10. MOMENTO

Aquele estava sendo o verão mais quente da década, mas mesmo assim, bruxos e bruxas tomavam conta das ruas do Beco Diagonal. Faltavam apenas duas semanas para o início das aulas em Hogwarts, e pais e alunos estavam lá para comprar o novo material escolar, mas muitos pararam o que faziam para ver Harry Potter e Sirius Black saírem da Floreios e Borrões.

Sirius era alvo dos olhares por ter sido inocentado recentemente. Muitos bruxos ainda suspeitavam dele, mas ele realmente não se importava. Harry, por outro lado, tinha dificuldades para evitar os outros. Adivinhava o que eles sentiam, pois a reação era a mesma dos estudantes de Hogwarts. Alguns achavam que ele era o culpado do que acontecera com seus familiares e pelo retorno de Voldemort, enquanto que outros o apoiavam.

- Não se importe com o que eles pensam – a mão de Sirius no ombro de Harry o acalmou. – São uns idiotas, não fazem a mínima idéia do que está acontecendo.

Harry concordou, sem estar arrependido de ter ido ao Beco Diagonal. Passou todas as férias escondido, e era praticamente a primeira vez que saía de Grimmauld Place. Estava animado para rever os amigos. Só vira Rony e Hermione na festa de aniversário, e queria saber porque eles não estavam no quartel da Ordem da Fênix. Quando ouviu a voz de Hermione discutindo com Rony e viu os dois, juntamente com Gina, Neville, Gui e Carlinhos, saindo de Gringotes, porém, adivinhou que não ficaria muito tempo sem saber a resposta.

- ... se você não consegue entender a diferença entre...

Rony foi o primeiro que viu Harry, e aliviado por ter um motivo para interromper Hermione, apontou para o amigo.

- Olhe, o Harry já está aqui!

Sem esperar por Hermione, Rony foi até Harry. A garota, sem outra alternativa, balançou a cabeça e acompanhando os outros, seguiu Rony.

- Oi, Harry – Rony começou, e ao ver Sirius, acrescentou depois que os outros cumprimentaram Harry. – Você não é a única escolta do Harry, é?

- É claro que não! – Hermione respondeu, girando os olhos com impaciência. – Eles estão escondidos, assim como a nossa escolta também.

- Eu sabia, só estava confirmando – Rony respondeu, mal-humorado, fazendo Harry rir. Sentia saudades até mesmo das brigas dos amigos.

- Vocês estão me lembrando o Tiago e a Lílian – Sirius disse. – As discussões deles eram pelos mesmos motivos bobos que as de vocês dois, mas eu sempre desconfiei que eles brigavam só para fazerem as pazes depois.

Rony e Hermione coraram violentamente, e Harry riu ainda mais. Os dois amigos estavam namorando desde o Natal do ano passado, mas eram bastante discretos.

- Onde vocês passaram as férias? Pensei que vocês ficariam em Grimmauld Place – Harry perguntou, mudando o assunto.

- Eles estavam comigo – Neville disse. – Dumbledore achou que isso distrairia os Comensais, fazendo eles pensarem que você estava em casa também.

- Mas não aconteceu nada, não? – Harry perguntou, preocupado.

- Nada que os aurores que estavam nos protegendo não pudessem conter – Gina disse, tranqüila. – Eles pararam de tentar atacar quando perceberam que você não estava com a gente.

Harry respirou aliviado, e sorriu para Gina. A ruiva foi uma grande amiga durante o sexto ano dele em Hogwarts, desde que ela começara a falar na frente dele, os dois se tornaram mais próximos.

Todos estavam conversando entre si, apontando para os objetos nas vitrines, mas todos ficaram animados quando passaram em frente à loja de materiais esportivos. Na vitrine, estava à mostra a nova Firebolt série F-3, e Rony murmurava como seria ótimo se o time da Grifinória voasse numa F-3. Desde que ele se tornara o capitão do time da Grifinória, com a saída de Katie Bell, antiga capitã, ele ficou um pouco paranóico com o quadribol. Até mesmo Hermione admirava a vassoura, e conversava com Gina.

Todos estavam distraídos para perceber a cobra verde que começava a se desenhar no céu. Mas nem todos estavam tão distraídos. Sirius estava alerta o bastante para ver a linha verde que corria na direção deles, e envolvia tudo o que estava em sua frente numa armadilha sem saída.

Sirius não gritou para que os outros se escondessem. Sacou a varinha e ficou em posição de ataque, e o grupo o imitou, observando a cobra verde que saía da caveira e sobrevoava o céu ameaçadoramente.

Em seguida, foi a vez da multidão no Beco Diagonal ficar ciente do que estava acontecendo. A visão do sinal de perigo no céu fez com que bruxos tentassem aparatar, mas era impossível fugir depois de estar envolvido pela luz verde. Muitos gritavam e corriam, assustados, sem ao menos estarem vendo os comensais. Mas logo o céu estava tomado por bruxos encapuzados, montados em vassouras, e no chão, outros aparatavam.

Os comensais começaram a lançar feitiços. Lojas explodiam, e os bruxos que não se feriam, corriam. Sirius, Harry, Rony, Hermione, Gina, Nevile, Gui, Carinhos e a escolta que estava escondida imediatamente começaram a atacar os comensais e a proteger os bruxos do Beco Diagonal.

Entre os Comensais, estava Elinor. Ela ainda não recebera a Marca Negra, mas se fosse bem sucedida no ataque, com certeza se tornaria um comensal. Tentando focalizar isso, ela começou a enfrentar uma bruxa que fazia parte da escolta de Harry, enquanto que praticamente ao lado dela, Sirius duelava contra um comensal.

Nenhum dos dois estava totalmente centralizado na luta. Cada um estava ciente da presença do outro. Sirius reconheceu Elinor assim que a viu, pelos gestos, e a voz dela dizendo os feitiços confirmou isso. Os dois estavam lutando contra outros inimigos, mas pensavam na luta que aconteceria cedo ou tarde.

Elinor lançava feitiços contra sua oponente, mas a bruxa era experiente e bem treinada. Desviava dos feitiços com destreza, até que um dos feitiços da loira acertou a bruxa. Elinor sorriu quando sua oponente caiu, desacordada, e não precisou se virar para saber que Sirius estaria atrás dela, pronto para iniciar o duelo que previra. Ela retirou a máscara. Não precisava disso entre os dois.

- Como eu disse – ela falou, um sorriso cínico no rosto.

- Eu nunca duvidei disso – Sirius respondeu, pondo-se em posição de ataque.

A loira o imitou, e o duelo começou. Várias seqüências de raios coloridos saiam das varinhas dos dois, sem que nenhum deles fosse atingido. Os feitiços eram derrotados por um contra-feitiço, ou eram desviados, até que Elinor acertou o primeiro feitiço em Sirius.

- Ingemino Animus! (sobre esse feitiço, ver N/A1)

Ele sentiu como se seu cérebro estivesse se duplicando. Com dificuldade, conseguiu se manter de pé e lançar um feitiço, mas Elinor facilmente desviou-se dele. Ela aproximou-se de Sirius, com um sorriso de triunfo e a varinha apontada na direção dele. Porém, quando a loira estava prestes a dizer o feitiço, Sirius se levantou, totalmente recuperado. O feitiço que Elinor lançara causava confusão e imensa dor num primeiro momento, mas o efeito principal era aumentar a percepção, e Sirius já sentia esses efeitos. Percebeu que aquele era o momento, e lançou o feitiço no momento em que a loira menos esperava.

- Immobilus!

O feitiço atingiu Elinor, e exatamente como na visão, estava caída no chão. Sirius apontava a varinha na direção dela, com determinação, mas Elinor não olhava mais para ele. Ela via, com espanto, Bellatrix apontar a varinha para Sirius, e entendeu que a luz verde que vira foi a do feitiço que a comensal estava prestes a lançar indo em direção ao primo. E ela percebeu que aquele era o momento de fazer o que deveria ter feito desde o começo.

Elinor foi rápida o bastante para que Sirius, surpreso, não fizesse nada. A loira se levantou e disse o feitiço com fúria, antes que Bellatrix terminasse.

- Estupefaça!

A morena encarou a outra com surpresa por um segundo antes de cair desmaiada, e só então, Elinor abaixou a varinha, mas não desviava o olhar de Bellatrix. Atrás dela, Sirius observava a cena, sério e impassível.

-x-x-x-

O Hospital St. Mungus estava bastante movimentado. Curandeiros e curandeiras corriam pelos corredores, apressados, mas alheios à movimentação, Sirius e Dumbledore conversavam enquanto uma enfermeira examinava o animago.

- Eu sei que deveria ter alertado sobre o atentado, mas eu nunca acreditei que aquilo aconteceria – ele falou enquanto uma curandeira colocava um curativo na cabeça dele.

Dumbledore ignorou a mentira de Sirius, e concordou com a cabeça.

- Visões podem ser enganadoras.

- Mas eu não entendo... Como eu pude ver o que ia acontecer? Eu nunca tive visões.

- Eu imagino que foi por causa da perda de memória – o diretor disse, cruzando as mãos. – Você já lembrava de tudo, mas era muito recente. Ainda havia um vazio em suas lembranças, e quando Elinor tocou em você, sua essência mágica talvez tenha absorvido a visão como forma de preencher esse vazio.

- Pelo menos tudo terminou bem.

- Sim, ninguém foi ferido gravemente, e conseguimos prender Bellatrix Lestrange, graças a Elinor – Dumbledore fez questão de acrescentar, olhando fixamente para Sirius. – Ela se arriscou ao salvar você.

- Era o mínimo que ela poderia fazer – ele respondeu sem esconder a raiva que sentia da mulher.

- Você não está entendendo. Elinor se arriscou o suficiente para que todos os aliados de Voldemort passem a querer vê-la morta por ter traído Voldemort. Bellatrix e os outros comensais capturados foram uma enorme perda para a Ordem das Trevas.

- Ela sabia o que estava fazendo – ele murmurou em resposta com descaso.

- Exatamente, Sirius.

Dumbledore encarava Sirius, e, incomodado com o olhar interrogativo do diretor, o outro desviou o rosto.

- Ela é capaz de se virar sozinha.

- É claro que sim. Elinor me respondeu isso quando eu ofereci um lugar em Hogwarts. Ela disse que preferia voltar para o Canadá.

Rapidamente, Sirius olhou para Dumbledore. Por um momento, o diretor viu no rosto do ex-aluno toda a preocupação, mas logo ele retomou o autocontrole.

- Se ela quis assim, é porque pode ficar longe de problemas – ele se levantou. – Vou ir ver se está tudo bem com o Harry.

Enquanto Sirius saía da sala, Dumbledore o observava, pensativo.

N/A1: de acordo com meu dicionário de latim (se estiver errado, a culpa é dele!), Ingemino significa dobro, e Animus significa mente, consciência. Eu imaginei esse feitiço como dobrar a perspicácia e a inteligência. Como não usamos totalmente o nosso cérebro, ele precisaria se adaptar, daí vem a dor, num primeiro momento, mas em seguida, a pessoa está mais perspicaz.

N/A2: Luiza Potter, adorei a sua review! Obrigada por estar gostando tanto assim da fic (apesar de eu achar que eu não mereço tantos elogios...)! Guilinha Black, desculpa por ter te deixado ansiosa... mas acho que vou deixar ainda mais! Thati, n me importo nem um pouco em esclarecer dúvidas dos leitores, na medida do possível... Às vezes, não dá pra falar sem entregar o que vai acontecer... Garota Sonserina, a única coisa que posso dizer é que logo, logo você não vai estar mais triste, mas sim, ansiosa (eu espero........).