DUAS REALIDADES


Duas Realidades
Episódio XVIII – A Intensidade Do Presente


Hermione e o jovem Snape passaram toda a refeição praticamente em silêncio. Era estranha a sensação que pairava sobre ambos, talvez fingindo que nada havia acontecido ou temerosos de tocar no assunto, mas alguém tinha que começar e Severus sentia-se nessa obrigação, só não sabia muito bem como fazê-lo.

Terminada toda a refeição, Severus tornou a encher sua taça com vinho francês, recostando-se na cadeira, tentando não olhar diretamente para Hermione, para não intimidá-la ainda mais. A garota, que também havia terminado sua refeição, não sentindo ainda a devida coragem de tocar no assunto sobre o que aconteceu há dois dias atrás, tenta dar mais um tempo a si mesma e levanta-se, começando a recolher a louça para levá-la de volta à cozinha, mas é impedida pelo rapaz, que mantinha um ar indignado.

—Deixe isso.. a Senhorita já fez muito em preparar a comida...

Com um aceno quase imperceptível de sua varinha, Severus fez desaparecer toda a louça e o jogo-americano que estavam sobre a mesa, deixando apenas as duas taças e a garrafa recém-aberta de vinho tinto.

Severus encheu a segunda taça e entregou-a à Hermione, que se sentia ainda muito pouco à vontade até mesmo para voltar a se sentar à mesa. O rapaz, que não queria, em hipótese nenhuma, pressionar ainda mais a garota, e foi até a pequena janela da sala, encostando-se no batente o observando a paisagem de início de noite, buscando a devida coragem de expor de uma vez por todas as suas suspeitas e tentar conseguir de Hermione a verdade sobre ela.

—Hermione... – Severus pronunciou o nome da menina de forma baixa e calma, chamando a atenção dela, e que a ela muito lembrou o tom de voz do Prof Snape. O jovem continuava ainda a olhar para fora da janela.

—...quando você esteve na Biblioteca da Universidade, procurava por livros sobre viagens no tempo, não é mesmo? Foi o que a 'velha rabugenta' me falou e disse que encontrou outros livros sobre o assunto que poderiam lhe interessar...

Hermione nada disse de imediato. Estava estática observando Severus com muita expectativa. Sentia-se nervosa, a respiração e pulsação alteradas; suas mãos estavam se umedecendo envoltas da taça de vinho que se aquecia e que ela sequer bebeu uma gota. A hora de esclarecer tudo que a envolvia naquela época finalmente havia chegado.

Severus, percebendo a insegurança da menina – embora ele próprio também o estivesse – tenta abrandar a situação, falando-lhe cautelosamente e o mais suave possível. Virou-se para Hermione, surpreendendo a menina com uma atípica expressão relaxada, quase serena, o que a lembrou muito aquele momento que antecedeu o beijo entre eles. Isso, de certa forma, a acalmou muito, encorajando-a.

—... e também, naquele momento em que eu... estava dominado pelas Trevas... você havia dito que... nos veríamos em outra época ainda... Bem.. acho que, ao menos, você poderia me dizer de 'quando' veio, não? Pois, agora eu tenho a certeza absoluta que não é de Hogwarts que nos conhecemos.. quero dizer, que você me conhece...

Hermione sorriu um sorriso triste ante isso, abaixando sua vista para a taça de vinho ainda intocada, levantando seu olhar para encarar o jovem Snape a sua frente, que esperava pacientemente por sua resposta. Mesmo tenso, o momento era engraçado, e Hermione não conseguiu disfarçar seu sorriso alegre, porém ainda tímido.

—É isso mesmo, mas... é de Hogwarts, sim.

Severus virou-se de frente para a garota, muito interessado no que acaba de ouvir. Sentia-se estranhamente confortável com a situação de ter diante de si uma pessoa que viera do 'futuro' e saber de muitas coisas que ainda estão por vir... talvez por, intimamente, isso não ter uma real importância, afinal, o que lhe era mesmo importante e caro era a presença de Hermione ali, não lhe interessando de onde, quando e como ela surgiu... ela estava ali sob o mesmo teto que ele, e isso bastava.

—E como poderia me conhecer de Hogwarts? Quando é que eu poderia voltar para lá? Dumbledore jamais permitiria minha ida para lá de qualquer forma, ele sabe que sou um comensal! – As palavras finais saíram amargas de sua garganta e Severus desviou novamente seu olhar para fora da janela, de onde podia se observar a noite maculada pelas luzes bucólicas dos postes.

Não era mais hora para vacilar e esconder o que sabia, e o que era.. ou de quando viera. Achava prudente não contar tudo que sabia tão logo de início, mas não podia deixar o jovem Snape mergulhado no pesar de sua condição.

Hermione aproximou-se do rapaz, tocando levemente em seu braço coberto pela manga da camisa negra que trajava. Severus virou-se num súbito, observando a garota com expectativa, sentindo a garganta travar e coração acelerar com tal proximidade, mas se havia algo que poderia acalmá-lo e confortá-lo, era a docilidade daquele olhar.

—Você voltará e Alvo Dumbledore o receberá como um filho.. e é com ele que estará a sua lealdade, para toda a vida, suponho...

—Isso... isso... – Severus ficou perturbado por instantes.. era muito estranho ouvir algo sobre o seu futuro. E era tão confuso que sequer cogitava em acreditar ou duvidar. —...isso é tão estranho, inacreditável! Mas.. se há um jeito de eu sustentar minha traição contra o Lord, será apenas ao lado de Dumbledore.. é lógico...

Severus voltar a encarar a moça, que ainda segurava com delicadeza o seu antebraço esquerdo.

—Quando?... quando acontecerá?

—De você aliar-se a Dumbledore?

O rapaz apenas assentiu com a cabeça.

—Não sei ao certo.. breve, eu suponho... na verdade, não sei quase nada sobre o que diz respeito a sua vida... – Hermione abaixou a cabeça, soltando o braço do rapaz. Essa constatação, a de não saber nada sobre a vida de Snape, a remetia de volta à realidade de seu próprio tempo, onde o futuro Eu desta pessoa a sua frente a menospreza como a qualquer outro... mesmo ela fazendo "parte" de seu 'passado'... agora sendo o seu próprio presente.

O jovem Snape condoeu-se com a apatia que se abateu sobre Hermione, não compreendendo exatamente o porque e, principalmente, não compreendendo como ela poderia saber quase nada sobre sua vida... não é possível que ela e seu 'Eu futuro' sejam apenas meros conhecidos.

—Mas.. como assim? Aquele dia no restaurante, você parecia saber muito bem sobre mim. – Tentou ser otimista, esboçando um sorriso, porém um sorriso de incredulidade. Era estranho para si, mas não conseguia admitir a possibilidade de não terem uma relação mais íntima, no 'futuro'...

—A-aquilo que sei.. apenas sei por histórias de terceiros... não por você.. nunca por você...

—Eu não consigo entender isso... EU.. ele.. tentou poupá-la da minha infeliz história, é isso? Mas você sabia que eu era um comensal e se há algo que eu realmente faria questão de esconder de alguém, é isso!

Severus se alterou um pouco, assustando Hermione que, instintivamente, afastou-se dele em dois passos. Sentia uma crescente raiva em seu peito, mas uma irracional raiva de si mesmo. Qual o relacionamento que seu Eu futuro teria com a pessoa que hoje é a mais importante de toda a sua vida, para que ela se refira a ele com tantas reservas e até com uma ponta de tristeza?!

—Quando, Hermione? Quando tudo isso vai acontecer? Quando eu a conhecerei então? Nesse futuro de onde veio.. o que você e eu somos um do outro, afinal?

Já era mais que a hora de parar com rodeios e falar de vez sobre esse futuro em que ambos viverão a mesma época. Intimamente estava feliz pelo Jovem Snape estar mais preocupado sobre seu pressuposto relacionamento consigo do que a de querer saber sobre o futuro propriamente dito... apesar de tudo, ela deveria manter em mente que não poderia sair falando tudo o que sabe, pois isso poderia vir a ter um efeito desastroso mais adiante. Seria, sim, maravilhoso tentar evitar tantas tragédias que estão por vir, mas isso poderia acarretar em tragédias ainda maiores e... por mais terrível que tenha sido, talvez fatos ainda muito piores tenham deixado de acontecer por causa de sua intromissão no passado e...

Hermione chacoalhou a cabeça com força, obrigando-se a parar de pensar nesses assuntos que só lhe dariam dor de cabeça e não conseguiria chegar a nenhuma conclusão. O futuro a que ela conhece ainda estaria por vir e no momento era ainda o 'futuro', então muita coisa poderia ser alterada e, logo, já não seria mais o mesmo que ela conheceu e não poderia prever agora...

—Vai acontecer assim: você buscará o apoio de Dumbledore e o terá e se tornará seu braço direito e será o Mestre de Poções de Hogwarts... satisfeito? E será dessa forma que nos conheceremos, mas só daqui a muito tempo ainda.

Severus ficou estupefato com a notícia, era como receber a notícia de que era herdeiro de uma grande fortuna... não, muito mais que isso... saber que teria uma segunda chance e se tornaria algo tão relevante quanto um professor de Hogwarts, era um tesouro maior que todos os galeões do mundo!

—Isso é maravilhoso demais! Saber que finalmente poderei ter minha verdadeira redenção, poder expiar meus erros, ser útil... mas, e quanto a você, Hermione? E... quanto a nós?

Nova ansiedade, nova expectativa. E um temor pela resposta.

—Eu.. obviamente, serei mais uma aluna de Hogwarts... e serei sua aluna também... mas.. só daqui a... doze anos....

Agora foi a vez de Hermione ficar na expectativa da reação de Severus, que ainda mantinha-se estático, assimilando o que acabava de ouvir, até que sua expressão se tornou um misto de surpresa e incredulidade.

—Não... isso.. isso é impossível! Como pode? Daqui a doze anos??! Mas isso é impossível, Hermione! Eu até esperava que você tivesse vindo de alguns meses ou até um ano à frente, mas não doze anos! É impossível se atravessar um espaço tão grande de tempo!

—...na verdade... – Hermione inspirou fundo, segurando o fôlego para a próxima reação do rapaz. —...eu atravessei um período de vinte e um anos à frente.....

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Snape, buscando oxigênio e isolação, se refugiou nos jardins quase desertos do Hospital St Mungus, assim que as lembranças, que outrora foram totalmente bloqueadas em sua memória, começaram a surgir diante de seus olhos como um filme muito real e quase palpável.

Mesmo o que via não fosse algo a que se preocupar, a ansiedade e angústia tomavam conta de si. Ansiedade de finalmente ver Hermione contar o que sabe ao seu jovem Eu, embora condenasse fatalmente tal atitude... angústia por finalmente se lembrar do que sabia com tanta antecedência e não ter sido capaz de evitar o pior, por não ter evitado tantas mortes e tantos equívocos.

E uma angústia ainda maior... de ver aqueles grandes e lindos olhos cor de mel expressarem toda a tristeza que sentia ao constatar que ele, hoje, e Hermione não passam de meros conhecidos e, quando muito, colegas militantes da Ordem da Fênix.

Abaixou as mãos que espalmavam seu rosto. Respirava profunda e lentamente, sofrendo com os sentimentos dúbios que lhe invadiam junto das memórias que se reavivavam... mas, conforme o tempo passava, mais seus sentimentos se tornavam iguais aos sentimentos de seu Eu passado e, neste momento, como ao Jovem Severus, odiava-se por não ser algo a mais de Hermione... odiava-se por ter sido um verdadeiro imbecil por toda uma vida e, principalmente, por ter tratado da forma como tratou a pessoa mais especial deste mundo... por ter tratado Hermione com tanto desprezo e tanto desdém... E mesmo quando, há dois anos, descobriu-se apaixonado pela garota, não mudou em praticamente nada as suas atitudes para com ela...

—Imbecil Severus... é tudo que você é: um verdadeiro imbecil!

Snape desencostou-se da árvore onde ocultava-se dos quase imperceptíveis transeuntes daqueles jardins. Seguiu um caminho de pedras caminhando cabisbaixo, com as mãos entrelaçadas as suas costas... ainda tinha muito a ver de seu filme particular, ainda tinha muito a lembrar... e ver o quanto foi estúpido por todos esses anos.

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—Isso é im-pos-sí-vel! Pura e simplesmente! Não é viável, não mesmo! Em mais de dez mil anos da história da magia, nenhum bruxo conseguiu tal façanha, nem Merlin! Não seria em vinte anos que isso se tornaria possível!

—Bem, os trouxas levaram o mesmo tempo para conseguir voar, mas conseguiram... mas, eu me sinto da mesma forma que você, Severus! Acha que ainda consigo acreditar que estou numa época em que ainda nem nasci?!

Severus, mais uma vez, olhou para Hermione estupefato... e era verdade... a sua frente não estava apenas uma pessoa que veio do futuro, mas também alguém que sequer ainda existe!

Subitamente, a melancolia tomou conta de si e não conseguiu desviar seus olhos tristes de Hermione, que também o observava com um leve pesar. Tudo isso era louco demais, era como um delírio, um sonho lisérgico... como poderia isso? Como poderia ter acontecido?... Teria mesmo que ser alguém de outro mundo para libertá-lo das Trevas?? E esse sentimento tão forte que sente por ela?... tudo isso só poderia ser mesmo uma grande brincadeira do destino...

O rapaz aproximou-se de Hermione, ficando apenas a um passo de distância dela, encarando-a diretamente nos olhos. Queria saber, queria entender muitas coisas... mas, o que mais desejava era tê-la consigo para sempre e, pelo visto, terá muito tempo e muita chance para isso no futuro... e não o fará! Por quê, afinal? A menos que a moça diante de si odeie o seu Eu futuro por algum motivo.

—Como, então, Hermione? Como você atravessou vinte anos do seu tempo? Foi.. alguma experiência louca com algum vira-tempo? – Severus esboçava um sorriso, tentando quebrar aquela atmosfera melancólica que pairava sobre ambos.

Hermione abaixou novamente a cabeça, sentindo a garganta arder. Essa pergunta a remetia às lembranças de tudo que antecedeu a sua vinda para cá... e a lembrança de que, possivelmente, todos estavam preocupados com seu desaparecimento e nada poderiam fazer para ajudá-la.

—E-eu.. estava num Antiquário, no Beco Diagonal... quando fui surpreendida por um comensal que me lançou um feitiço e... depois disso, tudo que me lembro é de um barulho ensurdecedor de sinos, até que tudo se apagasse e eu acordasse dentro da loja e.. bem, daí você sabe o resto.. depois disso você me encontrou semiconsciente e... tudo que aconteceu até aqui...

Severus fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se de tudo que havia acontecido desde que a encontrou... e nem mesmo ela sabe o porque de estar ali, num passado tão longe de seu verdadeiro presente. Já havia ouvido demais para um só dia e pretendia não mais fazer qualquer pergunta para a garota por ora, mas algo ainda o incomodava profundamente... o fato de eles não serem absolutamente nada um do outro nesse futuro a que ela pertence.

—Além de aluna e professor... ao menos somos amigos, não? – Severus voltava encarar a garota, porém não havia mais qualquer rastro de esperança de uma resposta positiva sobre isso... afinal, sendo como é, é provável que a tenha mantido afastada de si por puro orgulho ferino, e tenha feito com que ela o odiasse.

Hermione balançou lentamente a cabeça em negativa... jamais, em qualquer outra época de sua vida, poderia imaginar o quanto essa verdade seria dolorosa, a de que, apesar de tudo que viveram juntos, Snape a odiasse como a todos os outros, simplesmente.

—Pra falar a verdade, nem amigos, nem bons conhecidos... Snape, simplesmente, me odeia.. e sempre foi assim... para voc- ELE.. eu sempre fui e serei a intragável Srta Sabe-tudo Granger!

O jovem Snape balançou a cabeça em negativa, não aceitando o que ouvia, não acreditando que será capaz de odiá-la algum dia... isso era quase tão impossível quanto toda essa história... mas o que estavam vivendo era real, logo não tão impossível assim.

Levou as duas mãos ao rosto de Hermione, envolvendo-o. A garota o olhava surpresa, mas não esboçou qualquer reação que impedisse isso ou que estivesse por vir.

Estava confuso com tudo isso... como poderá odiá-la?! Se ela lhe é tão importante, ela é a sua Luz! Como poderá vir a odiar aquela que, hoje, tanto ama?! E depois de tudo... isso seria, no mínimo, uma imensa falta de consideração!

—Existe a... possibilidade de ele e eu.. não sermos a mesma pessoa?

O rapaz perguntava sério, estava mesmo muito preocupado com isso. Hermione sorriu ante o quase desespero de Severus, mas não por sarcasmo, mas por ver nele certa ingenuidade que jamais ousaria sequer sonhar de que isso era possível a Severus Snape.

—Se.. isso serve de consolo... o desprezo de seu futuro Eu não é exclusivo para mim... ele assim o é para com quase todos...

—Não, não serve de consolo... não serve porque o que você representa para mim é algo muito maior do que o fato mais significativo que já tenha me ocorrido de bom... você me fez subjugar as Trevas, me fez despertar uma força que jamais julguei possuir... não espero que você entenda isso, mas...

Severus envolveu Hermione em seus braços, apertando-a com força e tendo aquele abraço prontamente correspondido na mesma intensidade. Mergulhou seu rosto entre os cachos macios e sedosos da moça, deixando que seus pulmões se preenchessem com aquele perfume de lírios que tanto sentia falta, embora somente uma vez pôde experimentá-lo assim tão intensamente.

—... é preciso viver algo ruim para saber o quanto vale ter paz... eu me achava poderoso e capaz de fazer qualquer coisa por ser um bruxo das Trevas.. mas quando você entrou em minha vida é que finalmente percebi o quanto era fraco e vulnerável.. e que não passava de um prisioneiro, um refém de Voldemort.....

Hermione firmou seus braços ainda mais em torno do corpo de Severus, enterrando seu rosto no peito do rapaz. Sentiu os olhos se marejarem, mas, desta vez, ao menos, essas lágrimas eram de felicidade.

Neste momento, para ambos, nada importava além deles próprios. Não importava se um pertencia ao passado e o outro ao futuro. O que vitalmente importava era que partilhavam o mesmo momento presente... e se Deus realmente existe e este estranho acaso fosse dádiva Sua, não seriam eles a desdenhar de tamanho presente de valor inestimável.

Passado e futuro deixaram de existir e tudo que havia agora era o presente... e o presente em sua mais ampla forma, em sua mais plena essência... O presente de viver aquilo que ambos desejaram por toda uma vida, sozinhos, mas que nunca sentiram necessário realizar até que esse momento chegasse.

Severus afastou os cabelos de Hermione, deixando seu pescoço nu e vulnerável aos seus beijos que eram ora suaves, ora cálidos.

Hermione sentiu um frio congelá-la por dentro e por frações de segundo ponderou entre impedir que aquilo continuasse ou se entregar definitivamente àquele momento apaixonado que, intimamente, desejava há tanto tempo... e temeu ao se lembrar como havia se acabado da primeira vez, mas todos seus medos e receios se dissiparam quando sentiu os lábios de Severus percorrendo seu pescoço e rosto, buscando seus próprios lábios.

A principio os beijos foram suaves e superficiais, apenas para que um sentisse o calor e textura do outro, revivendo novamente as mesmas emoções que tomaram conta de ambos da primeira vez... mas, desta vez nem Severus e nem Hermione permitiriam que aquele momento ímpar fosse interrompido seja lá por qualquer coisa que fosse. Agora havia um laço muito intenso entre eles e juntos poderiam sobrepujar o que fosse, juntos eram mais fortes que as Trevas.

Os beijos, que antes eram apenas para reviver as sensações, tornaram-se mais urgentes e a necessidade de sentir ainda mais um do outro fez com que se intensificassem e se tornassem mais apaixonados e profundos, e que só cessaram quando o oxigênio se tornou ainda mais necessário do que ter um ao outro naquele momento.

Afastaram seus rostos o suficiente apenas para recuperar o fôlego, pertos o suficiente para respirar do mesmo ar que o outro, sentir o calor que emanava da face um do outro. Olhos brilhantes mergulhavam dentro uns dos outros, e a paz e o silêncio apenas eram quebrados pelo chiar de suas respirações. Hermione subiu suas mãos com delicadeza pelo pescoço de Severus até encontrar sua nuca e enterrar seus dedos em seus cabelos negros de fios tão finos e soltos que voavam com a mais mínima brisa.

Severus encostou seus lábios na testa de Hermione, selando um beijo suave e desaparatando junto com a garota dali daquela sala.

Não fosse pelo estampido da materialização, Hermione sequer teria percebido que ambos haviam mudado de ambiente. Olhando de soslaio, apenas pela curiosidade, percebe que está no quarto de Severus. Volta seu olhar para o rapaz e sorri em cumplicidade, entregando-se novamente aos beijos enquanto suas mãos pequenas percorriam pelo tecido negro da camisa, sentindo sua textura sedosa e soltando os botões um a um, da forma mais calma e suave possível, afinal, ambos tinham todo o tempo do mundo a seu favor.

Despiu a camisa negra de Severus, deixando que caísse solta ao chão. Deslizou suas mãos pelo tórax de pele alva do rapaz até voltar a entrelaçá-las sobre os ombros largos, entregando-se novamente aos beijos apaixonados e profundos de outrora.

Os fios negros e fino dos cabelos de Severus se misturavam aos castanhos lanosos de Hermione, e formavam uma cortina tênue para aquele beijo que teimava em querer ser eterno. Com delicadeza, o Jovem Snape conduziu a garota até a sua cama, deitando-a sem cessar seus beijos que se tornaram ainda mais intensos e atrevidos, descendo para a orelha, pescoço, colo, enquanto suas mãos buscavam por cada botão do vestido de tecido sedoso que Hermione trajava, cobrindo cada centímetro de sua pele bronzeada com o toque suave de seus lábios, até que não restasse mais nenhuma barreira entre suas peles.

Não havia mais qualquer empecilho que impedisse que ambos consumassem o desejo desperto através daquele amor planejado pelo destino. Como se um fosse a metade perfeita que faltava ao outro, seus corpos uniam-se pelo mesmo objetivo e ante um sussurro em tom plangente, o beijo que manteria o silêncio daquele quarto mergulhado na penumbra.

E mesmo um leito estreito toma dimensões oceânicas quando usado para amar. E na desordem de lençóis-sussurros-beijos e braços e pernas que se entrelaçam, aqueles dois seres viviam em sua plenitude uma união praticamente impossível pela ordem do tempo em cada um pertencia, mas que a dádiva do destino assim proporcionava... a dádiva de ser presente, de se viver o Presente.

E o tempo absoluto inexiste. Passado e futuro são meramente referências...


Fim do Capítulo XVIII – continua...
By Snake Eye's – 2004


N/A: Eu e minhas metáforas de quinta categoria... bem, é isso aê! Acho que esse é o máximo que chego perto de uma "enecê deze7" - ao menos fica breguíssima à la Julia ou Sabrina, mas não fica pornográfica, né? E depois, não preciso fazer muito mais além de sugerir, afinal, como já li por aí em algum lugar que não lembro, "o leitor pode ser bastante criativo quando quer", heheh...

E tem mais outra: cheguei ao meu limite com essa fic e ela não passará mais disso, então vos profetizo o seu fim, dentro de um ou dois caps no máximo! Já enrolei bastante, não? Ainda tem tanta besteira para se escrever e fico aqui eu, enrolando com essa daqui...

Abraço apertado de cobra!

Snake Eye's:


Respondendo aos reviews!!


Oi Luna! Como tá?

Nossa, o cap anterior tava curtinho e podrinho tb... como conseguiu gostar?! Mas, meus parabéns por isso e obrigado tb ;)

Aqui está o cap 18, mais longo, mas não sei se menos podre...

Bjusss!


Oi, Elisa Moony! Como vai?

Hãaa.. deu pra matar a ansiedade desta vez? Ou ainda quer mais? Agora é só o final msm que tá por vir, já que cheguei ao meu limite com a Duas Realidades... :,(

E obrigadão pelos parabéns! E o Jovem Snape vai gostar de saber que ganhou a vez do Lupin :)

Bjusss!


Oi, Alininha! Tudo bem?

Raramente acesso o PDL agora... aquele site meio que me encheu, só vou lá msm para baixar ebooks, mas nós podemos nos encontrar no Orkut (que tb tá ficando chatão pra mim, mas, enfim...)

Acho que já respondi as suas mensagens lá do site, não?

Apareça sempre por aqui tb!

E as fics fazem sucesso? Sei não... e aí, pessoal? As minhas fics fazem sucesso msm aqui no FFnet ou vocês é que são maníacos depressivos masoquistas e com tendências negativas sobre a própria vida??

Bjusss, Alininha!


Hi, Shadow Maid! Como vai 'quase futura esposa'? (Ainda tô pensando na sua proposta XD)

Ouch! Snape mata a Mione e eu é que pago o pato?! Oxente! Mata o Snape, não eu! Tadinho de eu!

Hehehe... acho que vc não tá lendo muitas fics por aqui não, né?

Desculpo sumiço nenhum! Quando sou eu, levo logo uma cruciatus! Portanto, pra sua própria saúde física-mental-espiritual: NÃO SUMA!! E isto É uma ameaça!

É... ok, vcs venceram e nem precisa mais da moedinha... eu sou um 'cara'... mas tb posso ser uma cobra, um cachorro, uma moçoila virginal, o próprio Lord das Trevas... afinal, sou um iscrivinhadô!

Bjusss, noivinha!


Boa Noite, Lilibeth! Como estás?

Hehehe... o problema é que NENHUMA de minhas fics e de seus caps são de ação... :( E acho que isso deve torrar um pouco a pasciência de quem lê.

Hãaa... o que é 'timing'?! (Snake analfabeto em ingreix)

É mesmo? Dexoeu perguntar:

A TODAS AS LEITORAS - e alguns leitores tb:

É verdade que vocês preferem uma estória bem feita, a uma feita rápido para os contentar??

Sei não, Lili... o povo é bastante exigente e creio que eles queiram sempre caps perfeitos, longos e diários (senão, pelo menos de 2 em 2 dias).

Ih... será que vc ainda é fã? Acho que cometi uma falta gravíssima com vc dia desses, não? (Snake com a consciência MUITO pesada... conseqüência de ser um víbora venenoso T-T)

Namorado da Sione? Sexy Snape?? Que é isso? (Tô boiando geral em tudo, ultimamente...)

Bjusss!


Oi, Jenny! E aí, blz?

É, aquele review pra Serpentina foi meu desabafo desesperado! Mas se eu enviar outro xingando do que ela merece, talvez surta efeito, não?!

Cara! Não me conformo com isso! A mulher tem mais de 1400 reviews (isso msm, caro leitor: de 1400!!) e simplesmente abandona a fic pela metade! Faz um ano que a vagabinha não atualiza!! Bitch!

Ela tá merecendo é que roubem a fic dela, isso sim! E eu to quase fazendo isso: continuando de onde ela parou!

Hahah! Conhece Macaé? Pois é, é um Cafundó do Judas do Brasil como o seu, fica no msm estado (e, por acaso, é servido da msm estrada, a Amaral Peixoto, mas a uns 150 km daí de SG). Meus pais moram em Sta Tereza e sempre me pergunto pq arranjei trampo por aqui... (ah, sim, pq lá eu quase levei um teco num assalto...)

Bem, a fic tá no fim, então realmente virá uma coisa muito boa: o finalmente fim dela, heheh

Mas não precisa se preocupar, que não darei um de Serpentina, não (bitch . )

Eu ODEIO a Serpentina!! Bitch! Bitch! Bitch!

E quanto a você, eu ADORO! Um obrigadaum pelas mensagens de apoio moral e, se quiser jogar conversa fora, pode tentar o msn (embora seja raro eu acessar) ou o email msm (tb serve orkut, que vc deve ter recebido meu convite)

Bjusss! E bem vinda ao maravilhoso mundo da fics de Snake Eye's BR (do Brasil - o FFnet tá cheio desse nick e não sobrou exclusividade pra mim . )


Hi, Kirina-Li! Kumé ki tá? (ia escrever isso em japa, mas não lembro se é 'orishima te' ou que o valha... ah, deixa pra lá!)

o/ Wow! Tô esperando o mega review, heim!

E que ótimo que esteja por aqui tb!

Nossa, essa fic é tão perfeita assim?

Huuum, acho que tenho que abusar mais dessa coisa de 'bad-boy' XD

'Jocas!


Noctivague! Oh! Noctivague! É vc msm, é? Noctivague??

(Que saco Snake! Pára, retardado!!)

Recuperando o fôlego!

Moça, eu já tinha perdido todas as esperanças de algum dia vê-la por aqui! Que aconteceu? A deprê bateu fundo dessa vez?

Pelo menos aquele Multiply serviu pra alguma coisa :)))

O cap tá msm bem escrito? Ou é a sua deprê que tá msm mto forte? Esse foi um dos primeiros escritos, eh, bem...

Mas se a Mestra tá dizendo... :)))

Quanto a minha nova 'pit'... é, já tô adaptado - afinal, não tenho escolha. É um muquifozinho, mas é uma boa economizar quase 50 por cento no valor do aluguel... e finalmente voltar a morar numa cidade que tem a infra estrutura básica e comércio decentemente aceitável.

Bjusss!

E obrigadaum por estar por aqui!!!

Minha ídala!!


OI, Noctivague! Di novu!!

Então, pra não ficar mto repetitivo, vou juntar as respostas nesse msm post, ok?

Valeu por lutar tão bravamente com o sono e conseguir chegar na leitura até o cap 8! Pra mim isso é heróico, visto que sou fraquíssimo com o sono, meu negócio é cama msm XD

E tentar botar o sono em dia justo no finde não é boa idéia... é qdo temos tempo para pôr em dia nossa vidinha íntima.

Provavelmente, vc deve ter se lembrando de algum antiquário que já tenha visto, aí foi fácil de visualizá-lo - não é que minhas descrições sejam lá essas coisas. Se eu tivesse que, por exemplo, descrever a sala de Dumbie (que é uma coisa diferente para todos nós), creio que ninguém iria conseguir visualizar... :(

Valeuzão de novo!

E se vc tivesse lido essa fic antes, será que teria gostado tb? Há tempo para tudo, e o nosso tempo juntos aqui chegou XD Vamos aproveitar então!

Aah, vc se refere ao jovem Snape no fim do cap, não é? Engraçado é que na época eu tava cheio de dúvidas como eu conduziria essa fic; estava em dúvida se colocaria ou não Snape já como traidor de Voldemort - coisa que só decidi mais pra frente, então a fic tomou um rumo bem diferente do que tomaria caso eu tivesse sustentado o argumento de que Snape já era um agente duplo nessa época... bom, acho que, apesar de tudo, ter escolhido o inverso rendeu uma história menos entediante e pude trabalhar com o momento em que o Sevvie se volta contra as Trevas - embora tenha saído um quase fiasco :,(

Uau! Quanto tempo não ouço que um cap meu é fofo! Desde aquela época daquela minha viadisse com a 'Ela é como o vento' (e, só pra me complicar ainda mais, Patricia, my darling, que montou o meu site, deu um visú pra lá de afeminado nas páginas das minhas fics... fazer o quê? Eu que viro "cute"... T-T)

Ah! Então tá resolvido esse mistério! O fato de vc estar "adorando" a fic é por causa do sono! Tá explicado então! E tá explicado do pq vc não ter voltado mais... sabia! Vcs mulheres de hoje em dia só querem passar uma noite e sumir no dia seguinte... snif!

Não, não vou abandonar esta fic na metade... VOU ABANDONAR NO PENÚLTIMO CAP!!! BWAHAHAHA!! O Lestrange mau e torturador de inocentes leitoras está de voltaaa!!

Uai, o sono passou?

Foi a fic que ficou interessante ou o papo com o amigão do icq?

Putz! Me culpando novamente??

Tadinho de eu!

E eu não me lamento a toa, não, Srta Nocty! Eu me lamento esperando pela massageada de ego, como a sua XD O cobrinha aqui gosta de um cafuné, ora pois!

Ah, sim, o cap eu que eu começo a viajar... não é a toa que está entendendo menos do que quando começou a ler a fic... vai levar ainda uns 5 caps pra coisa se encaixar!

Sabe que é isso? Muletas! Me perdi na geral e tive que inventar pra sustentar a base, mas só lá pelo cap 11 é que dou a minha cartada mais lisergicamente desesperada: meto até Deus no meio! Heheh - sem comentários.................

É, esse negócio de "o corpo não sobrevive sem a mente", provavelmente eu tirei de umas leituras doidas que eu fazia há alguns anos, de umas revistas que eu colecionava (Ano Zero) e falava sobre coisas como espíritos, encanações, ovnis... parece que uma teoria (e P'E teoria nisso) de que as almas penadas sejam os espíritos que não conseguiram seguir adiante e perderam a sua identidade/individualidade, enquecendo-se do que eram/são, daí sofrendo com uma segunda e eterna morte... Bão, mais ou menos isso. Tenho certeza que foi dessas doideras que eu tirei essas idéias (idiotas, por assim dizer...)

É, e lembra alguma coisa de Matrix, sim... afinal, a teoria matrix é um bom filão pra ser explorado XD

O QUÊ?! Vc não conhece Akira de Katsuhiro Otomo?! Meu Merlin, que absurdo! E vc não tá perdendo quase nada, heheh

E SE uma ova! A Senhorita vai terminar aquela tradução nem que eu tenha que usar a imperius em vc! Já basta a Serpentina ( e agora tb a Sarah!) Qual é, mulheril?! Que cês tão pensando?! Assim não dá, assim não pode!

Olha, quanto mais vc demora pra jogar pra galera uma idéia, mais ela se desatualiza... e sempre resta o próximo ano pra passar na faculdade... então, as fics são mto mais importantes, pois são urgentes. Simples.

Vc chegou a ler o cap 8?

Decepção... vc me decepcionou profundamente, Nocty! Eu esperava receber um review com uma seqüência de z... pôxa, num veio...

Beijãozinho, minha querida (e isso não é irônico, como vc teima em achar!)

Obrigado por estar por aqui tb :D


Oi, Sakura Scatena! E aê?

Que bom que gostou do cap msm ele sendo... 'podre', e curto!

É... mas acho que demorei um bocado de novo, não? Putz! Quase 2 meses desde o cap 17! Caraca!

Bem, vou tentar não demorar mto de novo, viu?

Bjusss!


Meu caro Bruno Horta! Não acredito que VOCÊ tb está por aqui!!

Se com a Nocty eu tinha perdido as esperanças de tê-la com leitora dessa fic, com vc eu sequer cogitava tal possibilidade!

Estou estupefato!

Leitoras, vos apresento o GM Horta, meu segundo leitor off-line - e meu rival pela mão da princesa húngara, claro...

E vc é mto modesto... creio que, nesse quesito, até eu perco pra vc (afinal, qdo quero, sei manter minha magnífica modéstia XD)

Vem cá, rapá: se desperta curiosidade, pq não leu antes?! Todas as minhas fics estão na máquina da Patricia...

Putz! Tô perdendo a linha! E leitor off-line é perigoso! Falando nisso, tá lendo isso aqui na net msm, né? Bom, até vc chegar a esse cap e ler esta resposta, eu já terei sumido do mapa há mto tempo, heheh!

A base do tal cap de Silent Mobius é vista apenas no cap 3 e o próximo será no último cap... qdo vc chegar lá talvez se lembre. Nem de longe sou fã de SM, mas, ironicamente, tal cap é um dos melhores que já assisti em termos de anime.

É, Hermione é msm irritante... E aqui ela ainda tá metida a gostosa!

Hahah! Quem dera! Não tenho cacife para bancar uma fic sobre terrorismo... mas até que seria mto interessante, ainda mais que é um assunto tão em voga ultimamente...

Antes de Animago Mortis... e pra quem já tá no cap 29 de AM, deve tá bem tosco esse início de 2 Real, não?

É, o cap tá curtinho msm. São mto mal 4 páginas em word...

Bem, é isso brow! Abraços!

E valeu por se tornar mais um leitor daqui tb!


E a todas as minhas maravilhosas leitoras ( e os caras legais que tb leem), meu abraço a cada um(a) e até a próxima atualização que, espero, será breve...

Xaus!

By Snake Eye's - 23/09/2004 - 21h50.