CAP 08

"OS PREPARATIVOS"

Harry, como sempre, quase não dorme aquela noite. No pouco que dormiu sonhou com Mione, mas não sonhos descomprometidos como o que sempre tinha, mas sonhos que o fizeram acordar se culpando por pensaraquele tipo de coisa com sua melhor amiga. Passou o restante da noite pensando a respeito dos seus sonhos, e se preocupando ao notar que seus sentimentos em relação à garota estavam mudando. "Eu não posso me deixar levar pela situação, ela só esta com pena de mim depois do que aconteceu. Além disso tem o Rony, eu sei que ele gosta dela e não posso me intrometer na relação dos dois". Com esses pensamentos, amanhece o dia.

No café nota que todos evitavam falar sobre o que tinha acontecido na noite anterior, no entanto a conversa toma um rumo que o faz desejar ardentemente que todos se lembrassem do assalto.

Temos que começar os preparativos para o aniversário da Mione. – diz a srª Granger.

É verdade, faltam menos de três semanas e ainda temos muito que fazer. Harry, você vai comigo amanha para que possamos comprar o seu terno. – complementa o sr. Granger.

Comprar um terno? Pra quê?

Ora, como você vai ser o par da Mione no baile de debutante, tem que estar trajado a rigor.

Par? Eu vou ter que dançar? Eu não danço!

Você não sabe? Tudo bem, nós te ensinamos, não é, Mione? – fala a srª Granger.

Claro. Desculpe Harry, eu havia me esquecido que você não sabia dançar. Mas como a mamãe disse, não se preocupe, nós cuidamos de tudo, ou você não confia em mim?

Não sei não, Mione, o que você tem em mente? Porque eu ainda me lembro muito bem de sua última grande idéia – diz, se referindo logicamente a idéia dos beijos, o que faz a garota ficar levemente vermelha ao notar do que se tratava. Ele, no entanto, se arrepende do que diz pois a lembrança da "grande idéia" da garota, o faz relembrar os sonhos da noite, que por muito pouco não o deixa em uma situação constrangedora.

Não se preocupe, como eu disse vai ficar tudo bem, venha comigo que eu mostro. – responde Mione com um ar eficiente e começa a puxar Harry pela mão.

Aonde estamos indo?

Você já vai ver.

Ela o leva a uma sala em que ele ainda não havia entrado. Nota que estava muito empoeirada, sinal que ninguém a usava há algum tempo. Era um aposento espaçoso, com um lindo candelabro no teto e um piano coberto com um lençol empoeirado em cima num canto.

Que lugar é esse?

É o salão de danças. Quase não é usado, mas vai servir direitinho para nós.

É mesmo? Mas eu ainda não entendi o que vamos fazer aqui.

Não se preocupe querido, vocês podem usar o salão para praticar os passos de dança. Afinal, vão ser o centro das atenções. – era a srª Granger que chegava.

É isso mesmo, a Sheila vai vir limpar o salão e hoje mesmo nós começamos a treinar para o baile. Eu tenho certeza que você vai se sair bem, você não estava tão mal assim no baile do ano passado.

Mione, eu só fui àquele baile porque fui obrigado, eu preferia muita mais ter ficado no meu quarto do que ter um bando de gente me olhando, e eu não vejo porquê dessa vez vai ser diferente.

Fique tranqüilo, desta vez você vai dançar comigo e eu garanto que vai se divertir muito mais do que com a Parvati. – fala como se tivesse certeza que poderia superar a outra.

Grande consolo, mas vamos ver o que vai dar. Só espero não me arrepender disso depois.

Esse é o Harry que eu conheço, sempre disposto a enfrentar novos desafios. Além do mais, pra quem aprendeu um feitiço em apenas um dia, aprender a dançar em três semanas vai ser moleza.

Assim, naquela tarde, após uma incrível limpeza feita por Sheila, eles começaram a treinar os passos de dança para o baile. A srª Granger tocava muito bem ao piano, e Hermione parecia saber dançar muito bem, o que não impediu, é claro, de que Harry pisasse algumas vezes nos pés da garota que, no entanto, parecia não se importar. No fim do dia ele já havia aprendido as noções básicas e já não pisava mais nos pés da garota, mas ainda estava muito longe de ser um "pé de valsa".

Está vendo, Harry? Bastou algumas horinhas e você já consegue me acompanhar, mais alguns dias e eu tenho certeza que vai estar me conduzindo como deve ser.

Eu não tenho tanta certeza, Mione, mas pelo menos eu não estou mais pisando em seus pés. Eu já estava ficando preocupado com isso.

Tudo bem, não foram tantas vezes assim, e você já pegou o jeito. Tenho certeza que, no máximo, em uma semana vai estar dançando como se fizesse isso a vida interira.

Eu duvido – responde Harry, que estava preocupado com outra coisa. Aquelas poucas horas de dança já haviam sido uma tortura, ele se concentrou o máximo que pode em aprender os passos para tentar esquecer os seus sentidos que (como vinha ocorrendo freqüentemente desde que veio para a casa da garota) pareciam que estavam loucos. Podia sentir o perfume dela, o cheiro de seus cabelos, a beleza pura e única que tinha. Teve que usar toda a sua força de vontade (que por sinal é muito grande) para não se deixar levar pelos seus hormônios e agarrá-la e beijá-la ali naquele salão, imagine passar três semanas assim.

Naquela noite resolveu deitar cedo, para, quem sabe, assim conseguir descobrir como enfrentar as provações que viriam logo à frente. Para alguém que estava acostumado a enfrentar monstros e buxos das trevas, a pior coisa é ter que enfrentar o próprio coração que, diga-se de passagem, não parecia querer ajudar muito ao nosso herói. Depois de várias horas sem dormir ele se lembra que até poucos meses atrás só tinha olhos para uma outra garota. Assim (sem saber o porquê de ter demorado tanto a se lembrar dela) se concentra em lembrar de seu lindo rosto. No entanto, a imagem que lhe vem à mente não é aquela da menina sorridente e cheia de vida à qual estava acostumado, mas sim do dia da festa de despedida (se é que pode-se chamar aquilo de festa) na qual Cho Chang chorava. A imagem lhe trouxe a mente a lembrança da morte do Cedrico, bem como a enorme culpa pelo ocorrido que já havia quase que esquecido. Embora não fosse sua idéia inicial, com certeza estes novos pensamentos eram fortes suficientemente para acalmar os hormônios de qualquer adolescente, principalmente um que tem por hábito carregar nos ombros um peso que poucos adultos agüentariam. Passou toda à noite em claro, e se levantou tão logo se deu conta que o dia havia amanhecido. Após o café (no qual ele quase não tocou apesar dos esforços de todas as mulheres da casa) teve mais algumas horas de aulas de dança (usaram o rádio bruxo do garoto, porque a srª Granger teria que ir ao consultório para adiantar tudo para que o marido pudesse sair à tarde com o garoto para comprarem seus respectivos ternos) mas desta vez, no entanto, não teve nenhum problema com seus sentidos muito menos com seus hormônios, a sensação de culpa era muito forte (e persistiu por cerca de uma semana).

Como planejado, após o almoço ele e o sr Granger saem para provar seus ternos. Quando estão voltando, depois de passar algumas incómodas horas sendo medidos e remedidos passam em frente à vitrine de uma loja. Harry ia passando direto sem dar muita atenção, no entanto algo o faz parar e voltar alguns passos para ver mais de perto.

O que foi? - pergunta o Sr. Granger.

Olhe só isso – responde Harry apontando o que havia chamado sua atenção.

É realmente muito bonito, mas deve custar uma fortuna, poucas pessoas podem ter um desses.

É o presente perfeito para a Mione.

O quê? Deve estar brincando. – ia dizendo o sr Granger, mas Harry não estava mais ouvindo, estava entrando na loja onde foi perguntar o preço do objeto que tanto o impressionara. Como o sr. Granger havia dito custava uma fortuna, mas o rapaz parecia não se importar.

Mesmo que custasse o dobro do preço eu iria comprar porque ela merece. – disse para um incrédulo sr. Granger.

Só para constar, de onde você pretende tirar tanto dinheiro?

Não se preocupe com isso, eu dou um jeito.

Assim, depois de algum trabalho (na verdade muito trabalho) para convencer os pais da garota (que não concordaram de maneira nenhuma com o presente que ele resolveu dar para ela), ele entrega sua chave do cofre no Gringotes para que pudessem tirar o dinheiro necessário e trocá-lo por libras para adquirir o tão cobiçado objeto que ficaria guardado no cofre dos Granger e só sairia de lá no dia da festa de aniversário da menina.

Os dias seguiram uma rotina, passava a maior parte do tempo dançando com Hermione. Depois de alguns dias já não precisava mais de aulas porque estava dançando muito bem, como a garota previu, ele parecia que tinha feito isso a vida inteira, mas por algum motivo ela queria continuar. No terceiro dia Harry começou novamente a ter problemas com suas sensações ao notar enquanto dançavam que a garota tinha novamente trocado de perfume (quantos ela tinha?) "eu gostava mais do anterior".

Do que você gostava mais Harry?

Ah, bem..., do seu perfume, de todos que usou desde que estou aqui o que eu mais gostei foi o que estava usando antes. – responde envergonhado por ter pensado alto.

Mesmo? Eu pensei que não tivesse gostado dele; aliás, eu achava que nem notava os meus perfumes.

Pode ter certeza que eu tenho notado cada vez que troca de perfume – fala com sinceridade – mas porque achou que eu não havia gostado do perfume que usava? – a garota muda sua expressão na hora. E parando de dançar, responde:

Bem, é que desde o dia que nós começamos a dançar você tem andado triste e cabisbaixo ("então ela notou" pensa Harry), eu pensei que fosse por causa do meu perfume, ou... talvez não tivesse gostado da idéia de ser meu par no meu aniversário – fala com uma voz triste.

Mione, que isso? – fala passando a mão levemente no rosto da menina - É claro que gostei de ser seu par, apesar de detestar a idéia de ter aquele monte de gente me olhando. Quem não gostaria de ser o par de uma garota linda e maravilhosa como você? – a garota lhe dá um lindo e cativante sorriso como resposta.

Mas então o que está acontecendo, Harry? – agora era o garoto que anuviou o rosto. – se não quiser não precisa me falar – se apressa em dizer a garota.

O que acontece, Mione – dizia de costas enquanto se afastava dela e desligava o rádio em cima do piano – é que na noite que começámos a dançar eu acabei me lembrando do baile de inverno – mentiu (logicamente, não pretendia contar o que estava pensando no dia que começaram a dançar) - e conseqüentemente do que aconteceu com o Cedrico, e isso me trouxe de volta toda a culpa por ter causado a norte dele. – fala, sem se voltar para a garota.

Harry, quando você vai superar isso? Já passou, além do mais, não foi sua culpa – fala Hermione ao seu ouvido enquanto o abraça pelas costas.

Claro que a culpa foi minha, Mione, se não tivesse dito para ele pegar a taça comigo nada disso teria acontecido. Mas chega de falar nisso, está bem?

Tudo bem. Não vamos falar mais disso. – disse enquanto dava um beijo no rosto dele – mas venha, já está quase na hora do jantar e a Sheila deve estar nos esperando. – fala como um tom de voz um pouco mais animado, mas ainda demonstrando preocupação.

No fim da semana já tinha superado novamente o sentimento de culpa, mas teve em troca uma desagradável notícia: os primos da garota viriam na segunda-feira e ficariam na casa dela até a festa de aniversário, assim ele teria que aturar Edward e Dagmar por duas longas semanas. A boa notícia é que no domingo todos iriam ao Beco Diagonal para comprar os materiais e se encontrariam com os Weasley e então Rony, Gina e os gêmeos viriam passar a semana com eles também, sendo que após o aniversário eles voltariam para a toca levando Harry, Mione e Mary (que queriam que fosse se acostumando com o mundo da magia).

Assim no dia seguinte se vê diante dos primos da garota. Edward parecia estar ainda mais enciumado em relação a Harry, quanto a Dagmar, ainda não havia desistido de conquistar o garoto. Com certeza seria uma longa semana. Resolvido a não se deixar abater, Harry decide que já era hora de usar os únicos presentes de aniversário que ainda estavam intocados: "as genialidades Weasley".

Assim, na terça-feira, logo após o almoço, eles seguem novamente para o salão onde o garoto tomava aulas de dança. Antes porém, passa em seu quarto e pega uma pequena tigela que continha o que pareciam ser frutas cristalizadas e as leva consigo, e coloca-as ao lado do rádio que continuavam a usar.

O que é isso, Harry? – pergunta Mione.

Isso? Apenas um presente que ganhei dos gêmeos – responde com um olhar bem significativo para a amiga, que leva um pequeno susto com a resposta mas consegue disfarçar bem. Depois olha com censura para o garoto que se limita a virar levemente a cabeça para onde se encontravam Dagmar e Edward. Entendendo o que pretendia, ela acena afirmativamente.

Vamos começar? Mary, como é a mais nova, pode dançar a primeira música com o Harry, que eu deixo. – fala Mione ajudando no plano.

Não sei porque você precisa de aulas de dança, Harry, você já dança muito bem - fala Mary enquanto dançavam (apesar da idade ela dançava muito bem.)

Você diz isso porque não me viu há alguns dias atrás – responde o garoto ao seu ouvido – só mais uma coisa, não toque naquelas frutas que eu trouxe, está bem? – fala ainda mais baixo para ela, que fica sem entender.

Por que não? – pergunta também em tom baixo. (Era inteligente suficiente para notar que o garoto não queria que os outros ouvissem.)

Aquilo é um presente que eu ganhei de uns amigos meus, mas eles têm o mal hábito de pregar peças nas pessoas e eu acho que desta vez não vai ser diferente. Mas a Mione gosta muito de você e eu não quero que ela fique brava comigo por causa disso.

Tudo bem, mas por que trouxe aquilo se sabia que era um trote? – pergunta mas assim que dão um giro elá da de cara com o irmão pegando uma das frutinhas – Ah! É por esse motivo, tudo bem. Ele merece mesmo, mas será que poderia deixar a Dagmar pegar algumas também? – pergunta com uma voz pedinte.

Tudo bem, eu não vejo porque não.

Hei, o que tanto vocês conversam, hein? Andem logo com isso que eu também quero dançar um pouco.

Vai ter que esperar Dagmar, porque a próxima sou eu, afinal ele é MEU namorado, e não se esqueça disso. Por que você não vai dançar com o Edward?

Dançar com ele?? Você tá louca? Nem morta.

Hei, eu danço muito bem, ouviu, maninha?

Não quero nem saber, vou dançar é com o Harry que é quem esta tendo aulas aqui.

Logo Harry termina de dançar com Mary e estava dançando com a Hermione, pensando que talvez a invenção dos gêmeos não tivesse dado certo já que aparentemente Edward não sofria nada. Ele ficou dançando muito tempo com a garota se bem que para ele o tempo parecia não passar, estava se divertindo muito, o que jamais imaginou que um dia acontecesse em uma pista de dança. Nesse meio tempo, Dagmar, aparentemente cansada de esperar sua vez, também come algumas das frutas que o garoto havia trago. Depois de algum tempo ele, de mau gosto, resolve dançar com a moça, mas nessa mesma hora nota que Edward estava ficando multicolorido com bolinhas de todas as cores pelo corpo. Harry pára pra observar o outro e nota que Dagmar estava começando a ficar na mesma situação. "Até que enfim... Vou ter que avisar os gêmeos que isto demora muito pra fazer efeito para que possam melhorar" pensa enquanto rolava de rir, junto com Mione e Mary.