CAP 13

"A FUGA"

A viagem de volta foi uma experiência completamente diferente do que estava acostumado; ele estava preocupado com tudo o que tinha acontecido naquela noite. Ela tinha começado tão perfeita, como é que as coisas podiam ficar tão ruins? Pelo menos seu feitiço de memória ia garantir que Voldemort encontrasse a casa de eventos vazia, já que todos os funcionários tinham saído, quando acordassem no dia seguinte tudo o que lembrariam era que tinha combinado que deixariam para arrumar tudo no dia seguinte, sem mais complicações. Mas agora ficava outra questão: com exceção dele mesmo todos estavam sobre o efeito do seu feitiço de animar, mas e quando o efeito acabasse? Pelos seus cálculos ele só iria durar até eles chegarem à casa dos Granger, então ele teria outra dor de cabeça para poder acalmar os ânimos que com toda a certeza estariam exaltados.

Suas preocupações deveriam estar transparecendo em seu rosto porque Mione o abraça forte, e dizendo que ele foi incrível, lhe dá um beijo no rosto. Era incrível como ela tinha o dom de fazê-lo se esquecer de todos os seus problemas. Logo após o beijo ela apoiou sua cabeça em seu ombro e tudo o mais ficou em segundo plano, ele só conseguia se concentrar nela e em mais nada. Quando se deu conta já tinham chegado.

Como já havia feito, ele abriu a porta para ela e entrou de braços dados, mas assim que pós os pés na soleira da porta sua postura mudou completamente. Os outros já tinham chegado, e ele notou na hora que estava certo em suas suposições: o efeito do seu feitiço realmente tinha acabado, mas pelo jeito que as coisas estavam deveria ter acabado há muito tempo, pois os adultos estavam empenhados em uma discurção acalorada. Harry tratou logo de sair dali, fez um sinal bem discreto para o Rony e partiu com Hermione para os quartos deles. Ele seguiu em silêncio todo o percurso sem nem mesmo olhar para trás, só parou quando chegaram ao terceiro andar, bem longe da confusão na sala. Quando se virou no entanto para falar com seus dois melhores amigos sobre uma maneira de resolver a situação leva um susto. Além de Rony e Mione, também estavam lá: os gêmeos, suas parceiras de time e os irmãos Ferrie que por algum motivo os tinham seguido.

Por que nos seguiram? – não consegue ficar sem perguntar.

Qualé, Harry vocês vivem se esgueirando pelos cantos e derrepente se metem em alguma aventura e salvam o dia, nos também queremos participar – responde Fred, ou terá sido o Jorge?

Não liguem pro que ele disse, a verdade é que você sempre tem uma boa idéia de como sair de situações assim, Harry, e gostaríamos de ajudar. – fala Katie.

Certo, então, antes de mais nada, vamos arrumar nossas coisas bem rápido porque temos que sair daqui o mais breve possível. – fala depois de pensar um pouco – Só mais uma coisa: meninas, nada de saias curtas.

Por quê? – pergunta Dagmar.

Vocês vão ver – responde já na porta de seu quarto.

Assim que entra em seu quarto sente sua cicatriz queimar novamente junto com aquela já sua conhecida "visão" de um local desta vez não muito longe de onde estavam. Mas não podia se preocupar com isso agora, o mais importante era fugirem o mais rápido possível da cidade que com toda certeza iria ser revirada pelos comensais. Não havia muito que fazer em seu quarto, praticamente tudo já estava em sua mala, afinal, no dia seguinte eles iriam mesmo para a Toca, então (por recomendação da Mione, claro) ele tinha deixado tudo preparado, as únicas coisas fora do lugar eram: sua miniatura do Rabo-córneo húngaro (desde que ela tinha mordido o dedo do Duda, Harry a vinha tratando com muito cuidado, quem sabe ela não repetia o feito?) que estava ao lado da TV (que ele não tinha ligado nem uma vez, sua estada longe da tecnologia havia tirado certos vícios dele) e a gaiola da Edwiges. Ele troca rápido de roupa, vestindo algo (muito, mas muito) mais confortável (nada como ficar livre de uma gravata), fecha seu malão (que agora tinha o interior maior que o lado de fora, como presente do sr. Weasley) e puxa tudo para fora.

Ele foi o primeiro a ter tudo pronto. Assim, deixando sua mala, com Edwiges piando em cima no corredor, vai até o quarto do Rony ajudá-lo a aprontar tudo (ate os gêmeos eram melhores que ele neste quesito). Quando estavam com tudo pronto arrastaram a mala dele para junto da de Harry, nessa hora praticamente todos estavam com tudo arrumado, com exceção de Dagmar e Hermione, "deve ser coisa de família" resmunga Rony. Harry pede para que as meninas ajudem Dagmar (Fred e Jorge bem que se ofereceram, mais ele não gostou muito da idéia) enquanto que ele e o Rony iam ajudar sua melhor "amiga".

Batem na porta antes de entrar (não queriam pegá-la em uma situação embaraçosa) quando entram, no entanto, ficam impressionados. Não com os inúmeros livros das várias estantes que descaracterizavam o que de outra forma seria um típico quarto feminino. Mas sim com as fotos: ela tinha várias fotos em um mural ao lado da cabeceira de sua cama; naturalmente tinha dos três juntos (duas), algumas de sua família, mas a esmagadora maioria era de Harry. O garoto nem podia imaginar onde ela conseguiu tantas fotos dele: tinha fotos dele e dela, só dele, uma única dele com o Rony, todas as que já tinha saído no Profeta Diário bem como a do Semanário das Bruxas, tinha também uma ampliação da primeira notícia que tinha saído a respeito dele no torneio tribuxo, estava marcada com letras garrafais na parte que dizia: "Harry finalmente encontrou carinho em Hogwarts. Seu amigo intimo, Colin Creevey, diz que o garoto raramente é visto sem a companhia de Hermione Granger, uma linda menina nascida trouxa que, como Harry, é uma das primeiras alunas da escola". Logo ao lado estava um pedaço do que ele reconheceu ser a noticia do Semanário das Bruxas também ampliado dizendo: "Privado do amor desde o trágico falecimento dos pais, Harry Potter, catorze anos, pensou que tinha achado consolo com SUA NAMORADA FIRME (esta parte estava grifada) em Hogwarts, a garota nascida trouxa Hermione Granger"; o restante estava rasgado (Harry podia imaginar por quê).

Harry fica totalmente sem ação diante da cena, uma foto sua, notando a presença dos dois garotos "abobados", dá de ombros e aponta para um canto do quarto; ali do lado de uma pequena estante que continha vários bichinhos de pelúcia estava Hermione, ela lutava para fechar sua mala enquanto Bichento ficava olhando com cara de desagrado (não me perguntem como um gato pode fazer uma cara assim, mas era o que parecia), Harry resolve ir ajudá-la. Trabalharam em silêncio (ele ainda não tinham palavras depois de ver o mural), em poucos segundos tinham conseguido fechar o malão e se encontravam com outro dilema: Bichento. Ele se recusava terminantemente a entrar em sua cesta, Rony já tinha ganhado vários arranhões por ter perdido a paciência e ter tentado pô-lo à força dentro da mesma. Por fim, Harry, se dirigindo ao pequeno animal, diz:

Vamos Bichento, colabore, estamos com pressa, por favor, seja bonzinho e entre aí, eu não quero ter que usar minha flauta mágica em você. – diz em tom de aviso, e para alivio geral, o gato da um miado cansado e entra em sua cesta (Harry particularmente fica muito aliviado, conhecendo o gato era bem capaz dele ser imune a sua flauta mágica) – obrigado, Bichento – finaliza Harry.

Depois deste incidente eles finalmente se juntam aos outros; Penélope estava lá.

Cansei de ver a briga deles e vim ver se poderia ser útil em alguma coisa.

Como sabia que estávamos nos preparando para sair? – pergunta Mary.

Eu não sabia o que estava fazendo, mas, pelo pouco que eu conheço do Harry e da Hermione era óbvio que estavam pensando em alguma coisa.

Ele sempre faz destas coisas? – pergunta Dagmar.

Que coisas? Enfrentar bruxos das trevas? Salvar donzelas em apuros? Fazer planos milaborantes para se safar? Beijar a garota mais bonita da festa? – brinca Fred.

Ele faz tudo isso com bastante freqüência. Tirando o fato que ele não sai por ai pegando ninguém! Ainda não sei como ele consegue ficar indiferente as investidas das garotas, ah, se fosse eu! – completa Jorge, com um olhar esperançoso, fazendo o nosso herói ficar levemente rosado.

Como não pega ninguém? E o que ele fez hoje? – os gêmeos não estavam fáceis.

Dá para os dois pararem? Temos coisas mais importantes pra fazer – Gina parecia não estar achando graça nenhuma na brincadeira dos irmãos.

Obrigado, Gina. Penélope, você pode levitar a nossa bagagem até lá em baixo? Enquanto isso, nós vamos la pra baixo, e vamos ver se conseguimos por um pouco de juízo na cabeça daqueles "adultos" – a ultima palavra foi dita com sarcasmo, o que anuviou a expressão de todos.

Quando finalmente chegam na sala se dão conta de que a situação é bem pior do que imaginavam. A discursão estava realmente feia e parecia que o tema principal era Harry Potter. Tão logo o viu, o sr. Ferrie se dirige até onde estão com um olhar furioso. Harry instintivamente dá um passo para trás, enquanto que seus dois "escudeiros" se posicionam na sua frente barrando seu avanço.

Você! Seu moleque, é tudo culpa sua! Nada disso teria acontecido se você não tivesse aparecido.

COMO VOCÊ SE ATREVE A FALAR ASSIM DO HARRY? – a srª Weasley ficou fora de si ao ouvir o comentário, pega sua varinha e aponta para o sr Ferrie.

EU FALO COMO QUISER. SE ESTE MOLEQUE NÃO TIVESSE APARECIDO ESTARÍAMOS TODOS BEM E NÃO TERÍAMOS UM MALUCO ATRÁS DA GENTE.

ORA, SEU... – a Srª Weasley já estava prestes a jogar um feitiço nele quando Mione resolve intervir.

TIO! Como você pode falar assim? Já se esqueceu do que realmente houve hoje? Se não fosse o Harry várias pessoas teriam morrido, talvez até um de nós, foi uma sorte ele estar lá, porque ninguém mais saberia como agir naquela hora.

OLHA COMO FALA COMIGO, MENINA! EU DIGO E REPITO, FOI TUDO CULPA DESTE MOLEQUE. E TEM MAIS, A MARY NÃO VAI MAIS PRA ESTA, ESTA ESCOLA AÍ QUE VOCÊS ESTUDAM. – nessa parte Harry resolveu se manifestar, mas Mary foi mais rápida.

Eu vou sim. Eu quero ser tão poderosa quanto o Harry e o senhor não vai me impedir.

Eu sou seu pai e faço o que acho melhor, e o melhor e ficar o mais longe possível destas pessoas – ele disse a última palavra com um tom de voz que lembrava muito o nojo. Harry já tinha aturado o bastante, afastando seus amigos que ainda estavam fazendo uma "barreira" na sua frente ele se dirige ao sr. Ferrie.

Desculpe, sr. Ferrie, mas o sr está sendo muito, com o perdão da palavra, ignorante. Eu até entendo que ache que a culpa pelo que aconteceu hoje seja minha, e talvez seja mesmo, mas daí fazer a coitada da Mary pagar por um erro meu, é muita idiotice. – como era de se esperar, o sr Ferrie fica possesso.

COMO VOCÊ SE ATREVE A FALAR COMIGO ASSIM? – ele praticamente pula sobre Harry.

O sr me desculpe a sinceridade, mas a culpa é de como está agindo. Agora, por exemplo, acha mesmo que conseguiria me matar? Muitos tentaram, desde bruxos poderosos a monstros atemorizantes, e ainda estou aqui. Eu sobrevivi na maioria das vezes por sorte, é verdade, mas algumas vezes foram por minha própria capacidade, e se eu fiz isso sozinho, imagina agora que eu tenho vários amigos apontando suas varinhas pra sua cabeça? – Harry falava calmamente apesar de ter um homem bem maior do que ele o segurando pelo colarinho. O sr Ferrie vira para trás e nota que realmente todos os bruxos presentes tinham suas varinhas apontadas pra ele. Inclusive sua filha que (pelo menos teoricamente) ainda não sabia fazer nenhuma mágica. – Eu sugiro que o senhor me solte e se acalme e votaremos a conversar, mas agora como pessoas civilizadas, e não como estavam até à hora em que descemos. Assim está melhor. – fala quando o outro solta-o – Agora que já resolvemos este ponto vamos voltar ao assunto da sua filha ir para Hogwarts.

Eu disse que ela não vai e ponto final – fala ainda irritado o sr Ferrie, mas agora com um tom de voz bem mais "normal".

Eu vou e não é o senhor que vai me impedir de ir. Já disse que quero me tornar uma bruxa tão poderosa quanto o Harry.

Você não vai, mocinha, e minha filha e vai fazer o que eu disser.

Você não pode me impedir.

É mesmo? E quem vai pagar suas despesas?

O senhor não pode fazer isso comigo – a essa altura ela já estava à beira das lagrimas.

Calma Mary, pra tudo tem solução. – se interpõe Harry na briga de pai e filha – Sr. Ferrie, eu sei que não tenho nenhum direito de me meter nesta história – "e não tem mesmo" diz o outro, mas Harry continua como se não tivesse escutado – mas está cometendo uma grande injustiça com sua filha. Por que não deixá-la ir? Só por causa do que houve hoje?

COMO SÓ? Não acha o bastante?

Não, não acho. Quantas pessoas morrem todos os dias vítimas de violência? Quantos perdem a vida no trânsito ou em suas próprias casas? Acha mesmo que privando sua filha de algo único e maravilhoso como o direito raro de entrar para o fechado mundo da magia vai estar ajudando ela? Pois eu posso garantir que não. Eu sei que tem a melhor das intenções, mas só vai prejudicar sua filha. Primeiro porque não existe lugar mais seguro em todo o mundo do que Hogwarts, segundo, sem treinamento adequado os poderes dela vão, mais cedo ou mais tarde, sair do controle, então aí sim vai estar com sérios problemas. Se sua filha tiver metade da inteligência e aplicação da Mione, ela pode se tornar uma grande bruxa, muito mais poderosa do que eu que, na verdade, sou um bruxo bem medíocre. Mas pra isso ela precisa ir para Hogwarts, e se o problema for só o pagamento das despesas dela pode deixar que eu mesmo pago todas. – todos ficam espantados com isso – Eu posso não ser muito rico, mas o que meus pais me deixaram são suficientes pra pagar o restante dos meus estudos com folga, e se eu fizer um pouco de economia tenho certeza que dá pra pagar os da Mary também.

É muita gentileza da sua parte Harry, mas isso vai ser desnecessário, porque se o George não for pagar as despesas dela eu mesmo pago. – fala agora com convicção o sr. Granger.

Podem parar todos vocês, eu disse que ela não ia e ponto final.

George, meu amor, pense bem, o que vamos fazer se derrepente ela começar a transformar os copos em ratos? Não acha melhor nos deixarmos ela ir? Vai ser bom pra todos e ela vai ficar entre amigos. Além disso, a Mione vai estar lá e eu sei que ela pode cuidar da Mary. – a Srª Ferrie tenta argumentar com o esposo.

Tudo bem, vocês venceram. Eu deixo ela ir, mas vocês terão que tomar conta dela.

Pode ficar sossegado Sr Ferrie, alem de todos nós, tem muitas pessoas lá que podem nos ajudar a tomar conta dela. E eu me responsabilizo por ela. – garante Harry.

Como se isso fosse me deixar mais tranqüilo, eu quero que um dos adultos fique de olho nela.

Pode deixar, Sr. Ferrie, como o Harry disse, todos aqui vão cuidar dela, ela pode inclusive passar o resto das férias lá em casa que ns levamos ela at´´e a plataforma 9 ½. – o Sr. Weasley se manifesta finalmente.

Muito bem, mas como vão pra casa de vocês? – essa pergunta pega todos desprevenidos, afinal, como eles vão passar pelos comensais que a essa hora com certeza estavam rondando a cidade atrás deles?

Eu já pensei nisso – todos se voltam para o garoto de olhos verdes que fez esta declaração. – Não podemos ficar muito mais tempo aqui, afinal, tantos bruxos reunidos em um bairro trouxa deve ser como um farol, e eu não dou até o amanhecer para estarmos cercados de bruxos das trevas. Também não podemos sair todos juntos pelo mesmo motivo. Portanto teremos que nos separar, o sr. Weasley e o Percy podem desaparatar no ministério e contar que há comensais aqui. A Srª. Weasley pode fazer o mesmo e ir pra sua casa se preparar para nos receber. Como a lareira não está ligada com a rede de pó de flu, vamos ter que improvisar a fuga dos outros. Os gêmeos podem ir no Nôitibus, e levar nossa bagagem, o Gui e o Carlinhos vão com eles por garantia e se qualquer coisa der errado, basta eles deixarem tudo pra trás e fugirem, os gêmeos já praticaram bastante com o nosso zelador que é um profissional na caça de adolescentes e não terão nenhuma dificuldade em se esconderem de amadores como os comensais. – os gêmeos sorriem orgulhosos pelo reconhecimento de uma de suas muitas "habilidades" – Penélope, você pode voltar de carro com as meninas que eu acho que não terão problemas em passarem despercebidas, aproveitem e levem o Bichento com vocês. – nessa hora o animal começa a miar e arranhar sua cesta de vime. – Não reclama Bichento, é melhor pra você. A Mione pode pegar a vassoura dela e levar a Mary com ela e o Rony pode fazer o mesmo com a minha vassoura e levar a Gina, podem usar a Edwiges como guia. Todos de acordo?

NÃO! – respondem Rony e Mione juntos.

Não? – Harry fica atordoado, de todos porque justo eles não concordariam? – por que não?

Harry! Já se esqueceu há quanto tempo nós somos amigos? O conhecemos melhor do que você mesmo. E você está com aquele olhar que fica sempre que tem uma idéia idiota.

Olhar? Que olhar? E porque minha idéia é idiota?

Este olhar decidido de que fica sempre que vai fazer uma coisa idiota como sair atrás de você-sabe-quem.

Mas eu não ia sair atrás dele!

É mesmo, mas me diga, Harry: Onde você fica neste seu plano de fuga? – Mione se mete na briga dos dois melhores amigos.

Eu pensei que fosse óbvio! – Rony cruza os braços e Mione olha para Harry aflita. – Eu vou ficar e servir de isca pra que possam fugir. – fala Harry como se fosse a coisa mais normal do mundo correr o risco de ser pego e torturado. Todos (com exceção de Rony e Mione) olham desesperados pra ele.

Por que eu não estou espantado? – Rony estava nervoso com o amigo – você sempre tendo que bancar o herói, não é?

Eu não to tentando bancar o herói!

NÃO? Então me diga o que ta fazendo, sr. "eu não sou herói"?

Eu estou dando uma chance de vocês fugirem, seu ingrato. – eles já estavam se exaltando.

É MESMO? E COMO VOCÊ PRETENDIA FUGIR? ACHA MESMO QUE VAMOS TE DEIXAR PRA TRÁS?

ESCUTA AQUI, EU JÁ ENFRENTEI VOLDEMORT VÁRIAS VEZES E TAMBÉM JÁ ESCAPEI DE VÁRIOS COMENSAIS, E NÃO VOU DEIXAR MAIS NENHUM AMIGO MEU MORRER!

AH! TAVA DEMORANDO PRA VOCÊ TOCAR NESTE ASSUNTO, NÃO TAVA?

Rony... – ia se metendo a Srª. Weasley, mas foi interrompida por Gina que se pôs em seu caminho.

Deixa, mãe.

Mas olha como ele tá tratando o Harry!

Pode deixar, mãe, olha só como as coisas são – Percy apesar de relutante parecia concordar com a irmã.

É verdade, eles não são chamados de "o trio" à toa, se eles não se entenderem, nem adianta tentar. – fala Fred.

QUE ASSUNTO? DO QUE VOCÊ TA FALANDO? – continuava Harry ,que não tinha ouvido a conversa dos outros Weasley.

COMO QUE ASSUNTO? VOCÊ SABE MUITO BEM QUE EU TOU FALANDO DA MORTE DO CEDRICO. QUANDO VOCÊ VAI METER NESSA SUA CABEÇA DURA QUE NÃO FOI CULPA SUA?

VOCÊ NÃO TAVA LÁ! NÃO SABE O QUE ACONTECEU.

NÃO, NÃO ESTAVA. MAS EU SEI MUITO BEM QUE VOCÊ NÃO TEVE CULPA DE NADA.

O Rony tá certo Harry, - com uma voz maternal, Mione finalmente tenta acalmar os ânimos e dar um pouco de juízo ao garoto, – você não tinha como saber que a taça era uma armadilha. Você só fez o que sempre faz: foi maravilhoso. Deu ao Cedrico a glória que era somente sua, muitos matariam para ter tido a chance de somente concorrer, que dirá de ganhar o torneio Tribuxo. Você e o Cedrico eram adversários em tudo: no Quadribol, no torneio e até disputaram a atenção da mesma garota – esta parte ela disse com amargura – mesmo assim o que você faz? Assim que soube que a primeira prova iam ser dragões, corre e conta ao seu adversário para que ele não ficasse despreparado quando tivesse que se encontrar com eles. Na segunda prova, poderia ter chegado em primeiro lugar e disparado na contagem de pontos, mas preferiu ser o último e ser vaiado pelos sonserinos do que deixar alguém pra trás, e por fim, na última tarefa, vocês chegaram juntos na taça, mas você tinha salvado a vida dele duas vezes naquele labirinto, portanto tinha todo o direito de exigir ficar com a vitória e toda a glória envolvida, no entanto não foi o que fez, preferiu ter que dividir com o seu rival. Isso mostra o tipo de pessoa que é! A morte dele não foi de maneira nenhuma sua culpa. Foi sim daquele mostro que vive te atormentando sem motivo. – ela termina seu discurso com uma convicção e paixão que Harry jamais esperava dela.

Viu? Até a Mione concorda comigo. – diz o ruivo mais controlado – Além do mais, você sabe muito bem que jamais íamos sair e te deixar pra trás.

Verdade, eu faço minhas as palavras do Rony naquele dia que encontramos o Sirius da primeira vez na Casa dos gritos: "se alguém quiser te matar vai ter que matar os três".

Isso aí!

Vocês são loucos! – exclama Harry por fim.

Loucos? Até parece que somos nós que vivemos nos metendo em confusões e saindo atrás de encrencas.

Hei! Eu não saio atrás de encrencas, elas é que vem atrás de mim.

Não? E aquela historia de perseguir aranhas na floresta proibida? – alfineta Rony.

Você sabe muito bem que aquela idéia foi do Hagrid e não minha. Além do mais, de quem foi a "brilhante" idéia de irmos pra escola no carro voador? – rebate Harry.

Vocês dois são loucos – se diverte Mione.

É mesmo? Mas quem preparou uma poção proibida correndo o risco de ser pega e expulsa? – pergunta também divertido Harry.

Bem..., aquilo foi diferente.

Mesmo? Como? – Rony também entra no clima.

Eu.... fui movida pelas circunstâncias.

Quer dizer que se somos nós que temos as idéias perigosas somos loucos, mas se é você está sendo movida pelas circunstâncias? – pergunta Harry com um enorme sorriso.

Bom.... Sim. – os outros dois se olham.

Não precisa ficar me olhando, a namorada é sua – Rony fala a última parte com uma amargura contida na voz que Harry não deixa de perceber.

Harry abaixa a cabeça depois dessa e esfrega os olhos cansado, ele já estava acordado há mais de 24 horas, e tinha sido uma longa noite que, infelizmente, ainda estava longe de acabar.

Eu vou ter que levar alguém comigo – fala ainda esfregando os olhos por baixo dos óculos.

EU – responde novamente juntos seus dois melhores amigos. Harry levanta à cabeça assustado.

Você quer ir comigo Mione??!! Da última vez que voamos juntos, você odiou.

É verdade, Harry, eu estava morrendo de medo naquele dia, e se você não estivesse comigo eu nunca teria conseguido cumprir a missão que o prof. Dumbledore nos deu. Mas eu só tinha 13 anos na época, e nunca tinha voado de hipógrifo antes, e ficar subindo e descendo no ar não me parece a maneira mais agradável de voar. Mas isso não quer dizer que eu não queira ir com você. Depois de tantos anos eu sei mais coisas sobre você do que qualquer um, talvez mais que você mesmo, e tenho certeza de uma coisa: não existe lugar mais seguro na terra que ao seu lado, seja na escola, na rua, ou mesmo no meio de uma batalha. Você é o bruxo mais poderoso de nossa geração, por mais que tente negar pra todos e pra você mesmo, eu sei disso mais que ninguém, dá pra contar nos dedos os bruxos no mundo inteiro que são capazes de fazer aquilo que você fez no fim do nosso terceiro ano. Entre ficar escondida em um local seguro e ter que ir à frente de uma guerra ao seu lado, eu prefiro ir pra guerra, porque sei que lá estarei ao lado de alguém que não só me transmite confiança mas também se esforça além do que é humanamente possível para garantir o bem estar daqueles que ama. E mesmo que não fosse assim, eu ainda preferiria estar ao seu lado, porque antes de tudo, você é meu amigo, companheiro e confidente e eu jamais vou de deixar, não importa o quão perigoso possa ser estar ao seu lado, e lá que eu estarei, hoje e sempre.

Todos ficaram boquiabertos com as palavras da menina; Harry a olhava com a admiração estampada no rosto que ele não tentava esconder, mesmo porque seria impossível.

Incrível como você não se cansa de me impressionar! Mesmo depois de tantos anos, sempre que eu acho que te conheço, sou surpreendido com mais uma faceta magnífica de sua maravilhosa personalidade – a garota abaixa a cabeça envergonhada murmurando: "ah, Harry...", o garoto levanta seu rosto gentilmente (já tinha dado um jeito nos ferimentos das palmas das mãos) e olha em seus lindos olhos cor de mel – Quer mesmo ir comigo? – pergunta docemente. A garota se limita a balançar a cabeça em afirmação. Harry fica olhando para aquele rosto lindo, agora levemente rosado, da garota que sempre foi sua melhor amiga e de uns tempos pra cá se tornou bem mais que isso. Tinha vontade de beijar aquela garota, que agora mantinha um delicado sorriso nos lábios. Ele deve ter ficado mais tempo do que imagina olhando para ela, mas foi trazido à realidade por Rony que pigarreia e começa a bater o pé impaciente. Harry rapidamente volta ao "modo de combate" como Eduard tinha definido – certo, então ficamos assim: Rony, você voa muito melhor que a Mione – "qualquer um voa melhor que ela" Rony comenta, mas Harry o ignora e continua – você leva a Gina e a Mary com você enquanto a Mione fica comigo, levem a minha capa por segurança.

QUÊ? – perguntam Rony e Mione novamente ao mesmo tempo.

Harry você ficou doido? Você precisa dela muito mais que qualquer um. – Rony parecia não acreditar nos seus ouvidos.

Olha, Rony, você vai estar com uma vassoura bem mais lenta do que a minha, além disso vai estar com bastante peso, não terá como fugir caso sejam atacados no ar.

E você? Como pretende fugir ou se esconder caso se encontre com os comensais ou mesmo com você-sabe-quem?

Não dizem que eu sou o melhor piloto que Hogwarts já teve? Pois bem – ele acerta os óculos na ponte com o dedo médio – está na hora de provar – fala com uma voz profunda. Quando os três finalmente terminam sua "conferência" se lembram que não estavam sozinhos, pois ouvem as exclamações dos outros presentes:

Vocês tiveram uma missão do prof. Dumbledore?! – O sr. Weasley estava incrédulo.

Aos treze anos?! – era o Percy

Vocês entraram na casa dos gritos?! – os gêmeos perguntam juntos – E não nos contaram como se faz?! – definitivamente eles estavam magoados com isso.

O que tem de mais? – Harry não estava entendendo porque estavam tão admirados das coisas que tinham feito.

É verdade. Nós andamos como o Harry, já se esqueceram? Uma das coisas que se tem que saber quando se é amigo do Harry é que ele vive se metendo em encrencas e nos temos que ajudá-lo a se safar. – Rony parecia convicto de suas palavras.

O que eu quero saber é: por que todo este escarcéu por causa de uma simples capa? – Dagmar faz a pergunta que todos gostariam de ver respondida, mudando o rumo de uma conversa que com certeza não ia dar em lugar nenhum.

Dagmar, como eu já disse varias vezes pra você, nada é tão "simples" no mundo da magia. – fala abrindo seu malão que estava ao lado das outras bagagens e pegando sua capa – muito menos esta capa – mostra para todos a capa que herdou de seu pai.

Uau! Isso é o que eu acho que é? – pergunta Fred com os olhos arregalados.

Eu posso ver mais de perto, Harry? – assim como o irmão Jorge babava pelo objeto.

O que tem de mais? – pergunta Eduard.

O QUE TEM DE MAIS? Você tem idéia do que é isso que o Harry tá segurando? Isso custa uma fortuna e é muito difícil de se conseguir. – ate Carlinhos admirava a capa.

Tá. Mas os que isso tem de mais?

Isso, como você diz, Eduard, é a única coisa que meu pai me deixou, e já me salvou de muitas encrencas – diz Harry pondo a capa ao redor do corpo deixando apenas a cabeça visível – é uma capa de invisibilidade. – todos ficam olhando espantados para a "cabeça" de Harry.

De mais! Posso pegar um pouco, Harry?

Depois, Fred, agora nós temos coisas mais urgentes do que ficar brincando de ficar invisível. Faltam menos de duas horas pra amanhecer e antes disso temos de já ter chegado na Toca. – diz tirando a capa e olhando no relógio que tinha ganhado do seu padrinho. Depois que se aprende a olhar as horas nele (que é realmente bem difícil) se descobre que tem varias vantagens em relação ao modo "trouxa" de ver as horas, como agora que lhe mostrava com exatidão quando o sol ia nascer.

Isso é quase impossível!

Talvez Gui, mas então vamos te que fazer o impossível ou estaremos perdidos. Vamos lá pra fora.

Todos se reúnem para se despedirem, mas Harry não deixa que fiquem demorando. Então começam a sair cada um pra um lado; os parentes da Mione, que não corriam nenhum risco, foram os primeiros a saírem de carro, depois iam Penélope e as outras meninas. No entanto, quando iam por Bichento dentro do carro, Edwiges, que tinha sido solta para servir de guia para os que iriam de vassoura, voa e pega a alça da cesta do gato e a leva para longe do carro. Todos ficam sem entender a reação da coruja.

O que é isso, Edwiges? Solte o Bichento que as meninas tem que leva-lo embora. – Harry fala para seu animal, que da um pio de indignação e voa para mais alto ainda. – O que é? Por que está fazendo isso? Você quer levar o Bichento? – a coruja pia com felicidade, como que confirmando a pergunta. – Mas ele é muito pesado, além disso, você tem pouco tempo e é uma longa viagem, acha mesmo que dá conta? – Edwiges estufa o peito e dá outro pio com que dizendo: "é claro que consigo", seu dono não consegue segurar uma risada – Tudo bem, você o leva, assim é ate melhor que as meninas não terão que passar na Toca para deixá-lo. Agora venha aqui que eu vou amarrar a cesta em você.

Depois deste contratempo, as meninas seguem viajem e os Sr. Weasley e Percy vão para o ministério, assim como a srª Weasley vai para a Toca, ficando apenas os mais jovens para partir. Harry solta Edwiges para que ela sirva de guia para ele e Rony.

Certo, Rony, você vai na frente e segue Edwiges. Agora, não importa o que aconteça, não pare nem olhe pra trás, se eu não puder acompanhá-los continue, e não tente me ajudar, lembre-se que Gina e Mary estão em suas mãos, e eu conto com você para protegê-las.

Pode deixar, Harry, eu não vou deixar nada acontecer com elas, afinal, a Gina é minha irmã. – com estas palavras voa atrás da coruja.

Muito bem agora somos nós, vocês chamem o nôitibus que nos já vamos. Mione, pode montar e se segure firme.

A garota monta atrás dele na vassoura e se segura nele; em vez de se segurar em sua cintura como tinha feito quando eles estavam no terceiro ano ela o abraça pelo tórax, Harry quase teve um troço quando ela fez isso. Fechou os olhos e apertou firme o cabo da vassoura enquanto esperava o arrepio de seu corpo passar, bem como o calor que subiu de seu ventre Nota que os outros Weasley acham muita graça de sua situação, mas não tem tempo de revidar as piadinhas deles, pois antes mesmo que pudesse se recompor, ouve o estrondo que anunciava a chegada do Nôitibus. "Droga, me esqueci como essa coisa é barulhenta" se lamenta Harry, mas não havia tempo pra ficar desperdiçando com lamentações, pois ele nota que não foi o único que ouviu a barulheira.

Bem vindos ao Nôitibus Andante, o transporte de emergência para b... – Lalau ia começando seu discurso corriqueiro

Agora não temos tempo pra isso Lalau, ajude-os a pôr todas estas malas pra dentro que estão vindo vários comensais pra cá. Eu vou tentar distrai-los, mas vocês não fiquem parados aqui e dêem o fora o mais rápido possível. – grita Harry para o condutor, depois com uma voz bem mais branda, mas ainda carregada de emoção e responsabilidade, se dirige a sua "passageira" – se segure o mais firme que puder, Mione, que vamos ter que fugir deles.

A garota se gruda nas costas dele, estavam agora tão juntos que quem olhasse de relance pensaria que era apenas uma pessoa. Os braços, que estavam segurando o garoto pela frente, agora o apertava com tanta força que o garoto sentia seu peito doer (era incrível a força que aquela garota tinha, talvez devido à rotina de levar tantos livros pesados ela tenha desenvolvido músculos resistentes, embora sua bela e delicada aparência não denunciassem nada disso). Harry dispara em linha reta pela rua rente ao chão, somente quando chega ao final dela é que ele sobe em espiral, numa acedente que sabia não passaria despercebida dos comensais que voavam próximos dali. Com a atenção voltada para si, Harry trata de levar seus perseguidores para longe de onde seus amigos estavam embarcando (e conseqüentemente para longe da casa da garota, pois se tivesse a menor esperança de voltar tinha que ter certeza que não desconfiassem da localização da mesma ou então nunca mais poderia por os pés ali). Harry deu uma longa volta pela noite da cidade, passando entre prédios apagados e ruas desertas, tendo uma quantidade cada vez maior de comensais em seu encalço, quando achou que já deveriam estar todos o seguindo e tendo dado tempo mais que suficiente para a fuga dos Weasley, ele trata de tentar salvar sua própria pele, bem como da garota que estava calada e quieta em suas costas. Harry não podia colocar velocidade máxima em sua vassoura por causa dela, tanto por causa do peso como também devido ao fato de que tinha parte de seus movimentos restringidos por ela, como por exemplo não podia deitar na vassoura o que acarretava ter que aturar toda a resistência do vento contra si, mas nem tudo era ruim. Se fosse outra pessoa que estivesse ali, com certeza Harry estaria bem mais encrencado agora, mas a garota estava tão grudada nele (coisa que ele dificilmente deixaria outra pessoa fazer) que suas manobras não perdiam tanto de estabilidade. Também devemos levar em conta que, diferente de seus perseguidores, Harry tinha a melhor vassoura do mundo, o que somado a sua experiência e habilidade naturais tornavam-no um adversário difícil de ser superado; acrescente a tudo isso sua força de vontade e o desejo de proteger a garota que tinha tão corajosamente posto sua própria vida em suas mãos, e então temos alguém disposto a tudo para atingir seu objetivo: chegar na Toca são e salvo.

Assim a verdadeira fuga tem início: Harry dá uma guinada pra direita e segue em direção a praia, voa rente ao solo, fazendo a areia levantar com a ação do vento que produzia, depois faz o mesmo com a água do mar, ele sabia que o rastro que estava deixando facilitava sua perseguição, mas também produzia uma parede de areia e depois de água que impedia que fosse lançado algum feitiço nas suas costas (nas da Hermione, mas ela tava tão grudada nele que ate já tinha se esquecido que tinha uma passageira). Então ele pára repentinamente, sendo atingido pela parede de água salgada que vinha em sua cola, enquanto ele sumia no meio da água, os comensais passam direto por ele, o que conseqüentemente levanta ainda mais água. Harry se aproveita deste breve instante em que some da vista de seus perseguidores e muda novamente de direção, voltando para a costa, quando os comensais se dão conta que seu alvo não está mais na sua frente, Harry já se encontrava na praia costurando entre os coqueiros. Ele tratou de aproveitar bem a pouca vantagem que ganhou do tempo que levou para que os comensais se dessem conta de que tinham sido enganados até virem novamente atrás dele. Voava o mais rápido que podia, não tinha idéia de pra onde estava indo, mas isso não era importante, o importante era se livrar deles e depois procurar um local seguro para se esconderem até anoitecer novamente. Assim continuava voando rente ao solo, era mais perigoso, mas também dava a vantagem de que demoravam mais para reagirem as suas manobras. Estava agora sobrevoando uma pastagem, isso tirava sua vantagem, afinal, não produzia areia suficiente para impedir que fossem atingidos por algum feitiço vindo de trás, nem tinha árvores para despistar e dificultar a vida dos comensais que o perseguiam, então tinha que contar apenas com suas habilidades de vôo. Diminuiu um pouco a velocidade, de modo que sente a aproximação dos seus perseguidores, começa ao mesmo tempo a voar o mais rente ao solo que conseguia, tanto que estava roçando a grama do pasto, quando menos se espera ele sobe e vai em direção aos comensais de cabeça pra baixo, os cabelos de Hermione atrapalharam um pouco sua visão, mas isso não o impediu de atingir seu objetivo: tomar a varinha do primeiro comensal que viu (daria muito mais trabalho tirar a sua de dentro da camiseta que usava). e então, ainda de cabeça pra baixo, ele aponta a varinha pra trás e faz sair dela uma enorme coluna de fumaça, e enquanto os comensais se perdiam no meio da fumaça ele mudava novamente seu curso e (agora já na posição normal de cabeça pra cima). Consegue uma enorme dianteira em relação a eles, depois de algum tempo ele vê uma ponte sobre um pequeno rio e resolve se esconder sob ela, cerca de dez minutos depois vê os comensais passando sobre ela, e então finalmente resolve relaxar. Esfrega sua mão sobre os braços da amiga que ainda o apertava no peito. "Tudo bem, eu acho que eles já foram. Vamos esperar mais uns cinco minutos e depois vamos sair daqui". A garota dá um suspiro cansado enquanto se afastava de suas costas. Harry pousa na margem do rio para esperarem o tempo passar e aproveita para olhar o "estrago" que os braços da garota tinham feito nele e teve a certeza que os vermelhões iam ficar ali por um bom tempo.

Você está bem? – pergunta preocupado.

Estou sim, Harry, só cansada. Já está amanhecendo, o que vamos fazer agora? Não podemos ficar aqui e também não podemos sair voando durante o dia.

Bem, se eu não perdi na nossa fuga, eu tenho algum dinheiro trouxa comigo que eu pedi pro seu pai trocar pra mim. Vamos procurar um hotel para que possamos passar o dia, e à noite nos continuamos viagem.

Mas onde vamos encontrar um hotel? Nem sabemos onde estamos!

Eu estava vendo luzes naquela direção enquanto estávamos voando, deve ser uma cidade, vamos pra lá, quem sabe não encontramos um hotel?

Certo. Mas como vamos explicar que estamos sozinhos e com uma enorme vassoura que ainda ta com uma bússola amarrada a ela? (estava se referindo a pequena bússola que tinha vindo com o quite de manutenção de vassouras de Harry que estava sendo usada pela primeira vez, se bem que não foi muito útil nesta viagem).

E verdade, eu não tinha me lembrado disso. Vamos pra algum hotel pequeno que não faça perguntas. De qualquer maneira e melhor irmos logo antes que amanheça de vez. – e assim fizeram, logo estavam sobrevoando a periferia da cidade.

Estamos sobre um bairro residencial, aqui não deve ter nenhum hotel, vamos pra outro lugar.

Eu conheço estas casas.

Você deve estar enganado Harry, de cima todas as casas se parecem.

Não Mione, eu tenho certeza que estas casas são familiares, e esta escola... EU NÃO ACREDITO!

O que foi Harry?

Eu sei onde estamos, eu não acredito que viemos pra cá. Eu já sei onde podemos ficar. – e assim se dirige a uma rua tranqüila e ainda deserta àquela hora da manhã.

Harry, aqui é...?

É sim, não é incrível? Eu faço tudo o que posso para ficar longe daqui e quando estou fugindo é justo pra cá que venho – Harry estava parado incrédulo diante do nº4 da Rua dos Alfaneiros – Vamos entrar, podemos ficar no meu quarto, os Dursley ainda devem estar dormindo mas logo vão acordar, com certeza não vão gostar nada de aparecermos por aqui, então vamos tentar entrar sem chamar a atenção e depois que já tivermos descansado nos revelamos a eles.

Acho difícil, Harry, como vamos entrar sem acordá-los?

Eles sempre guardam uma chave extra aqui – diz se abaixando e tirando uma chave de dentro de um vaso de planta que ficava ao lado da entrada. – o Duda vivia perdendo a chave dele então decidimos ter sempre uma chave reserva pra quando ele chegasse em casa sem a dele. – eles entram na casa em silêncio, Harry faz um discreto sinal para que ela pule o último degrau que sabia que rangia e logo estavam na frente do quarto do garoto, que estava... trancado! - Eu devia saber que iam manter ele assim, ainda bem que eu vim prevenido – resmunga Harry antes de tirar o canivete que tinha ganhado de seu padrinho no Natal e selecionar uma das funções de destrancar portas – pronto, bem melhor que os métodos de arrombamento que os gêmeos me ensinaram no segundo ano. Pode entrar. Olha só quanta poeira, não deve ter sido limpo desde que estivemos aqui, mas não importa, da pra podermos dormir um pouco. Você fica com a cama que eu durmo no chão.

Mas, Harry isso não tá certo, é o seu quarto.

Tudo bem, Mione, eu to acostumado a estas coisas, posso lhe garantir que não é nada pior do que o armário onde eu dormia.

Tem mesmo certeza que não quer ficar com a cama? Quem sabe, nós...

Espere! Escute.

Escutar o quê? Eu não tou ouvindo nada.

Exatamente, há essa hora já deveríamos estar ouvindo a tia Petúnia andando pela casa ou ao menos os roncos do Duda. Espere aqui que eu vou dar uma olhada. – Harry sai do quarto e passa a "explorar" a casa primeiro desse a cozinha que estava vazia, mas o que chama a atenção do garoto é o fato de ter... poeira! - Tia Petúnia jamais deixou ter nem um grama de poeira antes, como isso pode ser? – segue para o quarto do primo e abre a porta devagar só pra notar que estava vazio, depois vai ao quarto dos tios que assim como o anterior não tinha ninguém. – Ninguém em casa. Será que saíram de viagem? Não importa, o bom disso é que temos a casa só pra nós agora.

Ele volta rápido para o seu quarto para dar a boa notícia, encontra a garota sentada na cama, olhando para a parede com um olhar vago.

Tudo bem Mione?

Tudo Harry. – sua voz estava longe e seu olhar melancólico. Harry se perguntava o que poderia ter acontecido em tão pouco tempo pra deixar a garota assim.

Não. Não está tudo bem, como você mesmo disse há algumas horas, nós nos conhecemos há muito tempo e eu sei que tem algo errado.

Não é nada com que deva se preocupar. e então, já descobriu o que houve com seus parentes?

Eles não estão, devem ter viajado, mas isso não importa. Por favor me diga o que tem de errado, nós somos amigos a muito tempo e você sempre me ajudou quando eu precisei, agora me deixe te ajudar.

Mas...

Por favor.

O que acontece é que... – a garota relutava em falar o que a afligia, mas quando seu olhar se encontra com o de Harry que transmitia conforto e preocupação decide se abrir. – Harry, eu quero saber porque você me beijou no baile. – Harry esperava tudo menos isso. Fica completamente sem jeito, mas está ciente que não poderia se negar de responder isso a ela, por mais difícil que fosse, ele tinha que fazer.

Sabe, o que acontece é que... Bem, desde que eu fui pra sua casa, eu..., eu venho sentido algo dentro de mim, era uma coisa que eu nunca tinha sentido antes, não era apenas atração por você, isso eu já senti por outras garotas e era algo novo, quanto mais eu lutava contra isso, mais aquilo crescia dentro de mim. Quando estávamos dançando aquela última música eu finalmente perdi o controle, e você sabe o que aconteceu. Eu, eu acho que to gostando de você, não como antes, eu acho... – Harry falava todo o tempo olhando pra o chão, mas nesta hora levanta o rosto e encara os olhos castanhos da garota que brilhavam de ansiedade – eu acho que to apaixonado por você. Mione, você... quer ser minha namorada?

As últimas palavras foram ditas com dificuldade, mas com coragem e verdade. Eram seus olhos agora que demonstravam ansiedade, seu coração parecia ter parado enquanto aguardava a resposta que não veio com palavras. Hermione começou a chorar silenciosamente depois da pergunta. O abraça e ainda chorando o beija, um beijo com sabor de sal, mas também com sabor da paixão que os dois estavam sentindo um pelo outro. Ambos se perdem no beijo, se deixando levar pelo calor de seus sentimentos, quando se deu conta Harry a estava beijando deitado na cama, nesta hora sua mente dá o alerta: "pare agora, pare agora". Com muito custo, ele interrompe aquele beijo que durou mais de um momento, mas que pareceu um breve instante. Instante que ambos gostariam que durasse pra sempre.

Isso foi um sim? – consegue perguntar.

Sim. Foi um sim – diz a garota com um enorme sorriso, lhe dando outro beijo, desta vez mais breve e suave.

Você não imagina como isso me deixa feliz.

Não. Você, não imagina como eu estou feliz.- diz apoiando a cabeça no peito do garoto ainda sorrindo. – eu gosto de você há muito tempo, mas pensei que nunca fosse me notar. Quando você foi la pra casa eu ficava imaginando como seria te beijar de verdade, não só aqueles beijinhos que eu ficava te dando, mas achava que nunca ia ser mais que sua amiga. Quando eu apaguei as velas do meu bolo ontem eu pedi exatamente isso: que você me visse como uma garota, mão apenas como sua amiga. Esse foi o melhor presente que eu podia ganhar.

Não, Mione. Quem me deu o presente foi você, por aceitar ser minha namorada. Eu juro que vou te fazer sempre feliz, pra que nunca se arrependa disso. Só peço que esteja sempre do meu lado como sempre esteve.

Eu vou estar Harry, eu juro. – estas palavras foram as últimas que conseguiu dizer, logo estava dormindo apoiada em Harry.

Harry notou que ela adormeceu, e ficou ali olhando para ela admirando sua beleza. Não tinha coragem de se mecher com medo de acordá-la. Mas logo, finalmente vencido pelo cansaço, adormece, muito feliz por ter em seus braços aquela que, embora ainda não soubesse, viria a ser a mulher de sua vida.