Capítulo Nove
De um jeito ou de outro
Entre 3:00 e 4:00 da manhã
Ela era bela. Ela era extraordinária. Ela era surpreendente.
Sentir o corpo dela ficando tenso sob o dele e estremecendo durante o clímax, era intoxicante.
Ela estava se contorcendo, as unhas cravadas em suas costas, gritando de prazer e logo depois respirando rapidamente enquanto seu corpo se recuperava.
As mãos dele tremiam quando ele levantou a cabeça dela para beijá-la, encontrando sua face rosada e seu corpo brilhando com o suor.
"Bravo! Bravo! Diga-me, Severo, o que é necessário para conseguir um bis?"
Hermione gritou e levantou-se o mais rápido que pode, virando-se para a voz.
Não! Não, podia ser!
Lúcio Malfoy estava parado à porta, ameaçador, sua varinha apontando diretamente para eles. Atrás dele estavam Nott e Crabbe, rindo com lascívia.
Lúcio entrou na cela e se posicionou ao lado da cama, sempre apontando a varinha para eles.
"Então vocês descobriram uma forma de passar o tempo enquanto estavam trancados aqui", Malfoy afirmou movendo a cabeça para encarar Snape, que havia se colocado na frente de Hermione, protegendo-a. "Eu espero que ela tenha valido a pena, o seu último encontro."
"Não pode ser!", gritou Hermione em desespero. "Não pode ser! Onde está Harry?"
"Potter está morto, junto com seus outros companheiros patéticos. O Lorde das Trevas triunfou e agora está ansioso por acertar velhas contas."
Malfoy fez um sinal para Nott e Crabbe. Eles marcharam em direção a Severo e o seguraram pelos braços, arrastando-o até a porta. O professor lutou contra eles, mas ele estava em franca desvantagem."
"Não!", Hermione berrou atrás dele.
Ele virou-se para ela e a viu saltar da cama em sua direção.
"Hermione!", ele gritou quando um de seus captores a empurrou com força.
"Parem!", ordenou Malfoy.
Ao ouvirem a voz de Lúcio, os Comensais congelaram e olharam para ele.
"Eu acho que nós podemos gastar algum tempo com esses dois", falou Malfoy enquanto fechava a porta. "Coloque ele ali", e indicou o canto da cela com sua varinha.
Snape foi arrastado para o canto da sala, os dois Comensais da Morte mantendo-o imóvel. A varinha de Nott diretamente em seu pescoço.
"Você fique exatamente onde está, ou eu o matarei", declarou Lúcio apontando a varinha para Hermione.
Ele se virou outra vez para Severo, um sorriso sádico estampado nos lábios. Seus olhos percorreram o corpo nu do professor com desdém.
"Isso é tudo que você pôde oferecer a ela, Severo? A coitadinha deve estar louca de frustração...Eu disse para você não se mexer!", Lúcio ordenou sem se virar para Hermione, mas apontando a sua varinha para ela assim que ela começou a se mover em direção a eles.
Malfoy virou-se lentamente e ficou cara a cara com a bruxa. Snape sentiu seu estômago revirar quando percebeu qual era a intenção dele.
"Lúcio...", Snape começou, com a voz embargada no pânico que sentia por ela. Ninguém o escutou.
Lúcio andou até Hermione e num movimento repentino a segurou pelos cabelos, fazendo com que ela o encarasse.
"Eu acho que vou deixar nosso amigo assistir, hein? Ele pode resistir no início", Malfoy sussurou no ouvido dela, mas olhando para Snape. "Mas secretamente ele vai gostar. Ele sempre gostou."
Mais uma vez Severo tentou se libertar de seus captores sem sucesso.
Lúcio empurrou Hermione de volta para a cama.
Snape podia sentir seu pânico aumentando, o desespero de não poder fazer nada para protegê-la.
Então ela olhou para ele, diretamente nos olhos e disse:
"Eu não tenho medo", seu rosto forte e corajoso. "Nada pode me abater depois de nós dois."
"Deixe-a Lúcio, por favor, deixe-a. Eu responderei a tudo que você quiser saber", o professor ofereceu.
"A proposta seria tentadora a alguns dias atrás, mas agora você não tem mais nada a oferecer, Severo", e virando-se para os outros Comensais acrescentou. "Bem, não devemos deixar a dama esperando."
Ele voltou-se para Hermione e ela virou o rosto. Lúcio deu-lhe um tapa. "Muito bom, uma luta sempre me excita. A donzela quer se preservar."
"Tarde demais, seu canalha. Severo já esteve aqui antes."
Lúcio Malfoy apenas sorriu.
"Você acha que eu quero as sobras de Severo Snape?", e ele a jogou na cama, com o rosto virado para o colchão, as costas nuas voltadas para ele. "Você tem outros locais inexplorados..."
Ela soltou um uivo de terror.
"HERMIONE!", ele gritou enquanto lutava para se desvencilhar dos captores, seu peito dilacerado pelos gritos dela.
"HERMIONE..."
"Está tudo bem. Está tudo bem...
A cabeça dele girava, podia sentir a pulsação acelerada em seu pescoço, pânico e confusão o dominavam. Braços estavam a volta dele, mas não mais os braços ásperos e frios de seus captores, eles agoram eram macios e quentes. E quando ele abriu os olhos o rosto dela estava sobre o dele, preocupada, linda...
"Humm...?"
"Está tudo bem", ela sussurou acariciando o rosto dele e tentando acalmá-lo. "Você estava apenas sonhando."
"Sonhando?"
Tudo aquilo? Certamente não tudo.
Ela olhava para ele com olhos brilhantes e uma expressão, tão... nunca antes ele havia recebido tal afeto.
Ele a olhou nos olhos, dominado pela sensação de alívio por ela estar fora de perigo. Aliviado porque ainda não havia um vitorioso. Ele fechou os olhos tentando não pensar mais no sonho, mas não conseguiu conter a doce emoção de tê-la sob seus olhos, tão perto, tão deliciosa e ainda dele.
Ela o abraçou, mantendo a cabeça dele entre os seios. Ela o embalou e o tranqüilizou. Ele passou os braços ao redor da cintura dela, segurando-a, não querendo jamais abandoná-la. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas desistiu no último momento.
Entre 4:00 e 5:00 da manhã
Qualquer que tenha sido o sonho, ele não foi um sonho feliz. Começou com ele murmurando e virando a cabeça para os lados, como que lutando contra alguma coisa. Depois ele começou a gritar o nome dela, puro pânico na voz...
Quando ele acordou seus olhos tinham uma expressão de pavor, como uma criança acordando de um pesadelo. Hermione ficou feliz por ser ela a confortá-lo e acariciá-lo até que o bicho papão fosse esquecido.
Ela não havia dormido. Como poderia? Sua mente repassava vezes sem fim o que havia acontecido entre eles. A maneira como ele a tocara, os beijos dele, cada movimento que fizera com que ela explodisse de paixão.
Ela o observou enquanto ele dormia. Ela nunca havia imaginado que o veria em tal situação. Seu professor de Poções adormecido e nu, na cama com ela. Seu primeiro amante.
Não mais uma menina, não mais uma virgem. Ela agora fazia parte do mundo das mulheres. E ele foi maravilhoso. Não tinha doído, bem, pelo menos não tanto quanto ela esperava.
Todas as garotas do seu ano sabiam que Lisa Turpin tinha sido a primeira a perder a virgindade, no terceiro ano, na torre de astronomia com Leonard Flax. Os rumores se espalharam rapidamente e a cada nova versão os detalhes se tornavam mais terríveis. No final parecia que a pobre Lisa tinha participado de uma sessão de tortura e não de um encontro sexual.
Depois houve um sem número de garotas que cederam ao charme dos rapazes de Beauxbatons e Durmstrang durante o torneio tribruxo...
... e tantas falavam sobre Draco Malfoy e suas mãos bobas que era quase um insulto não ter sido abordada por ele. Ela não se sentia insultada. Ela sabia exatamente porque ele não a incomodava: ele morria de medo dela.
Apesar de todas aquelas histórias, ela nunca ouvira uma palavra sobre o prazer da primeira vez, parecia que todos estavam sempre muito nervosos para desfrutar o momento.
Agora tinha acontecido com ela. O choque havia passado, mas ela ainda estava aturdida com os detalhes: a coragem dela, a paixão dele, o clímax de ambos.
E ali estava ele, embalado em seus braços.
Ela moveu um pouco o rosto, beijou o topo da cabeça dele e engoliu uma lágrima que escorrera. Ele não devia vê-la chorando.
Logo tudo estaria acabado e ele a deixaria,
de um jeito ou de outro.
