Comentários da Autora: Como muitos de vocês já notaram, essa não é uma fic inédita, ela já havia sido postada antes. Por isso mesmo nem esperava receber tantos comentários. Estou encantada.
Quanto às pessoas que não entenderam o porquê da Goddess estar postando as fics e não eu, é simples: Pura preguiça. E a Goddess tem uma energia infinita, portanto resolveu assumir a tarefa.
Agora vamos aos agradecimentos pelos reviews: Pipe, Bulma-chan (vai ficar como está mesmo, é apenas uma repostagem), Karin Kamya, Anna-Malfoy, Kagome 009, Brazinha, Rei Owan, Aryam, TEREZINHA-FLEUR (mão de vaca é a Goddess, é ela quem está postando), Thaissi, Duo-chan Maxwell (já foi publicada sim, é que a Goddess cismou de postar de novo), e principalmente a Goddess, claro. MUITO OBRIGADA a todos! Se deixei alguém de fora me desculpe, foi sem querer.
Comentários da Empresária: -batendo palmas- Primeira aparição da Srta Carol Yui!! Agora eu tenho direito a réplica: Terezinha-Fleur, miguita, eu não sou mão de vaca.. ;.; Só q eu axu lekal dar um intervalo entre as postagens de capítulo! Manter a curiosidade acesa, sabe? E Carol-sama, obrigada pela parte da 'energia infinita' eu faço o que posso! XDAmores e Traições
By Carol Yui
Ao estacionar o carro no pátio do prédio, para sua terceira aula, Duo sentiu-se completamente exausto, após uma semana de noites mal dormidas e dias nos quais sua cabeça rodava freneticamente sem conseguir se concentrar em momento algum.
E tudo por causa de Heero Yuy!
Duo olhou para Heero, chocado e perplexo. Não podia acreditar. Precisava dele, como se Heero fosse todo sentido de sua vida. Tentou falar, com os olhos cheios de lágrimas.- Não! – disse Heero autoritário. – Nem uma palavra... Não quero garotinhos choramingando perto de mim. Pode ir embora !(1)Heero sentou-se novamente, permanecendo ali alguns instantes, duro como uma estátua.- Mas eu... – murmurou Duo, tentando dizer alguma coisa.- Eu já disse: vá embora! – gritou ele com voz gelada.Duo retirou-se, portanto. Não que quisesse. Mas por desespero. E correu até seu carro, onde chorou desconsoladamente, até tomar coragem e voltar para casa.No caminho ainda um antigo resquício de sua cômica personalidade lhe dizia:- Bem feito! Bem feito! Com tanta mulher gostosa por aí, você foi se apaixonar por aquele japonês idiota! Homem, soldado, frio, calculista, aproveitador, cruel, egoísta, e... perfeito! Pelo menos para mim...Ai... eu não mereço isso! Que inferno de vida!Mas quando chegou em casa nem tentar fazer graça de sua situação adiantou. Lá as lágrimas se encheram de ódio, como se fossem lava vulcânica escorrendo de seus olhos. Odiava Heero Yuy mais do que nunca, era verdade. Mas também odiava a si mesmo por ter-se permitido ser assim tão humilhado.Na manhã seguinte, acordou com a sensação de que não tinha dormido nada. Foi assim a semana toda. Duo levantava-se de manhã com a sensação de não ter sequer fechado os olhos.Não foi a aula na quarta feira. Decidiu firmemente que não podia voltar. E no entanto perguntava-se se Heero sentia falta dele. Provavelmente não. De todo modo que importância tinha isso? Heero certamente descobrira tudo. Sem dúvida, tinha reconhecido seus beijos, suas carícias. Mesmo que os olhos dele nada percebessem, seu corpo iria se lembrar das sensações antigas. Ou será que não? Duo perguntava-se, em primeiro lugar, se Heero estava realmente interessado nele. Claro que não! Mais uma vez afastara-o de si logo depois de ter conseguido o que desejava. Duo passou a noite questionando-se sobre isso. E dormiu sem chegar a nenhuma conclusão. Mas, para sua surpresa, estava tão exausto que dormiu bem nessa noite.No dia seguinte foi trabalhar sentindo-se mais descansado. Teve até fome na hora do almoço. Quando caminhava pela base a caminho do refeitório, uma voz conhecida chamou-o pelo nome. Duo olhou. Era John, seu colega do curso, o loiro que sentava-se a sua frente.- Alô, Chris – cumprimentou ele. – Você parece estar bem melhor do que pensamos ontem a noite.- Ontem a noite? – perguntou Duo, tentando conter sua curiosidade. – Mas o que vocês pensaram sobre mim? Que eu tinha morrido? Ou estava à beira da morte?- Não, nada tão grave. Achamos que devia estar doente ou algo assim. Mas devo admitir que você não me parece doente. Alguns alunos apostaram que você não ia voltar mais. Yuy achou que havia algum motivo passageiro. – Antes de continuar, John olhou para Duo, como a examiná-lo.: - Ele acha que você não é o tipo de pessoa que abandona um curso pelo meio. Eu concordei com ele. Mas agora estou em dúvida. Você não vai voltar?- Não, não vou. Os outros alunos têm razão. – respondeu ele com tranqüilidade.- Ah, então me enganei mesmo. Mas acho que o nosso prezado instrutor não vai gostar disso. Olhe, ele parecia fora de si, na aula de ontem. Volta e meia, mencionava o seu trabalho e elogiou você um pouco demais...- Ele me elogiou? – perguntou Duo incrédulo.- Não acredita? Escute vocês devem ter tido algum problema, os dois...- replicou John com olhos travessos.- Não entendo aonde quer chegar, John.- Bem, claro que não entende. Então vou lhe dizer uma coisa, não sou cego como nosso querido professor, nem tão idiota, Chris, a ponto de não perceber que ...- Então está assim tão claro? – perguntou Duo, interrompendo-o, um pouco surpreso pela revelação.- Bom, talvez só eu tenha percebido. Sabe, sou muito observador... Você deixou mesmo o curso? Ou só quer dar uma lição no mestre?- Não sei o que eu poderia ganhar com isso.- Eu também não. Além do mais algo me diz que Heero Yuy não é homem com quem se brinque. Ele assusta um bocado, não?E John riu, Duo riu também. E ficaram os dois rindo no meio da calçada, enquanto as pessoas passavam, olhando curiosas.Duo voltou para o trabalho em ótimo estado. Isso durou até a noite. Quando chegou em casa, encontrou uma carta do dono da casa. Não foi só. Diante do sobrado, havia um carro preto. Era Heero Yuy.
Em todo caso, a visão do carro foi um choque pior. Duo ficou tão surpreso que seu carro quase bateu no dele. Não tinha idéia de como Heero encontrara sua casa. E por que viera.
Mas quem saiu do carro não foi Heero e sim uma mulher, vestida com extravagância e luxo. Parecia um pouco alterada no entanto.- Suponho que você seja o sr. Logan – disse ela, sem sequer estender a mão para cumprimentar. – Meu nome é Dorothy Catalonia (2), assistente pessoal do sr. Heero Yuy.Ah, então era isso! Pensou Duo. Aquela era a assistente de Relena! Então realmente era a mesma com quem falara a dois anos atrás. Então Relena ainda não tinha desistido de tomar posse de Heero. Não lhe parecia que o japonês estivesse muito interessado. Pelo menos não agora.- E então? – perguntou Duo.- Imagino que você já está com o apartamento pronto.- Apartamento pronto? Não estou entendendo...- Claro, o apartamento ... Esse! – disse Dorothy, apontando vagamente para o primeiro andar do sobrado, mal humorada. – Isso talvez signifique que você não recebeu a maldita carta... e sequer sabe do que estou falando! – continuou Dorothy – É compreensível numa cidade como esta... Nem o correio funciona nesta droga de cidade...Duo não se sentiu ofendido. Ao invés sua curiosidade o levou até a caixa do correio, onde encontrou a carta do proprietário da casa. Duo começou a abrir o envelope e leu.O dono da casa não poderia vir para este inverno. Mas um conhecido, um certo Heero Yuy, encontrava-se em Armida e parecia não estar satisfeito com sua moradia atual. Portanto o proprietário resolvera oferecer o apartamento para essa pessoa que era de sua inteira confiança. Caso não houvesse problema por parte de Chris, a secretária do sr. Yuy se encarregaria dos acertos. Na hipótese de algum impedimento, ele pedia que Chris ligasse diretamente para sua casa.Impedimento? Duo releu a carta, absolutamente sem compreender, enquanto Dorothy esperava impacientemente.Claro que não podia aceitar. Ficaria louco! No entanto não tinha condições de impedir o proprietário da casa. Nem mesmo de explicar-lhe os motivos de sua recusa.Duo balançou a cabeça, perdido como uma criança.- Vou apanhar as chaves para você.A sofisticada assistente de Relena felizmente não ficou muito tempo lá. Apenas para olhar o apartamento de baixo, com o mesmo infalível ar de desaprovação e descaso que lhe era característico.- Espero que pelo menos a brisa do mar seja agradável.- E é, sobretudo no verão. Mas então vocês certamente não estarão mais aqui.- Santos Deuses! Se dependesse de mim, não ficaria aqui nem mais um dia...mas estou fazendo um favor para uma grande amiga. – respondeu Dorothy Catalonia, como se estivesse cercada de lixo.No fim da tarde do sábado seguinte, Duo viu o carro preto chegando. E desta vez a elegante motorista não estava sozinha. Que fazer? Deveria simplesmente ignorar sua chegada? Ou, ao contrário, fingir-se de bom vizinho e ir recebê-los? A covardia venceu.Mais tarde ao invés de jantar cedo e lavar os cabelos, como havia planejado inicialmente, Duo decidiu sair. Colocou umas calças compridas e foi caminhar. Andou durante horas.Quando voltou, o sobrado já estava às escuras. Para não acordar ninguém, andou na ponta dos pés. Mas, quando chegou ao pé da escada , ouviu que alguém o chamava, num sussurro.A princípio, Duo julgou que fosse impressão sua, que se tratava do vento. Parou para se certificar. E então ouviu novamente seu nome, pronunciado de maneira clara. Voltou-se para a varanda. Por entre as sombras, vislumbrou o vulto mais do que conhecido de Heero.- Por que está aqui fora, a esta hora da noite? – perguntou Duo também sussurrando. E esqueceu-se que tinha passado quase duas semanas com raiva dele.- Saboreando a paz e tranqüilidade deste lugar. – respondeu Heero. – E veja que surpresa! Eu sabia que o inquilino do outro apartamento se chamava Logan. Mas jamais imaginei que fosse você, Chris.- Claro – respondeu ele, começando a sentir de volta a velha desconfiança – você nem imaginava!...- Mas aposto que você ficou surpreso. É natural , ninguém tinha lhe comunicado nada, não é?Duo não respondeu. Nada do que dissesse iria mudar a situação.- Você parece não ter gostado muito da minha chegada.- Isso não é da sua conta. – respondeu Duo querendo encerrar o assunto.- Nossa! Não gostou mesmo!- Eu não disse isso.- Não precisa dizer, dá pra sentir na sua voz.- Está bem. Não gostei. Mas como não tive muita escolha, também não quero perder meu tempo discutindo isso.- Você poderia ter reclamado com o proprietário. Fui bem claro ao falar com ele. Não pretendia que ninguém saísse por minha causa.- Eu não vou sair por sua causa! O fato de você estar aqui não vai abalar em nada a minha vida. A menos que você continue me pregando sustos como este, no meio da noite!- Puxa, como você está sarcástico hoje – replicou Heero num tom de voz zombeteiro. – Pensei que você fosse menos mal humorado à noite...- Não me importa o que você possa pensar . Além do mais você não me conhece para ficar achando...- E, pelo jeito, nem vou conhecer. – Heero interrompeu-o – Mas talvez eu conheça mais do que você pensa. É que a cegueira ajuda a fortalecer os demais sentidos. O tato por exemplo...- E a grosseria! Para não falar da presunção também!- Em todo caso, parece que você gostou muito de ser beijado por mim...Sim, é verdade, pensou Duo. Mas jamais admitiria isso, senão estaria perdido de novo. Portanto guardou silêncio.- Não... Não da maneira como você pensa. – Duo estava sendo sincero.- Imagino que você não sinta repulsa, pelo menos. – disse ele num tom debochado – Se tiver, certamente não será por causa da cegueira, mas por que sou um homem. Será que ele magoou você tanto assim?- Ele quem?- Você sabe muito bem a quem eu estou me referindo: esse namorado que parece ter afastado você dos homens para sempre. Eu até gostaria de encontrá-lo! Talvez pudesse ajudá-lo a ter um pouco mais de juízo.Duo quase não conseguiu conter o riso. Heero no entanto interpretou diferentemente sua falta de resposta.- Você não acha que seria bom conversar um pouco a esse respeito com alguém? – perguntou - Nos últimos tempos, eu me tornei ótimo para ouvir as pessoas.Dizer a ele? E por que não? Pensou Duo. Não era isso que ele tinha querido fazer , durante os últimos dois anos? Encontrar Heero Yuy e dizer-lhe tudo que pensava a seu respeito. Mas não esperava encontrá-lo cego. Isso estragava tudo. Tinha medo de machucá-lo.- Está bem – disse afinal – Nós nos conhecemos, ficamos juntos um tempo e ele foi embora. Isto é tudo.- Imagino que tenha sido muito mais complicado, mas compreendo como você se sente. Imagino que você o amava...- Não, claro que não! – disse Duo ironicamente – eu sofri este tempo todo por que sou masoquista! Que pergunta mais idiota , Heero!
- Pelo que percebi na semana passada isso deve ter sido muito tempo atrás. – replicou sem parecer notar o sarcasmo do outro.
- Acho que você confia demais nas suas intuições. – respondeu Duo na defensiva.- O que ele fazia na vida?- Era soldado... ou algo assim – respondeu Duo, tentando não ser muito explícito. E acrescentou, com escárnio: - Claro, você vai dizer que é muito diferente dele!- Talvez não . Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu jamais enganei alguém dizendo que amava apenas para conseguir o que queria. E aposto que ele fez isso com você!- Só de te olhar a gente já nota que você é um santo! – retrucou Duo com vontade de chamá-lo de mentiroso.- Houve uma única vez na minha vida em que eu disse a uma pessoa que eu a amava. E eu a amava de fato. – disse ele calmamente.- Não foi isso que eu quis dizer – falou Duo, um pouco chocado com a aparente sinceridade com que Heero falara de sua paixão. - Acho melhor eu subir, já está ficando tarde.- Talvez fosse melhor a gente mudar de assunto, então. Sabia que minha fiel assistente vai embora?- Mas, sem ela... como você faria? Quero dizer, vivendo aqui sozinho... isolado de tudo. E a comida? Como vai fazer para cozinhar ? E o resto? – perguntou Duo um pouco aflito.- Qual o problema? Ou você está preocupado com a possibilidade de ficar cuidando de mim?- Não é absolutamente o que eu quis dizer! – respondeu ele, mentindo, pois estava preocupado de fato, e não queria abandoná-lo, mesmo que isso significasse misturar o céu e o inferno.- Melhor assim. Na verdade, um dos motivos pelos quais estou mandando Dorothy de volta é que não agüento mais ser tratado como um bebê. E na verdade, sei que ela não me suporta mesmo.- Bem, em todo caso, isso não é da minha conta.- retrucou Duo, fingindo que não estava preocupado.- Claro, exceto nas quartas à noite, se você puder combinar o papel de aluno com o de motorista...- O quê?! Nem pensar! Você pode perfeitamente solicitar uma viatura da base. – replicou Duo, irritado.- Nossa! Quanto ódio! – e acrescentou pensativo – Não é justo odiar todos os homens por causa de um só.- Eu sei muito bem disso!- Bom, talvez você saiba na teoria. No fundo do seu coração é outra coisa. Sei disso por experiência própria, desde meu acidente...- Está aí uma coisa de que você nunca falou: seu acidente – disse Duo, contendo-se a seguir. – Não... tenho nada a ver com isso, claro, é apenas...- Não tenho muito a dizer sobre isso. Fui realizar uma missão. Houve mais inimigos que o esperado e eu me expus demais. Alguém me bateu violentamente na cabeça. Quando acordei, estava cego, além de um pouco machucado.- Mas você não disse que era algo apenas temporário?- Foi o que os médicos pensaram e eu também. Até que a coisa aconteceu de novo. E dessa vez eles disseram que se tratava de uma reação psicossomática. Em todo caso, não tenho certeza. Isso é tudo.Duo olhou-o com desconfiança. Claro que isso não era tudo, e por que ele se recusava a contar?- Deve ter sido horrível, não? - comentou ele com medo de parecer ridículo diante de Heero.- Não foi tanto assim. Eu reagi com tranqüilidade, especialmente porque todo mundo pensava que se tratava de uma cegueira temporária.- E a causa da segunda cegueira, qual foi? Uma reincidência? – perguntou Duo, sem conter a curiosidade. – Ou você teve um segundo acidente?...- Não, nada disso. Eu me senti bem durante alguns dias e estava em recuperação. Apenas uma dorzinha de cabeça, de vez em quando, mas nada de errado com a vista. Aí... aconteceu uma coisa que, devo dizer, destruiu a minha fé na ... na natureza humana. O certo é que a cegueira foi voltando aos poucos até se instalar completamente.- Imagino se a sua "natureza humana" era do gênero masculino ou feminino. – observou Duo sem conseguir conter suas palavras, e pensando: Relena é que não foi pois essa mataria para conseguir o japonês para si.- Você não deixa passar nada! – replicou ele sorrindo. – Era do gênero masculino, exatamente como parece ter ocorrido com você. No meu caso, entretanto, parece que fui abandonado por causa da minha cegueira. Acho que é o que dói mais!- Eu ... eu lamento por você. – disse ele sinceramente.- Pois não precisa se lamentar. – retrucou Heero, repentinamente irritado. – Eu não pediria desculpas , em nome da humanidade pelo que alguém fez a você. Além do mais, eu fui avisado. Portanto a culpa é toda minha.- Avisado? Então ele...- E Duo não pode continuar a frase, porque não conseguia imaginar quem seria aquele homem tão frio e cruel.- Não é o que você está pensando. Ele não me avisou que não poderia amar um homem cego. Acho que não teria coragem de ser sincero a tal ponto. Apenas disse isso para ...alguém, depois do acidente.- Não posso imaginar uma coisa assim. – disse Duo – Quer dizer que ele nem esperou o resultado do diagnóstico?- Mais ou menos. Até onde percebi, ele descobriu que eu estava cego, fez algumas perguntas a respeito e imediatamente desapareceu.- Meu Deus!- Não fique tão espantado.Tenho certeza de que você passou por coisas semelhantes.Duo ficou surpreso com a verdade da afirmação. De fato pensara que nunca mais iria se reerguer depois que Heero lhe deixou. E ainda não conseguira!- Mas não é a mesma coisa – disse ele, tentando disfarçar sua surpresa. – E depois, tenho certeza que você não é responsável pela sua cegueira.- Não é o que os médicos acham, esqueceu? Segundo eles não estou absolutamente cego. Só na minha cabeça. Talvez o cara em questão é que não fosse o responsável. Isso sim!- Não entendo...- Comentou Duo.- Bom, eu só fiquei cego da segunda vez depois que ele... sumiu. Por isso os médicos acham que se trata de algo psicossomático, uma espécie de reação ao choque .- Parece que você o amava muito! – comentou Duo, a contra-gosto.- E ainda não consegui me livrar disso. – houve uma pausa de silêncio. Duo engoliu em seco: como gostaria de estar no lugar daquele homem tão ingrato!- Você se sente melhor sabendo que não é o único a sofrer situações assim?- Eu nunca me senti uma vítima do destino. – respondeu Duo.- Mas, diga-me uma coisa: o que você faria, caso se encontrasse diante do seu ex-namorado de repente?- E você ... o que faria, no seu caso? – replicou o americano se sentindo acuado.- Não tenho certeza – respondeu Heero, calmamente. – Mas às vezes acho que eu o mataria se o encontrasse de novo.Pela expressão do rosto de Heero, podia-se concluir que realmente faria isso, pensou Duo. Devia ter sofrido tanto quanto ele.- Talvez eu esteja sendo muito curioso. Mas como é que você iria reconhecer esse homem, caso o encontrasse? – perguntou Duo um pouco trêmulo.A resposta de Heero foi completamente inesperada. Ele apanhou a mão de Duo e apalpou-a, cuidadosamente, antes de levá-la até os lábios e beijá-la. Depois soltou-a.- Vê ? eu o reconheceria facilmente. – replicou ele numa voz tão fria que Duo estremeceu. – Não esqueça que eu sou capaz de reconhecê-lo quando você chega no curso.- Bom, isso é você quem sabe. Mas se houvesse meia-dúzia de homens com o mesmo perfume e a mesma altura que eu, a coisa ficaria bem mais difícil.- Nesse caso, imagine como não seria mais difícil caso eu pudesse ver . – comentou ele, rindo – especialmente se todos fossem lindos. Ficaria sem saber qual escolher...- Estou falando sério – contestou Duo, um pouco impaciente.- E como eu poderia ser mais sério do que isto? Você percebe que não tenho idéia de como você é? Conheço apenas a sua voz e um pouco o seu tipo. Claro, conheço também o seu jeito de beijar...Dito isso, Heero levou novamente a mão de Duo aos lábios e beijou seus dedos, do mesmo jeito que costumava fazer dois anos antes, quando dizia que o amava. Agora seus beijos pareciam uma tortura, por causa das lembranças. Duo tentou retirar a mão.- Não – sussurrou ele – não faça isso, por favor.Heero levantou-se num movimento rápido e puxou-o para junto de si. Duo afundou-se em seus braços e ofereceu-lhe os lábios, vencido pelo magnetismo daquele homem. Na verdade, parecia que era dele que recebia a própria vida. Ainda teve um lampejo de consciência: A trança! Mas lembrou que esta estava bem presa sob um boné. (3)Heero acariciou todo seu corpo, sofregamente, e Duo temia perder os sentidos na vertigem do êxtase. Não adiantava achar que aquilo tudo era uma loucura, pois seu corpo queria insaciavelmente aqueles toques que lhe traziam as delícias dos céus. Heero desceu as mãos e começou a abrir sua roupa, indiferente aos tênues protestos de Duo. Na verdade o corpo do americano entregava-se mais, indiferente às advertências de sua mente, e estremecia todo, a medida que ajudava os dedos de Heero a despi-lo. A seguir, deitaram-se no banco da varanda.E quando todo peso de Heero se fez sentir deliciosamente sobre ele, ouviu-se uma voz, ali ao lado.Continua...
(1) Notei que às vezes chamo o Duo de garoto, e o Heero não. Não é que eles tenham diferença de idade, é que a personalidade do Duo dá a entender que ele é mais novo, mas na maioria das vezes chamo os dois de homens mesmo, acho que 19 anos já dá pra chamar de homem, né?
(2)Para os entendidos no anime, eu não assisti todo ele, mas tive a impressão que o Duo e a Dorothy nunca se encontraram. Se me enganei, desculpem a ignorância.
(3)Todo mundo fingindo que acredita de novo...
