Episódio XIX – Quase No Fim.
Severus despertou pela manhã um pouco mais tarde do que costuma sempre fazer. A princípio estranhou a penumbra menos densa de seu quarto e logo em seguida o peso sobre seu peito e o perfume adocicado de Lírios, foi então que percebeu que não estava só na cama.
Hermione dormia placidamente com a cabeça sobre o peito de Severus e seu braço direito o enlaçando. Seus cachos caiam displicentes sobre seu rosto e se espalhavam pelo tórax e ombro do rapaz e cobriam parcialmente o corpo da moça, cujos quadris e pernas estavam mal ocultas por um leve lençol de algodão branco.
O rapaz ajeitou-se na cama com cuidado, temendo por acordá-la. Instintivamente procurava pelo despertador para ver as horas, mas este estava sobre o criado-mudo e ele acordaria Hermione se fosse pegar o relógio. Quando pensou em desistir e voltar a dormir, percebeu que a moça ainda usava seu relógio de pulso no braço que ela o envolvia. Com jeito, ergue o pulso de Hermione e, embora com dificuldade, consegue ver que já passam das sete da manhã e sua primeira aula na Universidade já havia começado há mais de vinte minutos.
O desenho do relógio de Hermione despertou-lhe a curiosidade. O relógio em metal era retangular e fino, preso por pulseiras finas de tecido grosso e rosado. As horas eram mostradas de forma analógica enquanto, abaixo dos ponteiros, vinha um retângulo mínimo em digital, onde deveria ser o datador. Severus forçou um pouco mais sua vista e conseguiu perceber os números, que o surpreendeu no primeiro instante. Os digitais marcavam uma data que não cogitava ver em um calendário tão logo: 29 Agosto de 2001!
Severus sorriu ante o sarcasmo do destino que lhes havia pregado uma peça completamente absurda, mas desejava que jamais se acabasse. Buscou os minúsculos botões de comando do relógio e alterou a data para 28 de Novembro de 1980.
Seu braço direito estava sob a cabeça de Hermione e quando se remexeu para se ajeitar na cama, acabou por acordá-la. A garota estranhou a primeira vista o que encontrou em seu despertar, mas a noite que passara não era algo que esqueceria tão breve, aliás, que jamais esqueceria.
Hermione ergueu sua cabeça e encontrou aqueles olhos negros a observando de forma tão serena e doce, que existia apenas para si. Severus esboçou um sorriso e levou sua mão esquerda ao rosto da garota, deslizando seus dedos pela tez e afastando os cachos de cabelo que caíam pela face.
—Me desculpe, não queria acordá-la... – Severus falou quase num sussurro.
Hermione apenas sorriu docemente e ergueu-se mais um pouco na cama, para encarar melhor o Jovem Snape, que acariciava-lhe os cabelos com seus dedos entrelaçados nos fios acobreados da moça. A garota falou-lhe num falso tom de bravo, mas sem conseguir disfarçar o sorriso maroto dos lábios.
—Se desculpa resolvesse, não haveria tribunais... você vai ter que pagar por isso..
Severus sorriu em cumplicidade e puxou Hermione para cima de seu corpo em que deslizou até que seus rostos ficassem separados apenas pelo espaço de milímetros, onde suas respirações se confundiam.
Hermione manteve-se parcialmente erguida pelos braços que entrelaçou sob o pescoço e travesseiro do Jovem Snape. Seus cachos lanosos escorregaram por seu rosto e ombros delicados, acortinando as faces de ambos. O duelo silencioso que seus olhares travavam já durava mais que era suportado e Severus, com sua mão enterrada nos fios de cabelos da nuca de Hermione, empurra-a com delicadeza para si, encontrando seus lábios úmidos e saciando ali sua sede.
E o despertar se tornaria ainda mais longo e o dia, de fato, tardaria ainda mais para começar.
Snape depositava um terno beijo na testa de Hermione que jazia ainda imóvel no leito da CTI do Hospital St Mungus. Põe-se em riste, as pontas dos dedos se apoiando sobre a cama. O olhar de ternura que há muito havia se perdido reaparecera com um brilho ímpar àqueles olhos negros.
O homem trajado de negro inspirou profundamente, cerrando seus olhos para o presente e apenas enxergando seu passado. A tímida luz da manhã iluminava todo o ambiente de cores claras, dando, de certa forma, um aspecto alegre ao lugar. Snape girou em seus calcanhares e parou à porta voltando-se novamente para o rosto pálido de Hermione, e olhou-a com uma ponta de tristeza.
—Agora eu entendo por que é necessário esquecer... essas lembranças, por mais maravilhosas que sejam, poderiam complicar nossas vidas... seria doloroso demais vê-la e não poder tocá-la...
Snape deixou cair a mão que segurava na divisória do pequeno quarto, inspirando profundamente mais uma vez.
—Me perdoe por ter que esquecê-la, minha querida...
Cabisbaixo, Snape retira-se do quarto de Hermione, que ainda permanece dormindo imóvel como se não lhe houvesse mais qualquer vida, como fosse apenas uma boneca inanimada e sem alma. O Mestre de Poções toma o rumo dos jardins do Hospital, onde desaparata diante de alguns pacientes, medibruxos e acompanhantes que aproveitavam as primeiras horas daquele sol e calor aconchegantes, alheios e ignorantes sobre uma vida que vivia duas realidades naquele momento e outra que recuperava as memórias tão preciosas e que foram perdidas daquela realidade que deveria ter sido mais presente.
Já em Hogwarts, Snape caminha pelos corredores desertos e silenciosos do castelo. Apenas o baque seco de seus sapatos sobre o piso quebrava aquela tranqüilidade monótona. A luz do Sol matutino adentrava através dos vitrais das longas e delgadas janelas que preenchiam toda a parede direita do longo corredor principal. As imagens de luzes multicoloridas brincavam nas formas irregulares do chão de pedras polidas pelos passos dos séculos. Os fragmentos de poeira se eriçavam com o caminhar decidido daquele homem soturno cujas vestes negras e de tecido nobre e sedoso se esvoaçavam as suas costas.
Como se já houvesse antecedido a chegada de seu Mestre de Poções, o Diretor Alvo Dumbledore aguardava-o pacientemente em frente à gárgula de pedra que dava acesso ao seu gabinete. Os braços cruzados sob as mangas largas de sua veste, o velho mago mantinha um ar sério e altivo.
Snape contorna a esquina e encontra logo em seguida o seu antigo Professor que lhe sorri em boas vindas. A atmosfera carregada que pairava sobre o Mestre de Poções lhe permitiu apenas um aceno leve de cabeça em retribuição ao sorriso de Dumbledore.
—Bom dia, Alvo... eu vim apenas porque preciso fazer algo em meu laboratório e talvez não seja possível almoçar no Salão Principal, então peço-lhe desculpas desde já por minha ausência.
—É algo a ver com a Srta Granger?
—Sim, mas... é algo principalmente comigo.
Snape já dava as costas a Dumbledore, indo em direção às Masmorras, quando pára a alguns passos à frente, crendo que devia ainda alguma satisfação ao seu mentor. Numa voz quase embargada, Snape apenas virou seu rosto a meio flanco para externar parte daquilo que o angustiava.
—...jamais imaginei que seria de vital importância esquecer uma lembrança boa... o irônico é que serei eu mesmo o responsável por destruir as memórias dos únicos momentos realmente bons que vivi...
—Você sabe que não é necessário destruir isso, não é Severus?
Snape vira-se um pouco mais, observando em vista baixa por sobre o ombro. Um esboço de sorriso amargo e sarcástico se desenha em seu semblante taciturno.
—Sei disso, Alvo... mas ao alterar essas lembranças será como destruí-las. Não poderei me lembrar de Hermione da forma real em que vivi com ela nesse passado... é prudente que eu sequer me lembre que se trata de Hermione Granger.
Decidido, Severus Snape ergue sua cabeça e retoma seu caminho para as Masmorras, mas é brevemente interrompido pela voz otimista de Dumbledore, que lhe fala com um sorriso alegre nos lábios.
—Temos todo um passado de provas que essa sua decisão é a mais acertada, meu caro. E você tem de volta suas preciosas lembranças e justamente numa época em que você e Hermione têm a devida maturidade para compreender o que tudo isso significa. Não tenha receios, meu filho.
Severus esboça um sorriso em retribuição, levando um último olhar ao velho mago por sobre o ombro e voltando ao seu caminho, desta vez totalmente decidido pela atitude que deve tomar... seu Eu passado compreenderia isso.
Na bela praça arborizada que fica à margem do Rio Rhôde, Hermione e Severus esperam pelos minutos finais do dia, onde corria uma brisa fria que tremulava harmonicamente as águas. As formas alaranjadas das nuvens se refletiam no espelho tremulante de águas, enquanto bandos de pequenos pássaros buscavam os abrigos das árvores para passar a noite que já se avizinhava.
O casal estava sentando de fronte ao rio, num banco esverdeado composto por ripas de madeira. Hermione descansava sua cabeça no ombro de Severus, que brincava com alguns de seus cachos enrolando-os em seus dedos. Como que se hipnotizada pelas marolas das águas, o olhar da moça se perdia imóvel e ela permanecia muda como se não estivesse ali de fato. Esse silêncio atípico amedrontou um pouco o jovem Snape.
—...preocupada com algo? Se arrependeu do que aconteceu entre nós?
Hermione estremeceu levemente a cabeça e piscou rápido algumas vezes, até se dar conta que Severus lhe falava já algum tempo. Ergueu sua cabeça para ver o rapaz que permanecia com a expressão séria, mas seu olhar continha a mesma serenidade da noite passada.
—É bobagem, mas... estou preocupa com minha varinha. Eu a deixei perdida naquele lugar onde acordei nesta época e, bem... eu tenho muita estima por ela, a tenho desde que entrei pra Hogwarts.
Severus sorriu e puxou a cabeça de Hermione para mais perto de si, depositando-lhe um beijo em sua testa. A garota se aconchegou ainda mais no ombro do rapaz, passando-lhe, ainda, o braço direito por sua cintura.
—Não é bobagem. A varinha é a extensão do poder de um bruxo. Podemos ir até esse lugar e procurar por ela, não será problema algum.
—Mas.. não seria perigoso se nos vissem juntos no Beco Diagonal? Nem você mesmo poderá se expor dessa forma.. se é que você se decidiu mesmo em se voltar contra as Trev...
As palavras de Hermione foram abafadas por um beijo inesperado de Severus, calando-a de imediato. Como se quisesse arrancar a dúvida que ainda insistia junto à moça, Severus aprofundou o beijo com urgência, enquanto sua mão direita segura-lhe o rosto. Ainda mais inesperado de que quando surgiu, o beijo foi interrompido. O rapaz pouco afastou o seu rosto de Hermione, que ainda permanecia de olhos fechados.
Ao abrir os olhos encontrou o semblante sério e cerrado do Jovem Snape. Sentiu-se confusa e ajeitou-se sobre o banco, sentando-se ereta e preparada para o que estava por vir dele. Foram apenas questão de centésimos de segundos, até que o rapaz abrandou sua expressão e lhe falou num tom calmo e com meio sorriso nos lábios.
—Esta foi a decisão mais importante de minha vida, Hermione.. e uma vez decidida é para sempre. Não sei como poderei sobreviver a isso, mas não pretendo, em hipótese alguma, voltar atrás... mesmo porque, não há volta para os traidores.
Sem graça, Hermione ajeitou-se no banco, virando-se para a direção do rio. Sobre seu colo, suas mãos torciam uma a outra.
—Eu sei disso, eu sei perfeitamente disso... foi apenas uma frase tola.
—Ora, não fique assim...
Severus envolveu as mãos de Hermione com a sua, fazendo com que ela se acalmasse. A garota desviou seu olhar novamente para Severus, que estava com uma atípica expressão marota, deixando seus traços de ainda quase garoto bastante evidentes.
—Você falou que não sabe basicamente nada sobre o Severus do futuro... então você desconhece se ele é comprometido, se tem uma família, não?
Hermione arregalou os olhos de surpresa e expectativa... realmente não sabia nada sobre a vida particular de seu ex-professor de poções e Severus Snape sempre fora muito reservado... talvez o fato de ele ter sempre a mantido à distância, mesmo depois de tudo o que passaram juntos, fosse porque...
—A resposta é sim, certo? Então há a possibilidade de permanecermos juntos até a sua época presente... talvez seja este o motivo de ele ter a evitado por todo este tempo...
—E há a possibilidade de eu viver duas vezes a mesma época! – Hermione vira-se para o jovem Snape, seus olhos castanhos brilhando ante a perspectiva tão absurda, mas tão ao alcance. Só poderia ser este o motivo de ter sido desdenhada por toda a vida pelo Severus Snape de sua própria época.
Hermione leva os dedos sobre a boca que se abre num largo sorriso que mistura alegria, ansiedade e incredulidade. A outra mão segura firme a mão de Severus em seu colo.
—Isso seria a prova cabal do quanto a Física Quântica é verossímil.. hahahah! Isso seria muito...
—Maravilhoso! Com certeza! Pois se a Senhorita pretende mesmo ficar aqui comigo, terá que ser como a Sra Snape!
—Nossa! Mas que arcaico! Você está me pedindo em casamento, Sr Snape?
—Isso mesmo, Srta Moderninha! E para quando você quiser.
Severus e Hermione sorriram um para o outro em cumplicidade. Apesar da situação absurda, tudo estava se encaixando da melhor forma possível. Se isto realmente se concretizou, talvez ninguém esteja preocupado com o desaparecimento da garota, pois, certamente, a outra Hermione do futuro já tenha resolvido todos os impasses que devem ter surgido na época de seu desaparecimento.
Quando ambos se preparavam para selar o compromisso com um novo beijo, são interrompidos bruscamente com um aplauso que vinha na direção de suas costas. Sentindo o sangue gelar, instintivamente Severus materializou sua varinha em sua mão e já se preparava para um ataque, virando-se exasperado no banco.
A atitude brusca e felina de Severus assustou tanto a Hermione quanto ao aplaudente, que se afastou em dois passos para trás, com as mãos espalmadas a sua frente, gaguejando qualquer coisa:
—E-ei! Calma aí, meu caro! S-sei que fui inconveniente, mas não é pra tanto, não é mesmo?!
Severus, com raiva, cerra os olhos franzindo o sobrecenho e batendo com força o punho com a varinha em sua perna, amaldiçoando em palavras ininteligíveis o atrevido expectador. Hermione, após se recuperar do susto, leva as mãos à boca na inútil tentativa de inibir uma risada calorosa.
O rapaz, agora aliviado por saber que escapou de uma imperdoável qualquer que seria, certamente, desferida pelo jovem Snape, aproxima-se sorridente e um tanto vacilante do banco onde o casal está sentado.
—Eu não sei se morro de ciúmes ou se morro de felicidade... Severus, meu caro, todo aquele jogo duro era apenas um teatro, afinal de contas? Quer dizer que o tempo inteiro vocês já estavam namorando e com planos de casamento?!
Como resposta, Severus agarra com força o rapaz pelo colarinho, fazendo-o quase se desequilibrar e cair à frente do banco onde se apoiava com as mãos.
—Michaelsen! Quantas vezes eu já lhe falei para não me surpreender desta forma?! Eu não me responsabilizarei pelos danos que minha cruciatus poderá lhe causar! Nunca mais faça isso!
John Michaelsen, juntamente com uma sorridente Hermione, tenta desvencilhar o punho cerrado de Severus de sua gola. Apesar do tom divertido da moça e do amigo, o Jovem Snape estava mesmo furioso e seu olhar mordaz poderia até lançar uma avada kedavra, se isso fosse possível.
Snape largou a gola do amigo, mas ainda estava furioso e levanta-se abruptamente do banco e vai até a murada baixa que separa a praça do rio, a fim de espairecer e se acalmar. Ouve Hermione e Michaelsen conversarem animadamente, mas a compreensão das palavras não chega até ele.
Ainda rindo, Hermione abraça o Jovem Snape pela cintura e recosta a sua cabeça em seu peito. Michaelsen pousa sua mão por instantes no ombro do amigo, dando uma seqüência de tapinhas em seguida, felicitando-o pela decisão de casamento ou qualquer coisa que o valha. Snape retribui o abraço à Hermione e descansa seu queixo sobre a cabeça da moça, mirando a paisagem à frente sem enxergá-la de fato. Sua fúria e preocupação não eram despropositais, e agora começava a raciocinar todos os contras que estariam por vir por causa de sua deserção às Trevas.
Nunca, nem agora e nem depois, ele poderia ficar em paz. Isso, provavelmente, era algo que jamais teria em sua vida: paz. E o que acabou de acontecer era a prova contundente que nunca estariam seguros e tranqüilos. Ele, principalmente. Sempre estaria em alerta, sempre estaria esperando pelo pior. Mesmo depois de tudo que aconteceu nas últimas horas que fez com que seu espírito se aliviasse de toneladas, mesmo estando a milhares de quilômetros dos domínios de Voldemort, ele se desesperou, crendo veemente que seria atacado por algum ex-companheiro das Trevas.
E não havia motivos para relaxar e crer no contrário. Agora, mais do que qualquer outra vez, sua vida corria sério perigo. Ele era um Traidor. Um apóstata. E nenhum traidor de Voldemort sairia ileso. E aqueles que são queridos pelo traidor são os que mais caro ainda pagam...
Hermione, a sua Luz. Ele a amava intensamente, disso tinha a mais absoluta das certezas e, talvez, por isso mesmo, não seja justo que ela tenha uma vida conturbada por sua culpa...
E o mais correto a ser feito é separar-se dela, por mais que isso lhe adoentasse. O melhor é saber que está bem e viva que mantê-la consigo apenas por egoísmo... e ela teria que entender isso...
E isso lhe doía e lhe consumia terrivelmente!
Sentado em sua escrivaninha, a testa apoiada sobre as mãos em dedos entrelaçados, Snape se recupera do susto e espera que seu coração volte aos seus compassos normais, respirando profundamente.
Ergue sua cabeça, pondo-se ereto na cadeira. Com as mãos, enxuga o suor do rosto e desliza seus dedos por seus fios de cabelos e torcendo-os como se fosse prendê-los num rabo-de-cavalo. Ao fazer isso a marca negra em seu antebraço esquerdo, cuja manga da camisa branca que usava estava enrolada até acima do cotovelo, lhe chama a atenção, da qual dispensa com muita amargura.
Recoloca os cotovelos novamente sobre o tampo de madeira negra de sua escrivaninha, deixando que sua vista e seus pensamentos se percam pelas formas queimadas do desenho do crânio com a serpente.
Ele estava certo quanto a isso: Paz é algo que ele jamais teve!
E quanto à Hermione? Seu passado agora tornava-se também seu futuro, uma vez que sentia ser parte da garota... o que acontecerá com ela?!
Sim, eles tinham toda a possibilidade do mundo de ficarem juntos e até mesmo constituído uma família, não fosse o fato que ambos, aquela época, ignoravam totalmente: de que aquela Hermione era uma mente física materializada. Apesar de seu corpo e sua presença serem algo palpável, aquela não era uma existência real... era uma existência incompleta que não suportaria ainda mais tempo tal sobrevida.
Snape abaixa novamente sua cabeça, escondendo seus olhos que ardiam em rasos d'água nas palmas de suas mãos. Tantas possibilidades e nenhuma ao alcance. A maior chance de ter sido feliz que não foi concretizada, nunca. Ao menos tinha o pequeno consolo de saber, somente agora, que foi amado alguma vez em sua vida... melhor, saber que seu amor fora correspondido. Mas, nada disso chegou a se concretizar; nunca houve um casamento, uma jovem Sra Hermione Granger Snape, nunca houve uma família constituída...
—Deus.. o que acontecerá à Hermione?
O forte cheiro que provinha de seu caldeirão despertou-lhe de seus devaneios e lembranças. Snape levantou-se e rumou até o fogareiro onde ardia um pequeno caldeirão em ferro fundido. A fumaça em tom prateado indicava que a poção que ali cozia já estava pronta. Com um aceno de sua varinha, a temperatura do conteúdo do caldeirãozinho se abrandou e um frasco de cristal translúcido foi cheio até o gargalo, sendo fechado com uma rolha de cortiça.
Segurando o pequeno frasco entre seu polegar e o dedo indicador, Snape leva-o até a altura de seus olhos, onde contempla com um brilho orgulhoso nos olhos o líquido espesso e perolado em cor de prata... ali havia sido depositado a poção feita a partir de suas lembranças diluídas na Penseira, mas as sua falsas lembranças, aquelas que, até pouco tempo atrás, julgava ter vivido ao lado daquela moça tão especial que guiou-lhe para a Luz.
—Eu preciso acreditar que Cherry Blossom trará Hermione sã e salva de volta ao nosso tempo... ela já demonstrou que tem me ouvido em seus sonhos, então preciso acreditar que ela irá até o Beco Diagonal e se encontrará com o velho Regente...
Snape baixa sua mão e o pequeno vidro fica aconchegado em sua palma, para o qual ele olha com tristeza e um certo carinho.
—Eu jamais a esquecerei de fato, Hermione, jamais... mas não posso permitir que o garoto Severus permaneça com todas as suas memórias... isso, certamente, acabaria em desastre.
Colocando com cuidado o frasco no bolso direito de sua calça, Snape busca seu balandrau negro que descansava no cabideiro de madeira ao canto próximo a sua escrivaninha. O que tinha que fazer agora é buscar pelo velho Regente Cherry Blossom... esperava encontrá-lo nesta época.
Agora sentia que breve tudo isso acabaria e que essa angústia se findaria. Não sofreria mais com a tormenta de suas lembranças rompidas do invólucro que ele próprio forjou... ao menos, assim o acreditava.
Mas o destino de Hermione ainda era uma incógnita... mesmo ela pertencendo ao passado neste momento, o desfecho que sua existência teria estava no futuro, num futuro que não havia chegado ainda para nenhum deles e que não poderia ser previsto, apenas especulado.
Rezava aos Céus de que ela retornasse sem seqüelas, sem pesares, talvez lhe desprezando ainda mais, mas que voltasse bem e viva.
E isso pertencia ao Futuro que ainda não foi vivido e que era mais inalterável que o Passado, pois, como é dito, o Futuro apenas a Deus pertence...
Fim do Capítulo XIX – continua...
By Snake Eye's – 2004
N/A: O personagem John Michaelsen é de autoria de Sarah Snape ).
O próximo capítulo é o último, encerrando essa fic... portanto, ameaças: não postarei o último episódio por menos de 50 reviews, falô? Aquele que lê a fic mas nunca postou comentário, eis a grande oportunidade, huhuhu!!
E tem FanArts novas de Duas Realidades!! Acesse: www.iespana.es/snake-eyes e vá pra seção de capas e fanarts! São duas artes do velho Snape feitas pela lindinha Anita McGonagall! Valeu, garota!!
E mais um recado: Como já falei, estou encerrando esta fic; a próxima a ser encerrada (assim espero!!!) será a Celeidoscópio. Como acabei acumulando trabalho (se é que fic é "trabalho"), eu não consigo me dedicar direito a nenhuma delas, então farei o seguinte: para desespero de algumas fãs (XD): Animago Mortis ficará no freezer por mais algum tempo, até que eu elimine duas das minhas fics. Pretendo voltar a publicar a Animago somente lá pelas férias do pessoal, assim você terão tempo e disposição para ler a fic e COMENTAR(!!!). Então peço desculpas por demorar ainda mais um tempo em postar cap novo de Nico & Cia.
E propaganda: ANJO AVERNAL, conhecem? Não. E até agora só recebi um review de uma boa moça que não era a minha conhecida de antes... isso quer dizer que minhas adoráveis fãs me ignoraram totalmente nesta nova fic?!? Ah, não, isso não! Acesse lá o meu profile (é só clicar no meu nome lá no topo da página) e procurar pela fic. Snape e Dumbledore. E não, não é slash.
É isso!
Abraço de cobra! E bjus pra meninas!
#Snake Eyes#
---Ao som do álbum de And One, Aggresor.---
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Agradecimentos pelos Reviews: Valews!
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OI, Luna-br!
Eu falava sério... depois que eu terminar todas essas pendência, vou dar um tempo com os romances...
Bjs!
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OI, Tutuzinha!
Tudo que é bom dura pouco e o bom tem que acabar no seu apogeu para deixar lembranças (boas).
É, o próximo cap é o último, cabô! Mas teremos outras por aí...
Bjinhus!
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Oi, Anita McGonagall!
Antes de tudo: VALEU PELAS FANARTS!! Te adoro, menina!!
Que bom que gostou do cap anterior, pq, eu, bem... achei "sabriniano" demais - inda bem que foi breve...
Beijão!
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Oi, Alininha!
1º - É, agora tô desbloqueado, mas sem tempo suficiente... legal, né? Oh, vida!
Se eu não separar a Mione do Snape, quem separará será a morte... lembra que ela não pode permanecer por muito tempo no passado? Bem, vejamos o que vai acontecer, afinal.... mas eu sempre achei as melhores histórias aquelas em que o mocinho morre no final, tipo o Cowboy Bebop, cuja última cena é o close do protagonista morto... maneiraço!
2º - Isso que dizer que a fic é boa??
3º - Foi a Shadow que me pediu em casamento! Se entenda lá com ela o.O!! E como é que você fica? Bom, se você não for muito ciumenta... XD
Beijos!
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Oi, Shadow Maid!
Leu a resposta de cima? Agora entenda-se com a Alininha... não tenho nada a ver com isso - além de ser o pivô. Ai, como é chato ser gostoso!
E o que vc me faria se me lançasse uma Imperius? Eu não deveria perguntar isso, mas meu lado NC tá louco pra saber XD
Ah, minha querida, eu sempre me viro com as muletas... nem que eu tenha que inventar uma desculpa esfarrapada. E aí, que achou dessa (do cap)?
Quem disse que querer ser como vc é se menosprezar??
Se nos casarmos em regime de comunhão de bens, talvez eu consiga ficar com a Possuidos e sua continuação XDDD
Bjokas!
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Oi, Jenny!
Heheh... nesse ponto sou caretão e fico meio que com vergonha de reler o que escrevi sobre os 'finalmentes'... cada louco com sua neurose.
Eu senti um tom de perversão nessa sua sugestão de fazer o Snape aparatar em casa para curtir sossegado a tal lembrança... ou sou eu, o que é mais provável, o pervertido aqui, já que só havia um jeito dele curtir a lembrança.... felizmente, o FFnet não permite mais enecês17 XDD
Bem, acho que já expliquei sobre essa de acabar a fic qdo ela começa a ficar na boa... é que chegou a hora e tudo o que viesse depois disso seria meramente recheio de lingüiça, sorry! Mas veja pelo lado bom: poderei iniciar outras novas fics :)
Bjokas!
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Oi, Sheyla Snape!
Bem, atendi ao seu pedido, porém não foi "logo"... mas tá aqui a atualização, espero que goste como gostou do cap anterior!
Pois é, mulher carente é um perigo! Espero que nesta parte eu tenha te saciado XD
Valeu pelo apoio moral! E sabe que nós somos o trio sagrado, não? (Sarah-Nocty-Snake XDDD)
Bjusss e brigadaum pelo comente (se não me engano, vc é leitora nova, não?)
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Oi, Estrela Vespertina!
"Moço sumido" reaparece!
Vc tb é nova por aqui, não? Seja bem vinda (e me adicione como autor favorito XDDD)
Acontece que o 'meu' Snape é mto rox! É por isso que vc gosta dele, pois nem eu suporto aquele Snape Eca do livro - na verdade, aprendi a apreciar o personagem por causa das fics.
É, a gente especula sobre o motivo de Snape ter virado-casaca.. e a minha foi essa. Mto legal, não?
Ainda tô te devendo uma visita. Vamos ver se resolvo isso ainda hoje. Não é má vontade ou preguiça, é falta de tempo msm - e fim de ano só toma tempo!
Bjuss e brigadaum pelo comente!
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Oi, Sheyla Lopes! Di novu!
Já tô quase acabando, como vc já pode apreciar neste cap, então o próximo é mesmo o fim, então não se preocupe que está não será mais uma dessas fics inacabadas :)
As "férias" a que me referi foram férias das fics, não propriamente minhas (buáaa!).
Bem, isso pq eu sou meio careta pra essas coisas e realmente não tenho coragem de pôr algo explícito - além de não gostar, pois isso vira pornografia, logo é vulgarisse.
Espero q tenha apreciado este cap tb!
Bjus do Snake!
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Oi, Lílian Teixeira!
Mais uma nova leitora, weba!
No início eu postava uma vez por semana, agora a minha freqüência de postagem é infreqüênte msm XD
Pra ficar mais fácil de vc saber se tem ou não cap novo, vc pode se cadastrar no ffnet e adicionar um "autor alert" das fics que vc quiser e vc será imediatamente notificada por email. É um recurso mto legal do site (embora eu não use mais, pois não gosto de confundir com o "review alert" que recebo.).
Bjus e obrigadaum pelo comente!
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E a todos que leram e não comentaram o cap passado, o meu terno abraço... mas se
não comentarem este, não teremos o cap final XD - e eu não estou brincando :)
Abraços de Sucuri pra todos!!
Snake Eyes - The Best Autor XDDD
