Capítulo sete

Conversa na cama

Entre 11:00 e meia-noite

"Então você era um roqueiro punk?", ela perguntou, sem esconder o tom divertido da sua voz.

"Na-na-na-não. Eu apenas gostava de ouvir música sempre que estava fora da escola."

Ela achou ter ouvido uma sugestão de gracejo na voz dele e admirou-se com o novo Professor Snape que ela estava vendo. É claro que estarem aprisionados era um grande uniformizador. Se eles conseguissem sair dali vivos ela não tinha dúvidas que ele voltaria a ser o velho Snape. Mas ela não podia evitar questionar-se se talvez a atitude dele em relação a ela iria mudar. Eles haviam, enfim, feito xixi na presença do outro....

"Eu não consigo imaginá-lo com o cabelo azul e um piercing no nariz", insistiu ela se divertindo.

"Eu garanto que não!"

Houve um silêncio agradável antes que ele acrescentasse:

"Ao menos que fosse verde por Sonserina..."

Ela riu.

"O que o fez escolher essa música?"

"Foi a primeira que me veio a cabeça."

"E você já?", ela perguntou.

"Eu já o que?", ele devolveu a pergunta.

"Se apaixonou por alguém que não deveria?"

Ele se calou.

"Isso é pergunta que se faça ao seu professor?"

"Se você escolheu exatamente essa música depois de todos esses anos é porque ela deve ter tido uma importância especial para você."

"Você realmente é...eu apenas lembrei essa determinada música, só isso."

Ela se afastou um pouco para olhar melhor para ele.

"Eu não acredito em você", ela sorriu. "Eu acho que você teve um amor secreto."

"Você é apenas uma romântica. Eu não tive nada disso."

Ela deixou que um silêncio se fizesse entre eles antes de continuar:

"Então, qual era o nome dela?"

"Hermione...", ele disse usando um tom de advertência.

"Ah, o mesmo nome que eu!", ela o provocou.

"Isso é loucura. Por que eu estou...? Ok, existiu alguém sim, se você realmente quer saber. Mas chega de perguntas, isso é meu assunto pessoal."

"E por que você não podia se apaixonar por ela?"

Por um instante ele pensou em contar a verdade a ela, mas...

"Nós podemos mudar de assunto, por favor?"

Ela tremeu.

"Está ficando mais frio...", ela afirmou.

"Eu já tinha notado."

Ela olhou o seu relógio.

"Quase meia-noite, vai ficar ainda mais frio antes do amanhecer."

"Isso pode ficar desconfortável", ele supôs.

"Até mesmo perigoso", ela acrescentou.

Silêncio.

"Você sabe, existe um outro truque de sobrevivência...", ela disse cuidadosamente.

"Nem ao menos pense nisso."

"Pode ser o único jeito", ela continuou.

"Eu prefiro esperar para ver."

"Você sabe do que eu estou falando, não sabe?", perguntou Hermione.

"Sim, e está totalmente fora de questão."

"Bem, eu admito que é um pouco inortodoxo, mas pode ser necessário...", ela alegou.

"Não apenas inortodoxo, mas completamente inapropriado", Snape contestou.

"Inapropriado?"

"Eu sou seu professor!"

"Então o que seria apropriado? Harry vencer e quando eles vierem nos soltar nos encontrarem mortos de hipotermia?", argumentou a bruxa.

"Não, inapropriado seria eles abrirem a porta e nos encontrarem na cama juntos, nus."

"Mas o calor do nosso corpo se manterá melhor se..."

"Não!"

Ela franziu a testa.

"Bem, sabe de uma coisa? Eu acredito que nós vamos vencer essa batalha e eu quero sobreviver e celebrar...". Ela colocou as mãos sob o manto, levantou o bumbum e tirou o short. "Eu não vou deixar uma coisinha como impropriedade ficar no meu caminho". Ela se sentou e tirou a camiseta com um só movimento e colocou as duas peças sobre o manto antes voltar a deitar-se do lado dele.

Ela olhou para ele.

"Você pode me deixar congelar, se quiser, mas então como isso irá parecer quando eles abrirem a porta?"

Entre Meia-noite e 1:00 da manhã

Ele estava sem fala, sem fôlego, sem ação...

Em um piscar de olhos ela estava...

...ao lado dele, na cama e nua!

E ela queria que ele ficasse nu também!

Ela estava certa, é claro. A melhor maneira de presevar o calor do corpo era manter contato pele-a-pele, mas isso era tão... ele simplesmente não podia...ele seria levado a julgamento perante o Ministério se...

...mas ela estava nua e tremendo ao lado dele. Ela congelaria a menos que ele... Tinha que haver outro jeito. Pense. Pense. Pense.

"Vire-se de costas", ele ordenou.

Sem uma palavra ela se virou para a parede. Ele saiu da cama e viu aquelas costas macias e nuas antes de cobrí-la novamente com o manto.

Rapidamente ele se despiu, colocando as suas roupas sobre o manto, como ela havia feito.

"Oh por favor, rápido. Está tão frio", ela implorou.

"Bem, até agora nenhum problema", ele pensou quando olhou para seu próprio corpo nu. O frio tinha feito tudo se retrair até quase sumir de vista.

Ele voltou para a cama, tremendo de frio e...

"Rápido, coloque seus braços ao meu redor", ela pediu.

Ele se moveu para executar o que era pedido e então tomou consciência de duas coisas ao mesmo tempo: primeiro, se ele a abraçasse, ele não sabia onde ele poderia colocar as mãos sem que tocassem alguma parte íntima do corpo dela; e segundo, o corpo dele parecia estar se recuperando do ar frio em uma velocidade alarmante.

Foi a vez dele engolir em seco.

Ele estava agora em um território extremamente perigoso. O grande teste.

Entretanto, ele, Severo Snape, não era o único Comensal da Morte capaz de cerrar sua mente ao Lorde das Trevas? Se ele era capaz de bloquear o expoente máximo das Artes das Trevas, então sem dúvida ele poderia dar conta de uma mulher nua. Certo?!

"É melhor que nós nos viremos e você me abrace", ele disse.

"OK"

Ele virou-se rapidamente e o braço dela deslizou ao redor da cintura dele.

Ele podia sentir os cabelos dela fazendo cócegas no seu ombro... a respiração dela em suas costas...mamilos rígidos roçando a sua pele.

Ele fechou seus olhos e tentou em vão controlar a ereção.

Pegue o cérebro de um peixe-voador e reduza-o a uma pasta com duas gotas de sangue de dragão...

"Professor?", ela chamou.

"S..?", e ele limpou a garganta antes de tentar falar novamente. "Sim?"

"Você sabe que esse não é o jeito certo, não é?"

"Esse é o único jeito..."

"Não seja tão imaturo! Seus orgãos vitais irão congelar se você não se virar de frente para mim."

Seus orgãos vitais? Seu rim esquerdo não era exatamente o orgão vital com que ele estava preocupado no momento.

"Não se preocupe comigo", ele respondeu tentando evitar a confrontação. "Se você ainda estiver com frio, chegue mais perto das minhas costas."

Por que ele sugeriu aquilo? Péssima idéia!

Ela se ajeitou mais perto dele e agora ele podia sentir pêlos pubianos roçando seu traseiro quando ela se encaixou tudo em uma tijela de cobre que tenha sido deixada à luz da lua cheia...

"O que você está fazendo?", ele peguntou ríspido.

"Nada."

"Então pare de se mexer!", ele ordenou.

"Eu só estou tremendo", ela respondeu.

"Você não pode estar com tanto frio!" Oh, céus! Ele estava pegando fogo.

"Eu estou sim."

E ela tremeu outra vez.

E outra vez.

Como ele foi se colocar naquela situação? Isso iria exigir toda a sua habilidade em oclumência...

Ele desistiu e se virou para ela. Ele olhou diretamente por sbre a cabeça dela, se concentrando na parede enquanto a envolvia em seus braços.

...depois acrescente três penas de pássaro de fogo...

"Oh!", e ela deu um gritinho.

Ele fechou os olhos. Será que precisava perguntar o motivo?

"Eu peço desculpas, mas é apenas uma reação natural do corpo por estar tão próximo a outro. Eu lhe asseguro que não é nada pessoal", Snape afirmou, sem acreditar em uma única palavra.

"É mesmo?"

"Claro. É apenas uma reação instintiva."

"Uma reação instintiva?", insistiu ela.

"Sim", confirmou ele.

"Ah, é um alívio ouvir isso."

Foi só então que ele percebeu que estava, na verdade, desapontado por ouvir essas palavras. Obviamente havia uma pequenina esperança, submersa em sua mente de que... talvez... ele não tivesse que lutar contra isso, afinal.

"Então deve ser isso que está acontecendo comigo", ela sugeriu.

O sangue congelou nas veias ?"

"A reação natural do meu corpo por estar tão próximo a outro...", ela declarou.

"O que?", ele perguntou aturdido.

"...é que de repente eu estou completamente molhada entre as pernas..."

Céus, tenha piedade! Ele não esperava por isso.

"Isso mesmo", ele conseguiu dizer através da sua garganta quase fechada. "É apenas a reação natural do seu corpo. Ignore-o."

"Isso é muito difícil", ela insistiu.

"Tente dormir", ele sugeriu.

"Especialmente com meus seios espremidos contra o seu peito..."

... AQUEÇA EM UM CALDEIRÃO MÉDIO POR NO MÍNIMO QUARENTA MINUTOS...

"..quase como se eles precisassem ser..."

"Hermione..."

"...e tem também essa pulsação ..."

"Você quer ficar calada!", e ele podia ouvir o desespero na própria voz.

"...no meu ventre..."

"Por Merlin, mulher! Você é completamente ingênua?", ele gritou quase furioso.

Ela olhou para ele com aqueles enormes olhos castanhos.

"... quase como se meu corpo estivesse exigindo... sexo."

Ele sentiu como se uma explosão o tivesse atingido. Completamente chocado e excitado, seu corpo coberto de suor ao ouvir tal palavra...tal proposta...vinda daquela boca. Ele a encarou e percebeu que ele era o ingênuo. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.

Aquilo era demais para ele...ele não era exatamente um santo, para começo de conversa...

Ele tomou o rosto dela em suas mãos e a beijou.