Hera parece estar com medo da mulher.....". Comentou Roxton baixinho.
"Ela perde o controle às vezes, mas sabe o que pode e não pode fazer....". Sussurrou Hermes de volta.
"Como assim?"
"Ela não pode bater de frente com Zeus e conseqüentemente não pode bater de frente com Dike.....é claro que ele não diz, mas ela é sua filha preferida, exatamente por ser correta, absolutamente justa e imparcial....ela não tem as falhas passionais que seus demais filhos têm!"
"Então quer dizer que temos alguma chance?"
"Eu diria que podem começar a se arrumar para voltar para casa....". Disse Hermes com um doce sorriso.
"Não vamos mais importunar estes mortais com discussões vazias....". Disse Dike serenamente.
"E o que pretende fazer?". Perguntou Hera.
"Bem, meu pai quis ajudar os mortais permitindo que viessem até aqui, mas não deve ter imaginado no que isso ia dar...."
"Se me permite interromper......seremos eternamente gratos a ele, independente do que aconteça conosco...". Disse Challenger emocionado.
"Ele sabe disso.......mas as coisas pioraram quando Hera interferiu e propôs esta loucura de jornada!"
"Eu fiz a proposta, mas não achei que fossem aceitar!"
"Não vai querer me convencer de sua inocência? Ou vai?". Disse Dike olhando seriamente para Hera que não ousou responder.
"Continuando....mas já que eles aceitaram e, apesar dos percalços que o destino...... pregou, conseguiram cumprir sua parte, agora vc deve cumprir a sua Hera! Hades, permita-me tomar esta atitude....."
"Claro Dike....". Respondeu Hades.
"Então vamos deixar cada coisa em seu devido lugar....Hera, Zeus pediu que lhe dissesse que a espera ansiosamente no Olimpo.....ela quer saber em detalhes tudo que aconteceu quando vc ficou fora....."
"O que foi que vc criou sobre mim para encher os ouvidos de meu marido?"
"Ninguém precisa criar coisas sobre vc! Além do mais, esqueceu que ele é o olho que tudo vê? Tenho certeza que vc tb anseia por encontrá-lo....."
Por mais que Hera ainda tentasse manter sua altivez, sua submissão já era evidente. Ela sabia que quando encontrasse Zeus, as coisas ficariam complicadas e ser repreendida como uma criança travessa não era uma das melhores experiências, para ninguém, que dirá para uma deusa. Num último rasgo de veneno, Hera despediu-se dos aventureiros:
"Bem, meus adorados mortais.....eu tenho que ir, já desperdicei muito tempo divino com vcs e devo agora voltar aos meus domínios....espero que sejam muito felizes, agora que estarão todos juntinhos, prontos para compartilhar as suas medíocres vidas banais!". E dizendo isso, a deusa, envolta em uma nuvem acinzentada, fez seu corpo sumir, ficando apenas seus olhos flamejantes. Estes, ficaram fixos nos aventureiros até sumirem bruscamente, sem mais voltar.
"Hades, Perséfone, Zeus pede desculpas pelo transtorno que a situação causou em seus domínios.....isso não se repetirá.....ele tb agradece pela paciência e compreensão!"
"Ele não precisa se preocupar.....sabemos que suas intenções foram nobres e no fim, tudo pode acabar bem.....tenho fama de cruel e sombrio porque domino os Infernos, mas só aceito as almas que vem, no tempo certo! As que não tem mais outro caminho para trilhar a não ser a eternidade...."
"Eu sei! Vc como eu, admira a justiça e a segue sempre!". Disse Dike, e virando-se para Hermes continuou: "Hermes, sua missão está cumprida! Vc, o sempre fiel e competente mensageiro, pode partir e fazer o que lhe competir ou lhe aprouver!"
"Obrigada minha irmã! Depois irei ter com meu pai! Adeus!"
Hermes foi a cada um dos aventureiros e os abraçou longamente.
"Cuidem-se! Mantenham-se unidos pois esta é a maior força de vcs!"
"Obrigada! Será que voltaremos a vê-lo?". Perguntou Malone.
"Só quando eu for buscá-los, mas ainda falta muito tempo para isso!". Disse Hermes rindo. "Adeus e boa sorte! Estarão bem nas boas mãos de Dike!"
"Adeus!". Disseram todos.
"E agora nós!". Disse Dike, virando-se para os exploradores. "Venham até aqui......"
Os aventureiros foram se aproximando e pela primeira vez depois da jornada, Finn, Marguerite, Challenger e Malone estavam próximos de Roxton e Verônica. Eles entreolharam-se como se quisessem se abraçar efusivamente, mas ainda estivessem incertos se poderiam ou não.
"Ora! O que estão esperando para abraçar uns aos outros? Não estão com saudades?"
Dike não precisou dizer duas vezes; a alegria era tamanha que ele choravam e riam ao mesmo tempo, felizes por sentirem que todos estavam bem. Roxton logo avisou para terem cuidado com as costas de Verônica, mas, com certeza, o beijo que ela ganhou de Malone, tornou as dores imperceptíveis; a espontaneidade do jornalista deixou a jovem da selva surpresa. Marguerite tb ganhou o seu afago, que seria mais caliente caso não estivessem na frente da deusa. Finn e Challenger abraçam um e outro efusivamente, sem poder conter a alegria do reencontro.
"Acho que agora, mais aliviados, podemos conversar!". Disse a deusa.
"É claro!"
"Como eu disse antes, esta situação não deveria ter acontecido.....acabou fugindo do controle, mas aqui estamos nós diante de uma séria questão! As almas que vêm ao Hades não podem voltar ao mundo dos vivos....reverter isso seria alterar a ordem do mundo!"
"Isso quer dizer que....". Disse Roxton temeroso pela resposta.
"Summerlee não pode ir para casa?". Completou Challenger.
"Sim e não...."
"Por favor Dike.......não agüentamos mais este suspense!". Disse Marguerite.
"Sim, ele não poderia ir para casa......ele é um espectro agora, mas em contrapartida, um acordo foi feito, vcs o cumpriram nobre e bravamente, Zeus soube dele e permitiu que fosse adiante. Por isso, correndo todos os riscos ele vai permitir que seu amigo volte, com a condição de que este assunto seja guardado a 7 chaves por vcs!"
Os aventureiros ficaram mudos; ouviram o que mais desejavam, mas exatamente agora não sabiam o que fazer, como reagir e, principalmente, o que falar.
"Vcs concordam?"
"Mas é claro! Estávamos sonhando em ouvir isso, em tê-lo de volta!". Disse Malone.
"Nunca perderam a esperança de que ele voltaria para vcs?"
"Jamais! Não se desiste de um amigo!". Afirmou Roxton.
"Então não deixarei que esperem mais.......venha até aqui meu amigo!". Disse Dike, olhando para trás; ao fundo havia um fio d'água e por sobre ele, Summerlee ainda em forma de espectro, veio caminhando, e a medida em que se aproximava seu corpo ia adquirindo mais forma e nitidez, até se tornar humano de fato.
"Summerlee!". Exclamou Verônica.
"Como é bom voltar a ver seu doce sorriso minha criança!"
"Summerlee vc não mudou nada!". Disse Marguerite.
"Olá minha dama! Seus olhos continuam encantadores exatamente como eu me lembrava deles!"
"Bem vindo meu velho!". Disse Challenger.
"Meu caro amigo, se duvidarem do Inferno, me ajudará a provar sua existência?". Disse Summerlee dando uma gostosa gargalhada.
"Sei que têm muita coisa para conversar e muita saudade para matar, mas que tal fazer isso em um local conhecido e mais agradável?"
"Seria ótimo! Mas onde?". Perguntou Finn.
"É pra já!". E com um bater de palmas Dike fez os aventureiros deixarem o Hades, para que, enfim, as coisas começassem a voltar ao normal (ou não tão normal assim!)
"Dike...."
"Sim pai?"
"Missão cumprida minha querida....já pode voltar!"
"Gostei ções raros de se encontrar, só precisam descobrir isso!". Disse a deusa.
"Também gostei deles, tenho certeza que acharão seu caminho....."
"Para casa?"
"Para o lar!"
"Estou indo pai...."
Lá e de volta outra vez:
Finalmente os aventureiros se viram novamente no plateau, no exato local onde três dias antes estava acontecendo um banquete regado a muito vinho e animado por incríveis seres mitológicos.
"Lar doce lar!". Disse Marguerite, tornando-se alvo do olhar de todos.
"Quem diria que rezaríamos para estar de volta ao plateau?!". Completou Challenger.
"Que tal subir e apreciar nosso lar doce lar, como vc mesma disse Marguerite?". Sugeriu Roxton.
"Nunca estive mais ansiosa por chegar em casa! Vamos!". Disse Marguerite.
E assim a primeira leva de aventureiros subiu: Summerlee, Challenger, Finn e Marguerite. Ao entrar em casa, eles quase não puderam acreditar no que seus olhos viam. A casa estava impecável, com os móveis reluzentes como se houvessem sido prestimosamente lustrados, havia jarros de flores em todos os lugares dando à casa da árvore uma aparência ainda mais agradável.
"Ei, quem foi a equipe de limpeza que fez isso?"
"Seja lá quem tenha sido, fez um ótimo trabalho!"
"Ei, vcs aí embaixo! Venham ver quão maravilhosa a casa está!". Disse Marguerite correndo até a varanda para chamar os demais.
"É claro, mas só se vcs desceram o elevador! Por favor....". Disse o caçador impacientemente.
É verdade, eles haviam ficado tão impressionados com a casa, que haviam esquecido de descer o bendito elevador, mas depois do delicado pedido de Roxton, o erro foi reparado. Finalmente Verônica, Malone e Roxton puderam subir e também ficaram boquiabertos com a casa.
"Nem em dia de faxina ela fica assim!". Exclamou Verônica.
"Se não tivéssemos deixado os deuses para trás, eu diria que isso é obra deles!"
"Sabe que tem razão Malone! O que vcs acham?". Disse Challenger virando –se para os amigos e só neste momento ele notou Summerlee, encolhido em um canto, perto da porta. Challenger ficou com os olhos fixos em Summerlee, que, por sua vez, tinha uma expressão estranha, um misto de alegria e angústia. Os outros, então notaram o comportamento de Summerlee também.
"Summerlee....". Disse Challenger.
"O que houve? Porque não vem até aqui?". Disse Roxton se dirigindo ao botânico. Ele abraçou Summerlee e foi trazendo ele lentamente para o meio da sala onde os outros estavam.
"Está sentindo alguma coisa professor?". perguntou Verônica com a ternura de uma filha que se preocupa com seu pai.
"É estranho estar aqui de volta...."
"Estranho?"
"É como se de repente eu me desse conta de quanto tempo fiquei longe.....será que ainda faço parte daqui?"
"Mas que bobagem Artur! É claro que vc faz parte!"
"Pensamos em vc todos os dias, tínhamos certeza de que voltaria para nós!"
"Acho que passei muito tempo longe daqui....."
"Mas agora está de volta e vamos recuperar todo o tempo perdido!"
"É, vamos parar com essa tristeza, afinal temos que comemorar porque pelo que sei agora está todo mundo junto pela primeira vez não é?". Disse Finn.
"Mas quem é esta jovem tão inteligente?". Disse Summerlee, que finalmente sorriu.
"Eu sou Finn, vim do futuro, mas isso eu conto pro senhor depois.....posso lhe dar um abraço?"
"Mas é claro minha jovem!"
"Sabe, de tanto eles falarem do senhor, eu acabei ficando com saudade tb!". Disse Finn enquanto dava um forte abraço no simpático botânico.
"Parece que ficamos uma eternidade longe daqui, quero ver como está tudo!". Disse Verônica sempre cuidadosa com sua casa, e dirigindo-se aos outros cômodos.
Os outros exploradores também começaram a se espalhar pela casa; Malone foi ver seus diários, Challenger foi ao seu laboratório, Marguerite foi verificar se cada saquinho de diamantes estava escondido onde deveria estar e Finn estava grudada em Summerlee, um contando ao outro suas peripécias. Roxton ia ver suas armas, mas notou algo estranho:
"Venham até aqui, rápido!". Gritou Roxton.
"O que foi?" Gritaram todos, correndo até a sala, pois pelo grito de Roxton a coisa deveria ser mesmo urgente.
"Alguém pode me dizer o que é aquilo ali?".
"Aquilo o que?". Perguntou Marguerite.
"Aqueles pacotes ali....eles não estavam ali quando deixamos a casa!". Disse Roxton apontando para umas caixas no canto da casa.
Verônica foi em direção aos pacotes, pegando o primeiro deles:
"Ei Marguerite.....este aqui tem seu nome!"
"Um presente para Marguerite? Quem poderia ter mandado?"
"Vamos logo..... que brincadeira é essa? Quem fez isso hein? Pode dizer logo o que está tramando!"
"Ora Marguerite, como algum de nós poderia ter feito isso? Esqueceu onde estávamos?"
"Mas porque o meu nome?!"
"Sinto um certo medo na srta Krux? Será que está com medo de abrir?"
"Pois saiba que eu não tenho medo de absolutamente nada......"
"Agora me sinto novamente em casa!". Sussurrou Summerlee, entre risos.
"Ei ei ei.......vamos parar por aqui..... mal acabamos de voltar!"
"Roxton tem razão..... pode ficar calma Marguerite, tem um pacote para cada um! Venham pegar!"
"Eba presentes, tô dentro!". Disse Finn.
Cada um correu para pegar o presente que lhe cabia, como crianças afoitas em uma manhã de Natal; a origem dos misteriosos objetos era intrigante, mas não tanto quanto o porque de um presente específico para cada um. Marguerite pegou o presente com seu nome: era uma caixa dourada adornada com um laço primorosamente feito. Ao abrir a caixa, os olhos da herdeira faiscaram: havia uma pedra em forma de coração.
A principio ela ficou bastante animada, pois a pedra parecia valiosa, aliás, valiosíssima. Depois de um bom tempo de contemplação, ela pegou sua lupa e constatou que ela não tinha valor monetário algum, era como vidro, mas nem por isso o encantamento da herdeira diminuiu. Junto à pedra havia um bilhete: "Toda a vida do homem sobre a face da terra se resume a buscar o Amor. Não importa se ele finge correr atrás de sabedoria, de dinheiro ou de poder".
Ao mesmo tempo, os outros aventureiros também abriam seus presentes e mergulhavam no significado particular de cada um deles. A caixa de Verônica era um pouco mais simples que a de Marguerite, mas não menos bela. Ao abri-la a jovem viu duas correntes presas a uma única medalha, esta por sua vez, tinha forma de coração e era formada por duas metades. Ela não era fascinada por jóias como a herdeira, mas o brilho dourado de seu presente era realmente magnífico. Na caixinha de Verônica havia tb um bilhete, aliás, como em todas as demais caixas: "O amor é arriscado, mas sempre foi assim.Há milhares de anos as pessoas se buscam e se encontram".
O jornalista recolheu-se a um canto para ver o seu presente, por um momento ele foi o alvo de todos os olhares, pois a sua caixa era a maior de todas. Ao abrir, ele surpreendeu-se ao ver que dentro da enorme caixa cor púrpura havia um antigo escudo de bronze belissimamente adornado, semelhante àqueles utilizados nas antigas batalhas gregas. Embaixo dele, havia a mensagem: "Ser homem é ter dúvidas, e mesmo assim continuar o seu caminho".
Para Challenger, o presente foi uma escultura de ferro, que, pela beleza e absoluta perfeição devia ter vindo das forjas de Hefestos. Ela era de bronze e representava o cérebro humano como uma máquina, com engrenagens, mas dentro dele um coração, que, sob o efeito da ilusão de ótica, parecia estar pulsando. A frase: "Compreender e sentir são inseparáveis", completava o seu sentido.
A jovem do futuro também não havia sido esquecida pelos deuses; para ela havia uma ampulheta de prata, cuja areia fina não parava de cair e quando um lado acabava, ela automaticamente virava. Finn tinha o estado de espírito de uma criança travessa, mas isso não impediu que suas discretas emoções aflorassem diante de sua mensagem: "As pessoas sempre chegam na hora exata nos lugares onde estão sendo esperadas".
Ao abrir a caixa, o que o botânico encontrou foi um espelho; a princípio ele não entendeu o que aquilo significava. Havia um bilhete: olhe aqui! Quando ele tirou o espelho da caixa e olhou nele, viu que palavras se formavam: "O homem é o único ser na Natureza que tem consciência de que vai morrer. Mesmo sabendo que tudo irá acabar, façamos da vida uma luta digna de um ser eterno".
Roxton foi o último a pegar seu presente, examinou cuidadosamente a caixa e depois de um tempo resolveu abri-la; sua desconfiança não era um reflexo do instinto de caçador, mas talvez algo mais profundo, como se ele soubesse que o conteúdo daquela caixa era demasiado importante. Seguindo sua intuição, ele discretamente foi para seu quarto e não teve dificuldades para passar despercebido, visto que cada um estava mergulhado em seu mundo particular.
Ele fechou a porta com cuidado, sentou-se na cama e pos a caixa no colo. Abriu como se ali estivesse uma preciosidade de fragilidade absurda e depois de um momento olhando o conteúdo da caixa, as lágrimas timidamente começaram a rolar. Ele ergueu com cuidado uma corrente de ouro, da qual pendia uma medalha, também de ouro, com um brasão entalhado. Assim que colocou os olhos na jóia reconheceu que era a corrente que seu irmão sempre usava, inclusive no dia em que o terrível acidente tirou sua vida.
As lágrimas agora já rolavam sem controle, pois todas as lembranças daquela tragédia vieram á mente do caçador. Nada doía tanto quanto ter causado, mesmo que por acidente a morte de seu irmão, e indiretamente a de seu pai, já que ele havia morrido tempos depois, de tristeza. Por mais que todos dissessem que ele não havia tido culpa, o fantasma do remorso não lhe deixava em paz, atormentando-o não raramente, sob a forma de pesadelos absurdamente vívidos. Finalmente ele se acalmou um pouco e pegou o bilhete na caixa:
"(...) nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo".
Roxton releu aquilo várias vezes, mas as palavras tb não haviam sido capazes de diminuir a sua dor. Por um momento ele apertou a medalha e o bilhete contra o peito e fechou os olhos, buscando na memória a imagem de seu irmão. Não se sabe se pelo abalado estado emocional do caçador, ou, pelo caráter altamente generoso dos deuses, ainda de olhos fechados, Roxton sentiu uma mão tocar seu ombro e uma voz lhe disse: "Eu te perdôo!". O caçador podia jurar que era exatamente daquele modo que seu irmão costumava lhe tocar e que a voz era dele, mas ao abrir os olhos, ele nada viu. Apesar disso, estranhamente seu coração parecia mais leve e sua alma em paz, como se finalmente ele pudesse livrar seus ombros do fardo daquela culpa. Notando a ausência dele, Challenger foi procurá-lo, e depois de duas batidinhas na porta, resolveu colocar a cabeça para dentro:
"Algum problema Roxton?"
O caçador, que estava de costas para a porta, enxugou as lágrimas e virou-se para o cientista: "Nenhum problema.......eu estou livre........livre, meu velho....".Ao que Challenger, mesmo sem entender muita coisa, respondeu com um carinhoso sorriso.
E assim os aventureiros ficaram mais algum tempo encantados com seus presentes, pois eles haviam sido escolhidos a dedo para cada um; cada presente tinha um traço especial que o ligava ao presenteado, criando assim um sentido quase mágico, que falava diretamente a seus corações. Passado o encantamento, os presentes foram guardados carinhosamente, de modo que ficassem sempre a vista como uma doce lembrança; nunca encontraram uma pista concreta de quem havia deixado os presentes ali, mas eles sabiam que só poderia ter vindo dos deuses.
Uma sensação de serenidade e paz permaneceu na casa por um bom tempo, e naquele dia, ninguém tinha vontade de fazer nada além de por a conversa em dias, tanto sobre a jornada, como sobre os presentes, e matar as saudades dos amigos. Sentados à mesa, os homens da casa conversavam:
"E então Roxton, porque não nos conta sobre a jornada?". Perguntou Malone.
"Ah, meu amigo, são tantas coisas, que levaria dias para contar todos os detalhes!"
"Estamos ansiosos por saber!". Disse Challenger.
"É claro que vou contar tudo, mas tem uma coisa que me intriga!"
"O que?"
"Zeus nos mandou 3 presentes, encontrei utilidade para 2 deles, mas o que fazer com isso aqui, um capacete que permite a invisibilidade?"
"Se fosse um estudante secundarista, eu diria que seria um ótimo instrumento para observar o vestiário feminino! Mas não é o seu caso....". Disse Challenger corando um pouco.
"Sabe que vc me deu uma ótima idéia....."
"Oh oh, pela manutenção da compostura na casa....". Disse Summerlee.
"......e para poupar nossos ouvidos dos gritos". Completou Malone.
"É melhor que eu fique com este objeto!". Disse Challenger sob as gargalhadas de todos.
Enquanto isso, Verônica e Marguerite faziam uma espécie de clube da luluzinha no quarto da herdeira.
"E então Verônica, vcs falaram sobre mim durante a jornada?"
"Não...."
"Não?!"
"Eu não falei, mas em compensação, ele não parava de lembrar de vc! E Ned? Estava preocupado comigo?"
"Eu já não agüentava mais ouvir o disco arranhado: onde será que Verônica está? Será que ela está bem? Essas coisas.....vc viu os olhos dele quando vc apareceu?"
"Sempre fico em dúvida quanto aos sentimentos dele...."
"O mesmo acontece com Roxton.....não estou acostumada a confiar em ninguém, muito menos em homens....."
"Marguerite......nossa conversa está ótima, mas acho que vou dormir....a jornada foi exaustiva e minhas costas ainda doem um pouco....."
"Descanse, vc merece! Boa noite!". Disse Marguerite, depositando um beijo na testa de Verônica.
"Boa noite!". Respondeu a loira com um sorriso.
Ao mesmo tempo, depois das piadinhas, Challenger e Summerlee acharam que já haviam tido emoções fortes o bastante e foram dormir, deixando Malone e Roxton sozinhos na mesa. Mas eles, também se despediram com um tapinha nas costas, pois, apesar de não estarem com sono, queriam ficar um tempo sozinhos, conversando com seus botões. Roxton ficou um tempo na varanda contemplando a beleza da noite no plateau e não viu quando a herdeira se aproximou.
"Posso invadir seus pensamentos?"
"Não precisa...."
"Como assim?"
"Vc sempre está em meus pensamentos!"
A herdeira ficou muda; ela havia acabado de falar com Verônica sobre seu relacionamento com Roxton, suas dúvidas e inseguranças e agora ele a pegava de surpresa com esta declaração. Ele não disse "eu te amo", nem nenhuma daquelas frases prontas que conhecemos, mas seus olhos e suas poucas palavras fizeram Marguerite ter certeza de que a frase no seu presente estava absolutamente certa, e melhor: ela já havia concluído sua busca. Depois de um apaixonado beijo, os dois se encaminharam ao quarto, abraçados. A porta se fechou atrás deles e todo o resto lá fora foi esquecido.
Malone ia diretamente para seu quarto, mas antes pensou em ver como Verônica estava. Hesitou um pouco na porta do quarto da loira, mas finalmente decidiu entrar. Abriu a porta bem devagar e colocou meio corpo; achou que ela estivesse dormindo e como seu semblante estava muito tranqüilo, com uma respiração leve, ele resolveu sair sem fazer barulho. Quando já ia encostando a porta, Verônica o chamou:
"Ned, é vc?"
"Desculpe.....eu lhe acordei....."
"Eu ainda estava acordada...."
"Como vc está? Suas costas ainda doem?"
"Um pouco.......mas já estou bem melhor...."
"Então descanse...."
"Ned......"
"Sim?"
"Senti saudades...."
"Eu também.....tive medo de não voltar a vê-la.....". Disse Malone entrando no quarto e sentando na beira da cama.
"Quero lhe contar uma coisa...."
"O que?"
"Houve dois momentos na jornada em que me vi numa encruzilhada...."
"E?"
".....e encontrei minhas respostas em vc...."
Malone encheu os olhos d'água e abraçou Verônica bem forte, e ambos sentiram como se naquele momento fossem apenas um.
"Posso ficar aqui com vc?"
Verônica, então, percebendo que as palavras eram dispensáveis naquele momento, aproximou Ned de si e o beijou calorosamente, não deixando a menor dúvida quanto à permissão. Naquela noite os dois dormiram profundamente, na certeza de que seu mundo finalmente estava completo: o inseguro jornalista havia encontrado seu porto seguro e a jovem da selva havia preenchido sua solidão com um leal companheiro. Depois daquela noite as coisas nunca mais foram as mesmas para aqueles dois: agora eram um casal no sentido mais amplo da palavra.
Mas vcs podem estar se perguntando porque exatamente agora, os quatro haviam decidido declarar seus sentimentos. Tudo bem que o apuro pelo qual passaram foi grande, mas situações limite não eram raras para os aventureiros. O que ninguém soube, foi que naquela noite, Eros deu uma proveitosa volta pela casa, encontrando quatro corações apaixonados que só precisavam de uma ajudinha. Bastaram 4 pequenas flechas precisamente lançadas, e pronto: os corações outrora desnorteados haviam encontrado suas metades. Ele deu um matreiro sorriso sentado na varanda e depois partiu, batendo suas leves asas a fim de ajudar outros amantes indecisos.
Enfim, tudo era silêncio na casa da árvore, o burburinho causado pela volta dos exploradores, deu lugar à tranqüilidade e a serenidade. Pela primeira vez eles estavam todos juntos: o botânico, com a palavra certa para cada hora; o cientista e suas geringonças maravilhosas; o caçador e seu espírito destemido; a dama, nobre nos modos e no coração; o jornalista, o covarde mais corajoso do plateau, a jovem da selva, um misto de menina e mulher; a menina do futuro, que precisou se perder no tempo e espaço, para achar seu lugar.
Foi sob a brisa que produzia o farfalhar das copas das árvores e os sons mágicos e misteriosos da selva que uma fabulosa criatura pousou na casa da árvore. Ela deu um outro sobrevôo dentro da casa como se estivesse fazendo um reconhecimento do lugar e foi embora, tão repentina e sorrateiramente como havia chegado. Sua aparência era absolutamente incrível e foi uma pena que ninguém a tivesse visto. Quem era ela? A Fênix, o símbolo próprio do eterno renascimento de todas as coisas, de todas as almas que habitam o coração do mundo e a ele retornarão.
FIM
Um pouco de mitologia:
Dike: Filha de Zeus e Temis, deusa da justiça divina. Como sua mãe, Dike estava relacionada às sentenças divinas, sendo também chamada de Astréia (estrelada), sendo ela hoje relacionada à constelação de Virgem. Juntamente com outras irmãs, formavam as Horas. Nos tempos da Era Dourada, ela tinha sua residência na Terra, e permaneceu aqui até a Era de Prata.
Eros (Cupido): Filho de Hermes e Afrodite, é representado com asas e carregando o arco e as flechas com que fere os casais, despertando neles a paixão.
Fênix: Mito de origem egípcia, mas venerado também pelos gregos, essa ave fabulosa vivia vários séculos e, como não tinha fêmea, o modo de perpetuar a espécie era queimar-se em uma pira de ervas mágicas – de suas cinzas renascia uma outra fênix, símbolo da imortalidade da alma e também do ano que renasce terminado o seu ciclo.
Citações
(...) normal ou não tão normal assim – referência à excelente fic de Madame Bovary! Um beijo madame, sua habilidade criativa é fabulosa!
Paulo Coelho - 106 reflexões do guerreiro da luz.
Albert Camus.
William Shakespeare.
DISCLAIMER: Os personagens aqui citados fazem parte da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World", não sendo, portanto de propriedade do(a) autor(a) desta fanfiction.
A revelação de segredos não tão secretos....
E depois de tantos acontecimentos: greve, fim de greve, protestos mil, enigmas, surpresas e até bate papo no msn....esta fic chegou ao fim. Colocar um ponto final sempre é difícil, principalmente quando se descobre que escrever é uma paixão e que em cada palavra vai uma parte de nós mesmos, dos gostos, costumes e maneiras de ver o mundo. Quando pensei em escrever fics, imediatamente achei que deveria usar um nick, por dois motivos: porque sou muito tímida e porque queria receber comentários sem que as pessoas fossem contaminadas por seu contato comigo; embora ache que agora me sentiria à vontade para usar meu próprio nome e dizer que sou a autora de "O lar é onde o coração está", "When a Trex loves a woman" e "Entre deuses e dinossauros", mas para falar a verdade gostei tanto do meu nick que vou continuar a usá-lo! Alguns sabem que sou, outros apenas desconfiam por um detalhe ou outro, mas contando com a descrição dos que sabem e com o gosto pelo mistério dos outros, prosseguirei como oculta, pelo menos enquanto vcs me agüentarem e a meus devaneios! Um agradecimento especial a todos aqueles que dedicaram parte de seu tempo lendo esta fic e deixando carinhosos reviews (Cris, Claudia, Nessa, Ariana, Towanda, Rosa, Kakau, Jéssy, Lady K, Lady F, Norma, Priscila, Taiza, Si Bettin....acho que não esqueci ninguém, mas se o fiz, mil desculpas!). Foi um enorme prazer escrever e responder a cada uma de vcs e ao mesmo tempo uma responsabilidade, pois, concordo totalmente quando Saint-Exupery diz que "tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas". Um agradecimento mais que especial às pessoas cujo apoio foi fundamental para que eu continuasse a escrever, entre elas a Simone Zezé, ou simplesmente Si, que com suas sugestões fabulosas (Aquiles Pitt é dela!), me fez desempacar várias vezes, e em muitas outras ocasiões ouviu pacientemente meus lamentos pelos reviews escassos ou pela crise de falta de idéias que me assolava vez por outra! Um beijão, Si! Se eu pudesse vc não seria só a gotinha de suor do Aquiles Pitt.... receberia ele embalado para presente aí na sua casa! Hahahahahhahhaha (Alguém ainda não sabe quem sou eu?!)
Com carinho,
Phoenix
"Hantalë, Anar caluva tielyanna
(Obrigada, que o sol brilhe sobre os seu caminho)".
