Perdidos no Brasil!
Capítulo 3 – A União e a Revolta dos Curupiras-Domésticos
Uma mulher loira e alta andava apressada pelo corredor com paredes de mármore. Pouco se importava de estar metendo o salto da bota nas caras dos curupiras-domésticos que limpavam incansávelmente o chão. Aliás, ela sempre fazia questão de entrar com as botas cheias de mato e terra, para o horror dos enfurecidos curupiras.
Ela entrou em uma das salas do corredor e olhou para a mulher que se encontrava ali, que tinha cabelos castanhos e longos e um pouco gordinha. A morena notou a presença da loira e caiu de joelhos aos seus pés.
- Oh, Majestade! O que traz sua ilustre presença até o meu humilde escritório?
- Você sabe exatamente o que me traz aqui, Mara. – a loira ergueu a sombracelha com um ar de desprezo – ao contrário de mim! Afinal, foi você que me chamou aqui!
- Ah, é, sim, claro – embaraçou-se Mara Maravilha, pegando um recorte de jornal de sua mesa e estendendo para a "Rainha" – este é um pedaço do Profeta Vespertino inglês de ontem.
Xuxa pegou o papel e começou a ler, sua cara ficando séria a cada linha que seus olhos encontravam. Quando uma gota de suor começou a escorrer por sua testa, ela ergueu os olhos e ralhou:
- Você sabe muito bem que eu não sei ler inglês, baixinha! Traduza! Agora!
Mara Maravilha revirou os olhos e leu o recorte. O rosto de Xuxa se contorceu de horror como quando ela encarnava a bruxa Keka.
- Voldão foi visto no Maranhão? Não! Isso atrapalha todos os meus planos! – a loira jogou-se em uma cadeira e esmurreou a mesa – agora os ingleses educadinhos e xexelentos vão se meter com minhas criancinhas! Droga!
- Mas o Sr. Aquele-Vilão-da-Inglaterra já nos comunicou que se encontra agora em Recife! Os aurores estão no Maranhão, então acho que não há problemas...
- Comunique-se com ele. Se precisar, enviaremos reforços. Ele e seus Comensais tem que estar aqui amanhã.
Gina agora se enxugava com o sobretudo escolar, nas margens de onde ela pensara escutar alguém gritar seu nome. Depois daquele momento de felicidade, a ruivinha estava cansada e com fome. Vestiu-se e, torcendo o cabelo, aproximou-se de um dos quiosques da praia.
- Excuse me – ela disse – where am I?
Um homem mulato, alto, forte e lindo (controle-se, Aya ¬¬) levantou-se, puxando uma mulher baixinha e emburrada de uma das cadeiras, e dizendo:
- Pera aí, moça, pera que essa mulher sabe falar inglês! – e cutucou a baixinha, que arrumou os óculos de aros grossos e disse:
- You're in Praia da Costa, Rio de Janeiro. – murmurou a mulher, olhando desconfiada para a ainda molhada Gina – Where are you from?
- Hogwarts, England – respondeu Gina, e depois lembrando-se que eles podiam não ser bruxos, consertou – hum, Toca, 300 kilometers to London.
- Londres? – a mulher arregalou os olhos, e virou-se pro mulato – não é melhor levarmos ela para a embaixada inglesa, Lucas?
- Fica em Brasília! – respondeu o mulato, lindo, alto e forte chamado Lucas (que agora, estava vestido, para o desgosto de Gina) – antes disso, pergunte a ela se conhece uma menina morena, de cabelos cheios que usava uma roupa igual à dela! Deixei a garota aqui para ir buscar você e quando voltei, soube que a tinham levado, Carla!
Carla fez a pergunta em inglês para Gina, que então compreendeu. Respondeu que devia ser Hermione, uma amiga dela da escola, e perguntou o que haviam feito com ela. Depois de uma onda de traduções e traduções, Gina entendeu que estavam no Brasil e que Hermione havia sido levada pra um...hospício?
Gina e Carla entraram então no carro de Lucas e partiram em direção ao hospital que o vendedor de cocos mencionara. E antes que Gina pudesse reclamar da confusão em que entrara, ela viu Draco Malfoy surgir no ar, e cair nas areias da praia.
O barulho na Sala de Troféus era Madame Nora, e Snape, apesar de furioso por não conseguir ferrar muitos aluno, estava satisfeito por ter pego Harry. Quem sabe agora, finalmente, ele não convencesse Dumbledore a apreender aquela maldita capa da invisibilidade.- 50 pontos a menos para a Grifinória, e detenção comigo até o fim da semana!! – berrou Snape, quase cuspindo em Harry – e se não for agora para a Torre da Grifinória, eu juro que te expluso da escola!
De modo que Harry teve que seguir pra a Torre e deixar o destino do próximo pelado que surgiria no banheiro nas mãos de Merlin.
Estava realmente muito preocupado. Hermione... se ela estivesse mesmo no Brasil, pelo que deveria estar passando! Ele sentia isso...
Passou pelo quadro da Mulher Gorda e encontrou um Neville lamúriante jogado em um poltrona ao lado da lareira.
- Neville, o que aconteceu? – indagou Harry, então se lembrou da cena do Salão Principal com Gina, e resmungou – não está choramingando pela Gina ainda, está?
- Não, não – Neville engoliu em seco – é que...bem, só um pouco...na verdade, não tenho onde dormir...
- E por acaso o dormitório mudou de função? – disse Harry grosseiramente. Não estava com paciência pras boiolices de Neville.
- N-não. – respondeu o gordinho tímidamente – é que, bom, Dino e Simas saíram pra andar com suas namoradas...
- E daí? Não devia estar feliz? Afinal, o dormitório seria só seu! – grunhiu Harry com mais raiva ainda por Dino e Simas poderem vagar por aí sem levar centenas de detenções, como ele.
- Bom, acontece que Rony uma garota. – Neville disse, vagarosamente – e os dois entraram no dormitório enquanto eu estava lá e começaram a fazer muito barulho juntos e aí...
- O quêêê?! – Harry ficou boquiaberto – o Rony?! Espera, espera, pode parar! O Rony é um bocó despreparado com garotas, assim como você! – o cicatrizado não reparou que uma lágrima caía pelo rosto de Neville – que tipo de barulho eles estavam fazendo?
- Hum...uns...gemidos... – soluçou Neville.
- Ah, eu tenho que ver isso.
"Por Slytherin, meu uniforme está cheio de areia... vou ter que fazer outra lavagem especial caríssima..."
Draco saía das areias da praia, mal-humorado. Odiava praias, e ele agradeceu por ser noite, já que ele também odiava o sol.
Saiu da areia e chegou à cidade.
Era uma bagunça: ruas supermovimentadas, camelôs de um lado para o outro,lojas lotadas e prédios enormes em meio a coqueiros e outras árvores enormes. Não se parecia nada com a arrumada e nostágica Inglaterra. Na verdade, a cidade, apesar de tanta confusão, tinha um ar muito mais jovem do que o lugar onde morava, e mesmo de sua terra Natal, a França. Ele ficou intrigado que uma cidade daquele jeito pudesse estar tão próxima de uma praia.
Foi andando vagarosamente, ainda tirando areia dos cabelos loiros, completamente deslumbrado. Algumas pessoas olhavam para ele e suas roupas, mas não se demoravam muito: pela postura que Draco tinha,todos pensavam que ele era um filho de gringo tirando férias.
O loiro caminhou mais um pouco até encontrar um restaurante chamado "Fridays".
Entrou e perguntou à uma das garçonetes:
- Do you speak English? – perguntou Draco. Ele sabia que estava no Brasil, afinal, se transportara para lá de propósito.
- Yes, I do! – sorriu a garçonete – why? Are you American?
- No, no – disse Draco, encantado com a beleza mista da garçonete: ela era morena, de cabelos longos e negros, e olhos verdes – I'm English...
Eles conversaram e Draco soube que perto dali havia um consulado inglês. ele agradeceu, pegou o número do telefone da moça (apesar de não fazer idéia do que era telefone) e saiu.
Tentando seguir as instruções da garçonete, ele andou pelas ruas até chegar a um lugar mais isolado, com apenas alguns prédios, e que começava a se tornar meio sujo, sem toda aquela cor que havia no começo da cidade. Mas como as instruções da mulher diziam claramente para ir naquela direção, ele continuou.
Á medida que ia entrando naquele lugar, algumas pessoas sombrias iam aparecendo, e o lado medroso de Draco começou a surgir. Ele então chegou a um lugar que já não tinha prédios, e sim umas casas pequenas empilhadas umas sobre as outras, formando algo como uma montanha cheia de casas...
"Será que tem mesmo um consulado inglês lá?"
Então dois homens grandes, um negro e tatuado, e outro moreno e careca, com uma cicatriz em "X" no rosto, entraram na frente dele e o encararam.
- Que foi, gringo? O que tu tá querendo na favela?
- A garota não tem nenhum problema aparente, Sra. Gomes – disse o doutor que examinava uma chorosa Hermione – ela apenas estava falando inglês...
- Mas ela estava gritando "Gina!" pro mar! – insistiu a velhinha – essa palavra nem existe, não é mesmo?
- Pode ser um nome, Sra. Gomes – disse o doutor pacientemente – ela parece ser só uma gringa que está assustada porque se perdeu dos pais...
- Sei – resmungou a Sra. Gomes – e o que faço com ela então?
- Podemos deixá-la aqui no hospital mesmo, e ligar pro consulado americano...
- Excuse me – murmurou Hermione, rouca – I'm not american...I'm english...
- Eu sei que você fala inglês – sorriu o doutor bondosamente, enquanto Hermione começava novamente a ficar nervosa. – vou te levar até o balcão e você vai dar seu nome à balconista, ok? Nome, Name. – ele sinalizou para o balcão principal, para que ela pudesse compreender.
- Ok... – murmurou Hermione, mais para se ver livre do doutor e da velha do que por ter entendido – bye...
Hermione seguiu tristemente para o balcão, e aguardou na fila. Estava disposta a ficar quietinha e esperar, quando viu algo que chamou sua atenção.
Um curupira-doméstico, uma variação do elfo-doméstico brasileira, atravessara veloz um corredor, para depois desaparecer.
Hermione já lera o bastante para saber que os curupiras-domésticos eram bem menos tímidos e obedientes que os elfos-domésticos, mesmo seguindo regras próprias semelhantes. Mas o que fazia um curupira correndo num hospital trouxa? E ainda mais em um hospital psiquiátrico?
Ela mal pensou nisso, outro curupira atravessou o mesmo corredor. E outro logo atrás. Eles certamente pensavam não estar sendo vistos... mas Hermione era uma bruxa, e uma das melhores, penso eu.
Esse acontecimento a tirou da fila, para espiar.
O pobre João Paulo ficara sozinho, em um banheiro, em ums escola bruxa, na Inglaterra, só de robe...
Coitado, não?
Acontece que a situação do loirinho bronzeado J.P. se agravou quando, obviamente, mais um pelado surgiu no banheiro feminino das masmorras, através daquela curiosa bandeirinha.
J.P só tinha o robe que Harry lhe emprestara, de modo que o mais novo pelado de Hogwarts, um garoto alto e magricela, de cabelos castanhos e olheiras profundas, teria que permanecer como viera ao mundo.
O que dois trouxas farão perdidos em Hogwarts agora?
- Vamos achar o quarto das garotas, claro – o magricela, que se chamava Renan – deve ter um quarto só de garotas aqui...
- Vamos, então! Mas temos que tomar cuidado, por quê tem uns caras aqui que acham que são bruxos sabe... aliás, aonde será que foram todos eles? – respondeu J.P..
- Não quero nem saber... eu quero o quarto das meninas!
Harry subiu as escadas rezando para não ter que encontrar Rony em situação indesejável...
Antes de abrir a porta do dormitório, o moreno cicatrizado pôs o ouvido nela. Queria certificar-se dos gemidos da qual falara Neville...
- Huhu...hihihi... – se escutava lá dentro, em tom animado – ai, para... hihi...chega, chega...
Harry não abriu e escancarou a porta, que nem a turma do Scooby Doo desvendando um mistério.
- Rony, seu cabuloso... você não perde temp... o que vocês estão fazendo?
O ruivinho e a brasileirinha Milene riam, vermelhos, sobre a cama...
Porque, afinal, estavam brincando de fazer cosquinhas.
Gina chegou ao hospital e, acompanhada pelo mulato bonitão Lucas e pela mau-humorada Carla, aproximou-se da secretária no balcão.
- Com licença – disse Lucas – a senhora pode me informarse uma garota branca, de cabelos castanhos e olhos também, foi atendida à pouco aqui? O nome dela é Hermione.
- Granger. – completou Gina, ao escutar o nome da amiga incompleto.
- Sim, sim... – respondeu a secretária, examinando seu computador (que Gina observava com desconfiança) – Hermione A. Granger... foi atendida na Ala Infanto-Juvenil ás 20:00...
- Onde ela está? – perguntou Carla.
- Acho que já foi embora...
- Droga... – murmurou Carla, para depois traduzir tudo para Gina.
- Dammit! – concordou Gina.
- E agora, o que faremos? – perguntou Carla, tanto em inglês quanto em português.
'Bem, a Mione sabe se virar!' pensou Gina. 'Eu vou é arranjar um jeito de falar com o Ministério da Magia daqui...mas como...Ah, já sei!
Ela sacou a varinha e...
- Wingardium Leviosa – murmurou, erguendo uma cadeira da recepção, para o horror dos trouxas presentes, inclusive Carla e Lucas. Rapidamente um pandemônio instalou-se no local.
'Agora eu quero ver o Ministério não me achar!" pensou Gina, divertida.
Hermione seguiu os curupiras-domésticos pelos corredores, descendo escadas e entrando por alguns túneis, sem pestanejar.
Chegaram então a um local que parecia uma garagem abandonada, mas suas colunas estavam todas pintadas com mensagens de revolta. Hermione observava tudo com curiosidade, mas sem perder os curupiras de vista.
Mensagens como "Liberdade a qualquer custo!" e "A nossa hora chegou!" eram as mais vistas entre as muitas nas colunas. A medida que os curupiras se aproximavam do que parecia ser o fim da garagem, era possível ver mesas e cadeirinhas adequadas aos pequeninos. Tudo parecia organizado para algum tipo de reunião. Hermione escondeu-se atrás de uma coluna ao lado das mesinhas.
Os curupiras sentaram-se nas cadeirinhas. Um deles então subiu em uma das mesinhas e gritou:
- Meus amigos! Nosso momento está próximo!
Berros de "Urra!" e "É isso mesmo!" percorreram a garagem, e Hermione lamentou mais do que nunca não ter uma mínima noção de português. Porém, pelo tom usado pelos curupiras, Hermione teve a sensação de que se tratava de algum tipo de revolta.
'Quem dera se os elfos-domésticos fossem assim!' pensou Hermione.
- Agora que o Homem-de-preto veio nos libertar – continuou o curupira líder – nós nos vingaremos desses malditos bruxos que pensaram que podiam nos escravizar por mais de 500 anos seguidos!
Mais gritos de urra.
- Nosso momento está muito, muito próximo! Depois de amanhã, a União vai se concretizar e a Rainha Xuxa e Lord Voldemort se unirão na maior das revoluções! – o curupira líder esperneou, pulando com emoção.
'Lord Voldemort?', entendeu Hermione, horrorizada.
'Voldemort no Brasil?'
OBSERVAÇÃO: Algumas pessoas reclamaram que eu estou "apelando", por estar associando o Brasil a uma praia de nudismo... e podem ser que reclamem mais ainda porque o Draco foi parar na favela. mas eu acho que não é apelação, essas coisas realmente existem no Brasil, e sendo boas ou ruins, é melhor rir do que chorar por elas, não? ;-)
Agradecimentos a TODAS as reviews!! Eu MORRO de rir das reviews de vocês! Por isso, continuem! Mais uma vez, não tenho tempo de responder a todas! Acabei de escrever o capítulo em cima da hora, tenho que sair agora!
Fico muito feliz que possa estar fazendo vocês darem algumas risadas, porque rir está tão difícil ultimamente!
E para todos que lêêm Priori Incantatem, capítulo novo no fim da semana se Merlin quiser!
Beijos e até logo...
Aya :P
