"Assim que quer, assim será eu vou pra não voltar!
Toma este anel, que é pra anular o céu, o sol, o mar
Eu não queria ir assim tão triste, triste ...
Vem dizer adeus o ao que restou de quem um dia foi feliz."

Os olhares não se encontravam há alguns dias, pareciam temer o reencontro e uma possível recaída. O fim fora unilateral, e tinha ciência disso; sabia que não queria vê-lo mal, mas era inevitável que o fizesse. Não poderia continuar a facetar um sentimento que não era o esperado; não continuaria algo que sabia, não sentiria tão cedo. Pôs um fim no que, de início, parecia certo, que no início julgava ser certeza, com o tempo, a dúvida o fez decrescer e aos poucos desaparecer. Só queria conseguir olhar nos olhos de Remus e dizer que tudo ficaria bem, mesmo não como ele queria.

"Há de encontrar um encantador.
Um novo ou velho amor vai te levar.
Leve a vagar prum lar de fina-flor.
E você vai ser mais feliz longe de mim.
Por isso eu vou.
Mas não me peça pra amar outra mulher que não você."

Era inevitável observá-lo ao longe, sempre falante e tão comunicativo. Não conseguia entender como pudera tudo, de início seguro, tornar-se algo tão frágil, a ponto de sumir em alguns segundos, deixando uma profunda ferida recente a pontilhar de sangue o seu peito amoroso. Não precisava concordar com aquilo, só necessitava de um tempo para aceitar o fim do que sequer teve um início.

Os olhos de Sirius corriam ao encontro do menino Lupino, pouco antes da Lua Cheia brotar no céu. Tinha medo que ele se machucasse ou se ferisse; sabia da insegurança do amigo e, mais do que nunca, da fragilidade que o causara. Esperava, sinceramente, que um dia pudessem se olhar nos olhos sem receio ou culpa por não ter sido suficiente para fazer daquilo um grande amor duradouro. Esperava rir daquilo com ele no futuro, rir das palavras bobas que disseram, em vão. As lágrimas caíam pelos olhos de Sirius, que procuravam brutalmente a presença de Remus no saguão do castelo.

"Sei que seu fel fenecerá em nome de nós dois...
chuva do céu se encerrará pra nosso depois.
Como vai ser ruim de mais olhar o tempo ir
sem ver os seus abraços, seu sorriso ou suas rimas de amor."

' Remus! - O menino aloirado andava vagarosamente para fora do Castelo, com o corpo jogado como em sentido do vento; parecia um mero corpo, sem vida, ou alma, a caminhar sem sentido.
' Fale, me... Sirius... - Remus parou aos pés da escada principal e olhou para trás, com o olhar direto de tédio, dor e um misto de decepção e pesar.
' Não vá... fazer nada, que possa lhe machucar... - Sirius parou, com as mãos sobre o tórax, apoiado na parede do Saguão, e com os olhos brilhando, como se quisesse fazê-lo deter naquele momento.
' Fique tranquilo, você não precisa se... preocupar, não mais. - A voz arrastada e irônica de Lupin respondeu com desprezo e sem emoção ao garoto de cabelos negros. Deixou o corpo pender para frente e seguiu seu rumo, ao Salgueiro, para que pudesse sofrer de sua transformação longe dele, longe de tudo, e que sua bestialidade o fizesse esquecer, por um momento, das dores de um amor humano.

"Mas não me peça para amar outro homem que não você."

Alguma alusão à SongFic Angst? Naaah!