N/A: Surpresa, surpresa!! Atualização em 1 semana! É que o súbito ataque de inspiração foi longo, e além de ter terminado o 7, terminei o 9. Foi ótimo finalmente ter unido o capítulo 8 à seqüência da trama, pois o 8 foi o primeiro que eu escrevi! Agora só falta o 10 pra fic estar completa... Porque o epílogo já está escrito! Ah, desculpem qualquer erro, esse capítulo (e nem o 5!) foram betados.
6. CHRISTOPHER
O barulho não o assustou, mas soube que algo havia acontecido quando sentiu o braço arder como se estivesse se queimando, e o grito de Sirius que sucedeu ao tiro fez com que Elinor, petrificada, deixasse a arma cair no chão.
- Oh, meu Deus, o que eu fiz?
Esquecendo tudo, ela foi até Sirius, empurrando para o lado tudo o que estava em sua frente, inclusive o vulto que o atacou. Ela apoiou o corpo de Sirius sobre o dela, e segurou o rosto dele em suas trêmulas mãos, preocupada com a expressão de dor no rosto dele.
- Sirius... – ela chamou, nervosa. – Sirius, fale comigo.
- Elinor... – ele fez uma careta de dor. – estou bem...
- O tiro passou de raspão – uma voz atrás dos dois disse. – Desde quando você atira, Elinor?
Aquela voz fez todo o ar da sala desaparecer para Elinor, e lentamente, ela se virou, reconhecendo
- Christopher...
- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você me encontraria – ele disse, estranhamente aliviado.
Um gemido de dor de Sirius, porém, fez com que Elinor ignorasse totalmente o ex-marido, e ao ver a camisa dele manchada de sangue no braço esquerdo, a loira foi dominada pelo pânico.
- Não é nada... – Sirius murmurou, percebendo a preocupação no olhar dela.
- Como não foi nada, você está perdendo sangue, precisa ir ao hospital! – ela disse, incrédula. – Não vou deixar...
Christopher se aproximou de Elinor, tocando no ombro dela, e a interrompeu.
- Ele não vai para lugar nenhum – Elinor abriu a boca para protestar, mas ele continuou. – Eu posso tratar do ferimento dele, coloque-o na mesa. Rápido, Elinor! – como ela não se moveu, ele insistiu e saiu em seguida.
Receosa, Elinor colocou Sirius sobre a mesa, acariciando o rosto de Sirius até Christopher voltar com um velho livro de capa de couro e uma espécie de madeira na mão.
- Isso é uma varinha?! Como isso vai ajudar o Sirius? – ela perguntou com desprezo.
- É uma varinha sim, mas é o que menos importa – ele disse enquanto observava o ferimento e o limpava. – Eu vou precisar de doze gramas de raiz de camomila moída e três gotas de sangue de dragão, estão no armário perto da pia. Coloque primeiro a raiz, depois o sangue de dragão e misture aqui – ele disse, apontando uma xícara.
- Coloque uma gota de cada vez do sangue – Sirius murmurou sem saber de onde vinha a certeza de que aquele era o método certo. – Mexa no sentido horário até o sangue se unir à raiz.
Elinor seguiu as instruções prontamente, e assim que a raiz e o sangue se misturaram numa massa de cor escura, ela passou para Christopher, que espalhou sobre o ferimento.
Aos poucos, a dormência que Sirius sentia no braço esquerdo desaparecia para dar lugar a uma sensação de alívio e tranqüilidade que o levou ao sono
-x-x-x-
Ele sentia que flutuava, mas quando abriu os olhos, estava deitado numa cama. Sentada em uma cadeira próxima à janela, Elinor cochilava, a cabeça caída para o lado direito e a boca aberta, como um bebê. A cena era tão engraçada que foi impossível para Sirius não sorrir, e ficou observando a loira dormir até ela acordar, espreguiçando-se como uma gata.
- Bom dia, dorminhoca.
- Pelo visto alguém está muito melhor hoje – ela sorriu de volta, com alívio. – Eu nunca senti tanto medo como ontem... Se eu não tivesse comprado aquele maldito revólver, você não teria se machucado.
- Esqueça, Elinor. Eu estou bem, não se culpe. – vendo que ela ainda se sentia culpada, mudou de assunto. – Você não passou a noite toda nessa cadeira, passou?
- Eu não queria ficar longe de você.
- Nenhuma consegue – ele disse com uma expressão de inocência. -, que culpa eu tenho?
- Eu vou deixar essa passar porque o que importa é que você está bem. - ela se levantou e beijou levemente os lábios de Sirius, mas antes que Elinor se afastasse, ele a puxou, fazendo com que ela caísse sobre ele. – Sirius, você ainda não se recuperou totalmente! - apesar de ter reclamado, a loira ria, e não tentou escapar.
- Pois se isso é não estar recuperado totalmente, eu queria me sentir assim todos os dias – ele disse antes de começar a percorrer o pescoço da loira com seus beijos.
As mãos de Sirius acariciavam os seios de Elinor por baixo da blusa dela, e logo os toques teriam se aprofundado, não fosse a entrada de Christopher no quarto.
- Elinor, ele já... – Christopher parou subitamente, virando o rosto ao ver o que interrompera. – Desculpe, eu volto outra hora.
Sirius olhou para o teto com frustração e suspirou. Elinor, tentando consertar a situação, saiu da cama imediatamente e arrumou os cabelos da melhor forma possível sem uma escova.
- Não precisa, Chris – ela disse, corando, sem ver a careta que Sirius fez quando ela chamou o ex-marido pelo apelido. – O que você estava dizendo...?
- Eu queria saber se ele estava bem. Pelo visto, está muito bem – ele estava perturbado, e Sirius se perguntava se seria somente por tê-los interrompido, ou se havia algo mais. – Eu preparei o café da manhã, se quiserem, podem ir comer.
Sirius levantou-se imediatamente. Poderia suportar a intromissão do outro, mas não adiaria a conversa com Christopher. Queria respostas que não poderiam esperar para depois do café.
- Não, comemos depois – ele disse, encarando Christopher seriamente. – Precisamos conversar.
- Você deve ter várias dúvidas – ele cruzou os braços e sentou-se numa cadeira. – Vou tentar esclarecer o que está acontecendo, mas não sei se você irá acreditar...
- Que bruxos existem? – Elinor interrompeu Christopher. – Já suspeitávamos disso. Fomos perseguidos pelos seus amigos.
- Eles não são meus amigos, pelo menos acho que não, agora que também estão atrás de mim.
Sirius ergueu a sobrancelha, intrigado.
- Como assim, atrás de você?
- É uma longa história...
- Que eu vou adorar saber – Sirius disse, sarcástico.
- Está bem – Christopher disse num suspiro cansado. – Entre os bruxos, há uma grande discussão sobre a convivência dos bruxos com os trouxas... pessoas que não possuem sangue mágico – ele acrescentou ao ver o olhar curioso de Elinor. – Muitos acham que os trouxas são inferiores, e acham que eles devem ser eliminados. Existem outros motivos, mas esse é o principal motivo que dividiu o mundo bruxo em duas facções, uma a favor dos trouxas, e outra que pretende acabar com os trouxas. Cada uma dessas idéias tem um principal defensor, que são Dumbledore e Voldemort.
Christopher disse o último nome lentamente, e a palidez do rosto dele não passou desapercebida a Sirius. Aqueles nomes que o homem falou eram familiares, mas ele estava escondendo algo.
- Eu estava lutando contra os trouxas, por isso, eu estava do lado de Dumbledore. Dumbledore odeia trouxas mais do que qualquer outra coisa no mundo por causa de algo em seu passado. Voldemort vem tentando impedir que Dumbledore cause estragos, mas está ficando cada vez mais difícil prever o que ele fará a seguir. – ele encarou Elinor – Por isso eles queriam você, Elinor, os dois. Você tem um dom muito útil...
- As visões... – ela murmurou lentamente, e olhou para o ex-marido como se tivesse encaixado a última peça de um quebra-cabeças.
- Exatamente – Christopher concordou com a cabeça. – Dumbledore precisava de você para lutar do nosso lado quando fosse útil.
- Foi só por isso que você se casou comigo, então? – ela perguntou, furiosa. – Para me usar? Para ficar brincando comigo, fazendo eu ter visões a todo instante? Eu sabia que havia alguma coisa errada com você, Christopher, mas nunca pensei que você pudesse fazer isso comigo. Pensei que você me amava! – a loira disse num tom um pouco mais elevado, se esforçando para não chorar.
- Pode ter sido somente pelas visões, Elinor, mas eu comecei a amar você, e esse foi o erro em meu plano. Eu vi o quanto as visões estavam fazendo mal a você, por isso, aceitei o divórcio quando você pediu, e fugi assim que pude. Sabia que minha decisão não iria agradar ninguém.
- Esse... – a loira olhou interrogativa para Christopher. – Dumbledore, certo? Se ele odeia pessoas não-mágicas, porque ele quer que eu seja aliada dele?
Christopher encarou Elinor com surpresa por uns instantes antes de começar a gargalhar.
- Você, uma trouxa?! – ele disse, entre um riso e outro. – Elinor, não pode existir sangue mais mágico que o seu! Senão, você nunca teria feito a poção na noite passada.
- Então... eu sou uma bruxa?! – ela perguntou, num misto de surpresa e incredulidade.
- Como qualquer outro – ele voltou-se para Sirius. – Você também é um bruxo. Você foi enviado da Inglaterra para impedir que Dumbledore encontrasse Elinor primeiro.
Sirius respirou aliviado ao saber que independente do seu passado, estava lutando do lado certo.
- Bem, se minha tarefa era encontrar Elinor e mantê-la em segurança, o melhor a fazer agora é levá-la para Voldemort.
- Não é tão fácil – Christopher disse, desanimado. – Dumbledore tem um aliado muito poderoso. Harry Potter. Ele pode ter somente 16 anos, mas possui poderes que poucos bruxos possuem, ele vai saber o que você vai estar fazendo, e impedirá a todo o custo que Elinor chegue até Voldemort.
- Tenho tempo demais para me preocupar com isso. – ele voltou-se para Elinor – Eu vou para o hotel, depois volto com a bagagem.
Christopher olhou confuso para ele.
- Hey, o que você pensa que está fazendo, vocês não podem ficar aqui, os Comensais podem descobrir.
- Pouco importa o que esses Comensais vão fazer, se demoramos tanto tempo para encontrar você, aqui é seguro o bastante para ficarmos até ser seguro irmos para a Inglaterra. E, a propósito, não sabemos o quanto você é confiável – ele acrescentou despreocupadamente. – Elinor, pode me dar as chaves?
- Tem certeza que você está bem, Sirius? – ela perguntou, apertando a mão com preocupação.
- Sim, o ferimento até cicatrizou. – ele respondeu um pouco impaciente.
- Está bem, eu só vou pegar minha bolsa, ela ficou no quarto lá em cima.
Elinor subiu, sem antes olhar com dúvidas para Sirius. Enquanto esperavam a loira voltar, ele encarou Christopher cuidadosamente, se perguntando o que ele estava escondendo, e porque a menção do nome de Voldemort causou tanta perturbação no outro. O barulho de Elinor descendo as escadas, porém, distraiu Sirius de seus pensamentos.
- Não quer que eu vá com você? – ela disse enquanto entregava as chaves para ele.
- Não, se algo acontecer comigo, você estará bem.
- Então tenha cuidado.
- Eu vou ter – ele disse, beijando Elinor antes de sair. Olhando para Christopher, ele acrescentou. – Tenha cuidado você também.
Elinor ficou olhando Sirius ir embora, mas ao dar as costas para a janela, encontrou Christopher parado no mesmo lugar, a observando.
- Eu vou comer alguma coisa – ela disse, pouco à vontade.
- Tudo bem, qualquer coisa, eu estarei no meu quarto.
A loira foi para a cozinha aliviada por Christopher não a seguir, mas essa sensação não durou muito. Enquanto lavava a louça, ele voltou.
- Você não está apaixonada por ele, está? – ele perguntou sem rodeios.
- Do que você está falando? – ela perguntou, rindo como se ele tivesse dito algo absurdo.
- Eu vi como você olhava para ele no quarto. Parecia estar muito envolvida.
- Isso é problema meu – ela respondeu secamente.
- Só estou tentando ajudar você. Apaixonar-se por ele seria um erro que traria conseqüências terríveis para você.
Elinor largou o garfo com violência. Por uns instantes, observou a pia, contendo a raiva, mas quando olhou para Christopher, ainda era possível notar um brilho de fúria no olhar dela.
- Eu entendi errado, ou você está me ameaçando?
Christopher ergueu as mãos.
- Não, de maneira nenhuma! Só estou avisando. Você sabe o quanto eu me importo com você – ele disse, sombrio, mas em seguida, disse com despreocupação. - Eu vou sair, mas volto antes do seu namoradinho voltar.
- Faça o que quiser – ela respondeu, mal-humorada, e continuou lavando a louça até ouvir alguém bater na porta. – O que será que ele esqueceu...
Elinor enxugou a mão e foi para a sala. Ao abrir a porta, porém, não conseguiu conter um grito.
- Estupefaça!
O homem loiro disse antes que ela caísse no chão, desmaiada, e em seguida, entrou na casa, passando por cima do corpo caído de Elinor.
