Comentário da Empresária: -empolgada- Tudo certin? A Carol-sama agradeceu as pessoas que comentaram! Ela ficou mto felix e espera continuar recebendo reviews! Então a xata aki vai parar de enrolar e vai deixar vcs lerem!
Bye
O apartamento era agradável. À noite, Duo gostava de se sentar na sacada e receber a brisa do mar, olhando os navios que as vezes passavam em direção ao porto de Armida.
Duo não conseguia afastar a idéia de Heero. Por que viera ensinar justamente ali em Armida? Sobretudo estando cego! E ele, por sua vez, acabara indo meter-se na aula dele! Que incrível coincidência! Heero teria vindo porque se lembrara de que ele gostara da cidade? Não lhe parecia muito provável. Aliás nem se lembrava de ter mencionado isso a ele. E mesmo que tivesse, porque viria atrás dele agora? Já tinham se passado dois longos anos desde que ele fora embora sem dizer um adeus. Tudo isso aliás com a valiosa ajuda da nossa querida soberana Relena Peacecraft!Na segunda-feira, Duo costumava cantar num dos pequenos bares da cidade. Era o dia em que se sentia mais solitário, durante a semana. Mas nesta segunda, especificamente, foi-lhe impossível se concentrar nas canções. Cantar lhe pareceu uma verdadeira tortura. Na verdade, seus olhos não desgrudavam da porta de entrada e seu coração disparava a cada vez que um novo freguês entrava.Para Duo aquela noite passou vagarosamente, numa estranha melancolia e num ritmo quase místico.A situação ficou tão séria que durante o último intervalo, o gerente do bar veio perguntar-lhe se ele não estava deliberadamente tentando afastar os clientes.- Se dependesse de mim, Chris... eu até gosto deste tipo de música – disse ele, quase solidário – mas não é o que o público daqui gosta de ouvir. Você está cantando no lugar errado. Essas pessoas não vão beber mais por que você as deixa tristes.- Eu sinto muito... sinto muito mesmo – replicou ele – Sei que é tudo culpa minha. Hoje não estou conseguindo.- Não há problema – disse ele – Por que você não esquece tudo e vem beber alguma coisa? Se eu puder ajudar...- Não acho que não – Duo tentou explicar – É uma dessas noites em que não se pode fazer nada. Na próxima semana tenho certeza que estarei melhor.Dormiu muito mal, nessa noite. No dia seguinte, quase não conseguiu suportar o trabalho. Tudo por culpa desse maldito Heero, pensou ele. Por que tinha vindo para Armida? Por que não ficou longe dele para sempre?Sua decisão de se afastar das aulas de Heero durou até às onze horas da manhã do dia seguinte, quando foi à cidade solicitar um equipamento necessário a base. No momento em que atravessava apressadamente a praça central, quase tropeçou em Heero Yui! Duo parou espantado com a coincidência, e também por que lhe parecia que Heero olhava para ele, diretamente nos olhos. Foi uma sensação tão forte que se viu obrigado a cumprimentá-lo.- Bom dia, senhor Yui.Suas palavras provocaram um susto em Heero.- Você é ... Chris, não? – Disse ele estendendo a mão para cumprimentá-lo.
- Sim – respondeu Duo, rindo nervosamente. – Então aquela história de se lembrar das vozes era mesmo verdade, não?- Para ser sincero – replicou ele com uma risada – não sou tão bom assim em relação a memorizar vozes. Vou lhe dizer um segredo: reconheci mais o seu perfume do que a sua voz.O xampu! Duo quase gritou de susto, como um ladrão que fosse apanhado roubando. Tentou lembrar-se do xampu que usava antigamente e suspirou aliviado. Sim, mudara de xampu desde que viera para Armida, graças ao clima e ao estilo de vida muito diferente. Felizmente Heero não podia descobrir sua identidade através do perfume do xampu!- Mesmo assim, é impressionante! – Disse Duo sem saber se ia embora imediatamente ou ficava mais um pouco.- Não teria tempo para um cafezinho? – perguntou ele com um sorriso amplo.- Sim, se for rápido – respondeu Duo, repentinamente decidido a ficar. – O Café Elite é aqui do lado.Duo fez menção de conduzir Heero pelo braço, mas se conteve e ficou ao lado dele, confuso. Não sabia se Heero gostaria ou não. Foi ele mesmo quem resolveu a questão, oferecendo o braço, caso Duo desejasse guiá-lo.- Bem, talvez fosse melhor você me indicar o caminho, não acha? – disse ele – Ainda não conheço a cidade tão bem assim.Duo não disse nada, até sentarem para tomar o café.- Você parece se adaptar bem a nova vida. – comentou ele – Eu jamais imaginaria encontrá-lo passeando pelo centro da cidade, sozinho.- Faço o que posso – replicou ele. E parou, antes de mudar de assunto. - Você preparou seu exercício para hoje a noite?Duo viu-se um pouco acossado, sem saber o que responder.- Mais ou menos – Ai, que mentira, ele pensou.- Por que você decidiu participar do meu curso?
- É que ... ele foi indicado pelo meu chefe, e decidi aceitar a sugestão. Parece que este curso vai lhe dar bastante trabalho, não?- Você sabe qual é a grande vantagem de ser um cego? – disse ele quase engasgando com a risada. – Tenho impressão de que agora preciso dormir menos tempo. Nesses dois últimos anos, trabalhei como nunca. Simplesmente porque não tenho que seguir o sol ou o relógio para saber se estou cansado ou não.- Você diz isso como se fosse uma coisa ... gostosa – replicou Duo, um pouco chocado.- Não é nada gostoso. Mas é extremamente produtivo. – disse Heero, sem conseguir esconder certa dor e amargura na resposta.A seguir, ele bebeu de uma só vez o café que restava em sua xícara e se levantou.- Bom, acho que já abusei demais do seu tempo – disse ele. – Você pode se livrar de mim depois que me ajudar a sair daqui.Heero meteu a mão no bolso e tirou uma nota de dinheiro que cobria pelo menos duas vezes o preço dos cafés. Mas não quis esperar o troco.- Obrigado pelo café – disse Duo, logo que chegaram à calçada.- Obrigado pela companhia. Foi muito agradável. – replicou ele com um sorriso. – Desculpe se interrompi a conversa um tanto bruscamente. Mas é que as vezes sinto uma espécie de claustrofobia. Aí está uma coisa que a cegueira me trouxe. Ainda não consegui me acostumar...- Eu compreendo – disse Duo, sem saber o que dizer a seguir.Heero despediu-se e partiu. Foi então que os olhos de Duo se encheram de lágrimas e ele preferiu ir embora.No horário do almoço, Duo mudou todas as suas decisões anteriores e ligou para a central de treinamento inscrevendo-se definitivamente para o curso de Heero Yuy. Só teve problema na hora de dizer seu nome. Chris Logan Maxwell? Não, por que Heero tinha acesso a essas fichas. Melhor colocar simplesmente Chris Logan.Depois do trabalho, passou em casa para fazer o exercício, que por sinal não era nada difícil, comer algo e trocar de roupa.Só quando chegou é que se deu conta de que fora o primeiro. O próprio Heero só apareceu algum tempo depois num carro dirigido pela fiel assistente. Heero desceu e ela foi embora.
Duo ficou sem fazer o que fazer. Devia esperar dentro do carro até que chegasse outro aluno?Um demônio qualquer se apossou dele e no instante seguinte, Duo estava saindo do carro. Logo depois fez sua entrada na sala de aulas dando um sonoro "boa noite".- Boa noite Chris – disse ele animado – Pelo menos um dos meus alunos voltou! Ou será que você chegou cedo demais e ainda temos tempo?- Acho que ambos chegamos adiantados.A seguir outros estudantes começaram a chegar e em cinco minutos a classe inteira se encontrava em seus lugares.- Ora, ora, isso me deixa bastante animado – comentou Heero depois que constatou a presença de todos os alunos.Aprontou seu gravador e pediu que fosse colocada uma segunda cadeira junto à sua mesa.- Quem se candidata a começar?Foi um convite tão repentino que a classe ficou quieta. Parecia que todos tinham sido igualmente atacados pelo vírus da timidez. Heero olhou nervosamente a sua volta como se pudesse realmente ver. Apesar de se sentir amedrontado, Duo sentiu pena de Heero e foi esse sentimento que o moveu. De modo que ele levantou-se com seu trabalho nas mãos e se dirigiu para cadeira ao lado do professor.- Obrigado, Chris – murmurou Heero num tom quase conivente.Esse agradecimento foi o suficiente para que Duo se encorajasse definitivamente. Depois que leu seu trabalho, o resto da classe se entusiasmou. Em meia hora, todos já tinham lido e gravado seus exercícios.- Estão vendo? Não doeu nem um pouquinho. – disse Heero – Mas agora vem a parte que talvez doa: as críticas. Gostaria que cada um de vocês se sentisse a vontade para comentar os trabalhos dos demais colegas ou o seu próprio. Mas vamos ser construtivos nas críticas e responsáveis perante o trabalho alheio.Duo ficou surpreso com a boa qualidade da maioria dos trabalhos. Não pareciam profissionais, mas era justamente por isso que estavam freqüentando aquele curso. No geral a opinião de Heero tinha sido mais ou menos a mesma. E não poupou elogios a cada um dos alunos.Os trabalhos estavam empilhados diante de Heero, que mexia com eles como se brincasse com um jogo de cartas.- Vocês se lembram que na primeira aula eu disse que iria obrigá-los a escrever e reescrever exaustivamente? – E sem mais palavras, ele rasgou em vários pedaços o monte de exercícios. Foi como se a classe inteira tivesse tomado um choque, com exclamações de surpresa e depois de indignação.Um aluno protestou:- Acho que você acaba de fazer uma grosseria conosco! – gritou e se levantou prestes a resgatar os restos de seu trabalho.Ignorando o crescente rumor de revolta , Heero sorriu para eles, como se achasse aquilo tudo ridículo.- Grosseria? Não, como poderia eu cometer uma grosseria com alunos tão queridos? Quem apresentou trabalhos já prontos, podem reescrevê-los levando em consideração as críticas ouvidas hoje.- E como é que vamos fazer isso se você destruiu os originais? – perguntou o mesmo aluno revoltado.- Vocês terão que apelar para sua memória. O que é muito importante num soldado. Sejam honestos consigo mesmos. Talvez com uma única exceção, todos vocês me apresentaram trabalhos que precisavam ser reescritos. E ainda vão desenvolver algo que precisa estar sempre aguçado num piloto. A mente.- Pelo jeito, você não vai dizer quem foi a exceção – disse outro aluno explosivamente.- Não creio que seja necessário. – replicou Heero igualmente explosivo. – Todos vocês tiveram a oportunidade de ouvir os trabalhos tanto quanto eu.De repente, a classe inteira voltou-se para Duo. Ele olhou para os lados com surpresa e espanto, pois se esforçara para parecer um amador quando escreveu o trabalho.- Bom, acho que não há dúvida de que o trabalho de Chris foi a única exceção à que me referi. Aliás diga por que não esperneou ante a destruição do seu trabalho.- È que ... eu nunca pensei – respondeu Duo gaguejando. – Bom eu posso reescrever o trabalho sem problemas. E não era uma coisa que valesse a pena...- Caramba, eis aí uma modéstia rara de se encontrar. Espero que eu não adquira o hábito de rasgar bons trabalhos. – replicou ele calmamente – mas também sou capaz de apostar que Chris é capaz de reescrever seu trabalho todinho de memória sem a menor dificuldade. E duvido que a maioria de vocês tenha a mesma facilidade, em relação aos seus trabalhos.- Por que é fácil só pra ele então? – perguntou o soldado loiro que sentava a sua frente.- Porque , Chris já veio aqui com seu trabalho reescrito pelo menos uma dúzia de vezes. Caso contrário, ele não precisaria estar aqui, porque é absolutamente brilhante. Aliás tenho minhas dúvidas de que ele nunca trabalhou como soldado profissional...
Duo estava encolhido em sua cadeira, sem conseguir levantar os olhos para encarar Heero. Ele, de certa forma, acusava-o em público porque já tinha descoberto tudo. Só podia ter descoberto, caso contrário não teria feito o comentário que fez. E, com certeza, a classe inteira está olhando para mim com olhos acusadores, pensou.- Em todo caso, talvez eu esteja caluniando o pobre rapaz – disse ele. – Aliás devo estar mesmo. É que certa vez conheci um rapaz parecido com Chris que sobrevivia como piloto. Não reagia do mesmo modo, mas de maneira semelhante. Desculpe Chris, Acho que... eu fantasiei um pouco as coisas – continuou ele, balançando a cabeça, como se algo o tivesse perturbado. – Em todo caso, pessoal, acho que por hoje é só. Vocês têm muito trabalho pela frente. Vamos ver o que trarão na próxima quarta.Ao sair, quase ninguém da classe despediu-se dele. Duo ficou propositalmente por último, tentando tirar uma conclusão. Sim, ele estava sofrendo, não havia dúvida. E tão logo descobriu isso, levantou-se e correu até Heero.- Você está bem? – disse ele obviamente preocupado.- Claro que estou. – respondeu Heero, irritado. – Exceto pelo fato de que não posso enxergar. Mas quanto a isso nada se pode fazer, não é mesmo?- Você sabe muito bem que está mentindo. – replicou Duo, também irritado. – Que você ficou cego, eu posso ver muito bem. Ou você está sofrendo ou é um grande ator.- Por favor, não precisa gritar. Sou cego mas não surdo. Sinto apenas um pouco de dor de cabeça. Já tive piores. Isso passa.- Acho que tenho uns comprimidos comigo – disse Duo.Mas antes que pudesse enfiar a mão no bolso, Heero interveio, com um gesto de dissuasão.- Esqueça os comprimidos! Não servem para nada. – replicou ele, acrescentando de maneira absolutamente cruel: - São os meus olhos tentando agir por conta própria. Pelo menos foi o que me disseram...- Acho que você não entendeu – disse Duo – claro que eu não tenho nada a ver com isso, mas ...Heero o interrompeu.- Segundo os malditos médicos, eu não estou cego, a não ser na minha cabeça. Isso se chama cegueira psicossomática. Ou seja, não estou cego, estou louco.Duo olhou para ele incrédulo. Como era possível que o Soldado Perfeito, talvez o homem mais controlado que ele conhecera, pudesse afirmar aquilo? Sempre achara que o modo como ele havia sido treinado poderia lhe trazer problemas mais tarde. Mas tanto assim?- Desculpe – murmurou ele – Eu não sabia...- Não vejo motivo algum para desculpas. Você não tem culpa nenhuma – retrucou Heero com violência, como um animal ferido tentando se defender. – E por favor, não fique aí como galinha choca. Vocês garotos sempre reagem do mesmo jeito diante de situações como esta! Acabam sempre me irritando muito.- Isso não é verdade. Eu quis apenas entender a situação. – respondeu Duo com a voz novamente alterada. – Pelo que vejo você não precisa de compreensão. Está se dando muito bem, sozinho assim.
- Compreensão? Não preciso mesmo de sua compreensão! – retrucou Heero com um gesto de desprezo. – A única coisa que sinto é a mais pura e legítima raiva.
- E também a mais inconseqüente, se quiser saber. Ter raiva dos médicos não vai ajudar você em nada. Eles sem dúvida estão fazendo o que...- Não tenho raiva dos médicos – disse ele interrompendo Duo. – Tenho raiva de mim mesmo. Por mais que eu deteste o diagnóstico, devo concordar com eles. E se está tudo na minha cabeça, então eu preciso fazer alguma coisa certo? O único problema é que não consigo. É só isso.Duo sentiu um calafrio, ao imaginar o que ele estaria sofrendo.- Talvez você esteja se esforçando demais – disse ele delicadamente, disposto a tomá-lo em seus braços, para dar-lhe forças.- Você deve ter razão – Retrucou Heero suspirando. Sua voz perdera o tom agressivo, suavizando-se. – Peço desculpas por estar despejando meu mau humor em você.- Não se preocupe com isso – disse Duo sorrindo. – Tenho costas largas.- Que engraçado, eu não imaginava que fossem assim tão largas – replicou ele com seriedade.E antes que Duo pudesse reagir, Heero estendeu os braços e tocou suas costas, de maneira delicada mas eletrizante. Duo sentiu um frio na barriga. Suas pernas começaram a tremer. E, de repente, gritou e se afastou de Heero, como um animal medroso.- Desculpe – disse ele, surpreso e assustado com a inesperada reação de Duo. – Peço que me desculpe. Eu não pensei que iria ...- Não... não foi nada – disse ele, com um suspiro – É que você me assustou, foi só isso. Não se preocupe por favor.E a medida que tentava ser convincente, Duo foi se afastando devagar.- Por favor... não tem nada a ver com você – repetia ele sem deixar de se afastar.- Bom, parece justamente o contrário. Em todo caso peço que me desculpe – e Heero disse isso como quem se sente rejeitado.Duo parou. Respirou fundo e tentou voltar em direção a Heero.- Acredite em mim, estou sendo sincero.- disse Duo docemente.- É mentira – disse Heero com a mesma doçura. E acrescentou: - De todo modo agradeço suas boas intenções. Você é um rapaz muito sensível. Você estará de volta na próxima semana?A pergunta veio inesperadamente, assim como foi inesperado o tom quase suplicante de sua voz. Duo só respondeu depois de uma pausa.- Espero que sim. – e conseguiu dar uma resposta descompromissada, neutra.- "timo, eu ficaria chateado se não voltasse – disse ele docemente.Duo sentiu uma súbita alegria ao ouvir isso. Mas procurou não demonstrar nada.- Bem... eu... acho que preciso ir embora.- Boa noite, Chris. Estou curioso para ouvir seu trabalho na próxima quarta.
Continua...
Comentários:
E aí como está até aqui? Enviarei o resto assim que possível... Escrevam!!!
