Os dias se passaram sem notícias do japonês. Duo já não agüentava mais tantas dúvidas em sua cabeça.

Chegou em casa e adormeceu na cama. Pouco depois acordou assustado. Já passava das sete da noite no seu relógio. E, de repente, ele se lembrou que estava atrasado para alguma coisa : a aula de Heero! Claro Heero estaria lá. Jamais esquecia seus compromissos! Mas Duo ficou em dúvida se seria o caso de ir. No final, acabou decidindo que não tinha mais jeito. Tinha que ir.

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Mesmo guiando a uma velocidade acima do aconselhável, Duo chegou quinze minutos atrasado para a aula. Quando finalmente chegou, não sabia se gritava de medo ou alegria: Heero estava lá a julgar pelo carro negro estacionado no pátio! Desceu as pressas e subiu depressa, quase correndo as escadas da entrada do prédio.

Quando entrou na sala, todos os olhos se voltaram para ele, mas só lhe interessavam os olhos azuis de Heero. E ele também o olhou. Heero podia vê-lo sem dúvida, com olhos vivos e um sorriso malévolo nos lábios. Seus olhos desceram para a trança que esquecera de prender na pressa de sair de casa e que agora caía-lhe pela frente do ombro. Um leve tremor tomou conta do japonês.

- Finalmente, aí está o nosso herói! – disse ele.

E no instante seguinte, toda classe começou a cumprimentar Duo e a fazer-lhe perguntas estranhas.

- Eu... não estou entendendo.... – comentou ele, logo interrompido pela voz de Heero.

- Eu acabei de contar a eles como é que você me ajudou a recuperar a visão.

Mas seus olhos pareciam menos sérios. Como se ele continuasse a brincar de maneira cruel.
- Afinal, como aconteceu? Você ainda não nos contou. – pediu uma aluna.

E como Heero continuou sem dar explicações, John se fez porta voz da curiosidade geral e perguntou:

- Pelo amor de Deus, Heero, diga logo como foi. Se você é um bom professor, por outro lado está se saindo um péssimo contador de histórias.

Heero deu uma sonora risada.

- É que ele me deu uma paulada na cabeça, foi só isso – respondeu Heero – Talvez você tenha razão John. Mas não me pergunte como aconteceu. Não tenho idéia. E os médicos sabem menos ainda. Mas eu tenho certeza que deve ter acontecido alguma coisa. Pois quando me levantei, estava vendo!

- Assim sem mais? – perguntou John insatisfeito com a resposta.

- Bom, não foi tão simples assim. No começo, vi apenas um borrão de luz. Mais ou menos como se eu estivesse fora de foco. Mas, dali a pouco, estava vendo normalmente, não sei como.

Duo olhou sem poder acreditar que aquilo estivesse acontecendo.

- O que foi que você fez Chris? Chutou-o para fora da cama? – perguntou John.

- Ele com certeza vai responder que sim – comentou Heero, antes que Duo pudesse dizer qualquer coisa. – Mas não acredite, porque ele é um grande mentiroso.

Duo olhou para Heero, mas abaixou os olhos rapidamente. Ele fitava-o como se atirasse flechas ardentes.

- Em todo caso – disse Heero, mudando de assunto – chega disso, por enquanto. Vocês estão aqui para trabalhar. Então, mãos à obra.

E a aula, mal ou bem, começou. Mas Duo não consegui prestar atenção em nada. Sua cabeça estava rodopiando, cheia de perguntas sem respostas. Será que Heero tinha recuperado a visão por que ele o derrubara da cama?

De qualquer modo, lá estava ele: sentado diante da classe, ouvindo e respondendo perguntas, sempre olhando para ele, sem parar! Aliás, não tirou os olhos dele um segundo, mesmo diante da insistência com que Duo se recusava a encará-lo, a aceitar o brilho sarcástico dos seus olhos azuis. Ainda quando olhava para longe, o americano podia sentir como ele o fitava, desvendando seu segredo e revelando sua mentira.

Quando finalmente a aula terminou, Heero fez os comentários habituais e ficou por ali, conversando com os alunos. Duo, ao contrário, só pensava no momento ideal para dar um jeito de fugir. Enquanto Heero estava entretido com duas alunas, interessadas em saber cada detalhe da sua cura miraculosa, Duo aproveitou-se. Caminhou devagarzinho para não chamar atenção de ninguém e, suspirando aliviado, atravessou a porta e saiu. Correu para o carro e entrou. Mas antes que pudesse fechar a porta, quase gritou de susto ao sentir uma mão fechar-se sobre seu pulso.

- Está indo a algum lugar? – perguntou Heero com o mesmo sorriso zombeteiro. – Por que não aceita uma carona comigo, pelo menos uma vez?

- Eu... eu não posso deixar meu carro aqui. – replicou ele, sem achar uma desculpa melhor.
Agora que o confronto parecia inevitável, Duo descobriu que seu medo sobrepujava e muito sua capacidade de suportar a situação.

- Em todo caso, quer que eu ponha água para você fazer café, quando chegar? Ou você acharia melhor comemorar fora de casa?

- Não vejo nenhum motivo para comemorar. Além do mais tenho intenção de dormir cedo hoje. Portanto, se me dá licença...

- Claro, até lá então. – dito isso, Heero fechou a porta e foi embora.

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Ao fazer a curva no cruzamento, Duo não pôde conter um palavrão. Sabia que o carro de Heero, muito mais potente que o seu, já estaria longe, numa velocidade que ele não conseguiria atingir jamais.

Evidentemente, Heero já estava à sua espera na varanda. Olhava para ele com sarcasmo, de mãos na cintura. Mas apressou-se a abrir-lhe a porta do carro, totalmente frio e controlado. Isso queria dizer que Duo podia esquecer suas pretensões de subir direto para casa.

- Venha me fazer uma visitinha. Mas antes, melhore essa cara. Você parece muito assustado, Chris Logan. Desculpe. Hoje talvez seja Duo Maxwell, não é? Em todo caso, sempre escutei dizer que o criminoso retorna a cena do crime...

Duo sentiu a cabeça doer. Sim, teria de agüentar o assalto final. Mas não sabia que viria com tanto sarcasmo e crueldade. Preferia até que ele o surrasse logo e acabasse com aquilo.
Logo que entraram, Heero apontou-lhe uma cadeira.

- E agora, gostaria que o senhor, que tem milhares de nomes, me explicasse qual o sentido de tanta palhaçada.

- Não se trata de palhaçada nenhuma – protestou Duo – A prova é que ...

- Bem, não estou lhe pedindo prova de nada. Prefiro explicações – disse ele cortante. – Pode começar exatamente por essa idiotice de se esconder detrás de um nome falso. Espero que exista algum motivo racional pra você não ter me dito imediatamente sua identidade.

- Não.

- Como não? – replicou ele, com voz irada. – Pelo amor de Deus, Duo... Primeiro você foge de mim no QG. Depois, quando finalmente nos reencontramos, você faz toda essa palhaçada... E ainda tem coragem de se negar a dar explicações?

- Eu não quis dizer isso.

- Foi exatamente o que você fez!

- Não, não foi. Eu quis dizer que não existia nenhum motivo racional para isso. Por que não fui eu... – Duo quase começou a chorar, inconsolável. Mas, de repente, deu-se conta do que Heero tinha dito e teve uma explosão de ira: - Que diabo você quis dizer com essa história de que eu fugi de você? Eu não fiz isso, e você sabe muito bem! Foi você que fugiu de mim, depois de aproveitar bastante o que queria. E não tente negar isso!

- Eu nem sonharia com tal coisa – respondeu ele firmemente. – Depois a gente fala sobre isso. O que me interessa agora é saber por que você me enganou aqui... em Armida, durante todo esse tempo.

- Por que eu odiava você, só por isso. – respondeu Duo quase perdendo o controle. – Coloque-se no meu lugar. Eu jamais podia imaginar que encontraria você por aqui. Eu... nem podia acreditar, no começo. – e Duo estremeceu, ao lembrar dos seus sentimentos, sua raiva, sua confusão, sua dor...

- Daí você decidiu que merecia uma vingança, não é? Santo Deus, você deve ter ficado enlouquecido quando descobriu que eu vinha para esta casa. Eu daria tudo para ver a cara que você fez!

- Não acho nada engraçado. Foi cruel, horrível...- e ele não pôde continuar.

- Puxa, que sofrimento enorme! – disse Heero com sadismo. – Em todo caso, devo admitir que você conseguiu se vingar. Mas aposto que você esperava um final bem diferente. Você já está satisfeito, Duo? Ou será que a recuperação da minha visão lhe tirou parte do prazer?

- Pare com isso... – replicou ele incapaz de acreditar que Heero pudesse acusá-lo com tanta crueldade.. – Eu... eu... Você não presta mesmo! Sabe muito bem que eu não estava querendo me vingar. E que fiquei tão contente quanto você, depois que voltou a enxergar. Como não iria ficar?

Heero sorria para ele, com provocação.

- Eu poderia até acreditar nessa história – disse ele – Em resumo, tudo tem a ver com o fato de que eu fiz você se apaixonar por mim, me aproveitei e fui embora. É isso?

Heero abaixou a cabeça e suspirou profundamente, como alguém que afinal se liberta de uma carga pesada demais. E quando olhou de novo para Duo, já não estava brincando nem brigando. Tinha apenas os olhos profundamente tristes.

- Ah, Duo – disse ele com doçura. – Às vezes eu fico me perguntando como pude me apaixonar por alguém tão imbecil quanto você!

Duo não podia acreditar no que ouvira. Será que o japonês realmente tinha dito que era apaixonado por ele? Abriu a boca mas não conseguiu pronunciar uma única palavra. E, antes que pudesse dizer algo, viu Heero levantar-se como um louco e gritar:

- Ah... desgraçada, maldita, essa Relena! Eu deveria ter quebrado o pescocinho daquela mentirosa!

Heero olhou para ele. Duo estava pálido, completamente confuso, sem saber se ouvira aquelas últimas palavras e, menos ainda, sem saber se tinha entendido seu significado.
Heero aproximou-se. Duo ficou surpreso quando ele se ajoelhou e apanhou suas mãos.

- Pobre Duo! – disse ele afetuosamente – Você não está entendendo nada do que aconteceu, não é?

Duo concordou, balançando a cabeça. Não quis dizer nada nem procurou soltar suas mãos. Quando Heero falou de novo, sua voz parecia ainda mais afetuosa, quase suplicante.

- Diga o que aconteceu. Conte exatamente como foi que eu abandonei você, dois anos atrás. Talvez eu tenha adivinhado. Mas gostaria de ouvir primeiro a sua versão da história.

- E isso interessa, agora? – perguntou ele, com medo de reviver aqueles dias dolorosos em que a secretária de Relena dispensava-o friamente , chegando mesmo a humilhá-lo ao telefone.

- Interessa mais do que você imagina. – disse Heero, levantando-se e sentando-se ao lado dele sem soltar suas mãos. – Isso interessa, meu amor, por que depois que você me contar tudo, eu quero lhe explicar como fomos vítimas da mais cruel mentira, nesses dois últimos anos.

Meu amor. Sim, ele disse exatamente isso, não havia dúvida possível. Essas palavras cravaram-se no perturbado coração de Duo!

- Por que você me chama assim? Eu não sou... nunca fui. E você sabe disso.

- Eu amo você desde o primeiro dia, logo que nos conhecemos – retrucou Heero – E, se quer saber, fiquei apaixonado agora também, desde o primeiro dia que nos reencontramos, apesar de que essa troca de nomes me deixou muito confuso. Nós fomos dois idiotas o tempo todo Duo. Dorothy lhe dizia que eu nunca estava, não foi? Enquanto isso, eu me encontrava cego, internado num hospital do Reino Sank, e não podia chegar até você, pois Relena era o meu único contato com o mundo. Como fui idiota, meu Deus!

Heero levantou-se de repente e de novo pareceu enlouquecido andando de um lado para outro.

- Você entende o que aconteceu? Relena mentiu para mim e para você, a maldita! Disse que tentou fazer chegar meus recados até você, mas não conseguiu encontrá-lo mais. Que, após meu primeiro recado, explicando que eu tinha perdido a visão por causa da pancada, você deixou perfeitamente claro que não estava disposto a conviver com um cego.

E então as coisas ficaram bastante claras. Duo levantou-se num pulo, com os olhos arregalados de espanto.

- Você tem certeza do que está dizendo? – gritou ele – Que... que o tempo todo elas mentiram deliberadamente para nós dois?

No entanto, não era necessário responder com palavras. A resposta estava lá nos olhos de Heero. E na doçura que eles expressavam. Duo podia ver o imenso amor com que Heero o olhava.

- Meu Deus!

E em seguida, atirou-se nos braços de Heero, pedindo seu carinho e a força de seus braços a abraça-lo. Duo estava trêmulo diante da revelação que acabava de ter.

- É a pura verdade. – sussurrou ele ao seu ouvido – Essa maldita mulher, deliberadamente e com toda frieza possível, provocou toda essa confusão. Mentiu para mim, por que sabia que minha cegueira me impedia de tomar qualquer providência. E mentiu para você, sabendo que você não teria condições de conferir os fatos... Agora chega. Quero que você me diga apenas que me ama. Isso é tudo o que eu queria ouvir nestes últimos dois anos.

- Sim, amo. Amo muito. Mais do que qualquer outra coisa.

Então Duo sentiu que Heero queria lhe dizer algo, que precisava contar mais um fato. E ele sabia do que se tratava.

- Heero, quando você ficou cego de novo... – perguntou o americano um pouco temeroso da resposta – Tudo isso aconteceu por minha causa?

Heero pareceu não ter ouvido sua pergunta. Ficou apenas ali olhando para Duo.

- Heero... Responda a minha pergunta. – Implorou Duo, ansioso em saber toda verdade.

- Não foi por sua causa. Foi por causa da mentira de Relena. Mas se quiser saber, começou aí. Não aconteceu de uma vez só. Minha visão simplesmente começou a desaparecer aos poucos. Não sei se a causa foi você ter sumido. Nem os malditos médicos sabem a causa. Mas foi uma incrível coincidência, considerando inclusive a maneira como voltei a ver.
As lágrimas começaram a descer livremente pelo rosto de Duo. Seu sofrimento não fora nada, se comparado ao de Heero. E ele chegou a odiá-lo! Como não desconfiou que ele não seria capaz de fazer aquilo com ele? Também ficara cego nesses dois anos...

- Foi mesmo por que eu derrubei você da cama? Ou você inventou isso...?

- Não, foi mesmo naquele momento. Bati com a cabeça no chão, quando caí. Eu estava com os lençóis enrolados na cabeça. Ao me descobrir, percebi que estava vendo novamente. Não era muito, mas sem dúvida eu via, sentia a luz.

- Era isso... que você estava tentando me dizer, quando me procurou lá em casa?

- Claro, claro. E você nem se importou... Sei muito bem que não poderia ter sido diferente, naquelas circunstâncias. Então chamei um táxi e fui para o hospital da base. Na manhã seguinte, a minha visão tinha voltado quase inteiramente ao normal. Antes de sair do hospital, apanhei o jornal daquele dia. Você não imagina como foi bom poder ler de novo. E, de repente, vi o anúncio do seu show. – Heero sorriu antes de continuar: - Foi isso que esclareceu tudo, por isso fui ver você. Quase fiquei louco... de raiva, também. Se eu não tivesse saído dali, teria estrangulado você. Mas no avião para o Reino Sank, comecei a entender o resto...

- No avião? Quando?

- Ah, sim! Saí do bar direto para o aeroporto, e viajei na mesma noite. Tinha que desmascarar aquela bruxa! Voltei para cá a tempo de continuar o curso. Em todo caso, eu queria encontrar você, nem que precisasse ir até o inferno. Mas foi aquele anúncio que revelou tudo. Quando li aquilo, senti que alguém estava mentindo nesta história toda. Quero dizer, alguém que não você. A verdade é que quando chegamos aqui, pedi a Dorothy que investigasse em todos os bares com show. Ela me disse que não havia nenhum.

- Depois destes dois anos, você... veio a Armida a minha procura?

- Nunca parei de procurar você. Só recentemente me lembrei que você tinha mencionado essa cidade. E vim logo em seguida, para desespero de Relena. Não que ela pudesse supor que nos encontraríamos. Ela faria tudo para que isso não acontecesse. Simplesmente, Relena não suportaria ficar longe do Reino Sank. Então mandou Dorothy comigo...Mas agora que encontrei você, não vou deixar que desapareça jamais.

E ambos se beijaram. O beijo durou uma eternidade, sem pressa, sem dor, sem medo.

- Meu Deus, eu te amo tanto! - sussurrou o japonês, interrompendo o beijo – Há tanto tempo que eu não beijava você assim!

- Na verdade, faz apenas alguns dias...- disse Duo.

- Não, aqueles beijos não valem, porque eu não podia ver o que fazia. – disse Heero, acariciando-o com os lábios e as mãos.

- E estivemos tão perto, este tempo todo...

- A cegueira me deixava muito inseguro. Mas eu sempre tive a sensação de que era você mesmo...

- Por que você simplesmente não passou a mão pelos meus cabelos para ter certeza? Sempre estranhei que não fizesse isso...

- Por que no fundo eu já tinha certeza. E eu não queria te desmascarar assim. Queria ter certeza do que tinha acontecido. Tinha medo de que você continuasse mentindo...

- Desde quando você descobriu que era eu? E não tente mentir...

- Acho que... logo no começo. – disse Heero sorrindo. – Sua voz me parecia tão familiar, você inteiro era familiar para mim. Mas acho que só tive mais certeza depois que beijei você pela primeira vez. Depois disso o meu problema era descobrir o que você estava querendo ou pensando nessa história toda...

- Então fazia tempo... Quer dizer que...

- Quer dizer que fiquei brincando com você, jogando a isca. E foi um jogo limpo, justamente por que você estava fazendo a mesma coisa.

- Então você já sabia de tudo quando se mudou para cá?

- Só não sabia que você era o inquilino do apartamento. Até que encontrei você, perto da escada naquele dia!

- Mas já sabia de tudo quando fomos a praia e você me contou aquela história de ser abandonado por alguém, por causa da cegueira...

- Exatamente. Como você sabia muito bem quem eu era, quando me contou aquela história de ser enganado e abandonado! Então estamos quites...

- Você é um homem terrível Heero Yuy! – disse Duo, mordiscando seu pescoço.
- Sim, sou. Somos os dois. Tão terríveis que precisamos ficar juntos para sempre, para que ninguém corra o risco de nos agüentar... separados.

Heero abraçou-o. Naquele instante, Duo sentia-se indefeso e trêmulo. Medo e expectativa se mesclavam ao reconhecer a força viril daquele homem de acentuada masculinidade. Ele estava apaixonado, a mercê de sensações que o deixavam frágil e vulnerável. Amava e desejava alguém que possuía um poder absoluto sobre os seus sentimentos. Os lábios que percorriam seu corpo provocavam sensações intensas, levando-o a murmurar palavras incoerentes. Seus movimentos se tornaram intuitivos e os quadris se arquearam para se aproximar dele. Heero afastou-o, carregou-o para a cama e começou a despi-lo lentamente.
- Como eu queria vê-lo assim novamente... – Antes de tirar suas próprias roupas, Heero levou a mão ao cabelo de Duo e desfez a trança com avidez, querendo ver Duo envolto nos cabelos soltos. Trêmulo, abraçou-o com força, como se esperasse aquele momento por um tempo demasiado longo. – Não vou conseguir me controlar muito tempo... você me deixa louco...

- Não espere mais... eu também quero... agora...

Quando ele o penetrou, um grito escapou-lhe da garganta, mas os lábios de Heero selaram sua boca com um beijo.

Cuidadosamente, Heero começou a mover-se, à espera de uma reação de Duo. Logo sentiu o corpo sob o seu se mover, procurando acompanhar o ritmo ainda lento daquele ato prestes a se completar.

Ao ouvir o primeiro gemido de paixão escapar dos lábios de Duo, Heero perdeu todo o controle. Seus movimentos se tornaram urgentes e ele levou uma das mãos ao sexo de Duo que pulsava, duro e quente. Sensações delirantes envolviam os dois e os arrastavam como num furacão. Heero não pôde mais agüentar e só conseguiu dizer o nome de seu amado na hora em que sentiu o espasmo de prazer...

- Duo!...Duo!...

Ao ouvir seu nome dito com aquela voz cheia de paixão, Duo não mais se segurou e deixou que a explosão tomasse conta de seu corpo.

- Heero, eu te amo...

Desta vez sem hesitação:

- Eu também te amo, doçura.

Os dois permaneceram unidos por um longo tempo, saboreando aquela união perfeita. Tinham apenas iniciado um longo e inebriante vôo pelo universo das sensações e ambos adormeceram, pensando unicamente no instante de recomeçar...

FIM

Comentários:
- Eu não devia ter mandado essa fic para cá e sim para o SBT, pois é a maior novela mexicana que eu já vi! Foi mal esse dramalhão todo, tá?

Carol Yui - mar/2003