Episódio XX – "Se Existe A Despedida, Há O Reencontro..."


A noite já ia alto quando Snape aparatou no Beco Diagonal, em frente à pequena loja de Antiquários que ficava escondida numa ruela ainda mais estreita. A vitrine estava fracamente iluminada, apenas o suficiente para deixar os móveis e artefatos ali expostos visíveis aos transeuntes.

Snape estava vacilante. Ele não queria fazer isso, mas era necessário, muito necessário. Suas doces lembranças poderiam até mesmo causa a morte de Hermione Granger em sua própria época, afinal ela foi a responsável pela traição de Severus. Obvio que isso não aconteceu, mas isso é devido, muito provavelmente, por agora ele tomar essa devida providência.

Ainda vacilante, Snape mantém sua mão parada no ar a milímetros de distância da maçaneta de bronze envelhecido. Respira fundo e põe sua frieza de volta ao lugar e só então segura e gira a maçaneta com determinação.

A porta de carvalho e vidro tilinta com seus sininhos ao ser aberta. Cautelosamente, Snape apenas dá uma espiada no interior da loja, abarrotada de móveis e bugigangas antigas, como sempre. A iluminação interna era fraca, mas que tornava o lugar aprazível a quem ali entrasse... esse conforto era, provavelmente, provindo da energia que ali circulava, uma energia poderosa e discreta ao mesmo tempo.

Com calma, Snape entra e fecha a porta as suas costa, que volta a tilintar com o leve baque. O homem anda alguns passos até ser atraído novamente pela parede repleta de relógios dos mais diversos formatos. Como que hipnotizado, seus olhos serpenteiam por cada um dos relógios, surpreendendo-se com algo estranho. Alguns traziam datas diferentes: uns traziam a data de 20 anos atrás, da época em que Hermione agora se encontrava; e outros traziam a data do dia atual. E as horas estavam igualmente alteradas, onde em alguns relógios os minutos estavam defasados enquanto em outros o horário estava religiosamente correto.

Seus olhos se arregalaram pela surpresa de encontrar no maior dos relógios, o que ficava ao centro da parede, o datador apagado; apenas um vazio branco ocupava o lugar onde antes ficavam os números de cobre que representavam o dia, mês e ano.

—O tempo individual da bela menina está entrando em colapso...

Sobressaltado, Snape vira-se bruscamente para a direção da voz mansa, encontrando Cherry Blossom num atípico tom carregado. O Regente acabara de sair da salinha do interior da loja e olhava duramente para o bruxo.

—Sr Blossom... o que quer dizer com isso?

—Exatamente o que disse, meu jovem: o tempo de Hermione está entrando em colapso. Se corpo e espírito não retornarem para a mesma unidade de tempo e espaço, ambos morrerão. Como seria letal e quase impossível levar o corpo até o espírito, é necessário que a mente física da moça retorne... eu já falei isso.

—Sim, eu sei, mas... eu tenho feito o que falou, Sr Blossom, tenho me comunicado com ela através de seu sono e sei que ela tem me ouvido! É só uma questão de tempo, apenas mais um pouco e tenho certeza que ela irá até o ponto de partida!

Snape falou num tom de urgência e cansaço... ele próprio tentava manter o otimismo e crer que tudo daria certo e voltaria a ser como antes. Mas era difícil, muito difícil.

—Tudo aqui é uma questão de tempo, desde o início. Eu tenho aguardado por ela, mas não posso fazer mais que isso. Eu apenas posso servir-lhe de elo entre as duas épocas.

—Eu tenho certeza de que ela irá até o Senhor e, pelo que tenho.. lembrado, certamente ela fará isso o mais breve possível. Ela viverá! Eu sinto que sim..

—É o que desejamos. E o que quer que eu diga ao seu ontem, Severus?

O sorriso de sempre voltou ao rosto de Cherry Blossom, servindo como conforto a um confuso Severus Snape, que levou a mão ao bolso direito de seu balandrau, tirando de lá um pequeno frasco de vidro e estendendo até o Regente, que o olhava com paciente curiosidade.

—Diga apenas que... se há alguém em que ele possa confiar plenamente, é nele mesmo. E dê esta poção a ele, diga-lhe que o ajudará a suportar a separação.

—Seja como quiser, Severus... o passado só pode ser alterado em sua própria mente, pois ele próprio é imutável. Está tomando a decisão certa, rapaz. Para tudo existe um tempo e certamente o seu e da bela menina juntos não está no passado.

Cherry Blossom pegou o frasco delgado em sua mão calejada e de fortes sulcos marcados, subindo sua visão até os olhos negros de Snape. Seu sorriso se alargou ainda mais ao se despedir do bruxo, deslizando até desaparecer no véu negro que supunha ser uma simples porta para um outro cômodo da loja.

—O Futuro está eternamente em construção, quanto antes você trouxer a bela menina ao ponto de partida, mais este Futuro se concretiza e torna-se o Presente. A hora é agora... traga-os até mim.

Snape fitou o velho Regente até que ele desaparecesse completamente, engolido por um escuro total. Volta-se para os relógios que demonstravam o colapso que o tempo de Hermione estava sofrendo e que poderia se tornar ruínas em muito breve. Inspirou profundamente, buscando fôlego para uma nova jornada e dessa vez seria a mais árdua, pois deveria ser a derradeira. Usaria toda a força que tinha e não tinha para entrar em contato com o subconsciente de Hermione e convencê-la, decisivamente, a ir até a loja de Blossom no Beco Diagonal.


Madrugada. Como um pássaro noturno, Severus mantinha-se sentado sobre o parapeito da janela sem grades de seu quarto. A brisa fria que já se tornava constante naquela época do ano parecia não lhe incomodar. Vestido apenas com uma calça de tecido negro e macio, deixava que o frio batesse contra seu peito nu, enquanto o ar em movimento brincava com os fios negros e finos de seus cabelos que caiam pelo rosto e já alcançavam o pescoço em comprimento.

Seus olhos negros perdiam-se imóveis pela paisagem noturna, salpicada de fraca luz ora vinda dos postes, ora por algum raro automóvel que passava preguiçoso pela estrada. As nuvens densas caminhavam nervosas pelo céu de azul-negro, abrindo brechas vez ou outra e deixando transparecer algumas estrelas e uma tímida Lua em seu quarto minguante.

O ambiente do cômodo resfriou-se com a brisa que adentrava através da janela aberta. O lençol fino que cobria parcialmente Hermione não era suficiente para manter o corpo nu da moça aquecido. A garota acordou sentindo-se gelada; esticou o braço sobre a cama encontrando-a vazia. Apesar de muito recentemente ter passado a dividir a mesma cama com Severus, sua ausência ali já lhe fazia imensa falta. Com dificuldade, por causa do corpo pesado pelo sono, apoiou-se sobre o cotovelo direito, erguendo-se da cama.

Apesar da noite escura, sem Lua, uma fraca luminosidade invadia o quarto e seus olhos de imediato focalizaram a janela aberta, tendo o jovem Snape sentado sobre o parapeito, sobraçado aos joelhos. Como se estivesse perdido em pensamentos, o rapaz olhava insistentemente para fora.

Hermione enrolou-se no lençol branco para proteger-se do frio e caminhou apenas alguns passos até a janela, encontrando o Severus como que em transe, pois o rapaz sequer desviou seu olhar das ruas para receber a menina. Procurando não se deixar abater pela indiferença dele, Hermione levou a mão ao rosto do rapaz, retirando delicadamente algumas mechas de cabelo que caiam pela testa e face. Deixou que sua mão fina deslizasse do rosto ao pescoço dele, deixando-a ali descansar. Só depois de sentir o calor em sua pele que o rapaz resolveu sair de seu devaneio e encarar a moça que lhe dirigia um olhar triste.

—Você está tão gelado.. pode acabar doente pegando esse vento frio, nem camisa você está usando. – A moça falou num tom doce, mas no fundo estava temerosa de que Severus estivesse remoendo algum arrependimento.

—Isso não vai acontecer. Sou uma criatura das Trevas, estou acostumado a isso.

A garota estremeceu ao ouvir aquilo, mas não queria deixar transparecer conclusões precipitadas. —Achei que tinha ouvido você dizer que não existe volta para deserção das Trevas...

—Eu sou um bruxo das Trevas, mas isso nada tem a ver com o servilismo ao Lorde. O que digo que sou é o que está em meu sangue. Isso é um fato imutável tanto quanto você descender de trouxas.

Severus desceu do parapeito, mas manteve-se encostado na janela. Compadeceu-se ao ver aflição nos olhos de Hermione... eles tinham muito o que se entender ainda, eles eram, na verdade, opostos.

O rapaz envolveu o rosto da moça com suas mãos. Ele estava muito preocupado com o futuro de ambos, principalmente com o futuro dela. Mesmo que ela conhecesse algo de seu futuro, o próprio futuro de Hermione, agora, era uma incógnita. O que poderia vir a acontecer a ela caso o Lorde queira vingar-se da traição daquele que fora o seu mais leal servo? Até quando eles poderiam viver em paz, sem sobressaltos e alardes? Provavelmente não por muito tempo.

—Não quero que pense que me arrependi do que houve entre nós. Não quero que pense que me arrependo de sair do círculo do Lorde das Trevas. Mas eu tenho medo, sim.. tenho medo de que você sofra com isso, que você tenha uma vida atribulada por minha causa.

Hermione fechou seus olhos, aliviada com as palavras de Severus e entregando-se aos carinhos em seu rosto e cabelos. A garota leva suas mãos ao tórax do rapaz, aproximando-se mais um pouco dele.

—Tudo dará certo, eu sinto isso.. nós ficaremos juntos e enfrentaremos os problemas que surgirem. Buscaremos auxílio de Dumbledore e tudo se acertará...

Deitou a cabeça no peito de Severus. O lençol suspenso sobre seus ombros como um manto deixava toda a frente de seu corpo descoberta. Sentir sua pele em contato direto com a pele fria do rapaz só despertou novamente o desejo em ambos.

—Vamos resolver tudo isso logo.. vamos até Hogwarts buscar a proteção de Dumbledore. Mas antes vamos passar no Beco Diagonal, encontrar minha varinha. Posso não ser uma grande duelista, mas serei mais útil tendo-a comigo.

—Tudo que quiser...

A frase de Severus dita num sussurro foi abafada por seus lábios contra o pescoço de Hermione, abraçando-a ainda mais firme contra si. Beijava-lhe o pescoço e ombro, fazendo com que o lençol deslizasse parcialmente pelo corpo da garota, mantendo-se preso pelos braços do rapaz que envolvia Hermione por sobre o tecido.

Hermione enlaçou-se ao pescoço do rapaz, tateando a olhos fechados em busca dos lábios de Severus, ao qual encontrou em beijos intensos. As mãos dele deslizavam ávidas pelas costas da garota, porém tomando o cuidado de não descobri-la completamente.

A cama estava distante apenas em alguns passos, mas a intensidade do momento fazia-a distante em milhas. Ainda entregues ao beijo, delicadamente Severus conduziu Hermione até deitá-la no chão forrado por um grande tapete felpudo e sedoso, por sobre o lençol branco.

Só então Hermione abriu seus olhos, encontrando os olhos negros de Severus que a fitavam intensamente com doçura, porém ainda era possível encontrar ali um fio de preocupação. Mas este não era o momento para preocupações com o futuro e tudo que era relevante era o Presente, aquele exato instante.


O dia estava apenas nas suas primeiras horas quando Snape encontrou-se com a medibruxa Clara, no Hospital St Mungus. Apesar do semblante pálido, abatido e olheiras fortemente pronunciadas, o Mestre de Poções estava com um ar de alegria, algo tão estranho a si. Clara apenas franziu o sobrecenho, estranhando a feição otimista do homem, mas poupou-se de qualquer comentário a respeito.

—Vim apenas me despedir e lhe pedir um favor, Clara..

A medibruxa arqueou a sobrancelha esquerda e mirou Snape por alguns instantes antes de lhe responder qualquer coisa.

—Despedir-se? Como assim? Quer dizer que perdeu completamente as esperanças na recuperação de Hermione?

—Não, muito pelo contrario... acredito que a partir de hoje ela não precisará mais de nossos cuidados.

—Você.. tem certeza do que está dizendo, Snape? Está dizendo que Hermione...

—...voltará.. é isso que estou dizendo...

—Mas.. você tem mesmo certeza disso? Quer dizer que o senhor Cherry Blossom conseguiu contactá-la? – A medibruxa esboçava um sorriso pela expectativa de ver esse caso de Hermione finalmente resolvido.

—Certeza?.. não, não tenho certeza.. apenas acredito que isso acontecerá hoje.. e desejo muito que seja.. – Falou Snape num tom que demonstrou todo o seu cansaço físico e mental, fazendo desaparecer sua tênue áurea de alegria.

A medibruxa tornou-se séria e apenas ficou observando o rosto cansado de Snape, que, mesmo abatido, ainda fitava de queixo erguido a mulher, como se esperasse por alguma reação ou resposta dela. Mas, o tempo estava passando e não queria estar ali quando Hermione despertasse, não queria impor-lhe a sua presença, afinal a garota iria precisar de algum tempo para poder assimilar toda essa experiência.

—Quando Hermione acordar e já estiver sã e bem consciente, não quero que ela saiba que eu estive todo o tempo aqui com ela, não de imediato, ao menos...

—Não entendo.. por que isso, Snape? Você passou dias e noites inteiras velando-a em seu leito, buscando alternativas para solucionar esse problema.. e não quer que ela saiba?

—Por ora, não. Eu creio que ela estará muito confusa quando despertar e minha presença pode complicar alguma coisa. Ela precisará de tempo... tempo para entender o que aconteceu.

Snape não esperou qualquer resposta ou reação de Clara, ao findar sua frase apenas deu-lhe um sorrisinho mal esboçado e virou-lhe as costas, tomando o rumo do corredor que daria para a saída do hospital. A medibruxa apenas ficou observando o bruxo pelo instantes que ele levou até desaparecer na esquina do corredor, com sua veste negra e sedosa esvoaçando as suas costas com seus passos rápidos e decididos... esperava ele não ter mais que retornar aquele hospital... esperava, acima de todas as coisas do mundo, reencontrar Hermione em um outro lugar qualquer que não fosse ali, viva, saudável e espirituosa, assim como ela sempre fora.


Hermione já estava sentada à mesa posta com o desjejum, apenas aguardando que o jovem Snape acordasse. O Sol de raios tímidos e quase frios mal despontava no horizonte; sua luz de amarelo pálido invadia a pequena sala em que a garota estava e observava muito centrada a poeira que parecia brincar dentro dos raios, enquanto bebia em goles mínimos o chá preto que havia preparado.

Mas Hermione estava absorta em pensamentos, remoendo o sonho insistente que estava tendo nos últimos dias, inclusive nas poucas horas de sono que teve essa noite.

O mesmo sonho, sempre: Encontrava-se com o Severus Snape de seu próprio tempo na loja do Beco Diagonal onde havia acordado nesta época... mas não era um sonho ruim. A expressão que via no rosto e olhos de Snape era idêntica à deste Severus que ela tanto ama... uma expressão que, na verdade, jamais viu e jamais pensou que o homem fosse capaz de ter... ele lhe estendia a mão e pedia-a para voltar, dizia-a de forma terna que retornasse ao Beco Diagonal, àquela loja exatamente. Esses sonhos a estavam incomodando muito e acreditava que isso era fruto de sua confusão mental com todos os fatos que ocorreram de forma tão intensa nas últimas – quase – duas semanas, desde que tudo isso começou, desde que ela atravessou vinte e um anos no passado.

E acreditava que só havia um jeito de livrar-se dessa neurose que lhe atacava durante o sono: ir ao Beco Diagonal, ir à loja onde despertou nesta época... obviamente que seu subconsciente estava lhe transmitindo suas preocupações dessa forma meio confusa, em que misturava Severus com aquele que foi seu professor em Hogwarts... e ela estava, sim, muito preocupada; preocupada ainda com o que será o seu futuro a partir daquele instante; preocupada em como as coisas estão andando em seu próprio tempo; preocupada com Severus, este e do 'futuro'... e preocupada, mesmo que parecesse ridículo, com a sua varinha mágica, que muito provavelmente estava perdida naquela loja e torcia para que ainda estivesse por lá.

Estremeceu ligeiramente com o susto ao ouvir seu nome sendo pronunciado por um sonolento Severus que estava parado em frente à porta do quarto. Baixou a xícara no pires sobre a mesa, quase derramando o chá, e só então atendeu ao chamado, encontrando o rapaz que esboçava um sorriso, já se aproximando dela.

—Os papéis foram invertidos e ninguém me avisou nada? – Severus dizia com um sorriso, levando a mão à cabeça de Hermione, acariciando-lhe os cabelos, enquanto depositava-lhe um beijo em sua testa.

Hermione retribuiu ao sorriso e ao beijo, levando suas mãos ao rosto do rapaz e deixando em seus lábios um beijo longo e terno.

Mesmo a contra gosto, ambos cessaram o beijo e Severus sentou-se na cadeira lateral, servindo-se com o chá que depositava do bule de porcelana à xícara de mesmo material e padrão. Hermione ficou observando o rapaz ainda por um tempo, com certa expectativa... tudo o que ela pensava naquele momento era em seu sonho.

—Você parece preocupada com algo, Hermione... quer falar sobre isso? – Perguntava Severus, sério, levando em seguida a xícara à boca, bebericando do chá preto.

—Bem.. sim, não é grandes coisas, mas... preciso ir ao Beco Diagonal.. preciso recuperar minha varinha ou, na pior das hipóteses, conseguir uma nova.

—Não precisa ficar preocupada, faremos isso hoje mesmo. Iremos até a Citadelle e de lá usaremos pó de flu para irmos ao Beco Diagonal... só seria possível aparatarmos diretamente na Inglaterra se usássemos magia negra, o que não seria nada bom pra você.

—Citadelle?

—É, já estivemos lá, é o bairro bruxo em que tivemos aquele.. famigerado jantar.


Através do pó de flu, Severus e Hermione tiveram uma enjoada viagem até o bar Caldeirão Furado, que servia de porta de entrada para o 'mundo bruxo'. Pela distância entre França e Inglaterra, a viagem demorou alguns minutos a mais.

A garota saiu da lareira como se tivesse saído de um barco que enfrentou tempestade: sua pele estava pálida e levemente esverdeada além de sua expressão ser algo de dar dó. Ambos estavam sujos pela fuligem da lareira do bar que não devia ser limpa há séculos. Severus não conseguiu disfarçar a risada, que fez Hermione dispensar-lhe um olhar ferino. O rapaz consertou-se tentando disfarçar o sorriso maroto e com um leve aceno de sua varinha, ambos estavam novamente limpos e apresentáveis como quando saíram de casa.

Naquela hora da manhã o Caldeirão Furado estava praticamente vazio, apenas um ou outro cliente estava pelas mesas ou no balcão. Severus, sério e cauteloso, olhou atentamente todo o lugar, certificando-se que não havia ninguém por ali que pudesse abordá-los além do próprio dono do bar que, por ossos do ofício, jamais se metia em qualquer assunto que fosse ou com quem fosse.

Severus depositou silenciosamente um galeão sobre o balcão pelo uso do transporte e o homem, que sempre tinha cara de poucos amigos, apenas assentiu com a cabeça. O rapaz pegou Hermione pelos ombros e a conduziu o mais rápido possível para fora do bar, indo misturar-se à multidão que se aglomerava pelas ruas estreitas do Beco Diagonal.

Hermione não saberia dizer ao certo onde ficava a tal loja, mas cogitou que, se ela atravessou o tempo, ela atravessou exatamente dentro do mesmo espaço e reconstituído o dia fatídico em que tudo aconteceu, ela refez o mesmo caminho que tomou naquele dia, saindo da livraria Floreio e Borrões.

A garota preocupava-se em refazer o mesmo caminho sem erros, enquanto Severus a seguia olhando atentamente para tudo e todos, temendo encontrar algum ex-companheiro das Trevas. Por ele não haveria, ainda, nenhum problema.. o problema seria se percebessem que ele estava acompanhado de Hermione. O pior mesmo seria se encontra-se ali Lucius Malfoy, que estava presente no dia em que encontrou a moça ali mesmo no bairro bruxo.

As ruas tornaram-se menos tumultuadas a medida em que avançavam pela via principal, até que Hermione passa pelos diversos becos e se atem a um deles, em específico.

O beco era estreito e escuro devido às construções altas e muito próximas uma das outras. No entanto, além disso, em nada ele se parecia com o beco onde encontrou o pequeno Antiquário, e quando ela despertou depois do ataque não tinha a mínima condição de avaliar o lugar em que se encontrava, mas algo lhe chamou a atenção para ali.

Como se estivesse entorpecida, Hermione seguiu a passos lentos para dentro do beco, sendo atraída por algo invisível que chamava sua atenção, como fosse um imã. Severus de imediato percebeu a mudança súbita na fisionomia e comportamento da moça e tentou impedi-la, segurando-a pelo braço.

—Hermione! O que está fazendo? Este beco está abandonado, não há nada ali.

Hermione, sem desviar o olhar que instigava para dentro do beco, falou numa voz calma, porém sem nenhuma emoção, desvencilhando da mão de Severus.

—É aqui.

A garota retornou seu caminho e não restou a Severus outra alternativa além de segui-la. Por precaução, o rapaz empunhou sua varinha e aguçou seus sentidos a fim de certificar-se de que não havia perigo os espreitando.

Pararam em frente a uma loja de aspecto abandonado. A vidraça estava embaçada; a porta de madeira apodrecida parecia se desmanchar; as paredes em tijolo aparente estavam encardidas e havia alguns cartazes colados uns sobre os outros, com partes rasgadas; todo o chão do beco acumulava-se lixo como restos de papel, vidro, madeira.

Mas Hermione não se ateve a esses detalhes.. pelo seu estado quase catatônico ela sequer percebeu qualquer um desses detalhes. Num ímpeto, segurou com determinação a maçaneta da porta e a girava quando o jovem Snape a deteve, pondo sua mão sobre a dela, impedindo-a de abrir a porta.

—Isso é muito esquisito, Hermione! Você está estranha! Deixe que eu entro primeiro aí.

Hermione virou-se para o rapaz que se sobressaltou com os olhos da moça, cujas pupilas estavam completamente dilatadas, deixando os olhos naturalmente cor-de-mel quase negros.

—Não há o que temer... foi aqui que tudo começou.

Algo não estava bem. Tudo havia se tornado estranho. E por mais que isso o assustasse, ele não poderia fraquejar ou retroceder. O que estivesse atrás daquela porta deveria ser enfrentado. E se havia algo a ser enfrentado, tal embate aconteceria cedo ou tarde.

Severus apertou a mão de Hermione conduzindo-a para um pouco atrás de si, deixando que ele próprio abrisse a porta. Ele o fez com cautela e sempre com sua varinha em punho.

Ao abrir a porta se depararam com um ambiente sobral e um forte cheiro de poeira e mofo. Aparentemente não havia nada ali além de móveis velhos e quebrados cobertos com grossa camada de poeira. O silêncio do lugar era tanto que a respiração de Severus e Hermione era ruidosa.

Hermione soltou-se da mão de Severus e deu dois passos adiante, decidida. O rapaz apenas se alardeou, segurando-a novamente pelo pulso, afinal algo muito estranho estava naquele lugar e não poderia baixar a guarda.

—Não há o que temer, Severus.. está tudo bem. Foi aqui que tudo isso começou. – Hermione falou numa voz doce e calma, virando-se com o esboço de um sorriso para o rapaz. A menina parecia ter saído do estado de torpor a que se encontrava até poucos instantes.

—Não há o que temer? Você ficou estranha.. acha que não deveria me preocupar?

Hermione nada respondeu e apenas fitou o rosto de Severus, como se estivesse fazendo isso pela última vez em sua vida, porém seu semblante era de uma alegria serena. Um ruído foi ouvido e ambos voltaram sua atenção para a direção do som. O jovem Snape apertou com força sua varinha em sua mão, cerrando sua expressão e preparando-se para o pior.

...

—Eu estava esperando por você, bela menina. Que bom que esteja bem, Srta Hermione... – Falou uma voz calma e passos mansos foram ouvidos, até que uma forma surgisse da penumbra do fim da sala.

De cabeça baixa, olhando por sobre o óculo de leitura, Cherry Blossom surgia ao lado de um velho e sujo balcão de vitrine, com seu típico sorriso em seu rosto marcado por sulcos esculpidos pelo tempo.

—Bela menina, você precisa voltar para o seu próprio tempo.. esta época não a pertence... só está aqui por um acidente no rasgo do tempo.

Hermione ficou estática, com a boca entreaberta, lembrando-se vagamente da figura que ali estava e lhe falava mansamente. Severus, exaustado, dá dois passos adiante de Hermione, apontando a varinha para Cherry Blossom, que se mantém completamente calmo e com seu sorriso de sempre.

—Quem é você e o que quer?! Foi você quem atraiu Hermione para cá! Que magia negra é essa afinal?!

—Ho ho ho.. perdão jovem Severus, pela minha indelicadeza. Sou Cherry Blossom, simplesmente. E não usei nenhum tipo de magia, afinal não sou um bruxo.

Severus ainda mantém a varinha apontada para Blossom quando Hermione segura-lhe a mão fazendo-o abaixar a guarda. O rapaz a olha confuso, principalmente por não pressentir nenhum perigo real naquele momento.

—Hermione, o que voc...

—O senhor estava naquele Antiquário onde fui atacada... a parede de relógios, a sua energia é a mesma daqueles relógios... – Falava Hermione, interrompendo Severus que a olhava com confusão e expectativa. Porém a garota estava calma, tentando se lembrar dos detalhes daquele dia.

Cherry Blossom sorriu ainda mais largamente.

—Surpreende-me que a senhorita tenha tido tempo de perceber a minha presença. Fico feliz que se lembre de mim, pois eu preciso levá-la de volta.

—Me levar de volta? O senhor quer dizer me trazer de volta para 2001, é isso? Mas.. não! Não posso, não quero! Eu.. eu quero ficar aqui, quero ficar com Severus!

—Eu lamento muito, minha querida, mas esta época não a pertence.. ficar aqui a condenará a morte prematura e possivelmente à morte eterna. Venha criança, precisamos retornar o quanto antes.

Cherry Blossom com um sorriso triste estende sua mão a Hermione, que nega e se afasta, voltando-se para Severus que respirava com aflição. Com os olhos rasos d'água, Hermione tenta dizer qualquer coisa ao rapaz, mas sua voz ficou presa em sua garganta, juntamente com o pranto.

Hermione jogou-se aos braços de Severus, enlaçando-o pelo pescoço com toda a sua força, temendo ser lavada embora, ser levada para tão longe de seu grande amor que, de certa forma, jamais voltaria a rever. O jovem Snape retribui de imediato ao abraço, apertando-a com força contra si.

Ela poderia dizer mil coisas, implorar para ficar, mas sentia que isso não seria possível. Intimamente sentia que deveria obedecer sem relutar e retornar para o seu próprio tempo... então nada do que planejaram juntos se concretizou, ela estava mesmo perdida naquele tempo e tudo não passaria, no fim das contas, de mera ilusão.

Ela não queria, mas as lágrimas escorreram por sua face. Ela e Severus jamais poderiam ficar juntos, afinal... mas ela conseguiu com que ele se voltasse para a Luz e talvez tenha sido apenas para isso que todo esse acaso ocorreu.

Desenlaçou-se de Severus e deslizou suas mãos até o rosto do rapaz, cujos olhos negros transmitiam grande tristeza e desolação, olhos estes que estavam marejados e, assim como Hermione, o rapaz não conseguia pronunciar qualquer palavra, apesar de poder e querer dizer tantas coisas, e impedir o que estava para acontecer.

Hermione pôs-se nas pontas dos pés e beijou Severus num beijo terno e longo, porém amargo como as lágrimas de ambos que se misturavam. O tempo poderia parar naquele instante, mas o tempo não pára para nada, não pára para ninguém... o beijo foi findado.

—Eu amo você, muito... Não se entregue, nunca! Nada é tão nobre que valha a sua vida! Viva, Severus! Viva!

A garota abraçou-se novamente a um atordoado Severus Snape, escondendo seu rosto e abafando seu soluço no peito do rapaz, que retribuía ao abraço na mesma intensidade.

—Eu realmente sinto muito, crianças... – Cherry Blossom estendeu sua mão onde pendia em uma corrente de ouro um velho relógio de bolso, que se abriu deixando a mostra seus ponteiros que começavam a girar numa velocidade gradativa e que aumentava a cada circunferência completada.

Sons graves de badaladas de sinos foram ouvidos e o ambiente foi preenchido por uma pressão de ar. Hermione sentiu como se um fio puxasse seu cérebro para fora do crânio e tentou agarrar-se ainda mais forte a Severus, que também a abraçava com toda a sua força.... até que toda a sua consciência foi sugada e ela mergulhou num vazio de completa treva, onde não mais ouvia, escutava ou sentia.


O vazio das trevas deu lugar a uma tênue luz que se formava diante de si como um pequeno ponto suspenso acima de sua cabeça. Lentamente começou a ouvir ruídos e o ponto de luz tornava-se maior e maior até que preenchesse todo o espaço de sua visão. Sentiu o ar entrando em suas narinas e um gosto amargo e seco em sua boca que se entreabriu na vontade de pronunciar um nome, mas nada saiu além de um ar que se arrastou em sua garganta.

Com muita dificuldade movimentou seus dedos e quando sua vista tornou-se clara, virou sua cabeça para o lado de onde ouvia um ruído de respiração. Estava tão pesada e cansada que pensou em voltar a dormir novamente, mas a curiosidade de saber o que aconteceu e onde estava era muito maior que sua fadiga.

—Mione... - Uma voz embargada pronunciou o seu nome e a pessoa aproximou-se de onde ela estava, tocando-lhe o rosto com dedos frios e trêmulos.

—Mione.. Mione... você acordou? Deus! Você está de volta?!

Antes que Hermione conseguisse conjeturar qualquer coisa, o rapaz abraçou-lhe com fervor, suspendendo-a da cama onde estava deitada. Percebeu que o rapaz chorava quando sentiu as lágrimas quentes caírem em seu rosto e pescoço.

—Por Deus, Mione! Pensei que nunca mais você acordaria! Deus, obrigado, obrigado!

Mesmo muito fraca, Hermione tentou se desvencilhar do abraço que já a estava sufocando, quando a medibruxa Clara adentra o pequeno quarto onde a garota dormia em sono profundo desde o incidente no Beco Diagonal.

—Sr Potter! O que pensa que está fazendo?

Harry vira-se para a mulher e entre lágrima sorri com seu mais belo sorriso, mantendo Hermione aninhada em seus braços.

—Mione, Dra Clara! Ela está de volta!


Caído de joelhos, prostrado ao chão, Severus tentava entender por que aquilo tinha acontecido... por que a sua Luz teve que ser tirada de si. Suas lágrimas formavam pequenas manchas no chão poeirento. O rapaz estava cabisbaixo e seus dedos arranhavam nervosos o tecido grosso da calça negra que trajava.

—Por que.. por que Hermione teve que ir? Por que tudo isso aconteceu, afinal?

Cherry Blossom aproximou-se de Severus que agora parecia o que ele realmente era: um garoto desamparado, sozinho.

—Eu sinto muito, mesmo.. mas se a bela menina ficasse, morreria dentro de pouco tempo. Mas vocês terão uma segunda chance, pois viverão a mesma época.

Severus levantou sua cabeça com raiva, o sobrecenho franzido, mas ao encontrar os olhos de azuis claríssimos e que demonstravam tanta bondade, não conseguiu sentir ódio por aquele homem que havia tirado a sua Hermione. Tudo que conseguiu foi perguntar-lhe numa voz embargada, num palpável tom de indignação.

—Quando isso acontecerá? Como eu viverei sem ela até que isso aconteça? Mesmo que tenha sido tudo muito rápido, foi tudo muito intenso.. como poderei viver com isso sem tê-la por perto?

—Filho, o Futuro só a Deus pertence... mas vocês terão essa segunda chance, uma vez que compartilharão da mesma época...

Blossom estende sua mão ao rapaz, deixando a mostra o pequeno frasco delgado que continha a poção perolada e leitosa que Snape havia lhe passado. O jovem Severus olha confuso da mão do Regente para seus olhos claros, tentando buscar ali as respostas que tanto queria.

—Isso é um presente de seu amanhã, Severus... se há alguém em que você possa confiar plenamente, é em si próprio.. isso o ajudará a suportar a separação e as coisas serão mais fáceis de encarar.


A paisagem campestre passava em alta velocidade pela janela e apenas imagens desfocadas eram vistas como fossem borrões de tinta que escorriam com a chuva forte que batia contra o vidro impiedosamente.

Naquele gabinete apenas uma pessoa ocupava seu interior. Seus olhos negros se perdiam distantes ao nada que enxergava através da grande janela. Sua cabeça descansava contra o vidro. O silêncio do lugar era quebrado apenas pelo som contínuo e ritmado do correr do trem.

Suspirou profundamente, cerrando seus olhos que voltavam a arder. Recostou sua cabeça contra o encosto da poltrona e permaneceu por vários instantes dessa forma.

Levou sua mão ao bolso de sua camisa, retirando de lá o pequeno frasco com o líquido denso e perolado. Segurou-o à altura de seus olhos, entre seus dedos indicador e polegar.

—Se há alguém em que posso confiar plenamente é em mim mesmo...

Severus retirou a rolha que vedava o frasco, levando-o até próximo ao nariz para sentir o aroma que lembrava algo como leite gelado. Afastou-o e manteve envolto de suas mãos por vários minutos, observando o conteúdo, decidindo-se pelo que deveria ou não fazer.

—Passar a vida sem ela.. esperar vinte anos para que, ao menos, conversemos civilizadamente... eu conseguirei suportar isso? Conseguirei suportar vê-la como uma criança, vê-la como uma aluna e não poder sequer me aproximar?

O rapaz leva o frasco até a altura da boca, vacilando e parando milímetros antes, com seu coração descompassado e suas mãos trêmulas... e se tudo aquilo ainda fizesse parte de uma grande farsa, uma armadilha para destruí-lo? Se tudo por que ele passou fosse um teste feito pelas Trevas, teste este que ele fracassou?

—Não importa... qualquer coisa será melhor do que viver sem Hermione.. qualquer coisa, até a morte!

E num rompante, vira de uma só vez o conteúdo do frasco em sua boca, sentindo um gosto parecido com creme de leite e o líquido grosso descendo vagarosamente por sua garganta, logo um torpor tomou conta de seu corpo, relaxando todos seus músculos. Sua mão desabou em seu colo, derrubando o frasco que caiu no chão acarpetado do gabinete e rolou com o movimento do trem para um canto escondido entre o banco da frente e a parede da janela. A cabeça do rapaz pendeu-se para o lado, batendo com força na vidraça, mas não sentiu qualquer dor ou impacto, pois caiu instantaneamente em sono profundo com a poção.

Severus acordou apenas três horas depois, quando o trem finalmente chegou ao seu destino final: a estação de Hogsmeade.

O rapaz, sentindo a cabeça leve como se estivesse oca, acorda mal-humorado, levando as mãos às temporãs para massageá-las e tentar aliviar aquela enjoada enxaqueca. Mesmo com o corpo mole como se estivesse embriagado, levanta-se da poltrona e anda vagarosamente escorando-se pelas paredes. Mesmo detestando aquilo, teria que ir ao bar Três Vassouras, tentar se recompor com um café forte ou algo que o valha... ele não poderia se apresentar a Alvo Dumbledore daquela forma. Se já era péssimo um Comensal da Morte, um Comensal da Morte parecendo idiota e embriagado era extremamente pior.

Somente quando já era noite que Severus finalmente encontrou capacidade física e mental para ir até Hogwarts, sua antiga escola de bruxaria, e encarar Dumbledore. Pedia a Merlin que o poderoso mago o recebesse... e rezava a Deus que ele o acreditasse.

E desde quando ele acreditava em Deus? Talvez desde sempre, talvez apenas agora. Mas tudo que pensava era expor a Dumbledore a sua definitiva e irrefutável deserção do Círculo das Trevas de Voldemort...

Deserção esta causada pela Luz de uma menina trouxa que por pouco não padeceu por suas mãos... uma menina que sequer sabia o nome e, se sabia, não conseguia se lembrar; uma menina que agora mal se lembrava da fisionomia, por mais que tentasse... mas por quê? Eles haviam se despedido hoje mesmo em King Cross e não conseguia lembrar do rosto dela? Provavelmente isso era devido ao seu cansaço e apreensão, afinal ele não sabia como Dumbledore reagiria a sua presença, como reagiria a sua história...

Não lembrava seu nome, não lembrava seu rosto, sua voz, seu jeito. O que lembrava era ofuscado, menos o que sentia por ela, isso jamais poderia esquecer...


—... vejo sinceridade no que me diz, Sr Snape, mas entenda que lutar contra as Trevas não é tão simples assim, não é apenas opor-se.. lutar contras as Trevas é envolver-se com ela também... o senhor estaria mesmo disposto a isso, jovem? Arriscar a sua vida para tentar derrubar o crescente domínio de Voldemort?

—Sim, Prof Dumbledore... eu realmente pensei muito nisso e sei que é muito pouco apenas me virar contra aquilo que fui, isso é pequeno demais diante das barbaridades que cometi em nome das Trevas... pelas vidas que tirei eu dou a minha própria em sacrifício. É ainda muito pouco, mas é tudo que posso fazer.

Dumbledore recostou-se em sua cadeira, observando o jovem Snape por sob os óculos de meia-lua, com suas mãos entrecruzadas à altura de seu peito. Severus ainda encarava o velho mago a sua frente, mas era como se não o enxergasse. Em sua mente iam apenas as lembranças que ocasionaram este momento agora. Em sua mente ia apenas o rosto ofuscado daquela moça maravilhosa que salvou-lhe a alma e suas últimas palavras: "Não se entregue, nunca! Nada é tão nobre que valha a sua vida! Viva, Severus! Viva!"

E era isso que ele faria: não se entregaria, nunca! Ele viveria, como ela lhe ordenou. Mas era necessário expiar seus crimes...


Três dias se passaram. Os dias quentes de Verão se abrandavam com a proximidade do fim de Setembro. As chuvas torrenciais tornavam-se menos constantes, mas não neste momento.

Hermione observava a chuva da varanda que ficava nos fundos da Mansão Black. Desde que despertara, tentava a todo o custo evitar aglomerações, preferia estar sempre sozinha e distante, chegou a recusar até mesmo uma festa que seus amigos Harry, Rony e Molly Weasley quiseram preparar para ela, para comemorar sua 'volta'... mas que volta, afinal? Estivera todo esse tempo em coma profundo, ela não foi a lugar algum, jamais esteve em qualquer lugar que não tenha sido no leito de St Mungus... tudo não passou de um sonho.. apenas um sonho...

Levou suas mãos ao rosto, tentado conter seu pranto. Ela era mesmo uma grande tola, chorar por causa de um sonho, chorar por algo que não era real, chorar por não ser real aquilo que viveu tão intensamente com o jovem Snape... mas que diabos foi isso afinal?! Que raios de peça foi essa que seu subconsciente a pregou?? Por que ela sonharia com Snape?? Pior: por que ela sonharia que a versão jovem de Snape e ela viveram um romance?!

Talvez Rony estivesse realmente certo: seu cérebro estava derretendo! Por que tudo parecia tão real? Por que ela tinha que sofrer por causa de um sonho?! Talvez ela realmente amasse Severus Snape, mas que não havia se dado conta disso até que entrasse em sono profundo e seu subconsciente pudesse ver-se livre para brincar o quanto quisesse com seus desejos mais profundos... se ao menos Snape não a menosprezasse, se ao menos...

Hermione enxugou suas lágrimas com raiva e levantou-se da cadeira de vime num súbito, indo até a murada de madeira da varanda, sobraçando a pilastra. A chuva forte abafava qualquer som e somente suas gotas pesadas eram ouvidas quando se chocavam contra o chão, o telhado, as árvores, as plantas. O vento que soprava espalhava gotículas mínimas para todos os lados, de modo que a varanda estava parcialmente molhada, principalmente ali na beirada onde se encontrava... mas isso não era importante. Aquele vento frio, ainda mais frio com a chuva, a lembrava de Severus, o Severus Snape de seu sonho quase real, do sonho em que foi possível sentir emoções, gostos, cheiros... mas que nada era real fora do seu mundo interior.

A moça estava tão absorta em seus pensamentos, tão centrada na chuva que caía e na paisagem esbranquiçada e desfocada, que não percebeu que alguém se aproximava dela, até que estivesse perto o suficiente para que ouvisse o baque de seus passos causados pelo atrito dos sapatos com o chão de tábua corrida da varanda.

Pensando que se tratava de Harry ou Rony ou mesmo Molly que vinha ali ver se ela estava bem – como estava sendo a cada dez minutos desde que ela saíra de ST Mungus – fingiu não ter ouvido ou percebido a presença de ninguém. Ela estava sendo horrivelmente egoísta e ingrata, sabia disso, mas gostaria muito de ficar sozinha por um longo tempo, toda aquela atenção e preocupação demasiadas a estavam incomodando... como ela estava proibida de ficar sozinha em seu apartamento, ela tinha que ficar na Mansão Black, suportando todos aqueles cuidados excessivos...

Ela só queria ficar a sós com seus pensamentos, ficar quieta em seu canto para remoer suas idéias... era muito difícil para eles entenderem isso? Era só por um tempo, apenas uma questão de tempo até que essa crise psicótica passasse.

—Ainda não corrigiu a data desse relógio, Hermione?

Hermione estremeceu e suas pupilas se contraíram pela surpresa. Virou-se bruscamente para o homem que lhe falava num tom macio e letal que lhe era tão característico... por pouco não pronunciou aquele nome em alto e bom som e a palavra saiu apenas como um sibilar por entre os dentes, morrendo antes de completar a segunda sílaba.

Encontrar aqueles mesmo olhos negros diante de si, que lhe dispensaram, em seus sonhos, tanta ternura, fez com que seu coração descompassasse e parasse por breves instantes. Temendo perde seu equilíbrio, Hermione prensou a mão com força no parapeito da murada da varanda... ela não podia se enganar, não podia confundir a realidade com o sonho do qual gostaria de jamais ter despertado.

—S-sr Snape...? – A formalidade com que saiu aquele nome de sua boca lhe doeu tanto quanto ver que tudo não passou de mero ilusão.

—A senhorita não vai atualizar a data do seu relógio? – Perguntou novamente Snape, com o esboço de um sorriso, o mesmo sorriso tímido e sem jeito do jovem Severus, que só fazia machucar ainda mais a garota.

—Data? Do meu relógio? Do que o senhor está falando? – Hermione levantou seu pulso direito a fim de conferir o que Snape lhe dizia. Seus olhos se arregalaram pela surpresa enquanto sentia o chão sumindo sob os seus pés. Afinal, aquilo não poderia ser uma brincadeira, poderia?

—A data de seu relógio está muito desatualizada, Hermione... afinal, estamos em Setembro de 2001 e não em Dezembro de 1980...

Snape pegou a mão de Hermione, voltando toda a sua atenção ao relógio de pulso que a moça usava. Seu datador marcava o dia 2 de Dezembro de 1980. Calmamente Snape foi ajustando a data, enquanto falava à moça no mesmo tom com que usava em seus momentos íntimos, há vinte e um anos atrás...

—Eu peço perdão pela indiferença com que a tratei todos esses anos... as memórias de tudo que passei com você foram alteradas.. eu sabia que tinha vivido uma história com uma moça que sempre foi muito especial para mim, mas não conseguia me lembrar seu nome, seu rosto.. não conseguia lembrar sequer a intensidade com que vivi ao lado dela... mas, a sua essência, jamais esqueci...

Os números dos anos passavam, eram os últimos a serem ajustados no relógio de pulso... 1997, 1998, 1999, 2000, 2001...

Snape levantou sua visão, mergulhando-a dentro de um par de olhos cor-de-mel marejados por lágrimas que tomavam um brilho ainda mais intenso. A saudade bateu com toda a sua força naquele momento. Fôra uma eternidade a última vez em que viu aqueles olhos, aquele rosto que tanto amava... e agora havia chegado finalmente a época em que ambos viveriam dentro da mesma unidade de tempo.

—Eu te amo, Hermione... esperei vinte anos para lhe dizer isso... mesmo sem saber se a encontraria, esperei pelo tempo em que poderíamos viver juntos e em paz...

Hermione não conseguiu esboçar uma palavra sequer, por mais que quisesse falar, por mais dúvidas e incertezas que gostaria de sanar. Tudo que viveu com Snape foi mesmo real, não importa o que digam. Tudo foi muito intenso, muito detalhado para ser simples sonho... e mesmo que fosse, uma nova realidade se desenhava agora a sua frente. E as lembranças se reavivavam com mais força que nunca... "se há o encontro, há a despedida"... e neste caso único, a despedida deu lugar a um reencontro.

Hermione jogou-se aos braços de Snape, enlaçando-o pelo pescoço com toda a sua força, mas desta vez não havia nada a temer.. o tempo para que eles ficassem juntos finalmente havia chegado. O maduro Severus retribuiu de imediato ao abraço, apertando-a com força contra si, sentindo-se mergulhar nas águas profundas da nostalgia. Foram, para si, vinte e um anos sem aquele abraço, sem aquele perfume de lírios, sem Hermione... e ele não teria suportado isso, ter suportado essa imensa falta por tantos anos não fosse por ficar desprovido também de suas lembranças...

Lembranças que foram muito bem guardadas... guarda essa que salvou suas vidas.

Muito poderia ser dito, mas nada era necessário ser expresso por palavras. Nunca houveram duas realidades... sempre existiu apenas uma e era exatamente essa, mesmo que a barreira do tempo tenha tentado impedir sua progressão.

—Então não foi tudo um sonho apenas? Eu estive mesmo com você há vinte anos atrás? Nós vivemos juntos mesmo? – Perguntava Hermione, afastando um pouco de Snape para poder olhar diretamente em seus olhos.

Snape sorri e envolve o rosto da moça em suas mãos.

—Eu posso contar exatamente o que aconteceu de fato, se a senhorita me prometer aceitar a realidade de agora...

—É claro que aceito.

Hermione pôs-se nas pontas dos pés e beijou Snape num beijo terno e longo. O tempo poderia parar naquele instante, mas ele não pára para nada, não pára para ninguém... porém desta vez a realidade teria sua continuação, pois a barreira do tempo não mais existia.

Duas vidas, a mesma e única realidade, agora e para sempre.


—Há há hah! Bati! Aprenda meu caro Friedmann, você não pode contra a experiência de alguém que tem a idade do Universo! – Cherry Blossom joga suas cartas sobre a mesa, mostrando os trunfos que o fizeram ganhar a partida de pôquer. O sorriso de sempre ainda mais largo pela gostosa gargalhada.

O jovem homem a sua frente apenas soltou um muxoxo de descontentamento e largou suas cartas sobre a mesa.

—Oras, Hubble! Tenho praticamente a mesma idade que a sua, não me venha com essa história de experiência, falo? Você é um velho safado, isso sim!

—Mas vejam só... o mesmo mau perdedor de sempre.. o lapso de milionésimos de segundos que originaram a sua existência é demasiadamente longo em se tratando do tempo cósmico. Ademais, a cada dia você se torna mais jovem e isso deve estar afetando o seu intelecto também. – Blossom dava uma piscadela para Friedmann enquanto catava para si as sementes que foram disputadas no jogo.

—Vós vos comportais sempre desta maneira quando estais juntos... serás que não cansastes? – Uma voz fina de criança é ouvida no ambiente, que faz com que Blossom e Friedmann permaneçam em silêncio até que o Mestre de ambos se fizesse presente.

Uma criança pequena, mirrada e de feições andróginas se materializa sobre o balcão lustroso do Antiquário de Cherry Blossom. Seus cachos branco-azulados caem sobre seu rostinho pálido quase transparente, porém com um belo sorriso infantil e matreiro, enquanto seus olhos brancos de pupila e áurea azuis mostravam um brilho de quem conseguiu o que queria.

—Mestre Jehovah.. vejo que estais muito feliz... era mesmo este final que planejou para esse Teatro de Marionetes?

Jehovah, chamado por seus iguais também de Puppet Master, apenas responde com uma risadinha alegre e salta do balcão e desliza até a mesa redonda onde os dois homens jogavam pôquer.

—Não diria que é o final, pois há muito o que essas duas marionetes viverem... mas foi divertido, não foi caro Regente Hubble?

—Eu diria, meu Senhor, que foi uma forma muito inusitada de fazer duas almas gêmeas se reencontrarem...

A criança andrógina riu mais abertamente, uma risada infantil e feliz. Cherry Blossom apenas sorriu acenando negativamente com a cabeça quando pôs-se a embaralhar as cartas para uma nova partida de pôquer.


÷Fim÷
By Snake Eye's – 2004


N/A:

Referências: "Citadelle" é a obra máxima de Antoine de Saint-Exupéry (autor de "O Pequeno Príncipe"). Saint-Exupéry é Francês natural de Lyon e eu queria deixar uma referência a este que foi um grande escritor e filósofo, falecido em missão na 2ª Guerra Mundial, em 1944. Como a fic se passa, na sua maior parte, em Lyon... :) Só gostaria de ter usado essa referência muito antes, quando ainda havia bastante espaço para embromação. No Brasil o livro foi lançado com o título "Cidadela", publicado pela editora carioca Nova Fronteira (e publicado originalmente na França em 1948 pela Editions Gallimard, quatro anos após a morte de Saint-Exupéry).

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"se há o encontro, há a despedida" – frase usada por Shido em um dos capítulos de Night Walker.

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O nome "Puppet Master" foi emprestado do anime Ghost In The Shell; o nome em questão pertencia ao "vilão" cibernético da trama, uma inteligência artificial que levou às últimas conseqüência o provérbio "penso, logo existo".

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Como estamos falando em 'Tempo', que é praticamente o protagonista de Duas Realidades, resolvi, nestes últimos parágrafos, inserir um último personagem: Friedmann. Este nome vem do termo de Cosmologia "Tempo de Friedmann", que, segundo o Aurélio, significa: "Lapso de tempo decorrido desde o bigue-bangue. O tempo de Friedmann deve ser corrigido do parâmetro de desaceleração, ao contrário do tempo de Hubble, que considera apenas a constante de Hubble." Esse "Tempo de Friedmann" parte da teoria de que o Universo está em constante desaceleração após a explosão do chamado bigue-bangue (que, teoricamente, todo o Universo estava contido dentro de um minúsculo átomo que explodiu pela pressão), com a tal explosão, toda a matéria presente foi impulsionada e logo está em constante desaceleração até chegar o momento em que tudo parará - e o Universo acabará ou morrerá.

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E para quem não se lembra, Hubble (na fic o nome real de Cherry Blossom), vem também do termo de Cosmologia "Tempo de Hubble", que significa, novamente segundo o Aurélio, a "Idade estimada do Universo com base no bigue-bangue. Para um valor da constante de Hubble H0 55km por segundo por megaparsec, o tempo de Hubble é de H0-1 17,7 x 109 anos."

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Jehovah é um nome em hebraico que é a designação de Deus no Antigo Testamento; Javé ou Jeová. Como curiosidade: a trasliteração de Jehovah seria IHVH, JHVH, JHWH, YHVH ou YHWH, as letras que costumam aparecer em crucifixos e dizem terem sido escritas na cruz de Jesus.

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Todos os personagens descritos nesta fanfiction pertencem ao livro 'Harry Potter', de autoria de Joanne K Rowling, à exceção dos personagens: Cherry Blossom, Clara, Jehovah/Puppet Master e Friedmann que são criações de Snake Eyes/Isaac Salai e também à exceção do personagem John Michaelsen, que é uma criação de Sarah Snape.


A todos que leram e acompanharam esta fanfic Duas Realidades, meu muito obrigado!

E a todos que leram, acompanharam e participaram com comentários, meu muito muitíssimo obrigado :)

Um abraços bem apertado e até a próxima fanfiction :)

Snake Eyes - 25 de Novembro de 2004.


Agradecendo Aos Reviews!


Apesar do meu capítulo 19 não ter recebido os 50 reviews que exigi para postar o capítulo 20 e último, aqui está o famigerado... e isso é apenas em consideração a estas grandes almas que dispuseram de seu precioso tempo para ler e COMENTAR o cap (e a fic, claro), então meus agradecimentos especiais vão a elas (sempre) (por ordem de chegada do review:)


♥Anita McGonagall - não apenas leitora fiel e assídua, mas também fã de carteirinha, mesmo ;) Fez até duas fanarts para fic, que estão expostas lá no Snake Pit. Valeu por sua constante participação! Bjus!


♥Lilian Teixeira - Espero que vc tenha amado este cap tb :) Tá acabando para dar lugar para outros novos (nas mãos de um escrivinhador um pouco mais experiente XD) Então não fique triste - fique por perto ;) Bjus!


♥Bella Riddle - Não consegui os 50 review que queria pelo cap (e não para a fic toda), mas fazer o que, né? Mas seria injustiça se eu ficasse mesmo esperando pelos tais 50, mas cá aqui estou, com o último cap... eis menos uma fic que ficaria sem fim u.u Bjus!


♥Luna BR - Aqui está o último cap e espero que vc tenha gostado tanto ou mais que o anterior! Bjus!


♥Thaisinha - Longas tardes de MSN ;) Bom, pra falar a verdade, não acho uma pena que a fic tenha terminado... acho um grande alívio, hehe... mas eu tenho o meu lado canastrão - e até piegas - bastante forte e sou um dos adéptos de "happy end's"... sácumé, né? De final infeliz já tem a vida real ó.ò Quero mais comentários seus! Pra esse cap e pra outras fics tb XD Bjus!


♥Konphyzck - Meus Snapes são melhores que o do livro, não? Hehehe... XD Fã de carteirinha (mesmo!) e leitora de todas as minhas fics e vc me fez essa maldade de não ter se pronunciado antes?? Nossa, quantas coisas deixei de ouvir de vc.. mas, bem, antes tarde que nunca :) E aí, que achou dos Sevvies do último cap? Não pense que por ser o último que os reviews podem ser dispensados.. mas NÃO mesmo!! Bjus!


♥Sheyla Snape - Heheh, mais óbvia, impossível u.u afinal, foi vc mesma quem disse isso XD (vê lá review do cap 18 - ou 17). Quer um consolo? As fics que mais adoro nunca mais foram atualizadas e tudo ao que parece é que foram abandonadas msm! Viu, torturo, mas não mato XD Espero que tenha gostado do final que dei aos personagens - e que bom que meus argumentos do porque de Snape ter-se esquecido de Hermione, tenham convencido, heheh. E de forma alguma vc é chata (só quando deixa de comentar BD) Bjus!


♥Jenny Jordão - Sempre que vejo seu nome me lembro de uma música antiga, mas lembro tão mal que não lembro nem nome nem a banda ¬¬... bem, deixa pra lá. É verdade, eu que sou um maldoso de mente poluída... então cuidado com essa de "Cobrão", "ponta de calda"... heheh - brincadeira XD Já li algumas fics de SS/HG com viagem no tempo e que Snape sempre se lembra de Hermione, aí fica uma situação esquisita. Gosto do shipper, mas não gosto da idéia de um quarentão com uma garotinha, tipo a Lolita de Nabukov, então achei que a melhor e mais emocionante saída fora a de Snape não ter lembranças dela. Quanto a sua ansiedade que agora já foi sanada, o que achou do último cap? Bjus!


♥Lilian e Lavinia Black - ) (um emoticon sorrindo! - não sei se no fanfiction o smile vai aparecer). Bjus!


♥Estrela Vespertina - Quanto a pornografias e vulgarisses, tb tô fora. Prefiro a sugestão: quem sabe do que estou dizendo, vai saber o que vai rolar; quem não sabe, não vai ser comigo que vai aprender errado. E aí, te ganhei como fã de SS/HG? Bjus!


♥Mki - Agora vc tem a fic inteirinha para matar as saudades do início ao fim :) E fazia mto tempo msm que não aparecia por aqui, moça! Agora que vc lembrou o caminho, apareça sempre! Bjus!


♥Krlinha-Malfoy - Os mais de 50 reviews são pela fic toda e não apenas pelo cap 19... mas não podia deixá-las ainda mais tempo sem o cap final, né? Afinal, sou um torturador de bom coração. E legal que vc seja leitora nova! Espero que goste da coisa e leia as outras fics tb (as minhas, claro XD). O negócio das fics parecidas umas com as outras é pq muitos autores não ousam, não abusam da criatividade, não transferem elementos de outros livros e outras mídias para dentro da fic, aí isso fica limitado msm. Fico imaginando como deve ser nas fics em inglês, que só de HP são mais de 100 mil! Volte sempre e comente sempre tb! Bjus!


♥Sakura-chan - E agora como tá a sua curiosidade? Agradou, decepcionou, já esperava por isso? Agora vc pode ler mais uma vez e desta vez completinha XD Bjus!


♥Sheyla Snape - Valeu pelo trabalho de ter postado um segundo review pro último cap. Mas as minhas exigências não foram atendidas, pois a chantagem era de 50 reviews pelo cap 19. Mas não sou tão mau como aparento e eis aqui o derradeiro cap :D Nossa! E quem dera fosse só sentar na frente do pc e digitar! Pra esse cap 20 foram usadas várias noites, feito às prestações msm! Teve dias que chegava tão cansado do trampo que ficava 2 horas na frente da máquina e não saia um parágrafo sequer (acho que nunca apaguei tantos parágrafos de uma fic como apaguei neste cap 20). Mas eis que consegui finalmente.. e espero que tenha agradado - e muito! Pois pras minhas amadas leitoras, nada menos que o melhor (dentro do meu possível, claro). Bjus!


♥Youko Julia Yagami - Provavelmente vc leu ou no extinto 3 Vassouras ou no Potterish... realmente nesse dois sites não tinha como dar continuidade nas postagens... mas agora vc já sabe: o site oficial é o FFnet. As fics - as minhas, pelo menos - entram aqui primeiro e só depois vão para outros sites, como o meu Snake Pit, o SnapeMione da Sarah Snape e o SnapeFics da Meg. Pelo seu nick, vc deve ser fã de mangá, então acho que vc vai gostar de Animago ;) As férias estão chegando e vamos ter tempo pra muita coisa, não se desespere! E vc, pelo menos, não precisou esperar tanto pelo último cap, né? Bjus!


E pra finalizar, agradecimentos especiais também às leitoras(es) que curtiam a fic e sempre deixavam comentários, mas que por algum motivo não apareceram mais por aqui: Avoada, Shadow Maid, Noctivague, Sarah Snape, Bruno Horta, Alininha, Tutuzinha, Kirina-Li, Lilibeth McKeena, Elisa Gergull, Lunna, Sakura Scatenna, Mélany Madrid, Mione Lupin, Kiki-chan, Suu-chan, Bella Malfoy, Sakura14, Debora Dumbledore, Clio3, Ta-Mies.


E vocês não pensem que por ser o último capítulo que estarão dispensadas dos reviews, não! Nem em sonho! Quero review sim e deixe que depois me viro para postar resposta... quem sabe não vem um cap 21 por aí como uma espécie de bônus-capter?? Então quero o review de vocês sim, sim, sim! Quero a despedida de vocês pra Duas Realidades! Estou esperando!

Um grande e apertado abraços a todos!! E um chocalhar de guizos também XD

Beijões e continuem (ou comecem) a acompanhar minhas outras fics!

Snake Eyes BR - www.iespana.es/snake-eyes - (MSN).