De volta a ativa
De inicio a decisão da Ordem foi que, Harry, Hermione e Rony se dedicariam 24 horas por dia a investigar modos para que Harry destruísse Voldemort e que conseguissem capturar o máximo de Comensais da Morte possível, mas todos sabem que Harry Potter sempre será Harry Potter, e a imprensa fazia questão de a todo instante lembrar as pessoas disso.
Uma das primeiras matérias publicada assim que se formaram foi sobre que profissão o grande Harry Potter iria seguir, bem, convites não faltaram, não havia nenhum bruxo de bem que não quisesse o menino-que-sobreviveu. Sempre garantiam que não era por causa da fama que o chamavam, mas sim pelo talento, a boa e velha história para dormir.
Ótimas quantias em dinheiro, férias, viagens, porém sempre faltavam dois pequenos detalhes que a maioria -já que se tratavam de grandes escritórios e Harry atrás de uma grande mesa de marfim sentado em sua favorita poltrona de couro - não oferecia, aventuras, algo que em sua opinião não pode faltar na vida de uma pessoa e Hermione e Rony, seu melhores amigos até então.
Para fugir, retardar a imprensa disse que, não havia necessidade de trabalhar já que tinha uma conta um tanto quanto gorda, esse primeiro pronunciamento ajudou para que maior parte das pessoas que já não gostavam de Harry concretizassem a opinião de "'herói, famoso, bonito e rico uma combinação irritante". A imprensa não deixou isso barato e venho a pergunta, e a vida pessoal? Andava tão bem quanto a conta no Grigontes?
O nome dos amigos envolvidos em tudo agora, não faltava mais nada, era somente ligar os pontos e o trabalho todo, que vinham há meses colocando em pratica iria por água baixo.
De Hermione a Rony, a imprensa destacou os três, os dois amigos viviam, pelo o que tudo indicava as custas de Harry e esse mantinha, sem contestar, a namorada interesseira e o amigo ambicioso.
É claro que ninguém mais agüenta uma vida turbulenta, praticamente pública pois quem quisesse conhecer mais sobre eles era somente pegar uma edição do profeta do diário, e não eram mais somente fãs que prestavam atenção em sua vida 24 horas por dia, tudo estava chamando atenção demais, a atenção indesejada a de Comensais e Voldemort, não que esses não estivessem sendo favorecidos, os jornais pareciam ocupados demais procurando novas curiosidades da vida do 'menino-que-sobreviveu' para repararem nos ataques que vinham acontecendo. Estava mais do que na hora de partir para o segundo plano: o trabalho.
O nome facilita muitas vezes muitas coisas, e assim entrou para o Ministério como Auror, Hermione e Rony entraram com a ajuda de Dumbledore, nada que o tempo não revelasse pois de longe se percebia o talento dos três.
Cada Auror é dividido em grupos, os melhores e os piores, e nesses grupos, a cada dia passavam por experiências que os promoviam cada vez mais.
Infelizmente não é um trabalho muito bom para quem tem família pois além de colocar esses em perigo, também exige que você se dedique de corpo e alma, vinte quatro horas por dia. Você tem que aprender identificar a mentira da verdade, controlar suas emoções e muitas vezes deixar seu instinto de lado, pois uma coisinha errada e tudo poderia ir por água abaixo.
Como Hermione depois de trair a Ordem continuou no trabalho?
Harry nem ao mesmo sabia ao certo, somente soubera que, Dumbledore a tinha mantido lá, provavelmente como chegara a pensar com Rony, era para mantê-la sobre seus olhos, ou então, ele realmente não a culpava...
Chegou à sala de reuniões, fora não havia ninguém, somente folhas voando por causa do vento vindo da janela mais a frente aberta. Harry foi até lá, fechando a janela, a vista de uma rua movimentada sendo substituída por sua própria imagem, refletida no vidro da janela.
Ele passou a mão pelos cabelos pretos, bagunçando-o, e soltando um suspiro cansado.
Não sabia quanto tempo lhe restava, um dia ou outro, teria que lutar contra Voldemort, e era para lá que os ventos estavam levantando-o, mais cedo ou mais tarde, a morte de um dos dois seria inevitável.
Harry voltou a respirar fundo encarando os próprios olhos. Quem podia imaginar que ele chegaria a tal ponto?
Jurara para si mesmo assim que soubera sobre a profecia que iria viver cada dia como se fosse o último, e por alguns maravilhosos anos Harry teve a certeza de que finalmente sabia o que era ser feliz, mas então, quando nada mais parecia poder piorar se escondera atrás daquela mascara, perdendo-se dentro de si. Certas vezes não conseguia se reconhecer, chegando a ser impossível acreditar que aquele homem com grandes marcas de cansaço em seu rosto e com olhos verdes-esmeralda frios que se tornara tinha sido, há muito tempo atrás, alguém cheio de vida.
Outra promessa que tinha feito era que jamais abandonaria um de seus amigos, mas o que estava fazendo agora? Se afastando mais e mais, criando uma parede de vidro a sua volta para que ninguém pudesse se aproximar dele e sabia que isso estava destruindo-o pouco a pouco, mas esta tinha sido a melhor maneira de se proteger que tinha encontrado.
Uma parte arte de seu coração continuava intacta, porém adormecida, esta parte conservava todas as suas melhores lembranças, seus melhores momentos. Eram poucas as vezes que entrava em contato com essa sua outra metade, mas quando isto acontecia, recordava-se de como era doce a sensação de ser amado e amar. Era ali, no lado bom de Harry Potter, que continuava a manter suas crenças, acreditando sempre que tudo pode melhorar.
Mas de um outro lado, também havia um Harry amargurado, que não conseguia ter esperanças, que simplesmente não podia acreditar que um dia, as coisas voltariam a ser como anos atrás. Um Harry que tinha medo de ser feliz novamente, de amar novamente.
Ele já tinha experimentado a sensação de amar, é poder ser você sem ter que se envergonhar ou manter aparências, manter aqueles que você preza juntos de você, é ter medo da solidão e da morte, é abraçar a vida fortemente, viver de sonhos e alimentar-se de esperança, livrando-se de dor e magoas, resumia-se a rir do passado, planejar o amanhã, viver o hoje.
Amar também consiste em muitas coisas, uma delas, é que você arrisca tudo quando ama. Você fica exposto ao outro, deixando que ele o conheça mais do que você, mais do que qualquer outra pessoa na face da terra poderia fazer, podendo ler seus pensamentos com um simples olhar, podendo te fazer sentir o único na terra com um simples gesto, mas também com o poder te de destruir com uma palavra. Você arrisca seus sonhos, sua vida, sua liberdade, se tornando dependente de um sentimento que não se pode controlar, vivendo na incerteza, e isso ele não conseguiria, não novamente.
Harry não sentia que tinha mais forças para tentar, descobriu como era duro ser machucado por aquele que ama, e se isso voltasse a acontecer não iria ter forçar para levantar-se novamente e recomeçar do zero. Por isso era melhor continuar ali, naquele globo de vidro, ali ninguém o machucaria, e nunca mais provaria o gosto amargo da decepção...
- Hey, acorda! - Harry ouviu alguém chamá-lo, ainda encarando seu próprio rosto no vidro, viu as imagens de Rony e Hermione parados a porta, olhando-o. Ao notar que finalmente tinha atraído a atenção de Harry, Rony continuou, abaixando o tom de voz - Nos mandaram ir para a outra sala - disse, dando as costas e saindo com Hermione.
Harry contou até 10, lembrando-se dos motivos que o fizera afastar-se de todos, colocando uma barreira entre o mundo e seu coração para então, segui-los.
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A sala de Mick não era realmente o que podia se chamar de um escritório ou até mesmo de uma sala, pensou Hermione dando uma olhada rápida no lugar. Ele tinha uma coleção de livros sobre as Artes das Trevas que tinha tentado-a, mas o lugar sujo e pequeno a fizera conter qualquer vontade, por mínima que fosse, de pegar um dos livros para ler.
Hermione deu alguns passos a frente, parando frente da pequena mesa cheia de papéis, ela parou, sua atenção sendo chamada por uma garrafa de Whisky.
- Uau! Nosso chefinho tem problemas com bebida.
Ela nem se deu ao trabalho de comentar nada, recolocou a garrafa onde achara e seus olhos passando rapidamente pela mesa e nos papeis desorganizados sob essa.
- O que fazem aqui? - Perguntou uma mulher de estatura baixa. - Procurando Mick? - Voltou a perguntou, observando-os por cima dos óculos - Andar debaixo, se não encontrarem aconselho continuarem... - Informou pegando uma caixa de papelão lotada com pastas, alguns pergaminhos, penas e uma foto sobre uma cadeira próxima a Hermione e deixando-os.
- Parece que ela está indo embora... - Comentou Rony depois da porta bater com um leve 'click'.
- Ela não é a única... - Falou Harry puxando a persiana.
Os corredores do ministério estavam um caos. Por todo o lado viam pessoas empurrando umas as outras, sem nem ao menos se desculparem, correndo com seus pertences em caixas. Alguns em desespero, nem se davam ao trabalho de organizar suas coisas, somente passavam a mão sobre as mesas jogando tudo nas caixas. No chão estavam alguns folhetos de procurados e até mesmo páginas de jornal.
- O que está acontecendo?
- Eu não sei. Mudança de andar? - Sugeriu Rony, mas Hermione tinha sérias dúvidas sobre tal.
Depois do que acontecera no quinto ano deles e das tentativas de invasão ao Ministério que sucederam a isso, os ''poderosos'' -assim chamados por causa do controle geral - mudavam, vire e mexe os níveis de lugar para dificultar uma invasão, e vinham usando essa tática desde então, porem não muito eficaz, mas sempre que a imprensa tocava o assunto, o novo Ministro fazia questão de lembrar que ''... certa vez devido ao nosso 'esquema', uma invasão não obteve seu devido sucesso já que, nossos aurores, naquela época tinham se mudado para o primeiro nível e assim impediram grandes catástrofes. Além do mais, temos um ótimo sistema de segurança...''
O nível um era totalmente para assuntos que envolvessem países estrangeiros, e ali estava o Departamento de Cooperação Mágico Internacional que englobava OPCMI, - Organismo de Padrões de Comercio Mágico Internacional - o Escritório Internacional de Direito em Magia e a Confederação Internacional de Bruxos.
O nível dois era responsável por Acidentes e Catástrofes Mágicas, o três pelos Jogos e Esportes Mágicos, o quatro era o Departamento de Execuções de Leis Mágicas, porém esse tinha sido dividido, o Quartel dos Aurores e Serviços de Administração da Suprema Corte, tinham cada um, níveis próprios,- cinco e seis, respectivamente - pois a movimentação por eles era muito grande e o espaço cada vez mais parecia diminuir.
Quando estavam passando pelo nível cinco, maior parte dos Aurores se reunia àquela hora - o que fez com que se espremessem o máximo possível para passarem-, perceberam que diferentemente dos outros níveis ninguém parecia estar correndo para arrumar suas coisas, o que fazia Hermione confirmar sua teoria de que o que vira no andar de cima não fora nada mais do que pessoas deixando seus trabalhos, porém ela não sabia o porque daquilo.
Em um canto mais afastado, um homem pequenino corria de um lado para o outro em cima de uma escada, segurando fortemente um pincel grosso molhado em cola e pincelando sem muita paciência a parede, e logo depois voltando, ainda em cima da escada com um monte de panfletos e colando-os na parede.
Rony não sabia como ele não ficava tonto, pois ver aquilo era de deixar qualquer um sonso. Ele parou de acompanhar o grande trabalho do homenzinho e fixou o olhar em quem estava sendo procurado, eram comensais, não simples comensais como Crabbe, mas os mais temidos. Logo abaixo tinha uma lista de quantas pessoas haviam matado, e o ruivo não se conteu em abrir a boca, em espanto.
- Rony! - Gritou Hermione tarde demais.
Um outro auror que corria com um amontoado de papeis tropeçou em uma caixa de arquivos, caindo em cima de Rony.
- Ah, droga, desculpa, mas você não deveria empacar aí, né espertalhão?! - O auror nem se preocupando em perguntar se o ruivo estava bem ou não, abaixou-se catando seus papeis e voltando a correr.
- Vem que eu te ajudo - disse Hermione estendendo a mão para Rony levantar-se.
- Ah, obrigado... Acho que estou inteiro, mas o que anda acontecendo por aqui? Que isso daqui é uma confusão eu sei, mas...- perguntou, atordoado.
Rony correu os olhos rapidamente pelo mural de procurados mais uma vez e seguiu, atrás de Hermione, para o elevador.
- Que andar? - perguntou uma voz feminina vinda de uma caixa de som, suspensa a um canto do elevador.
- Ahn... - Harry olhou para Hermione esperando uma resposta.
- Nível 8? - Arriscou.
- Muito obrigada e bom trabalho.
- Ah, claro, do jeito que as coisas andam terei um ótimo dia de trabalho. - Resmungou Rony.
Harry batia o pé apressado no chão do elevador, as mãos no bolso da capa branca.
Ele está pensando em alguma coisa, será que Harry sabe o que está acontecendo?, perguntou-se Hermione.
Mesmo com o passar do tempo, ainda o conhecia bem o suficiente para ler a mente dos dois homens ao seu lado, afinal, com anos do que um dia foi amizade não foram em vão, ela sabia talvez mais sobre eles do que eles próprios.
Estava louca para perguntar o que era, mas era perder tempo, ele não a diria nem agora nem nunca. Se quisesse descobrir deveria ser por conta própria ou com o tempo, as respostas iriam surgir.
- Ah! Que bom que já estão aí. - Era Mick, ele estava com o cabelo despenteado e com o olhar perdido. - Bem, vocês continuam mas eu tenho que ir. É a primeira porta, virando no corredor.Há visitas para vocês...
Sem nem ao menos esperar que alguém demonstrasse reação ao finalmente encontrá-lo, Mick entrou no elevador seguido de Melanny - incrivelmente pálida - e fez um sinal para que fossem embora, resmungando para si mesmo algo como '' novamente rebaixado, colocado de lado, se eu sou um lixo trabalhando porque não me falam?! Novamente, Melanny, segunda vez esse ano...Segunda!"
- Bom dia pra você também! - Gritou Rony, seu grito ricocheteando nas paredes, inundando o lugar.
Diferentemente dos outros corredores pelos quais haviam passado, este estava deserto, ecoando por ele o barulho de passos fortes e largos, um ao lado do outro, Harry, Ron e Hermione, todos os três examinando o mais rápido possível o lugar, atentos a tudo.
As capas brancas farfalhando atrás deles, pelas vidraças quebradas alguns raios de sol atreviam-se a invadir o lugar que parecia ter sido, há anos abandonados por seus freqüentadores.
Apertavam, dentro do bolso, suas varinhas, haviam aprendido que sempre, sem exceções, deveriam desconfiar de tudo que lha parecesse calmo demais.
- Corre! - gritaram Rony e Harry, Hermione que ainda continuava com o dedo indicador apontando para lugar onde mais cedo ocupavam seus melhores amigos, Hermione só conseguiu ver a capa de Harry farfalhando atrás dele, tanto ele quanto Rony tinham uma expressão vitoriosa. Ela não sabia o que eles tinham feito, mas com certeza, se fosse pega ali, logo por onde eles tinham passado, seria uma das principais acusadas.
Ah, eu mato eles! Pensou a garota, raivosa.
- Eu pego vocês seus pestes. - Hermione ouviu Filch dizer. Desfez a postura autoritária e põe-se a correr, o mais rápido que conseguia.
- A passagem! - indicou Harry, ofegante.
Hermione e Rony passaram logo depois dele.
Hermione com a mão no peito respirando com dificuldade, mas um sorriso de alívio. Rony estava com a cabeça entre os joelhos, puxando ar, mas também aliviado por não ter sido pego e Harry encostado na parede, a mão na cabeça, ele foi escorregando até o chão, para se sentar, não tinha forças.
- Eu...mato...vocês... dois...quando recuperar o fôlego! Podem crer! - Ameaçou Hermione.
- Ah, Hermione, por favor, sai dessa! O que seria de você sem nós dois colocando você em encrenca?! - Perguntou Rony, sorridente.
- Com certeza, eu seria uma pessoa melhor!
- Duvido...Você seria extremamente normal, e isso pode ser um tédio, acredite! - Falou Harry.
Hermione se calou, depois que tinha conhecido os prazeres daquela vida de aventuras seria difícil imaginar-se longe deles.
- Agora, onde estamos? - Perguntou Hermione olhando para os lados, tentando situar-se e mudar de assunto.
- Não sei...
- Não tenho a mínima idéia. Não estou com o mapa do maroto...
- Ah, que maravilha! Vem, vamos procurar outra saída! Se formos por aí o Filch vai nos encontrar...
Eles passaram a andar um ao lado do outro, juntos, a varinha em punho. Escutava-se somente seus passos e suas respirações...
- Como agora. - Disse Hermione ainda pensando em seu devaneio quando sentiu alguém a parar. Era Harry. Assim que viraram no corredor deram de cara com uma fileira de pessoas, pelo menos vinte em cada lado do corredor, impossível de reconhecer seus rostos por causa da má iluminação que os ocultava. Era como se estivessem esperando-os.
- Estão aguardando vocês. - Foi a única coisa que ouviram.
Motivados pela curiosidade, continuaram seguindo em frente, as pessoas abrindo caminho.
Pararam a porta, Harry olhou para os 'colegas' em confirmação se deveria ou não abrir.
Não se sentia seguro ali, tinha várias perguntas e nenhuma resposta, mas não iria vacilar. Harry voltou a encarar a porta, Hermione e Rony estavam logo atrás dele, as varinhas sempre a mão para emergências de última hora. Seja lá quem os estivesse esperando-os, eles saberiam.
Sem mais demora, sua mão direita envolveu a maçaneta prata, um frio percorrendo a sua espinha, Harry abriu a porta com brutalidade, sem se importar com o peso ou qualquer outra coisa, sua outra mão apertando a varinha.
- Mais que droga! - Ouviu Rony gritar colocando as mãos nos olhos e deixando a varinha no chão, todos os três tinham sido obrigados a esquecer sobre defesa e então proteger os olhos da claridade. Seus olhos que antes estavam acostumados ao corredor abafado e mau-iluminado agora brilhavam por causas das lágrimas, o aposento em que se encontravam agora era amplo, com grande circulação de ar, e estava banhado por raios solares.
- Eu falei que isso ia deixar alguém cego! - Disse uma voz familiar.
- Mas o que...? - Rony calou-se, a imagem das pessoas a sua frente desfocadas, os olhos lagrimejando.
Hermione parara de tentar proteger os olhos, estava apurando os ouvidos para tentar reconhecer as vozes, já as tinha ouvido. Mais atenta a cada movimento, teve a impressão de que alguém corria pela a sala, sua impressão foi confirmada quando o lugar começou a ficar mais escuro, a pessoa que corria estava fechando as persianas, a claridade não era mais problema.
- Melhor assim, não é mesmo? - Hermione abriu os olhos, e deparou com o dono, ou melhor, dona da mesma voz que fizera uma reclamação anteriormente. Era Tonks.
Diferente do resto do andar, o cômodo era grande o suficiente para acomodar sem problemas pelo menos 50 pessoas, provavelmente, pensou Hermione, uma das salas que eram usadas anos atrás para reuniões entre o Ministro e os chefes de departamento. As paredes eram em um tom bege, o chão com ladrilhos brancos, e como Hermione já esperava, uma mesa de madeira bem cuidada de reuniões ao centro, em volta desta, 20 pessoas ou um pouco mais sentadas, em um mistura de rostos marcados pelo cansaço e preocupações e outros levemente encantados pela presença de Harry.
Hermione passou os olhos pela mesa rapidamente tentando achar rostos conhecidos, entre eles Snape, Remo, Tonks e é claro, Dumbledore, os outros membros Hermione não conhecia, afinal, estava há muito tempo fora da organização para saber exatamente qual o papel de cada ali dentro ou qualquer outra informação.
O diretor sorriu para eles, observando cuidadosamente a surpresa de Hermione e os outros.
- Tiveram alguma dificuldade para nos achar? - Ele perguntou, seu semblante sereno começava a causar ódio em Hermione como Harry a dissera uma vez, era irritante a forma de como o mundo poderia estar caindo sobre suas cabeças e Dumbledore manter-se sério, como se nada fosse somente um pesadelo que iria, em breve, terminar.
- Er... O que vocês... aqui... Porque? - Perguntou Rony, tropeçando nas palavras.
- Sente-se, Weasley, Granger, Potter. - Snape continuava o mesmo, frio e calculista. Pensou Hermione, relembrando-se do professor e de sua experiência depois de uma longa 'conversa' com ele, a qual Snape fez questão de julgá-la, atormentá-la.
Hermione piscou os olhos mais de uma vez, tentando ter certeza de que aquilo não era mais que um sonho ruim, e que aquela luz que antes a atingira tão fortemente não era mais do que os primeiros raios de seu invadindo seu quarto grande e confortável.
- Faz tempo desde nossa última conversa, não é mesmo senhorita Granger? Mas continua muito bem, a propósito, fiquei sabendo que é a melhor do seu setor. - O professor falava com ela, calmamente.
Hermione pensou na possibilidade do professor estar caduco, como os jornais costumam a dizer, como ele podia falar com ela como se nada tivesse acontecido? Alvo Dumbledore chegara ao seu fim como estavam nas manchetes do Profeta Diário?
-Er... Eu vou levando. - Respondeu o mais brevemente possível, sem poder conter sua pergunta, começou - Mas o que eu ...?
- Acho que ainda há muito a ser esclarecido não? Principalmente o porquê de estar aqui. - Hermione assentiu, atenta a cada entonação usada pelo professor.
Dumbledore indicou os três lugares a sua frente para que sentassem, Harry e Rony passaram por Hermione, e sentando-se lado a lado nas cadeiras. No entanto, a morena continuava calada, olhando para as pessoas na mesa. Era tão difícil perceberem o que aquilo estava causando a ela?
Há anos, depois que fora expulsa da Ordem jurara para si mesma que tentaria reconstruir sua vida, ter seu trabalho, uma vida onde não dependesse somente de Harry e Rony para sobreviver, para se sentir segura e finalmente poder achar uma cura para livrar-se daquele circulo vicioso no qual se manterá por tanto tempo, e pode acreditar, mesmo sendo somente por breve segundos que se livrá-la de tudo aquilo, que estava pronta para seguir em frente, e então, viu os rostos de Harry e Rony, um pouco mais velhos do que se lembrava, abismados olhando-a, e ela sentiu como se caísse novamente no abismo que a pouco se encontrara, abismo do qual passara tanto tempo tentando sair.
Deus sabia como tinha tentando reconstruir a sua vida, os tormentos tinham diminuído, as lembranças não tinham sido apagadas, nunca conseguiria fazer isso, mas sim guardadas em uma caixa em seu coração, seu trabalho a manterá ocupada tempo o suficiente para que suas feridas cicatrizassem, mas agora tudo isso estava de volta, todas as lembranças, a saudade, o medo, a dor...
Fechou os olhos com força, porque tinham que ser tão injustos? Ninguém era capaz de ver o que aquilo estava causando? Era possível que a achassem tão forte que não vissem que estava sofrendo, chorando por dentro?
Respirou fundo, tentando se concentrar para poder achar uma explicação - se é que ela existia - para tudo aquilo, talvez, Rony e Harry como membros da Ordem soubessem de alguma coisa que estava sendo omitido dela, mas o que ela, Hermione, estava fazendo ali? Haveria de ser um erro. A pessoa mais improvável para estar naquela sala com certeza era ela. Fazia anos que estava fora da Ordem, ou melhor, que fora expulsa, porque tratar de assuntos que não cabiam a ela?
- Granger? Algum problema? - Mais uma vez Snape falava com ela.
Hermione parou para olhá-lo, o ódio que guardara por ele voltando a queimar em seu peito.
Passara anos na escola agüentando-o, ouvindo ofensas sempre calada, talvez fosse por isso que ninguém a ouvira quando tentava explicar o porque de sua traição, colocara as pessoas em primeiro plano, deixando-se pisar, aceitando coisas que muitas vezes não lhe agradava.
Pensou em abaixar a cabeça, e diminuir o tom de voz, assim como fizera, mas agora, Snape não era mais seu professor, nada o devia.
- Não, caro Snape, melhor do que nunca agora que o vi para ser sincera - Hermione enfatizou no "caro" sua voz estava um pouco trêmula,mas o tom frio conseguiu se sobressair. Ela continuou encarando-o esperando para que ele aceitasse o desafio, mas Snape só fez questão de levantar a sobrancelha e deixá-la de lado, o que foi uma pena, pensou Hermione, pois havia muitas coisas que precisavam ser ditas ele. Queria deixar esvair toda a frustração, dor, ódio.
Sentou na cadeira ao lado de Rony, tentava manter o máximo possível a postura fria e forte, mesmo que seu peito doesse e sua cabeça mandando-a sair dali.
- Há alguns dias atrás vocês foram encarregados de achar maneiras de como capturar o máximo possível de comensais, afinal, precisamos enfraquecer Voldemort o mais rápido possível, usando as informações de Aurores infiltrados lá para nosso favor, mas há alguns fatos que foram...- Professor fez uma pausa, encontrando a melhor palavra. - Omitidos de vocês.
- Se o senhor não se importa de pular essa parte e me dizer o que exatamente foi omitido, eu ficaria grata, afinal, toda a parte que diz respeito que eu devo ajudar um nova "equipe" que nem ao menos é do um setor e outros pegam o meu trabalho, eu já sei.
- Hermione, calma. - Hermione parou de falar, quando Harry colocou sua mão sobre a da morena. Hermione queria sorrir, ou pelo menos tentar entender, mas ficou estática. Era assim que vire e mexe Harry fazia, quando estava ou muito preocupada com os N.O.M.s ou quando o trabalho era cansativo.
Ela ia abrir a boca para falar algo, mas não conseguiu. Queria relembrar de como fora a última vez que tinham trocado demonstrações de carinho, de como suas pernas ficavam bambas, seu coração acelerado e como todos os problemas eram amenizados quando ela o tinha perto. Ela fechou os olhos, triste, quando Harry retirou sua mão de perto dela e endireitou-se em seu lugar, abismado com sua reação, novamente a doce sensação de ser amada tinha passado deixado um buraco, um vazio.
Remo pigarreou, vendo que Harry estava constrangido e confuso e assim como Hermione esquecera-se do que estava acontecendo, do verdadeiro motivo de estarem ali.
- Bem, não foi bem assim, Hermione. Nós realmente precisávamos de vocês juntos. - Tonks tentou explicar.
- Há algo de muito errado. Os Comensais estão em um número cada vez maior, precisamos combatê-los, mas isso vai ficar por conta dos outros aurores. O papel de vocês é bem mais importante. - Lupin estava sendo cauteloso, podiam sentir, falando pausadamente, escolhendo muito bem as palavras.
"A profecia irá se cumprir, e não há mais como adiar uma batalha. Voldemort vem trabalhando incansavelmente, todos esses anos para achar todas as melhores maneiras de vencer. É claro que também fazemos nossas pesquisas, e até então não encontramos uma resposta.''
- Mas em todos esses anos, meus conhecimento aumentaram...
- Sim, Harry, mas vocês vão agora passar por testes. - Disse Lupin.
- Porque? Não podemos perder tempo!
Hermione ia protestar, como Harry podia ser tão cabeça dura? Como poderia achar que proteger sua vida era uma perda de tempo?! Rony também parecia revoltado com as atitudes, mas continuou em silêncio, observando.
- Foi montado por alguns membros da Ordem um relatório, sobre cada estratégia usada pelos Comensais para liquidar nossos aurores, diminuir nossas forças. O número de aurores mortos aumenta consideravelmente a cada semana e precisamos antes de mandar aurores e vocês para lá, de um ótimo plano, para termos certeza ou pelo menos quase isso. - corrigiu-se Remo rapidamente - Que os perigos não são tantos, que não seremos pegos desprevenidos.
- Infelizmente, os grupos montados até agora não têm obtido muito sucesso com o treinamento, e isso está dificultando tudo, é claro. Assim que a possibilidade de Você-Sabe-Quem estar vivo estava fora de cogito, os Aurores não passavam treinamentos avançados, não houve melhoramento algum mesmo sabendo que eles não eram 100. O ministro não quis arriscar-se fazendo isso, pois chamaria atenção da imprensa que iria voltar a questionar se Aquele-que-não-deve-ser-nomeado estava realmente morto e isso causaria muitos problemas ao seu prestigio, que sejamos sincero, hoje não é lá essas coisas. - Disse Tonks.
- Só me expliquem qual é o nosso papel, certo? - Pediu Rony, ele já sabia, assim como toda a população dos acontecimentos bombásticos.
- Se manterem vivos até o final do treinamento, nada de heroísmo, controlem seus instintos e impulsos, SE conseguirem terminar com tudo, no dia do ataque poderão ter uma vida normal. Só por favor, mantenham-se vivos, essa é a tarefa de vocês. Era Henry Grant, o responsável pelo Quartel dos Aurores.
Rony sentiu seu estômago remexer-se desconfortavelmente, como se estivesse em uma montanha russa. Estava esperando por ação, a ação que não tinha há anos, e sabia o que isso poderia significar. Ele estava agora, de volta a ativa.
