N/A1: Este capítulo não está betado. Mandei para minha beta umas 2 vezes e
não recebi de volta corrigido, então, desculpem qualquer erro. E se alguém
souber qualquer coisa da Carlinha, minha beta, pls, avisem!
N/A2: Informações sobre atualizações e afins, dêem uma olhada no final do meu profile do fanfiction. net
4. REVERSO
Sirius viu-se voltando para o carro de Elinor inúmeras vezes em sua mente enquanto ia ao guichê comprar a passagem. Elinor dissera que o ônibus saía a uma da tarde, e ainda faltavam quinze minutos, então depois de comprar a passagem para Montreal, foi comprar alguma coisa para comer com o dinheiro que a mulher insistiu que ele recebesse.
Enquanto comia, uma voz masculina avisou primeiro em francês, e logo depois em inglês.
- Devido a problemas mecânicos, o ônibus para Montreal atrasará alguns minutos. Pedimos a compreensão dos passageiros.
- Que droga... – um homem ao lado de Sirius reclamou, acendendo um cigarro. – Eu tenho uma reunião ainda hoje, meu chefe vai acabar comigo se eu atrasar! – Sirius concordou com a cabeça e o homem, sentindo-se encorajado a continuar, falou. – Isso só podia acontecer no Canadá, uma coisa dessas nunca aconteceria na América! Já foi para os Estados Unidos, senhor... Qual o seu nome mesmo? – o homem encarava Sirius sem curiosidade, só esperando a resposta para voltar a falar.
- Black. E nunca fui para os Estados Unidos, que me lembre. – ele respondeu secamente, observando os outros ônibus.
- É, você tem um sotaque inglês, mas é como eu estava dizendo, nos Estados Unidos uma coisa dessas não acontece, quando um ônibus atrasa, eles pagam um quarto de hotel para os passageiros, e nós não pagamos nada! – o homem suspirou com uma expressão de descrença. – Talvez o problema seja dessa cidadezinha que nem no mapa está, eles não são civilizados o bastante para...
Sirius esqueceu do homem ao seu lado depois das primeiras palavras, até sentir falta de alguma coisa. O homem havia parado de falar, e não somente ele havia se calado, como qualquer outra pessoa que estivesse na estação também não falava mais, pois ninguém se movia.
Sem duvidar de que os mascarados voltaram, Sirius saiu da estação. O lugar não estava cheio, mas se ele fosse atacado ali, pessoas poderiam se machucar pelo fato de que não conseguiriam desviar de um dos raios de luz. Sirius só precisou sair da estação para descobrir que estava errado. Os mascarados estavam atacando, mas ele não era a vítima.
No meio da rua, os mascarados voavam ao redor de Elinor, que estava sem reação, não por estar paralisada como as outras pessoas em Vinley, mas por causa da surpresa. Ela só reagiu quando um dos mascarados apontou a varinha em sua direção, e para não ser atingida pelo jato de luz amarela, correu, deixando a bolsa no chão.
Sirius correu em direção à bolsa, com raiva por não ter conseguido impedir o que não imaginou que pudesse acontecer. Ao invés dele, era Elinor que os mascarados queriam, afinal, eles esperaram o momento em que ele tivesse ido embora para atacar. Era o plano perfeito, exceto por um detalhe. Sirius ainda estava na cidade, e ficaria para proteger Elinor.
Elinor corria o mais rápido que podia, sem conseguir escapar dos mascarados, e eles riam, zombando do esforço inútil da mulher. Poderiam atacá-la quando quisessem. Elinor sabia disso, mas de forma alguma poderia se sentir aliviada com isso. Só estava de pé porque eles queriam ela viva, e cada passo ao invés de trazer a sensação de segurança, a aproximava do momento em que eles se cansariam de persegui-la.
Ela pressentiu que esse momento havia chegado quando dois se aproximaram dela, porém, antes que eles a alcançassem, a picape vermelha, dirigida por Sirius, ficou entre os três. A porta da frente estava aberta, e enquanto reduzia a velocidade para que Elinor pudesse entrar, Sirius gritava, acenando com a mão.
- Entra, Elinor, logo!
Elinor, segurando a mão que Sirius estendia, entrou no carro, que partiu em alta velocidade para a estrada. Enquanto isso, Elinor ficou sentada, recuperando o fôlego, sem se preocupar em perguntar por que ele estava ali, e não num ônibus para Montreal. Quando ela se recuperou, olhou para Sirius e perguntou com um excesso de nervosismo, à beira da histeria.
- Por que eles estão aqui, Sirius, eles estão tentando atingir você através de mim, ou estão me perseguindo porque acham que eu sei alguma coisa sobre você...?
- Não, Elinor, eles não estavam perseguindo você por nenhum desses motivos. – ele encarou a mulher com profunda seriedade, começando a suspeitar que ela estava escondendo algo. – Você sabe porque eles estão perseguindo você.
A confirmação do que antes era dúvida foi o bastante para acalmar Elinor. Ela voltou-se para Sirius sem suspeitar das desconfianças dele, e quando encarou Elinor, ele viu em seus olhos um pedido de socorro.
- Sirius...
Antes que a loira pudesse terminar, um raio atingiu o pára-brisa traseiro do carro, quebrando-o. O ataque dos mascarados, que por breves instantes havia sido esquecido, voltava com força total.
- Já chega... – Elinor murmurou, e voltou-se para Sirius com decisão. – Pare o carro agora.
Sirius respondeu sem olhar para ela.
- Elinor, se pararmos o carro.
- Sirius, eu sei o que estou fazendo! – a mulher insistia com obstinação
-Não, Elinor... – Sirius disse, determinado, mas Elinor, sabendo que a discussão poderia demorar horas, puxou o freio de mão.
Elinor mal esperou para que o carro parasse para sair depois de falar.
- Quando ele cair, avance o carro!
Sirius ergueu a sobrancelha sem entender nada, abaixando-se para desviar de um raio. Elinor agia como se outra pessoa a controlasse, mas era o risco que corria que a fazia tomar uma atitude decidida. Ela abriu o porta-malas do carro tomando cuidado para não ser atingida por nenhum dos raios coloridos, fechando-o quando encontrou o extintor de incêndios.
Assim que o primeiro mascarado voou baixo, Elinor apontou o extintor na direção dele e, com uma expressão de raiva no rosto, soltou a trava e uma fumaça branca cobriu a visão do mascarado, que caiu no chão antes que soubesse o que havia acontecido.
Elinor voltou-se para Sirius e gritou enquanto a fumaça dispersava, mas o homem já havia entendido o que a loira queria, e enquanto ela gritava, ele acelerava o carro na direção do mascarado.
- Agora, Sirius!
Sirius jogou o carro para cima do homem ao chão, sem culpa, mas antes que ele fosse atingido, o mascarado desapareceu.
- Sirius, aqui!
Enquanto Sirius tentava atropelar o mascarado, Elinor havia derrubado outro, que desapareceu da mesma forma quando viu o carro ir em sua direção, e depois do segundo mascarado ter caído, os outros foram embora.
Elinor sentou-se no chão, deixando o extintor caído ao seu lado, e agora que estava segura, ela demonstrava todo o medo que deveria ter sentido enquanto se defendia.
- Sirius, o que foi isso que aconteceu? – ela perguntou quando ele aproximou-se dela. – Todas aquelas pessoas paradas como estátuas, e o ataque... Será que elas estão bem? – ela o encarou com preocupação.
- Não podemos voltar, Elinor. – Sirius disse, calmo, mas convencido do que falava. – Só estaremos correndo mais riscos.
Elinor concordou com a cabeça e perguntou.
- Certo, mas para onde vamos?
Sirius passou os dedos pelo cabelo, cansado. Tinha várias perguntas a fazer, mas era óbvio que Elinor não estava em condições de conversar. Esperaria até a noite.
- Vamos para um hotel, sua casa deve estar sendo vigiada. Vamos ter que arrumar outro carro, esse é muito chamat... - Sirius parou ao notar Elinor o observando. – O que foi?
- Nada. – ela sorriu enquanto falava. – É só que você está falando como se tivesse que fugir todo dia!
- Talvez eu tivesse. – ele riu, mas apesar da brincadeira, concordou com Elinor. – Você conhece algum hotel por aqui?
- Se essa cidadezinha não tiver mudado muito, e eu sei que não mudou, eu conheço um hotel que fica aqui perto.
-x-x-x-
No hotel, eles pediram um quarto com duas camas, e foram dormir. Horas depois, quando Elinor acordou, Sirius já estava de pé, observando o estacionamento do hotel. Não que ele tivesse conseguido dormir. Passou a tarde pensando no que havia acontecido, se perguntando como Elinor poderia não ter percebido que estava sendo caçada. Só conseguiu chegar a uma conclusão: Elinor sabia que estava sendo seguida e o enganou propositalmente.
Sirius tentava se convencer de que estava errado. Desde que acordou na casa de Elinor, ele teve a certeza de que ela era confiável, e a possibilidade dela estar escondendo alguma coisa dele o magoava.
- Oi... – Elinor disse quando colocou a mão no ombro dele. – Está tudo bem?
- Sim, nós não fomos seguidos. – ele se virou e continuou, frio. – Eu comprei uns sanduíches para nós, se você quiser comer, eles estão na geladeira.
- Obrigada. – Elinor respondeu e percebendo a frieza de Sirius, se afastou.
Sirius ficou observando Elinor enquanto ela comia sentada na cama, em silêncio, e quando ela terminou, sentou-se ao lado dela, sério. Havia pensado em diversas formas de começar a conversa, e a melhor forma que encontrou foi a direta.
- Hoje à tarde, os mascarados estavam perseguindo você, mas por que eles fariam isso?
Elinor olhou com surpresa para Sirius por causa da pergunta, e sentou-se tensa na cama.
- Sirius, eu não... – ela tentou disfarçar o nervosismo com uma expressão franca, mas ele não deixou ela continuar.
- Elinor, eu sempre confiei em você, e acho que o mínimo que eu mereço é que você confie em mim da mesma forma. – ele falava educadamente, mas era óbvio que ele não desistiria até que a mulher falasse a verdade.
Sentada na cama, ela encolheu-se e virou o rosto para a porta. Estava mais tensa do que antes, a ponto de não notar que Sirius, tentando acalmá-la, segurava a sua mão. Apesar disso, ela voltou o rosto para Sirius e começou, sem realmente o estar enxergando. Era realmente mais fácil falar assim do que encarando os ansiosos olhos negros dele.
- Está bem, eu vou contar a verdade. – ela começou. – Eu sabia porque os mascarados estavam me seguindo, mas eu não enganei você, Sirius. Eu realmente achei que eles estavam aqui por sua causa, pois ninguém sabia que eu tinha voltado, eu tomei muito cuidado.
- Por que você pensou isso? – ele perguntou, desconfiado.
- Por causa da sua amnésia. A doutora Winters não encontrou nenhuma razão para você não se lembrar de nada, então eu pensei que eles haviam feito você perder a memória.
- Então você sabe quem são os mascarados! – ele disse, surpreso.
- Não, eu não sei. – ela balançou a cabeça enquanto respondia. – Quer dizer, exceto um deles. Christopher, meu ex-marido.
- O que? – Sirius disse, chocado. – Seu ex-marido é um deles? Como você se casou com ele?
- É claro que eu não sabia! – Elinor respondeu, ofendida. – Se eu soubesse que tipo de pessoa ele era... Ele é uma espécie de bruxo, mas nem todos são ruins. Alguns bruxos convivem com pessoas comuns, mas outros, consideram aqueles que não conseguem fazer mágica inferiores. Eu tive o azar de me casar com um dos mais cruéis bruxos.
- Se ele odeia as pessoas que não fazem magia, por que se casou com você? – ele perguntou, intrigado.
- Às vezes, pessoas comuns nascem com dons mágicos, e eu sou uma dessas pessoas. – ela fez uma pausa. – Eu tenho visões do passado, presente, e futuro, mas eu não as controlo. Foi assim que eu soube seu nome, Sirius. Eu tive uma visão, e ouvi alguém chamar você pelo seu nome.
As últimas palavras de Elinor ecoaram na mente de Sirius. Desde que havia acordado, tinha a sensação de que alguém precisava dele. Achava que era só sua imaginação, mas a visão de Elinor fez qualquer dúvida desaparecer. Em algum lugar, alguém precisava dele, e se ele queria ir embora antes, agora era urgente.
- Foi por isso que Christopher casou-se comigo. – Elinor continuou. – Está acontecendo uma guerra entre os bruxos, entre essas duas formas de pensar, e Christopher queria que eu usasse minhas visões para ajudá-lo, mas eu não concordei. Ele passou a me torturar com ameaças quando percebeu que os pedidos não adiantariam, mas antes que ficasse pior, pedi o divórcio. Eu me surpreendi quando ele concordou, mas pelo visto, ele me enganou para eu pensar que estava segura e atacar quando eu menos esperasse. – ela reprimiu um soluço. – Eu devia ter imaginado que Christopher não ia desistir tão fácil!
- Eu entendo, mas por que você não contou a verdade para mim? – ele perguntou, dessa vez, sem o tom educado.
- Pensei que você era um espião. – ela desviou o rosto numa tentativa de impedir que começasse a chorar. – Você nem imagina como eu fiquei aliviada quando soube que você estava mais perdido que eu.
Sirius escutava atento Elinor falar, penalizado com tudo o que ela deveria ter passado. Ela havia mentido para se proteger, e até mesmo naquele quarto, onde ele tinha certeza de que estavam seguros por hora, Elinor estava encolhida na cama, como se esperasse ser atacada a qualquer momento.
- Eu também estou aliviado, Elinor. – Sirius sorriu, querendo desfazer a expressão de medo no rosto da loira. – Pensei que o que você escondia de mim era algo que poderia me ajudar a conhecer o meu passado.
- Desculpe se eu não pude ajudar. – Elinor disse, um pouco aflita.
- Não, mas você me ajudou. – ele apressou-se a dizer. – Quase todas as noites eu sonho com alguém me chamando, alguém que precisa realmente de mim. Estou certo de que é a pessoa da sua visão. Você não conseguiu identificar?
- Não, Sirius, eu sinto muito, mas essas visões, elas não são muito precisas... – ela respondeu com uma expressão de culpa por não poder ajudar.
- Está tudo bem... – ele passou o braço pelo ombro da mulher, fazendo com que ela encostasse a cabeça em seu ombro. O corpo dele estremeceu junto com o de Elinor quando ela reprimiu um soluço, e ele repetiu mais uma vez, acariciando os cabelos dela. – Tudo vai ficar bem...
Aos poucos, Elinor foi se acalmando até que adormeceu. Sirius, então, a segurou nos braços, a deitando na cama. Ele observou o rosto agora tranqüilo dela, imaginando como ela conseguiu enfrentar um marido cruel e manter-se forte, mas agora ela não sofreria mais. Cuidaria para que fosse assim. Delicadamente, os dedos de Sirius acariciaram o rosto de Elinor. Cada vez mais o que sentia por Elinor se aprofundava, enraizando-se em seu íntimo.
-x-x-x-
Pela manhã, eles trocaram a picape vermelha por um carro popular usado, igual a outros tantos que estavam na loja.
- Elinor, nós temos que ir embora. – ele disse assim que chegaram ao quarto.
Elinor concordou com a cabeça. Sempre que saía do quarto, olhava para as pessoas ao seu redor, com medo de que um deles fosse Christopher ou um de seus aliados.
- Onde você disse que morava, antes do divórcio? – ele perguntou com interesse.
- Em Chicago, por quê?
Sirius segurou as mãos da mulher com segurança, porém, quando falou, o tom de sua voz era receoso.
- Nós teremos que ir até lá.
Esperava qualquer reação de Elinor, menos aquela. Ela simplesmente se afastou, e de costas para ele, disse com frieza.
- Não há nada para nós fazermos em Chicago, Sirius.
- Escuta, Elinor... – ele tentou tocar no ombro dela, mas a loira se afastou, o encarando com fúria. – Você se lembra do primeiro ataque? Eu disse que vi o rosto de um daqueles mascarados, e eu percebi que ele me reconheceu, e não pareceu muito feliz com o encontro. Não é só com você que eles devem se preocupar, e eu preciso saber qual é a minha relação com eles. – ele fez uma pausa antes de continuar. – Eu posso ser um deles, quem sabe?
As palavras de Sirius atingiram Elinor como se uma corrente elétrica percorresse o corpo dela.
- Como assim, você ser um deles? – ela praticamente gritou, e os olhos azuis dela brilhavam.
- Ontem, todas as pessoas da cidade estavam congeladas, e eu não.
- Mas eu também não estava! – ela disse em protesto.
- As suas visões devem fazer você menos vulnerável a magia daquele tipo, mas não vejo outra solução para eu não ter sido atingido, e se eu for um deles, isso poderá ser muito útil para nós. Poderei me infiltrar entre os tais mascarados e assim saberei de todos os planos deles.
O medo de Elinor desapareceu imediatamente, e ela abraçou Sirius fortemente. Aquele toque foi o suficiente para que uma torrente de desejos sufocados começasse a surgir.
- Não, por favor, não faça isso! – a voz dela tremia. – Podemos ir para Chicago, mas você não se envolverá com esses mascarados. Pode ser perigoso... – a mulher se calou, pensativa. Sirius não falava. Tentava se acalmar, ao mesmo tempo em que queria sentir o calor do corpo de Elinor. O silêncio só foi interrompido quando a loira disse com veemência. – Já sei. Eu vou falar com Christopher. Ele não vai me machucar, ele precisa de mim viva!
Rapidamente, Sirius recobrou o autocontrole.
- Elinor...
- Vai ser exatamente assim. – ela o interrompeu. – Eu não estou dizendo que vai ser fácil, mas assim teremos mais chance de descobrir tudo sobre sua relação com esses bruxos. – Sirius abriu a boca para falar, mas a mulher ergueu a mão, fazendo ele se calar. – Nós vamos até o meu antigo apartamento, Christopher ainda está lá.
Sirius não concordou a princípio, e ele continuou a discussão com Elinor, mas a mulher finalmente o convenceu, e à noite, eles deixaram o hotel.
A viagem até os Estados Unidos foi menos complicada do que esperavam. Viajaram como turistas, parando somente em hotéis para dormir, ou em restaurantes, e em menos de uma semana já estavam em Chicago, apesar de Sirius ter a sensação de que eles poderiam ter feito a viagem em menos tempo.
- Eu ainda tenho as chaves do apartamento. – Elinor disse enquanto dirigia. – Esperamos anoitecer, ou vamos agora?
- Vamos logo. – Sirius respondeu, escondendo a ansiedade de, talvez, ter muitas de suas dúvidas sobre o seu passado esclarecidas.
Não achava que era um dos mascarados, mas o que ele sabia sobre o seu passado, além de um nome? Sirius gostaria de desabafar com Elinor, mas duvidava que a mulher fosse entender o que significava a certeza de não ser um mascarado, a certeza de que não tentou destruir o que agora era a coisa mais preciosa para ele.
Era tarde, mas faltava pouco para anoitecer quando Elinor parou o carro próximo a um prédio de classe média, e, mais uma vez, advertiu Sirius.
- Eu vou entrar. Fique aqui, e se em quinze minutos eu n...
- Dez – ele a interrompeu -, não vou esperar mais do que isso.
Elinor não contrariou Sirius. Já havia sido difícil fazer ele concordar em ela ir falar com Christopher sozinha, podia evitar mais discussões concordando e saindo do carro, como fez.
Elinor abriu a porta do prédio com as antigas chaves, e subiu as escadas. O corredor estava deserto quando a mulher saiu do elevador e aproximou-se do apartamento 43. Fazendo o mínimo de barulho possível, ela segurou a chave, mas a sensação de estar sendo observada fez com que Elinor olhasse para trás, a mão parada em frente à fechadura.
Assustada, lembrou-se de que Christopher sempre sabia quando estava chegando em casa, e esperou que ele abrisse a porta, mas nada aconteceu. O corredor continuava vazio, além dela mesma, e, aparentemente, não havia ninguém prestes a abrir a porta como era costume de seu ex-marido.
Sentindo-se mais nervosa do que admitiria, Elinor abriu a porta. Antes de entrar no apartamento, porém, sentiu uma mão em seu ombro, e uma voz atrás dela sussurrou.
- Você realmente achou que eu deixaria você entrar aqui?
O homem sorria, e com dificuldade, Elinor manteve o tom de voz baixo.
- Eu disse para você ficar no carro! – ela sussurrou com indignação. – Sirius, o que você está fazendo aqui, como conseguiu entrar?
- Eu nunca iria deixar você entrar aqui sozinha, então eu disse para o porteiro que eu estava com você, ele deve ter visto que nós saímos do mesmo carro, por isso deixou que eu subisse, mas eu faria isso de qualquer jeito.
- Você não devia ter feito isso! – ela falou com irritação.
- Suas reclamações não vão adiantar. Eu estou aqui, e não vou voltar – ele disse com a mesma expressão de decisão no rosto com que encarou os mascarados quando eles perseguiram Elinor nas ruas de Vinley. – E aproveitando que estamos aqui, não é melhor entrarmos logo?
Elinor resmungou, contrariada. Mesmo assim, ela abriu a porta do apartamento, e eles entraram...
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4. REVERSO
Sirius viu-se voltando para o carro de Elinor inúmeras vezes em sua mente enquanto ia ao guichê comprar a passagem. Elinor dissera que o ônibus saía a uma da tarde, e ainda faltavam quinze minutos, então depois de comprar a passagem para Montreal, foi comprar alguma coisa para comer com o dinheiro que a mulher insistiu que ele recebesse.
Enquanto comia, uma voz masculina avisou primeiro em francês, e logo depois em inglês.
- Devido a problemas mecânicos, o ônibus para Montreal atrasará alguns minutos. Pedimos a compreensão dos passageiros.
- Que droga... – um homem ao lado de Sirius reclamou, acendendo um cigarro. – Eu tenho uma reunião ainda hoje, meu chefe vai acabar comigo se eu atrasar! – Sirius concordou com a cabeça e o homem, sentindo-se encorajado a continuar, falou. – Isso só podia acontecer no Canadá, uma coisa dessas nunca aconteceria na América! Já foi para os Estados Unidos, senhor... Qual o seu nome mesmo? – o homem encarava Sirius sem curiosidade, só esperando a resposta para voltar a falar.
- Black. E nunca fui para os Estados Unidos, que me lembre. – ele respondeu secamente, observando os outros ônibus.
- É, você tem um sotaque inglês, mas é como eu estava dizendo, nos Estados Unidos uma coisa dessas não acontece, quando um ônibus atrasa, eles pagam um quarto de hotel para os passageiros, e nós não pagamos nada! – o homem suspirou com uma expressão de descrença. – Talvez o problema seja dessa cidadezinha que nem no mapa está, eles não são civilizados o bastante para...
Sirius esqueceu do homem ao seu lado depois das primeiras palavras, até sentir falta de alguma coisa. O homem havia parado de falar, e não somente ele havia se calado, como qualquer outra pessoa que estivesse na estação também não falava mais, pois ninguém se movia.
Sem duvidar de que os mascarados voltaram, Sirius saiu da estação. O lugar não estava cheio, mas se ele fosse atacado ali, pessoas poderiam se machucar pelo fato de que não conseguiriam desviar de um dos raios de luz. Sirius só precisou sair da estação para descobrir que estava errado. Os mascarados estavam atacando, mas ele não era a vítima.
No meio da rua, os mascarados voavam ao redor de Elinor, que estava sem reação, não por estar paralisada como as outras pessoas em Vinley, mas por causa da surpresa. Ela só reagiu quando um dos mascarados apontou a varinha em sua direção, e para não ser atingida pelo jato de luz amarela, correu, deixando a bolsa no chão.
Sirius correu em direção à bolsa, com raiva por não ter conseguido impedir o que não imaginou que pudesse acontecer. Ao invés dele, era Elinor que os mascarados queriam, afinal, eles esperaram o momento em que ele tivesse ido embora para atacar. Era o plano perfeito, exceto por um detalhe. Sirius ainda estava na cidade, e ficaria para proteger Elinor.
Elinor corria o mais rápido que podia, sem conseguir escapar dos mascarados, e eles riam, zombando do esforço inútil da mulher. Poderiam atacá-la quando quisessem. Elinor sabia disso, mas de forma alguma poderia se sentir aliviada com isso. Só estava de pé porque eles queriam ela viva, e cada passo ao invés de trazer a sensação de segurança, a aproximava do momento em que eles se cansariam de persegui-la.
Ela pressentiu que esse momento havia chegado quando dois se aproximaram dela, porém, antes que eles a alcançassem, a picape vermelha, dirigida por Sirius, ficou entre os três. A porta da frente estava aberta, e enquanto reduzia a velocidade para que Elinor pudesse entrar, Sirius gritava, acenando com a mão.
- Entra, Elinor, logo!
Elinor, segurando a mão que Sirius estendia, entrou no carro, que partiu em alta velocidade para a estrada. Enquanto isso, Elinor ficou sentada, recuperando o fôlego, sem se preocupar em perguntar por que ele estava ali, e não num ônibus para Montreal. Quando ela se recuperou, olhou para Sirius e perguntou com um excesso de nervosismo, à beira da histeria.
- Por que eles estão aqui, Sirius, eles estão tentando atingir você através de mim, ou estão me perseguindo porque acham que eu sei alguma coisa sobre você...?
- Não, Elinor, eles não estavam perseguindo você por nenhum desses motivos. – ele encarou a mulher com profunda seriedade, começando a suspeitar que ela estava escondendo algo. – Você sabe porque eles estão perseguindo você.
A confirmação do que antes era dúvida foi o bastante para acalmar Elinor. Ela voltou-se para Sirius sem suspeitar das desconfianças dele, e quando encarou Elinor, ele viu em seus olhos um pedido de socorro.
- Sirius...
Antes que a loira pudesse terminar, um raio atingiu o pára-brisa traseiro do carro, quebrando-o. O ataque dos mascarados, que por breves instantes havia sido esquecido, voltava com força total.
- Já chega... – Elinor murmurou, e voltou-se para Sirius com decisão. – Pare o carro agora.
Sirius respondeu sem olhar para ela.
- Elinor, se pararmos o carro.
- Sirius, eu sei o que estou fazendo! – a mulher insistia com obstinação
-Não, Elinor... – Sirius disse, determinado, mas Elinor, sabendo que a discussão poderia demorar horas, puxou o freio de mão.
Elinor mal esperou para que o carro parasse para sair depois de falar.
- Quando ele cair, avance o carro!
Sirius ergueu a sobrancelha sem entender nada, abaixando-se para desviar de um raio. Elinor agia como se outra pessoa a controlasse, mas era o risco que corria que a fazia tomar uma atitude decidida. Ela abriu o porta-malas do carro tomando cuidado para não ser atingida por nenhum dos raios coloridos, fechando-o quando encontrou o extintor de incêndios.
Assim que o primeiro mascarado voou baixo, Elinor apontou o extintor na direção dele e, com uma expressão de raiva no rosto, soltou a trava e uma fumaça branca cobriu a visão do mascarado, que caiu no chão antes que soubesse o que havia acontecido.
Elinor voltou-se para Sirius e gritou enquanto a fumaça dispersava, mas o homem já havia entendido o que a loira queria, e enquanto ela gritava, ele acelerava o carro na direção do mascarado.
- Agora, Sirius!
Sirius jogou o carro para cima do homem ao chão, sem culpa, mas antes que ele fosse atingido, o mascarado desapareceu.
- Sirius, aqui!
Enquanto Sirius tentava atropelar o mascarado, Elinor havia derrubado outro, que desapareceu da mesma forma quando viu o carro ir em sua direção, e depois do segundo mascarado ter caído, os outros foram embora.
Elinor sentou-se no chão, deixando o extintor caído ao seu lado, e agora que estava segura, ela demonstrava todo o medo que deveria ter sentido enquanto se defendia.
- Sirius, o que foi isso que aconteceu? – ela perguntou quando ele aproximou-se dela. – Todas aquelas pessoas paradas como estátuas, e o ataque... Será que elas estão bem? – ela o encarou com preocupação.
- Não podemos voltar, Elinor. – Sirius disse, calmo, mas convencido do que falava. – Só estaremos correndo mais riscos.
Elinor concordou com a cabeça e perguntou.
- Certo, mas para onde vamos?
Sirius passou os dedos pelo cabelo, cansado. Tinha várias perguntas a fazer, mas era óbvio que Elinor não estava em condições de conversar. Esperaria até a noite.
- Vamos para um hotel, sua casa deve estar sendo vigiada. Vamos ter que arrumar outro carro, esse é muito chamat... - Sirius parou ao notar Elinor o observando. – O que foi?
- Nada. – ela sorriu enquanto falava. – É só que você está falando como se tivesse que fugir todo dia!
- Talvez eu tivesse. – ele riu, mas apesar da brincadeira, concordou com Elinor. – Você conhece algum hotel por aqui?
- Se essa cidadezinha não tiver mudado muito, e eu sei que não mudou, eu conheço um hotel que fica aqui perto.
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No hotel, eles pediram um quarto com duas camas, e foram dormir. Horas depois, quando Elinor acordou, Sirius já estava de pé, observando o estacionamento do hotel. Não que ele tivesse conseguido dormir. Passou a tarde pensando no que havia acontecido, se perguntando como Elinor poderia não ter percebido que estava sendo caçada. Só conseguiu chegar a uma conclusão: Elinor sabia que estava sendo seguida e o enganou propositalmente.
Sirius tentava se convencer de que estava errado. Desde que acordou na casa de Elinor, ele teve a certeza de que ela era confiável, e a possibilidade dela estar escondendo alguma coisa dele o magoava.
- Oi... – Elinor disse quando colocou a mão no ombro dele. – Está tudo bem?
- Sim, nós não fomos seguidos. – ele se virou e continuou, frio. – Eu comprei uns sanduíches para nós, se você quiser comer, eles estão na geladeira.
- Obrigada. – Elinor respondeu e percebendo a frieza de Sirius, se afastou.
Sirius ficou observando Elinor enquanto ela comia sentada na cama, em silêncio, e quando ela terminou, sentou-se ao lado dela, sério. Havia pensado em diversas formas de começar a conversa, e a melhor forma que encontrou foi a direta.
- Hoje à tarde, os mascarados estavam perseguindo você, mas por que eles fariam isso?
Elinor olhou com surpresa para Sirius por causa da pergunta, e sentou-se tensa na cama.
- Sirius, eu não... – ela tentou disfarçar o nervosismo com uma expressão franca, mas ele não deixou ela continuar.
- Elinor, eu sempre confiei em você, e acho que o mínimo que eu mereço é que você confie em mim da mesma forma. – ele falava educadamente, mas era óbvio que ele não desistiria até que a mulher falasse a verdade.
Sentada na cama, ela encolheu-se e virou o rosto para a porta. Estava mais tensa do que antes, a ponto de não notar que Sirius, tentando acalmá-la, segurava a sua mão. Apesar disso, ela voltou o rosto para Sirius e começou, sem realmente o estar enxergando. Era realmente mais fácil falar assim do que encarando os ansiosos olhos negros dele.
- Está bem, eu vou contar a verdade. – ela começou. – Eu sabia porque os mascarados estavam me seguindo, mas eu não enganei você, Sirius. Eu realmente achei que eles estavam aqui por sua causa, pois ninguém sabia que eu tinha voltado, eu tomei muito cuidado.
- Por que você pensou isso? – ele perguntou, desconfiado.
- Por causa da sua amnésia. A doutora Winters não encontrou nenhuma razão para você não se lembrar de nada, então eu pensei que eles haviam feito você perder a memória.
- Então você sabe quem são os mascarados! – ele disse, surpreso.
- Não, eu não sei. – ela balançou a cabeça enquanto respondia. – Quer dizer, exceto um deles. Christopher, meu ex-marido.
- O que? – Sirius disse, chocado. – Seu ex-marido é um deles? Como você se casou com ele?
- É claro que eu não sabia! – Elinor respondeu, ofendida. – Se eu soubesse que tipo de pessoa ele era... Ele é uma espécie de bruxo, mas nem todos são ruins. Alguns bruxos convivem com pessoas comuns, mas outros, consideram aqueles que não conseguem fazer mágica inferiores. Eu tive o azar de me casar com um dos mais cruéis bruxos.
- Se ele odeia as pessoas que não fazem magia, por que se casou com você? – ele perguntou, intrigado.
- Às vezes, pessoas comuns nascem com dons mágicos, e eu sou uma dessas pessoas. – ela fez uma pausa. – Eu tenho visões do passado, presente, e futuro, mas eu não as controlo. Foi assim que eu soube seu nome, Sirius. Eu tive uma visão, e ouvi alguém chamar você pelo seu nome.
As últimas palavras de Elinor ecoaram na mente de Sirius. Desde que havia acordado, tinha a sensação de que alguém precisava dele. Achava que era só sua imaginação, mas a visão de Elinor fez qualquer dúvida desaparecer. Em algum lugar, alguém precisava dele, e se ele queria ir embora antes, agora era urgente.
- Foi por isso que Christopher casou-se comigo. – Elinor continuou. – Está acontecendo uma guerra entre os bruxos, entre essas duas formas de pensar, e Christopher queria que eu usasse minhas visões para ajudá-lo, mas eu não concordei. Ele passou a me torturar com ameaças quando percebeu que os pedidos não adiantariam, mas antes que ficasse pior, pedi o divórcio. Eu me surpreendi quando ele concordou, mas pelo visto, ele me enganou para eu pensar que estava segura e atacar quando eu menos esperasse. – ela reprimiu um soluço. – Eu devia ter imaginado que Christopher não ia desistir tão fácil!
- Eu entendo, mas por que você não contou a verdade para mim? – ele perguntou, dessa vez, sem o tom educado.
- Pensei que você era um espião. – ela desviou o rosto numa tentativa de impedir que começasse a chorar. – Você nem imagina como eu fiquei aliviada quando soube que você estava mais perdido que eu.
Sirius escutava atento Elinor falar, penalizado com tudo o que ela deveria ter passado. Ela havia mentido para se proteger, e até mesmo naquele quarto, onde ele tinha certeza de que estavam seguros por hora, Elinor estava encolhida na cama, como se esperasse ser atacada a qualquer momento.
- Eu também estou aliviado, Elinor. – Sirius sorriu, querendo desfazer a expressão de medo no rosto da loira. – Pensei que o que você escondia de mim era algo que poderia me ajudar a conhecer o meu passado.
- Desculpe se eu não pude ajudar. – Elinor disse, um pouco aflita.
- Não, mas você me ajudou. – ele apressou-se a dizer. – Quase todas as noites eu sonho com alguém me chamando, alguém que precisa realmente de mim. Estou certo de que é a pessoa da sua visão. Você não conseguiu identificar?
- Não, Sirius, eu sinto muito, mas essas visões, elas não são muito precisas... – ela respondeu com uma expressão de culpa por não poder ajudar.
- Está tudo bem... – ele passou o braço pelo ombro da mulher, fazendo com que ela encostasse a cabeça em seu ombro. O corpo dele estremeceu junto com o de Elinor quando ela reprimiu um soluço, e ele repetiu mais uma vez, acariciando os cabelos dela. – Tudo vai ficar bem...
Aos poucos, Elinor foi se acalmando até que adormeceu. Sirius, então, a segurou nos braços, a deitando na cama. Ele observou o rosto agora tranqüilo dela, imaginando como ela conseguiu enfrentar um marido cruel e manter-se forte, mas agora ela não sofreria mais. Cuidaria para que fosse assim. Delicadamente, os dedos de Sirius acariciaram o rosto de Elinor. Cada vez mais o que sentia por Elinor se aprofundava, enraizando-se em seu íntimo.
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Pela manhã, eles trocaram a picape vermelha por um carro popular usado, igual a outros tantos que estavam na loja.
- Elinor, nós temos que ir embora. – ele disse assim que chegaram ao quarto.
Elinor concordou com a cabeça. Sempre que saía do quarto, olhava para as pessoas ao seu redor, com medo de que um deles fosse Christopher ou um de seus aliados.
- Onde você disse que morava, antes do divórcio? – ele perguntou com interesse.
- Em Chicago, por quê?
Sirius segurou as mãos da mulher com segurança, porém, quando falou, o tom de sua voz era receoso.
- Nós teremos que ir até lá.
Esperava qualquer reação de Elinor, menos aquela. Ela simplesmente se afastou, e de costas para ele, disse com frieza.
- Não há nada para nós fazermos em Chicago, Sirius.
- Escuta, Elinor... – ele tentou tocar no ombro dela, mas a loira se afastou, o encarando com fúria. – Você se lembra do primeiro ataque? Eu disse que vi o rosto de um daqueles mascarados, e eu percebi que ele me reconheceu, e não pareceu muito feliz com o encontro. Não é só com você que eles devem se preocupar, e eu preciso saber qual é a minha relação com eles. – ele fez uma pausa antes de continuar. – Eu posso ser um deles, quem sabe?
As palavras de Sirius atingiram Elinor como se uma corrente elétrica percorresse o corpo dela.
- Como assim, você ser um deles? – ela praticamente gritou, e os olhos azuis dela brilhavam.
- Ontem, todas as pessoas da cidade estavam congeladas, e eu não.
- Mas eu também não estava! – ela disse em protesto.
- As suas visões devem fazer você menos vulnerável a magia daquele tipo, mas não vejo outra solução para eu não ter sido atingido, e se eu for um deles, isso poderá ser muito útil para nós. Poderei me infiltrar entre os tais mascarados e assim saberei de todos os planos deles.
O medo de Elinor desapareceu imediatamente, e ela abraçou Sirius fortemente. Aquele toque foi o suficiente para que uma torrente de desejos sufocados começasse a surgir.
- Não, por favor, não faça isso! – a voz dela tremia. – Podemos ir para Chicago, mas você não se envolverá com esses mascarados. Pode ser perigoso... – a mulher se calou, pensativa. Sirius não falava. Tentava se acalmar, ao mesmo tempo em que queria sentir o calor do corpo de Elinor. O silêncio só foi interrompido quando a loira disse com veemência. – Já sei. Eu vou falar com Christopher. Ele não vai me machucar, ele precisa de mim viva!
Rapidamente, Sirius recobrou o autocontrole.
- Elinor...
- Vai ser exatamente assim. – ela o interrompeu. – Eu não estou dizendo que vai ser fácil, mas assim teremos mais chance de descobrir tudo sobre sua relação com esses bruxos. – Sirius abriu a boca para falar, mas a mulher ergueu a mão, fazendo ele se calar. – Nós vamos até o meu antigo apartamento, Christopher ainda está lá.
Sirius não concordou a princípio, e ele continuou a discussão com Elinor, mas a mulher finalmente o convenceu, e à noite, eles deixaram o hotel.
A viagem até os Estados Unidos foi menos complicada do que esperavam. Viajaram como turistas, parando somente em hotéis para dormir, ou em restaurantes, e em menos de uma semana já estavam em Chicago, apesar de Sirius ter a sensação de que eles poderiam ter feito a viagem em menos tempo.
- Eu ainda tenho as chaves do apartamento. – Elinor disse enquanto dirigia. – Esperamos anoitecer, ou vamos agora?
- Vamos logo. – Sirius respondeu, escondendo a ansiedade de, talvez, ter muitas de suas dúvidas sobre o seu passado esclarecidas.
Não achava que era um dos mascarados, mas o que ele sabia sobre o seu passado, além de um nome? Sirius gostaria de desabafar com Elinor, mas duvidava que a mulher fosse entender o que significava a certeza de não ser um mascarado, a certeza de que não tentou destruir o que agora era a coisa mais preciosa para ele.
Era tarde, mas faltava pouco para anoitecer quando Elinor parou o carro próximo a um prédio de classe média, e, mais uma vez, advertiu Sirius.
- Eu vou entrar. Fique aqui, e se em quinze minutos eu n...
- Dez – ele a interrompeu -, não vou esperar mais do que isso.
Elinor não contrariou Sirius. Já havia sido difícil fazer ele concordar em ela ir falar com Christopher sozinha, podia evitar mais discussões concordando e saindo do carro, como fez.
Elinor abriu a porta do prédio com as antigas chaves, e subiu as escadas. O corredor estava deserto quando a mulher saiu do elevador e aproximou-se do apartamento 43. Fazendo o mínimo de barulho possível, ela segurou a chave, mas a sensação de estar sendo observada fez com que Elinor olhasse para trás, a mão parada em frente à fechadura.
Assustada, lembrou-se de que Christopher sempre sabia quando estava chegando em casa, e esperou que ele abrisse a porta, mas nada aconteceu. O corredor continuava vazio, além dela mesma, e, aparentemente, não havia ninguém prestes a abrir a porta como era costume de seu ex-marido.
Sentindo-se mais nervosa do que admitiria, Elinor abriu a porta. Antes de entrar no apartamento, porém, sentiu uma mão em seu ombro, e uma voz atrás dela sussurrou.
- Você realmente achou que eu deixaria você entrar aqui?
O homem sorria, e com dificuldade, Elinor manteve o tom de voz baixo.
- Eu disse para você ficar no carro! – ela sussurrou com indignação. – Sirius, o que você está fazendo aqui, como conseguiu entrar?
- Eu nunca iria deixar você entrar aqui sozinha, então eu disse para o porteiro que eu estava com você, ele deve ter visto que nós saímos do mesmo carro, por isso deixou que eu subisse, mas eu faria isso de qualquer jeito.
- Você não devia ter feito isso! – ela falou com irritação.
- Suas reclamações não vão adiantar. Eu estou aqui, e não vou voltar – ele disse com a mesma expressão de decisão no rosto com que encarou os mascarados quando eles perseguiram Elinor nas ruas de Vinley. – E aproveitando que estamos aqui, não é melhor entrarmos logo?
Elinor resmungou, contrariada. Mesmo assim, ela abriu a porta do apartamento, e eles entraram...
