Capítulo 15 – A flor do deserto.

Passaram-se cinco anos desde que Anna deixara seu filho aos cuidados de Tamao e partira ao encontro de Yoh. Não teve muitas dificuldades para encontrá-lo. Encontrou seu marido apreensivo no aeroporto esperando por seu avião. Quando Yoh viu sua esposa andando em sua direção abriu um lindo sorriso para ela e fez menção de abraçá-la, mas Anna o afastou e olhou para ele com a expressão fria de sempre, o que o fez tremer por dentro.

Flashback

- Para onde você pensa que vai, Yoh Asakura? Perguntou a itako.

- Ele... Ele não está mais aqui no Japão. Respondeu o shaman.

- Hunf... Eu sei que ele não está mais no Japão. Mas, por acaso, você sabe para onde ele foi? Tornou a garota.

Yoh ficou calado. Não sabia como responder a pergunta. A única coisa que pensava era em ir atrás daquele homem. Não tinha parado para pensar em como iria achá-lo.

- Como eu imaginei. Para onde você comprou a passagem?­ Disse Anna.

- Eu... Eu não comprei passagem nenhuma. Respondeu Yoh com cara de bobo.

Me dê o dinheiro, eu vou comprar as passagens. Nosso destino é a América do Sul. Disse Anna.

- Mas, Anna... Eu não tenho dinheiro. Disse Yoh com um certo nervosismo.

-Você continua o mesmo tapado de sempre, Yoh Asakura. Disse a itako depois de dar um tapa na cara do marido. – Ainda bem que eu sou prevenida e trouxe bastante dinheiro. E foi comprar as passagens.

E assim Anna e Yoh partiram em busca de uma pessoa...

Fim do Flashback

Encontravam-se numa região deserta do Japão. A viagem de cinco longos anos tinha sido uma grande aventura para o casal de shamans. Eles tinham estado nos lugares mais caóticos do mundo e tiveram que resolver os problemas dos mais necessitados, tanto espíritos como pessoas vivas. Não tinham encontrado quem procuravam, mas essa viagem tinha rendido muito aprendizado para os dois jovens. Eles nunca se esqueceriam de tudo que viram e aprenderam durante ela.

- Anna, passaram-se cinco anos desde que a gente começou a procurar por ele... Começou Yoh.

- Mas, ele não quer ser encontrado. Interrompeu Anna.

- Pode ser, Anna. Mas, o que eu quero dizer é que valeu a pena essa viagem. Disse Yoh sorrindo para sua esposa.

Anna se virou para seu marido e lhe retribuiu o sorriso.

- Eu não quero interromper o casal, mas já é tempo de me revelar. Disse uma voz conhecida para os dois.

Yoh e Anna se viraram em direção daquela voz. A sua jornada estava chegando ao fim. Finalmente encontraram a pessoa por quem procuravam.

- Pode dizer agora o que você quer comigo, Yoh. Disse Hao se aproximando do irmão, enquanto Anna se afastava dos dois.

Silêncio. Yoh tentava escolher as palavras para conversar com seu irmão. Finalmente resolveu falar, meio receoso. Iria direto ao ponto:

- Já é hora de nos tornarmos um só.

- Por que, Yoh? Perguntou Hao, um pouco assustado com a afirmação de seu irmão.

- Eu sinto a sua tristeza a cada amanhecer. E... Eu não quero mais ver ela sofrer. Respondeu Yoh cabisbaixo.

- Não. Disse Hao.

- Mas, por que? Não era isso que você queria desde o começo? Vai ser melhor assim. Questionou Yoh.

- Você tem uma alma pura. Eu não posso condená-lo a mil anos de ódio. E quanto a ela... Foi você quem ela escolheu. Respondeu Hao.

Antes que Yoh pudesse retrucar com seu irmão, uma energia, vinda do 1080 da Anna, atingia Hao e ele caía no chão. A itako tinha canalizado no colar de contas a energia de todas as pessoas mortas pelo Hao e a redirecionado em direção ao shaman.

Anna correu a amparar Hao em seus braços. Iria dizer algo, mas fora interrompida por Hao, que colocara dois dedos em seus lábios. A itako ruborizara-se de leve.

- Não diga nada. Dizia Hao com certa dificuldade. - É um privilégio para um homem como eu morrer nos braços da mulher que eu amo... E essas foram as suas últimas palavras, seu último suspiro, sua última lágrima e seu último sorriso.

Yoh, que tinha ficado paralisado diante à situação, conseguiu reunir forças para fazer uma pergunta para sua esposa:

- O que você fez, Anna?

- ... Olhe para ele, Yoh. A expressão dele é de paz. Ele morreu com um sorriso nos lábios. O mais sincero sorriso que ele teve em todas as suas existências. O Hao carregava consigo uma culpa de mil anos de assassinatos. Agora ele conseguiu se perdoar. Respondeu a itako.

Yoh se agachou na frente de sua esposa e limpou uma lágrima que escorria de seus frios e misteriosos olhos. Ela também tinha sentimentos. Ele sabia como estava sendo difícil para ela lidar com aquela situação. E como fora difícil tomar aquela decisão.

- Eu entendi, Anna. Você o libertou. E Yoh levou sua mão para a região de seu coração. – Agora eu sinto uma grande paz aqui dentro.

E os dois enterraram Hao do lado de uma linda flor, que aparecera misteriosamente naquele deserto. Ambos sabiam que um dia aquele lugar seria um lindo campo florido. Assim como a consciência de Hao, onde nascera amor e paz no lugar de mil anos de ódio e destruição acumulados.