REENCONTROS

A mansão estava viva novamente. Desde que fôra totalmente reformada, depois daquele infeliz ataque que a destruíra quase que completamente, ninguém mais havia estado ali. Aquela que antes vivia cheia de vida, jovens cavaleiros, empregados por toda parte, meninos que se divertiam jogando bola depois de um dia exaustivo de treinos, parecia estar morta. Realmente a vida naquela casa era intensa. Mas por ironia do destino ou vontade dos Deuses, ela havia sido abandonada a própria sorte sendo entregue ao pó e ao esquecimento e por muitos anos não se via uma só alma a vagar por aqueles cômodos.

A intenção de Saori , assim que se encerrassem as batalhas, era retornar com seus cavaleiros e continuar com o trabalho na fundação, mas nem tudo a Deusa podia prever. Ao fim das batalhas cada cavaleiro partiu, seguindo o rumo de sua própria vida. Como aquela casa era muito grande para que só ela e Tatsume vivessem, decidiu trancar as portas da mansão e viver com seu fiel mordomo e amigo em uma casa mais simples que possuía. Desde então aquelas portas nunca mais haviam sido abertas... não até aquele dia.

Era uma manhã ensolarada e agradável de sexta-feira, os preparativos haviam começado cedo, bem antes do sol nascer. A movimentação de empregados era grande, havia muita coisa a ser feita e em muito pouco tempo, pois os hóspedes haveriam de chegar naquele mesmo dia.

Saori observava tudo à distância e seus olhos brilhavam, tamanha era sua expectativa.

- Como estão indo as coisas, Tatsume? – Saori perguntava apreensiva, com medo de que a arrumação não acabasse antes que todos chegassem.

- Não se preocupe, senhorita. – Tatsume respondeu, e se encaminhando em direção a mansão – Não deixarei que esses molengas descansem um só minuto.

Saori ficou a observar o seu mordomo se afastar e se deixou levar por seus pensamentos – "Tantos anos se passaram, para ser exata sete anos, e meus cavaleiros se foram, cada um seguindo sua vida. Gostaria de revê-los unidos mais uma vez. Saber como vão as coisas, no homem em que cada um se tornou....é verdade que eu mantenho contato com muitos deles e com certa freqüência, mas vê-los juntos novamente seria uma alegria muito grande ao meu coração, ainda mais quando sei que eles só estiveram todos ao meu lado em momentos de muita luta, dor e sofrimento....Quero proporcionar isso a eles, essa reunião, esse reencontro, mas só que agora em momentos de muita alegria....meus fiéis amigos....e pensar que estive com Seiya mês passado, ele parecia bem, animado e brincalhão como sempre. Ele vinha me ver sempre que podia, saber como eu estava, se me encontrava em algum perigo. Típico do Seiya.....Via o Shiryu com uma certa freqüência também, sempre acompanhado de Shunrei, não sei que tipo de relação havia entre os dois mas torcia para que fossem felizes. Hyoga também, sempre me visitava quando vinha ao Japão, ele ficava longos períodos na Sibéria mas sempre regressava, tinha se recuperado do ferimento em sua visão e estava bem. Já o Ikki eu só cheguei a ver uma vez, veio saber como eu estava e me perguntou também se eu tinha notícias de seu irmão, depois disso nunca mais o vi. Mas quem me preocupava realmente era justo o seu irmão, Shun. Ele havia partido logo após o fim das batalhas, na época eu sentia que alguma coisa estava diferente, mas ele não deixava transparecer nenhum sentimento que pudesse denunciá-lo, sempre com um sorriso amável no rosto. A última lembrança que tenho dele era a de sua despedida, no cais, de onde partiria num navio para o que sobrou da ilha de Andrômeda. Ele havia mencionado na ocasião que estava partindo para cumprir uma promessa que tinha feito a si mesmo e a uma pessoa por quem ele guardava grande admiração e respeito, June. Que por sinal também estava lá junto com todos. Ela sabia que Shun estava partindo não só para reconstruir a ilha mas como também sua alma. E eu sabia que o coração dela estava apertado e que por trás daquela máscara ela chorava silenciosamente, cheguei mais perto para confortá-la enquanto ele partia. Desde então nunca mais tivemos notícias dele".

Saori estava tão centrada em seus pensamentos que não percebeu quando uma pessoa se aproximara.

- Saori... Saori! – June a chamava, tinham se tornado grandes amigas – Você está bem? Parece tão longe. Aconteceu alguma coisa?

- June! Não te esperava aqui.... eu estava distraída e não te vi chegar, me desculpe. – Saori parecia um pouco desconsertada mas logo tratou de dar um forte abraço na amiga – Não se preocupe, eu só estava pensando...

- Já sei! Devem ser os preparativos. Eu já devia saber..... eu te disse que era muita coisa para um dia só! – disse June, convencida de sua certeza.

- Não, não é isso. Quanto a casa, não há com o que se preocupar. Tatsume está cuidando de tudo pra mim. – Saori continua, virando-se para observar a casa – Eu estava pensando nos meus amigos.... estou muito ansiosa para revê-los juntos novamente.

Saori se virou para June e percebeu um brilho diferente em seus olhos ao lhe dizer essas últimas palavras.

- E parece que não sou só eu que estou ansiosa, não é June? – Saori brincava com a amiga, que ficava cada vez mais envergonhada.

- Como assim? Não sei do que você está falando. – June se fazia de desentendida.

- Estou falando de um certo cavaleiro de Andrômeda....você conhece? Se não me engano o nome dele é mesmo?......há sim, Shun! – Saori sempre se divertia quando tocava nesse assunto com ela.

- Tudo bem, Saori! Eu nunca consigo esconder nada de você mesmo. Eu estou muito preocupada com ele e não vejo a hora de poder vê-lo. – June continuava, agora com uma certa tristeza na voz – Você acha que ele vem?

- Não se preocupe, June – Saori retomava um ar sério novamente – Tenho certeza de que ele não irá nos desapontar.

- Vou confiar em você, Saori – dizia agora uma June mais esperançosa.

- Pode confiar!... Mas agora vou indo, eu ainda tenho que ir lá dentro ver o que o Tatsume está aprontando. E você trate de voltar pra casa e acabe de arrumar suas coisas que eu também estou te esperando aqui mais tarde. Tudo Bem? – Saori dizia enquanto segurava as mãos da amiga, lhe passando um pouco de confiança.

- Tudo bem, Saori. Vejo você mais tarde então!

June caminhou por cerca de trinta minutos até chegar em seu apartamento. Ela havia mudado muito desde então. Tinha abandonado a máscara, uma vez que não era mais obrigatório o seu uso e não se dedicava mais tanto a vida de amazona, perdendo um pouco o interesse pelas lutas. O seu último confronto, com Shun, havia mudado algo nela que ainda não podia compreender.

June arrumava sua mala com ansiedade, afinal, haveria de passar uma semana na mansão dos Kido, juntamente com todos os cavaleiros de bronze, algumas garotas que viviam no orfanato na época e mais algumas amigas de Saori, como ela mesma. Na verdade ela estava mais nervosa que ansiosa, pois haveria de reencontrar uma pessoa muito especial que a muito não via.

Saori fizera bem quando teve aquela bendita idéia de reunir todas aquelas crianças, que hoje já eram homens e mulheres formados, para retornarem àquela mansão que um dia fora seu lar. Rever aqueles rostos novamente que só se tinham na memória como crianças e tentar reconhecê-los agora como homens e mulheres era uma idéia que enchia o seu coração de entusiasmo.

No final da tarde os hóspedes começavam a chegar. Felizmente tudo havia corrido bem e a mansão estava pronta para recebê-los. June tinha chegado cedo, queria ir se enturmando aos poucos, pois muitos dos que ali estariam ela ainda não conhecia.

A casa encheu-se rapidamente. A noite já havia caído a algumas horas e quase todos já haviam chegado. A movimentação no interior da casa era intensa, pessoas se reconhecendo, velhas amizades de infância sendo relembradas, os risos e a conversa soavam alto. Em um canto do enorme salão quatro rapazes conversavam.

- Estou tão feliz em revê-los...nunca pensei que ficariam tanto tempo longe – Seiya dizia entre uma lágrima e outra – eu quero que saibam que eu....que eu AMO vocês! – disse praticamente gritando, chamando a atenção de todos ao redor.

- Também estávamos com saudade, mas.... não acha que está exagerando um pouco? – Dizia Shiryu, meio encabulado, tentando conter o amigo.

- E fala mais baixo! Olha só, tá todo mundo olhando. – Hyoga dizia enquanto tampava a boca de Seiya – Quer matar a gente de vergonha?

- Se der mais um escândalo desses eu juro que te mato e mando o corpo de presente pra Saori – já dizia um Ikki meio descontrolado.

- Eu sabia que vocês também me amavam, mas não pensei que fosse tanto!...Venham cá meus amigos me dêem um abraço! – dizia Seiya se atirando nos braços dos três.

- Esse cara é normal? – Ikki pensava alto, tentando achar uma resposta plausível para a cena bizarra que acabara de presenciar.


espero que estejam gostando pq vai vir mais por aí...aguardem

Desculpa qualquer coisa, é que eu ainda sou nova nisso....