7. LIMITE

Assim que dobrou a esquina, Sirius viu a familiar cobra pairando sobre a casa, e mal estacionou o carro antes de correr até a casa.

Sirius abriu a porta violentamente, atraindo a atenção dos três homens que estavam na sala. Um deles era o loiro que os atacara no Canadá, e era ele quem segurava Elinor, desmaiada.

Antes que conseguisse pensar, ele se jogou sobre o homem. Os dois rolaram pelo chão, mas os outros dois Comensais não fizeram nada. Temiam que um feitiço atingisse o líder, que tentava se libertar das mãos de Sirius. Um deles se limitou a segurar a mulher nos braços, enquanto o outro estava atento à luta, preparado para enfeitiçar Sirius a qualquer instante. Consciente disso, por um momento, ele ficou em posição vulnerável, mas antes de ser atingido pelo feitiço, ele usou o Comensal como escudo, e foi o loiro quem caiu desacordado.

Sirius apontava a varinha do comensal desmaiado para os outros dois e os encarava com ferocidade.

- Soltem ela agora mesmo.

As máscaras cobriam os rostos dos comensais, mas Sirius escutou as risadas deles. Sabia que eles estavam em vantagem, porém, Sirius, como bruxo, deduziu que era capaz de fazer mágicas, e apontou a varinha para a parede. Não conseguia se lembrar de nenhum feitiço, mas concentrou-se numa imagem. Em seguida, um raio vermelho atingiu a parede num ponto entre os dois comensais, deixando um buraco na parede onde o feitiço acertara.

- Da próxima vez eu não vou errar. Deixem ela e vão embora.

Os Comensais ficaram em silêncio antes de um responder, lentamente.

- Está bem – o comensal disse, a contragosto. - pegue Malfoy. Já fizemos nosso trabalho por aqui. E quanto a você – ele apontou a varinha para Sirius. – Se der um passo, ela morre. Entre

O comensal que falou segurou Elinor, apontando a varinha na direção do corpo desacordado enquanto o outro apanhava Malfoy.

- E quanto a você – o comensal, por trás da máscara, sorria cinicamente. -, não pense que vamos esquecer de você.

O comensal jogou Elinor na direção de Sirius, que, preocupado com a loira, mal notou os três comensais desaparecerem. Depois de recuperar o equilíbrio, ele observou a mulher.

Aparentemente, ela estava bem, Um pouco pálida, mas não estava ferida, então, Sirius a deitou num sofá e procurou acordá-la chamando pelo nome.

Aos poucos, Elinor foi recobrando a consciência. A princípio, seus dedos se mexeram, e o corpo tremeu bruscamente antes que ela abrisse os olhos, levantando-se de supetão e olhando assustada ao seu redor. Mas antes que ela dissesse alguma coisa, Elinor se afastou de Sirius e correu apressada.

- O que foi? – ele perguntou, confuso.

- Christopher!

O tom de voz urgente da loira não escapou de Sirius, e a sensação que isso lhe causou era incômoda demais. Salvara Elinor, mas antes de tudo, ela pensa no ex-marido. Christopher deveria estar longe. Sirius tinha certeza que os bruxos deveriam ter métodos rápidos de locomoção.

Impaciente, ele seguiu Elinor, que ia bem mais na frente, sem falar nada, tentando ignorar o ciúme, sem sucesso. Não achava que Elinor iria querer voltar para o ex-marido, mas tinha certeza de que Christopher o odiava. Percebeu que o homem olhava com raiva para ele quando estava perto de Elinor. Para Sirius, porém, era até prazeroso ver o outro ter que se controlar.

Elinor corria para o quarto de Christopher, enquanto Sirius caminhava sem muita preocupação. Somente quando ouviu o grito da mulher foi que ele apressou os passos.

Sirius não viu imediatamente o que fizera Elinor gritar. Ela estava na porta, de costas para o quarto, a mão no rosto. Olhava para Sirius, mas demorou alguns segundos para realmente perceber que ele estava na sua frente, e quando o viu, ele quase não acreditou em toda a fúria que o rosto dela transmitia. O olhar reluzia com as lágrimas que a custo ela impedia de chorar, e desviando do olhar inquisidor de Sirius, ela se afastou.

A cama estava partida em duas. Havia um buraco no alto de um armário, e uma cômoda estava no chão. Havia marcas de fogo na parede, mas o que era mais terrível era o homem sentado na cadeira, no meio do quarto. Não havia um dedo em nenhuma das mãos. A boca aberta exibia poucos dentes, e a língua fora arrancada. Marcas roxas pelo corpo revelavam que ele foi atingido por objetos pesados, certamente deveria ter quebrado vários ossos. Um dos olhos fora arrancado, mas ele ainda deveria estar vivo quando um feitiço atingiu a cabeça dele, deixando o lado esquerdo do cérebro como se tivesse sido corroído por ácido. Sirius mal reconheceu o corpo como sendo o de Christopher.

- Eles não deveriam ter feito isso

A voz fria de Elinor soou estranha, mas Sirius não esboçou nenhuma reação além de olhar para a loira. Ela continuou, determinada, uma determinação insana que a deixava quase irreal, aumentando a sensação que Sirius tinha de estar num pesadelo.

- Se eles pensam que podem continuar brincando comigo e me enganando, estão muito enganados. Nós vamos para a Inglaterra, e então eles vão saber quem estão enfrentando. Vamos para a Inglaterra e vamos acabar com a arma secreta deles. Não vou descansar até que Harry Potter esteja morto.

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O avião pousou em Londres pela madrugada, e depois disso, Elinor abriu os olhos. Durante o vôo, ela não relaxara por um instante sequer, Sirius observou com preocupação, mas não disse nada. Desde que eles encontraram Christopher morto, a loira evitava um contato mais íntimo com ele. Sirius deduziu que a loira deveria estar se sentindo culpada pelo assassinato do ex-marido pelos comensais, e tentou conversar sobre isso inúmeras vezes, mas Elinor sempre tinha algo para preparar para a viagem, ou ela estava cansada demais para conversar.

Não foi tão difícil passar pela alfândega. Os documentos do padrasto de Elinor, depois de uma pequena alteração nas datas, enganaram os fiscais. A semelhança física entre os dois era imensa.

O casal saiu do aeroporto direto para um hotel e, ao contrário do turista comum, que estaria planejando visitas aos pontos turísticos londrinos, Sirius e Elinor planejavam como atacariam Harry Potter.

- Não parece ser um esconderijo muito secreto... – Sirius disse ao ler o papel com o endereço. Eles encontraram entre as coisas de Christopher na casa antes de irem embora. – Rua dos Alfeneiros, número 4, Surrey.

- Ele deve estar protegido, mas eu sei como entrar na casa sem sermos vistos. E depois...

Antes que Elinor terminasse a frase, Sirius a interrompeu.

- Eu cuido do garoto. Você não está sozinha. Dumbledore deve ter sido o culpado por eu perder a memória, quero que ele sofra uma derrota tanto quanto você. E eu não vou esperar muito tempo. Nós vamos hoje.

A loira olhou séria para Sirius, sem gratidão. Não imaginava como ele estava se sentindo por estar a poucas horas de matar, mas sabia que deveria estar sendo difícil. A idéia de desistir e voltar para os Estados Unidos passou pela mente de Elinor, mas não daria certo. Para onde eles fossem, seriam caçados por inimigos que só desistiriam quando os encontrassem. Ela só poderia concordar.

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O rapaz de dezesseis anos colocou a coruja dentro da gaiola. Em seguida, guardou suas coisas dentro do armário. Acabara de chegar da escola, e ainda escutava os tios reclamarem no andar debaixo por terem que ficar com ele por mais um verão, mas o rapaz não os escutava. Estava observando o reflexo no espelho da porta interna do armário, observando atenciosamente a cicatriz em sua testa.

Era aquela cicatriz que tornava Harry Potter um rapaz especial que, excetuando a cicatriz e o que ela representava, seria um rapaz normal. Porém, ele não era. Estava ligado a um terrível bruxo das trevas que durante o último ano deixou bem claro que retornara para concretizar seus planos. Os bruxos estavam aterrorizados, e mesmo os trouxas começavam a notar sua presença. A discussão entre tia Petúnia e tio Válter no andar de baixo, sobre se Harry deveria ser expulso de casa ou não, era uma prova disso. Os dois estavam com medo do que aconteceria a eles se algum bruxo, na tentativa de matar Harry, explodisse a casa, ou coisa parecida.

Harry sentou-se na cama e tentou ignorar a discussão dos tios, mas era difícil não pensar nas pessoas que sofriam por sua causa. Durante o último ano perdera alguns amigos, e várias famílias perderam parentes em ataques. A maior perda, no entanto, era Sirius.

Fazia pouco mais de um ano que vira o padrinho pela última vez, quando ele atravessou o véu. A dor ainda era recente, e ele estava certo que nunca passaria. Sirius era sua única família, e de repente, estava sozinho.

Hermione e Rony tentaram convencê-lo de que estavam do lado dele, mas não era a mesma coisa. Sirius nunca o questionou, e sempre procurou entender o que o afilhado fazia. Hermione dizia o tempo todo como ele deveria ser responsável e evitar se arriscar, enquanto que Rony fazia brincadeiras quando Harry preferia ficar sozinho. Harry percebeu que não estava triste por ficar longe dos dois amigos, pelo menos por alguns dias.

O rapaz se deitou, mas não dormiu. Ainda estava acordado quando tia Petúnia e tio Válter foram dormir, sem ter chegado a uma conclusão sobre o que fazer com o sobrinho, e continuou assim por muito tempo. Não fazia idéia de que horas eram. A rua estava silenciosa, e dentro de casa, o único barulho era o ruído dos roncos de Duda e do tio. Tudo estava silencioso o bastante para que ele escutasse o barulho de pessoas subindo a escada, e assim que ouviu a porta do quarto sendo aberta, se sentou de uma vez, com a varinha na mão.

Lentamente, a porta se abriu. Eram duas pessoas, uma mulher loira vinha na frente, e logo atrás, um homem de um rosto familiar, a pessoa que ele mais sentiu falta durante o último ano. Atrás da mulher estava Sirius Black.

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Sirius não imaginou que Harry Potter pareceria tão novo. Ele tinha dezesseis anos, mas aparentava menos. Porém, nada o preparou para o que aconteceu a seguir. O rapaz se levantou, sorrindo, os olhos brilhando com alegria.

- Sirius! É você mesmo?

- Não escute o que ele diz! Ele vai tentar enganar você! Faça o que tem que ser feito e vamos embora, não sabemos quantos estão vigiando ele!

Concordando com a cabeça, Sirius apontou a arma que segurava para Harry.

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Harry não acreditava no que via. Era Sirius, na sua frente! Estava indo abraçar o padrinho quando a mulher falou em tom cortante, e de repente, parecia que estava num pesadelo. Sirius segurava uma arma apontada para ele.

- Sirius, sou eu, Harry! O que está acontecendo aqui? Quem é essa mulher?

- Não escute o garoto! Atire logo!

Era irreal o olhar de raiva com o qual o padrinho o encarava. Contra a própria vontade, Harry começou a chorar e disse com aflição.

- Sirius, você não pode atirar em mim!

- Atire, Sirius! Atire de uma vez! – a mulher disse, encorajando-o.

Ignorando o pedido do menino, ele puxou o gatilho da arma.

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A incerteza dominava Sirius. Harry Potter não passava de um garoto, e parecia conhecê-lo, ou então, era um ótimo ator. Do outro lado, Elinor o incentivava a atirar. Ele engatilhou a arma, e se preparou para atirar.

Mas antes que ele atirasse no rapaz, ele gritou uma última vez, ao mesmo tempo em que Elinor também gritava.

- Sirius, não, você é meu padrinho!

- Atire!

A mistura de vozes não deixou que ele entendesse nada. A cabeça começou a doer, e ele quase largou a arma. Ele fechou os olhos, e quando abriu, foi como se tivesse ido para um outro lugar e acabado de chegar. E voltara com o que tinha perdido. Sabia quem era, quem Harry era e o que significava, mas, principalmente, sabia quem era Elinor. Ele deu as costas para Harry, e apontou a arma engatilhada para a mulher.

N/A: Obrigada pelas reviews!! Q bom vcs estarem lendo e gostando!! Bem, finalmente a ida tão esperada pra Inglaterra... Algumas perguntas respondidas, mas muitas, muitas dúvidas ficaram... Esse capítulo foi o mais difícil de todos pra escrever, e um dos motivos pra eu ter desistido, por isso, desculpem se não estiver tão bom assim... Até semana q vem (isso quer dizer: n se desesperem, semana q vem eu posto o cap 8!!! Heheheh)!!