CAP
5
"OS PRIMOS DE HERMIONE"
Como
de hábito, Harry acorda no meio da noite, desta vez no
entanto, com uma mistura de alegria e aborrecimento. Alegria por não
ter tido pesadelos e sim belos sonhos, aborrecimento por esses mesmos
sonhos terem sido interrompidos. Em vez de passar o resto da noite
lendo, como de costume, ele resolve ficar deitado, tentando relembrar
os sonhos bem como os bons momentos do dia anterior. Nesta hora,
porém, sente que Bichento, como já era de costume, sobe
na sua cama (o gato aparentemente descobriu que sempre acordava no
meio da noite e aproveitava para ficar no colo do garoto enquanto
este lia). Abrindo os olhos, nota o borrão de pelos que era o
animal, após se sentar e colocar os óculos diz para o
gato:
- Olá Bichento, já está aqui?
Desculpe, mas hoje não estou com ânimo de ler. No
entanto, se quiser, pode ficar aqui – dizia, enquanto acariciava o
belo pêlo do animal - como será que está sua dona
agora, hein? - pergunta distraidamente.
Bichento para de
ronronar diante da pergunta e encara o garoto com um olhar um tanto
estranho. "Hei, não precisa fazer essa cara, eu não
perguntei nada de mais" se apressa em dizer Harry diante do
olhar intrigado do gato, que depois de um breve período
(parecia analisar a situação) volta a ronronar e a se
esfregar no garoto parecendo bastante feliz. Harry (agora sentado na
cama acariciando o animal no seu colo) volta a pensar no dia anterior
que, sem sombra de dúvida, havia sido o melhor aniversário
de sua vida. O garoto passa o restante da noite perdido em
lembranças, e como sempre, só se dá conta disso
quando o sol entra pela sua janela; após se arrumar desse para
o café e encontra Sheila ainda na cozinha fritando Bacon para
o café. Ela não se surpreende em vê-lo ali (como
o resto da família, que já havia notado que o garoto
levantava bastante cedo, embora ainda não soubesse que na
verdade ele passava boa parte da noite acordado) e pede para que a
ajude a arrumar a mesa, o que ele prontamente faz (perto do que
estava acostumado na casa dos Dursley isso não era nada).
Assim que termina de pôr a mesa ouve Mione descendo as escadas,
fica bastante feliz em vê-la, mas se surpreende com a roupa que
a garota usava: uma camiseta confortável, uma saia rodada na
altura dos joelhos e tênis (a garota ultimamente estava usando
roupas que realçavam seu belo corpo; não que deixasse
de ficar bonita com as roupas que estava usando). O garoto fica
bastante curioso em saber o porquê da mudança, mas não
precisou esperar muito para ter sua curiosidade atendida:
-
Harry, tome logo seu café e vá se arrumar - diz a
garota após (como de hábito) lhe desejar bom dia com um
beijo no rosto.
- Por quê? - pergunta Harry
-
Ora, porque vamos ao Clube - responde como se fosse a coisa mais
óbvia do mundo.
- Tudo bem, mas o que devo vestir? -
pergunta (ainda não havia se habituado às novas
roupas).
- Uma camiseta e uma bermuda, agora ande depressa. -
responde a garota com seu antigo tom mandão.
- Tudo
bem, tudo bem, já estou indo. - finaliza Harry rindo da
situação (havia se esquecido como ela sabia ser
autoritária quando queria).
Assim, logo após o
café seguiram para o clube em que os Granger eram sócios.
Era um belo lugar, um pouco afastado da cidade, com um terreno amplo,
e várias quadras espalhadas pelo terreno, além de,
claro, uma grande piscina, mas hoje não vieram nadar (o que
era fácil de concluir levando em conta as roupas que usavam),
e sim jogar um pouco. "Você tem que aprender a gostar de
outra coisa além de quadribol" - disse baixinho a garota
enquanto se dirigiam para a quadra de tênis - "fique aqui
que eu vou buscar as raquetes". No entanto logo que se afastou
um pouco foi parada por alguém que, com uma voz um tanto
debochada, exclama: "Ora, ora, se não é a CDF da
família! Que milagre é esse, saindo de cima dos livros?
O que aconteceu, sua casa pegou fogo e queimou todos eles?" - o
garoto, curioso com o comentário se volta para quem havia dito
aquilo e se surpreende ao ver uma linda garota por volta dos seus
dezasseis anos, acompanhada de um rapaz com ar de superioridade (que
lembrava muito ao Draco) com cerca de quinze e uma menininha por
volta dos onze anos. Obviamente eram todos parentes, pois se pareciam
muito uns com os outros e, reparando bem, com Hermione também
(exceto pelos cabelos da garota que continuavam um tanto cheios,
embora bem mais cuidados agora). O garoto, reparando que os recém
chegados deixaram Hermione bastante consternada, se levanta indignado
do banco em que estava (quem eles pensavam que eram para falar assim
com ela?) e lentamente se dirige para o grupo ouvindo a conversa
deles.
- Então não vai dizer nada? Ou ficou
tanto tempo em frente dos livros a fez esquecer como se fala? -
pergunta a garota mais velha - Francamente Hermione, você passa
tanto tempo lendo que eu não sei como não enlouqueceu,
nunca que vai conseguir um namorado desse jeito. - complementa, o que
deixa Mione ainda mais cabisbaixa.
- Ora Dagmar, você
sabe muito bem que ela nunca vai ser mais que uma CDF, por que você
se importa? - diz o garoto.
- Deixem ela em paz - fala por sua
vez a garotinha - Além disso, o que tem de mais em gostar de
ler?
- Você é outra, Mary, você e aqueles
poemas e provérbios ridículos que vive recitando.
-
O que você tem com os meus poemas, Edward? Pois saiba que eu
prefiro mil vezes gastar meu tempo decorando poemas do que passar
horas na frente da TV ou no salão de beleza, como vocês
dois. (Durante todo o tempo Mione fica de cabeça baixa, como
que envergonhada só de estar ali) - Não liga não,
Mione, esses dois aí não passam de uns supérfluos
e você sabe disso (Harry gostou na hora da menina).
-
Oi, não me apresenta seus amigos, Hermione? - pergunta quando
chega junto ao grupo.
- Ah! Oi Harry, esses são meus
primos: Dagmar, Edward e Mary, e esse aqui e o Harry, Harry Potter. -
apresenta a garota, parecendo no entanto bastante triste com o
ocorrido.
- Muito prazer. - diz Harry (muito embora estivesse
longe de gostar de conhece-los).
- O prazer é todo
nosso - diz Dagmar com uma foz bastante melosa - Então você
e amigo de nossa querida priminha?
- Não! - responde
Harry, fazendo Hermione olhar para ele com cara de espanto (para
dizer o mínimo).
- Amigo não – dizia, enquanto
passava o braço em volta da cintura de Hermione e a puxava
para junto de si, e num gesto bastante ousado (para ele mesmo), dá
um beijo no pescoço da garota, o que a deixa atônita -
nós somos namorados - complementa com um sorriso para os
garotos assustados a sua frente.
- NAMORADOS? - perguntam em
uníssono os três. (O que tem de tão surpreendente
em dois adolescentes namorando para que ninguém acredite
nisso?)
- É, namorados, estamos namorando a cerca de um
ano. - diz, lembrando das palavras da garota na casa dos seus tios -
Eu sou ou não sou um cara de sorte? - finaliza.
- Mas,
mas como pode ser isso? Onde se conheceram? - pergunta Dagmar, ainda
não acreditando que sua prima estivesse namorando o garoto.
-
A Mione não contou? Nós estudamos no mesmo colégio,
ela faz bastante sucesso na escola. Inclusive, pouco antes de
começarmos a namorar, um dos pretendentes dela me encurralou
em um canto para tirar satisfações, mas no final eu
tive mais sorte que os outros. Não é mesmo, querida? -
fala com um sorriso para Mione.
- Ela faz sucesso na escola?
Mas como isso é possível? Ela vive enfurnada em cima
dos livros. - diz Dagmar ainda mais incrédula.
- Ora,
Dagmar, "a inteligência também é sexy"
- diz o garoto.
- Isso não importa, nós viemos
aqui para jogar, não foi? - diz Mary, que apesar da idade, era
sem dúvida muito mais madura que os dois irmãos,
cortando o assunto.
- Isso mesmo, a Mary esta certa. Harry,
você joga tênis, não joga? - diz por sua vez
Edward.
- Para falar a verdade eu nunca joguei, mas você
tem razão, nós viemos aqui para nos divertir, e não
para ficar falando de nossas vidas amorosas. - diz o garoto
finalmente se soltando de "sua namorada" (que estava
completamente vermelha e parecia que nunca mais ia falar de tanta
vergonha).
- Então vamos jogar, eu fico com a Dagmar e
você com a Hermione, a Mary pode apitar.
- Ótimo,
então esperem só um pouco que eu e a Mione vamos pegar
nossas raquetes e já voltamos - responde Harry, que na verdade
queria uma oportunidade para conversar com a garota sem seus primos
em volta. E assim que se afastam um pouco se volta para ela - Mione,
me desculpe pelo que eu fiz agora a pouco, eu..., eu sei que fui um
tanto atrevido, mas e que..., bem..., eu..., eu achei que já
que estamos mesmo fingindo que somos namorados..., bem..., quer
dizer..., sabe...
- Tudo bem Harry, - responde a garota, ainda
vermelha, falando pela primeira vez desde as apresentações.
- se você se lembra eu tinha sugerido que nós nos
beijássemos de vem em quando para manter as aparências,
mas você me pegou de surpresa, eu não estava esperando
por aquilo. Mas só de ver a cara da Dagmar quando ficou
conhecendo o meu lindo namorado (agora era a vez dele ficar vermelho)
valeu a pena - finaliza com um sorriso contagiante.
Logo eles
voltam para a quadra onde se desenvolve uma partida no mínimo
interessante. Harry e Mione perdem o primeiro set, o garoto levou um
pouco de tempo para se acostumar com o novo esporte. Mas logo ele
pegou o jeito, tudo o que precisava era de um pouco de agilidade
(anos jogando quadribol lhe deram um agilidade quase igual a de um
ginasta, muito mais do que a necessária para um simples
partida de tênis), velocidade nas pernas (graças a Duda
ele sempre fora um bom corredor), e prestar atenção na
bola (que comparada ao pomo e aos balaços parecia se mover em
câmera lenta). Assim, depois da apertada derrota no 1º
set, eles ganharam todas, o garoto parecia que voava na quadra, Mione
raramente tinha que fazer algo (o que era uma sorte porque ela se
mostrou uma péssima jogadora), a dupla de irmãos (que
realmente eram ótimos jogadores) não tiveram nenhuma
chance diante do garoto, que diferente deles não estava nem
mesmo cansado ao final da partida.
Após a espetacular
vitória o garoto foi cumprimentado por sua "parceira",
que lhe deu um longo abraço e disse, se voltando para os
primos:
- E então, o que acharam do meu namorado? -
perguntou destacando o suposto namoro dos dois.
- Ele é
muito bom, como é que pode nunca ter jogado? - pergunta
Mary.
- É verdade, com certeza ele deve jogar em algum
time e só disse aquilo para nos enganar – complementa
Edward, parecendo bastante indignado.
- Mas é verdade,
eu nunca sequer pus a mão em uma raquete antes. A Mione
inclusive, quando vínhamos pra cá, estava me dizendo
que eu tinha que aprender a gostar de algum esporte. (Ele
propositalmente não mencionou que ela na verdade queria que
ele deixasse um pouco o quadribol)
- Edward, deixe o coitado
em paz, você só não gosta que alguém possa
ser melhor que você em algo, além de muito mais bonito,
é claro - dizia Dagmar, enquanto jogava charme para o
"namorado da prima".
- É verdade, o MEU
NAMORADO tem um dom natural para os esportes. - fala Mione ainda
abraçada o garoto e encarando a prima com um olhar que chegava
a soltar faíscas de tão furioso. - Mas se vocês
já cansaram de jogar eu e o Harry vamos dar uma volta no
clube. Até logo. – finaliza, puxando-o dali.
- Tchau,
a gente se vê por aí. - diz Harry enquanto era arrastado
pela garota.
- Pode apostar nisso - responde Dagmar.
-
Tchau - dizem Mary e Edward.
- Aquela oferecida, vai ver só,
ela que me aguarde, vai ter troco, ah vai. - começa a
resmungar Hermione tão logo os dois saem do alcance da audição
dos seus primos.
- Calma, Mione, o que você tem? Porque
esta nervosa?
- NERVOSA? EU NÃO ESTOU NERVOSA. E
você, que idéia foi aquela de dar mole para a
Dagmar? - pergunta realmente nervosa a garota, encarando-o.
-
Eu? Mione, de onde você tirou essa idéia? Eu não
estava dando mole para ninguém, ta certo que a sua prima é
muito bonita mas...
- BONITA? BONITA? Já vi que vocês
homens são todos iguais, não podem ver um rabo de saia
que já começam a babar. E ela e uma metida, e isto o
que ela é, não sei o que alguém vê
nela.
- Calma, eu só disse que ela é bonita, não
precisa fazer esse escarcéu todo. É claro que notei que
ela e bastante fútil, mas isso não muda o fato dela ser
bonita e charmosa. - diz Harry que estava se divertindo com a
situação. - Mas você sabe muito bem que eu não
me deixo levar apenas pelas aparências.
- Eu não
sei de nada, lembro muito bem de você e do Rony, no baile de
inverno do ano passado, onde estavam apenas interessados em levar a
garota mais bonita para o baile sem se importarem se ela seria ou não
chata.
- Hei, calma aí, esse era um conceito do Rony,
não meu. Para sua informação muitas garotas
vieram me perguntar se eu não queria ser o par delas no baile,
a maioria delas era muito bonita por sinal, no entanto EU não
me deixo levar pelas aparências, tanto que não ficava
"babando", como você diz, pela Fleur como a maioria
dos garotos da escola. E não tenho culpa se sua prima é
uma oferecida que fica se atirando em cima de todo mundo, ora! - diz
já começando a ficar cansado com a discussão.
-
Desculpe Harry, você tem razão. Não é
culpa sua a Dagmar ser uma oferecida, mas é que ela me tira do
sério, e o Edward também. A Mary é a única
que eu realmente gosto dali, sabe, ela é inteligente,
divertida, embora às vezes encha a paciência quando
resolve recitar algum provérbio que ache que combina com a
situação. - diz se desculpando.
- Ela deve ter
puxado o seu lado da família, tirando, é óbvio,
a parte de ser divertida. - diz voltando a rir Harry.
- Ha,
ha, ha, muito engraçado Sr. Potter. Quer dizer então
que eu não sou divertida? - fala a garota já um tanto
mais calma.
- Bom, devo ser sincero ou continuamos amigos? -
diz ainda se divertindo às custas da garota, enquanto se
sentavam em um banco à sombra de uma arvore.
- Está
engraçadinho hoje, hein? - diz Mione, agora rindo - Mas Harry,
me diz, àquela hora em que você estava dizendo pra
Dagmar que éramos namorados, de onde você tirou a idéia
de um pretendente me encurralar? Não foi um pouco de
exagero?
- Ora Mione, aquela foi à única verdade
de toda a história, realmente fui pressionado por um de seus
pretendentes.
- O QUÊ? Mas quem? Que eu saiba não
tenho nenhum pretendente.
- É mesmo? Já se
esqueceu do Krum?
- O Vítor?
- É ele
mesmo. Lembra que eu te contei que fomos nós que encontramos o
Sr. Crouch, na orla da floresta proibida? Nunca ficou curiosa de
saber o que estávamos fazendo àquela hora ali?
-
Agora que falou, eu nunca havia realmente pensado nisso, já
estou mais que acostumada com as loucuras que você costuma
fazer e nem me lembrei que o Vítor provavelmente devia ser
mais ajuizado.
- Pois é, ele me arrastou até ali
depois que fomos informados qual seria a terceira tarefa num tom de
urgência e sigilo tão grande que eu achei que fosse algo
de vida ou morte, talvez porque estou acostumado com situações
de vida ou morte. No entanto você não imagina qual foi a
minha surpresa quando ele me coloca de costas para uma árvore
e me pergunta, com uma cara de quem estava diante de seu maior
inimigo: "Querro saberr que é que há entre focê
e Hermi-ô-nini" - diz imitando o búlgaro - eu
custei a acreditar, e tive um certo trabalho para convence-lo de que
não havia nada entre nós.
- Puxa! Eu jamais
imaginei que ele fosse capaz de algo assim.
- Pra você
vê como as pessoas podem nos surpreender, ele realmente estava
completamente apaixonado por você. Agora que mencionamos isso,
porque não aceitou a proposta dele de passar as ferias na
Bulgária?
- Ah! Harry, eu não tenho intimidade
suficiente para passar as férias na cada dele, não é
a mesma coisa do que ir à casa do Rony ou a sua.
- Bem
eu é que não posso reclamar; graças a isso estou
tendo ótimas férias. E devo tudo isso a você. -
diz o garoto se sentindo bastante feliz com a informação
(mesmo não sabendo o porque se sentia tão feliz).
-
Ah, Harry, você sabe que merece - responde a garota
vermelha.
Assim passam a manha. Foram almoçar no
restaurante do clube, onde encontraram os tios da garota: o Sr.
George e Jean Grey Ferrie; a Srª Ferrie era irmã do Sr
Granger e bastante simpática, o Sr. Ferrie por outro lado
parecia muito com o filho, um tanto orgulhoso. Com certeza não
foi o melhor almoço da vida de Harry, (que teve que
aturar Dagmar lhe lançando olhares melosos, e parecia
resolvida a provar para a prima que além de ser mais bonita
poderia tomar o namorado dela na hora que quisesse, e também
Edward que parecia ainda muito nervoso com a derrota no tênis).
Após o almoço, combinaram com a garota que iriam jantar
na casa dela no dia seguinte (o que não agradou nenhum dos
dois, porque teriam que aturar Dagmar e Edward). Passaram o restante
do dia no clube, de maneira bastante agradável (já que
não tornaram a encontrar os primos da garota desde o almoço)
e no fim do dia voltaram para casa, onde avisaram a Srª Granger
da visita do dia seguinte.
Desculpem mas não resisti
a tentação de colocar esta frase aí.
