Intenções Secretas
N/A – Fan fiction é fan fiction. Se você a reconhece, não é minha.
Capítulo Um – O Acidente
Sonora Stone ergueu os olhos repentinamente para o quieto som da noite. "Quem está aí?", ela chamou em árabe, enquanto se sentava de frente, em sua cabeça um lenço disposto livremente sobre seus ombros. Seus dedos seguraram a varinha, nas dobras de seu robe. Ela teria escolhido colocar sua cabana longe do acampamento principal para proteger seu trabalho, e nunca teve nenhum problema. Ela tinha guardas suficientes à sua volta e teria prévio aviso se qualquer outro bruxo se aproximasse.
Dois homens caminharam em frente até o círculo de luz da lanterna dela. Seus dedos relaxaram e soltaram a varinha quando ela os reconheceu como dois dos homens da tribo de Amar Mohamed. Trouxas. "Boa noite", ela disse, dando a eles um sorriso educado, e agitando a cabeça em saudação enquanto ficava de pé e ia na direção deles. "O que eu posso fazer por vocês..."
Suas palavras foram cortadas pelo primeiro golpe. "Bruxa pagã", um dos homens sibilou. Como ela estava jogada no chão, sua varinha escorregou para as dobras de seus bolsos, sem chance de serem pegos pelos sôfregos dedos dela. Merlin, me ajude, ela pensou, estupefata, conforme os gritos e maldições dos dois homens caíam sobre ela, seguidos de perto por brutais chutes e socos. Ela tentou cobrir a cabeça com seus braços, mas a dor da queimadura que um deles sofrera a fez ofegar e tropeçar nas palavras do feitiço que de repente emergira de seus lábios.
O próximo golpe fez o mundo ofuscar e ficar escuro.
Sonora acordou com uma grande dor. Dor como ela nunca havia sentido antes, em toda a sua vida. Dor que serpenteava através dela, como uma maré de fogo. Ela ofegou, ao passo que isso fez seu estômago rolar em protesto, e então havia uma seca e fria mão sobre sua cabeça.
Ela forçou seus olhos a se abrirem para ver a severa, mas triste, face de Amar Mohamed olhando para ela. "Você está acordada, Filha da Noite", ele disse, calmamente. "Isto é bom. Nós tememos por muitos dias que isso não acontecesse".
"O que..." ela lidou com seus lábios, que estavam dolorosamente rachados e inchados.
A face dele se tornou grave e severa. "Dois da minha tribo acreditaram que você era uma espiã pagã. Eles atacaram você há sete dias. Nós ouvimos seu choro e os paramos". Ele curvou sua cabeça. "Me desculpe. Você veio a mim e requisitou minha permissão, minha proteção, para viver entre a minha tribo, e eu falhei com você".
"Por favor", ela falou baixinho, o árabe cada vez mais fraco. "Não se torture, gentil amigo. Você não podia saber que esses dois acumulavam tanto ódio".
Sonora pensou em sua pesquisa, nos itens de sua cabana que não deveriam ser vistos por trouxas, e resistiu ao ímpeto do pânico. "Gentil amigo", ela disse. "Eu já causei grande problema pra você. Eu vou arrumar alguém pra me levar daqui, então você poderá acalmar o seu povo".
Amar estudou-a atentamente. "Eu sei que você pensa no bem da minha tribo, assim como eu" ele disse, finalmente. "Então é isso que você fará. Mas você estará pronta para partir em algumas semanas, Filha da Noite. Seus ferimentos foram graves".
"Eu vou arrumar alguém que possa me levar daqui com cuidado" ela contou-o, estremecendo como se as palavras custassem muito para ela. "Você tem papel, gracioso amigo?"
"Para quem será esta carta?", ele perguntou. "Eu não irei te entregar para um estranho". Sonora resistiu ao impulso de suspirar. Ela era amiga do homem, verdade que era, então aquele não era o momento para explicar seu estado de pessoa sem família.
"Eu irei escrever para um professor meu, que mandará meu... irmão", ela disse. Seria melhor lembrar de mencionar esse fato na carta.
Ela agradeceu às estrelas que sua mão de escrever não houvesse sido quebrada, enquanto Amar a trazia um pedaço de papel e uma pena de ponta grossa. Cuidadosamente, e não sem um pequeno esforço, ela escreveu a carta.
Professor Dumbledore,
Eu espero que se lembre de mim, preciso de um favor seu. Eu fui recentemente machucada enquanto completava minha pesquisa no Paquistão, e estou sendo cuidada por trouxas. Infelizmente, minha presença aqui só vai causar mais problemas entre esse povo.
Eu sei que é uma imposição, mas como eu não tenho família, o senhor poderia mandar alguém para me trazer e volta à Inglaterra? Eu precisarei de assistência, já que não estou em condições de aparatar. A pessoa precisa se apresentar como meu irmão, já que o líder do vilarejo não vai me entregar a nenhum outro.
Meus agradecimentos, Sonora Stone.
Sonora acabou a carta, sua mão trêmula pela dor e pela fadiga. Ela só poderia esperar que Dumbledore respondesse seu apelo. Ele se lembraria dela, ela esperou, ele havia escrito suas recomendações para possuir estudos superiores em Poções.
Amar estava esperando pacientemente. "Eu devo enviar um mensageiro para a cidade com isto", ele disse. "Isso irá levar muitos dias."
Sonora apenas acenou com a cabeça. "Eu tenho uma maneira mais rápida, gracioso amigo", ela disse. Uma coruja de seu editor ainda esperava em sua cabana. Amar manteria silêncio sobre isso, e não acabaria achando tão estranho, ela pensou, lembrando-se dos falcões usados para ajudar a caçar.
Ela o entregou a carta. "Se você o fizer, gentil amigo", ela disse.
Ela recebeu a resposta dois dias depois. O som alto dos gritos de homens raivosos do lado de fora da casa de Amar foi a primeira coisa que a fez perceber que estava lá. Ela podia ouvir os homens gritando sobre intrusos, forasteiros, pagãos invadindo suas terras. Ela fechou os olhos e rezou a Hecate que quem quer que fosse estivesse calmo e não machucasse ninguém.
Quando o barulho vagarosamente silenciou, ela podia ouvir a voz de Amar dando as boas vindas a quem quer que fosse. "Seu nome, estranho", Amar disse, passando direto ao tratamento seco.
Um maravilhoso som, um som de outra voz inglesa apresentou-se a ela, como se tropeçasse nas palavras do árabe. "Sou Remus Lupin" disse. "Eu vim pela minha irmã."
Houve um murmúrio e um tumulto de novo, silenciado por um tiro que ela suspeitou ser da arma de Amar. "Voltem para suas casas", Amar ordenou bruscamente. "Este convidado é meu e eu o tratarei com todo o respeito que lhe é devido".
Houve mais murmúrio e um arrastar de pés enquanto Sonora esperava. Remus Lupin? Ela não se lembrava de ninguém com aquele nome...
Quando a cobertura da entrada foi posta de lado e um homem alto e maltrapilho, vestido em robes velhos e com várias outras coisas, usando um turbante igual ao de Amar atrás dele, entrou no quarto. Ele sorriu para ela, e contudo ela viu seus olhos estenderem-se. Ela deveria estar pior do que pensava. "Sonora?" ele perguntou.
"Sim. Fale inglês, por favor, Amar não entende o idioma", ela o contou, agradecida por não estar estremecendo a cada palavra. Claro, ela deveria ainda estar tão ruim quanto ela se sentia. Só haviam se passado dois dias desde que ela acordara.
Remus sorriu tristemente enquanto ia se sentar na cama dela. "E eu não falo nada de árabe, exceto as poucas frases que o Professor Dumbledore me ensinou," ele disse.
Ela fez um esforço e pegou sua mão, atenta por Amar estar assistindo. "Você tem que fingir ser meu irmão", ela disse, ao lado dele, antes de olhar para Amar e passar a falar em árabe. "Gracioso amigo, meu irmão veio por mim. Logo eu não irei mais abusar de sua hospitalidade."
Amar cruzou os braços e olhou para ela. "Você tem certeza de que está bem o suficiente?", ele disse.
Sonora assentiu com um sorriso. Agora que alguém estava ali para pegar suas coisas...? "Eu estou, gentil amigo".
Ela se voltou para Lupin e para a língua inglesa. "Eu precisarei de você para arrumar as minhas coisas em minhas malas. Há uma pequena garrafa vermelha, com uma trava de vidro que talvez me deixará pronta para andar."
"Você não pode se curar sozinha?" Lupin perguntou, com uma expressão preocupada.
Sonora sacudiu a cabeça só um pouco. Aquilo doeu muito. "Eu fiquei inconsciente por sete dias, e eles já haviam começado a cuidar de mim."
Lupin apertou a mão dela. "Eu cuidarei disso. Estarei de volta em pouco tempo, então."
Sonora olhou para Amar enquanto Lupin se levantava. "Gentil amigo, meu irmão não fala a sua língua. Você poderia mostrar-lhe minha cabana para que ele possa pegar minhas coisas? Você não precisa ficar, eu sei que seu povo é agitado."
Amar deu um fraco aceno. "Eles são, Filha da Noite. Eu irei mostrar a ele o caminho e esperar por ele. Meus homens não irão mais fazer mal à sua família."
Sonora olhou os dois homens saírem, Lupin olhando pra atrás e dando a ela um sorriso que foi pouco tranqüilizador. Ela se perguntou aonde iria quando estivesse de volta à Inglaterra. Talvez ela arrumasse um lugar em Hogsmeade, onde ela poderia se curar de seu próprio jeito, ao menos.
Logo o suficiente, Lupin estava voltando e entrando no quarto de novo. "Eu arrumei suas malas com tudo que não era mobília", ele disse, chegando ao lado da cama dela. "E eu peguei isso pra você, justamente como você disse." Ele tirou a garrafa de vermelho rubi das vestes que ela tinha pedido, e removeu a trava.
"Se você puder me ajudar", ela disse, hesitantemente. Suas mãos não estavam podendo segurar com firmeza a garrafa, e ela não quis derramar nem uma gota.
"Claro", ele disse gentilmente, e segurou a garrafa nos lábios dela. Sonora tomou um gole e imediatamente começou a sentir um calor descendo pela sua garganta. Mais dois goles e a garrafa estava vazia.
"O que era aquilo?" Lupin perguntou, recolocando a trava e guardando-a de volta em seu robe.
"Uma poção que eu criei recentemente," ela o contou, fechando os olhos um pouco, enquanto a poção começava a trabalhar. "Na falta de um nome melhor, eu a chamei de Poção da Cura Rápida." O calor começou a chegar em seu tronco. "Isso será afetado pelo fato de os trouxas já terem deslocado alguns dos meus ossos antes que eu pudesse terminar, e eu não tenho suficiente para melhorar completamente. Mas estou esperando que seja o suficiente para andar."
A sensação de calor estava rastejando pelo seu braço e ela desejou aquilo longe, embaixo talvez, em seu pé. Ela ainda não precisava de um braço estável. Ela precisava andar. Para sua apreciação, a poção obedeceu o comando de seu corpo e seu efeito deslizou pelo corpo, chegando até os pés.
Ela abriu os olhos e olhou para Lupin. "Não bom o suficiente, mas eu acho que já posso andar", ela disse. A poção havia se espalhado e se alongado pelos seus pés, e eles estariam fracos e não completamente curados. Mas andar era o que importava. "Me ajuda a levantar?"
Cuidadosamente, Lupin, segurando grande parte do seu peso, a sentou, ficando então ao lado da cama. Ela cuidadosamente testou seu peso em cada pé. Doeu, e ela podia dizer que não iria agüentar muito tempo. "Será suficiente", ela disse. "Como iremos voltar?"
"Você não está em condições de aparatar" Lupin disse a ela, segurando o braço dela e, vagarosamente, arrastando os pés, inclinando-se pesadamente sobre ele, na direção da porta. "Dumbledore mandou um tapete mágico".
Sonora parou e olhou pra ele. "Um tapete mágico?", ela ecoou, desacreditada. Então ela riu, e para seu prazer, isso não fez sua cabeça doer.
Lupin deu um sorriso largo. "De algum modo eu suspeito que ele pensa assim, também."
Amar estava esperando por eles do lado de fora de sua casa, e foi com muitas reverências e bênçãos e orações por uma viagem segura que eles finalmente puderam ir embora. Lupin guiou-a cuidadosamente através do caminho do vilarejo. Seus pés começaram a tremer enquanto se moviam atrás do terreno irregular.
"Só um pouco mais longe", ele disse a ela, inclinando-se para a frente. "Aqui." Ele parou e pegou em seus bolsos um pequeno pedaço de pano. Sonora ergueu uma sobrancelha, tentando ignorar o sofrimento causado por ter levantado e pelo modo como seu corpo estava reagindo. Lupin sorriu e então o lançou na frente deles com um movimento de pulso. Enquanto ela assistia, o pedaço cresceu até ficar grande o suficiente para os dois poderem deitar- se sobre ele.
Ele flutuou a uma altura de dois pés sobre o chão. "Venha," Lupin disse gentilmente, inclinando-se novamente para ajudá-la. "A Inglaterra está esperando".
N/A – Fan fiction é fan fiction. Se você a reconhece, não é minha.
Capítulo Um – O Acidente
Sonora Stone ergueu os olhos repentinamente para o quieto som da noite. "Quem está aí?", ela chamou em árabe, enquanto se sentava de frente, em sua cabeça um lenço disposto livremente sobre seus ombros. Seus dedos seguraram a varinha, nas dobras de seu robe. Ela teria escolhido colocar sua cabana longe do acampamento principal para proteger seu trabalho, e nunca teve nenhum problema. Ela tinha guardas suficientes à sua volta e teria prévio aviso se qualquer outro bruxo se aproximasse.
Dois homens caminharam em frente até o círculo de luz da lanterna dela. Seus dedos relaxaram e soltaram a varinha quando ela os reconheceu como dois dos homens da tribo de Amar Mohamed. Trouxas. "Boa noite", ela disse, dando a eles um sorriso educado, e agitando a cabeça em saudação enquanto ficava de pé e ia na direção deles. "O que eu posso fazer por vocês..."
Suas palavras foram cortadas pelo primeiro golpe. "Bruxa pagã", um dos homens sibilou. Como ela estava jogada no chão, sua varinha escorregou para as dobras de seus bolsos, sem chance de serem pegos pelos sôfregos dedos dela. Merlin, me ajude, ela pensou, estupefata, conforme os gritos e maldições dos dois homens caíam sobre ela, seguidos de perto por brutais chutes e socos. Ela tentou cobrir a cabeça com seus braços, mas a dor da queimadura que um deles sofrera a fez ofegar e tropeçar nas palavras do feitiço que de repente emergira de seus lábios.
O próximo golpe fez o mundo ofuscar e ficar escuro.
Sonora acordou com uma grande dor. Dor como ela nunca havia sentido antes, em toda a sua vida. Dor que serpenteava através dela, como uma maré de fogo. Ela ofegou, ao passo que isso fez seu estômago rolar em protesto, e então havia uma seca e fria mão sobre sua cabeça.
Ela forçou seus olhos a se abrirem para ver a severa, mas triste, face de Amar Mohamed olhando para ela. "Você está acordada, Filha da Noite", ele disse, calmamente. "Isto é bom. Nós tememos por muitos dias que isso não acontecesse".
"O que..." ela lidou com seus lábios, que estavam dolorosamente rachados e inchados.
A face dele se tornou grave e severa. "Dois da minha tribo acreditaram que você era uma espiã pagã. Eles atacaram você há sete dias. Nós ouvimos seu choro e os paramos". Ele curvou sua cabeça. "Me desculpe. Você veio a mim e requisitou minha permissão, minha proteção, para viver entre a minha tribo, e eu falhei com você".
"Por favor", ela falou baixinho, o árabe cada vez mais fraco. "Não se torture, gentil amigo. Você não podia saber que esses dois acumulavam tanto ódio".
Sonora pensou em sua pesquisa, nos itens de sua cabana que não deveriam ser vistos por trouxas, e resistiu ao ímpeto do pânico. "Gentil amigo", ela disse. "Eu já causei grande problema pra você. Eu vou arrumar alguém pra me levar daqui, então você poderá acalmar o seu povo".
Amar estudou-a atentamente. "Eu sei que você pensa no bem da minha tribo, assim como eu" ele disse, finalmente. "Então é isso que você fará. Mas você estará pronta para partir em algumas semanas, Filha da Noite. Seus ferimentos foram graves".
"Eu vou arrumar alguém que possa me levar daqui com cuidado" ela contou-o, estremecendo como se as palavras custassem muito para ela. "Você tem papel, gracioso amigo?"
"Para quem será esta carta?", ele perguntou. "Eu não irei te entregar para um estranho". Sonora resistiu ao impulso de suspirar. Ela era amiga do homem, verdade que era, então aquele não era o momento para explicar seu estado de pessoa sem família.
"Eu irei escrever para um professor meu, que mandará meu... irmão", ela disse. Seria melhor lembrar de mencionar esse fato na carta.
Ela agradeceu às estrelas que sua mão de escrever não houvesse sido quebrada, enquanto Amar a trazia um pedaço de papel e uma pena de ponta grossa. Cuidadosamente, e não sem um pequeno esforço, ela escreveu a carta.
Professor Dumbledore,
Eu espero que se lembre de mim, preciso de um favor seu. Eu fui recentemente machucada enquanto completava minha pesquisa no Paquistão, e estou sendo cuidada por trouxas. Infelizmente, minha presença aqui só vai causar mais problemas entre esse povo.
Eu sei que é uma imposição, mas como eu não tenho família, o senhor poderia mandar alguém para me trazer e volta à Inglaterra? Eu precisarei de assistência, já que não estou em condições de aparatar. A pessoa precisa se apresentar como meu irmão, já que o líder do vilarejo não vai me entregar a nenhum outro.
Meus agradecimentos, Sonora Stone.
Sonora acabou a carta, sua mão trêmula pela dor e pela fadiga. Ela só poderia esperar que Dumbledore respondesse seu apelo. Ele se lembraria dela, ela esperou, ele havia escrito suas recomendações para possuir estudos superiores em Poções.
Amar estava esperando pacientemente. "Eu devo enviar um mensageiro para a cidade com isto", ele disse. "Isso irá levar muitos dias."
Sonora apenas acenou com a cabeça. "Eu tenho uma maneira mais rápida, gracioso amigo", ela disse. Uma coruja de seu editor ainda esperava em sua cabana. Amar manteria silêncio sobre isso, e não acabaria achando tão estranho, ela pensou, lembrando-se dos falcões usados para ajudar a caçar.
Ela o entregou a carta. "Se você o fizer, gentil amigo", ela disse.
Ela recebeu a resposta dois dias depois. O som alto dos gritos de homens raivosos do lado de fora da casa de Amar foi a primeira coisa que a fez perceber que estava lá. Ela podia ouvir os homens gritando sobre intrusos, forasteiros, pagãos invadindo suas terras. Ela fechou os olhos e rezou a Hecate que quem quer que fosse estivesse calmo e não machucasse ninguém.
Quando o barulho vagarosamente silenciou, ela podia ouvir a voz de Amar dando as boas vindas a quem quer que fosse. "Seu nome, estranho", Amar disse, passando direto ao tratamento seco.
Um maravilhoso som, um som de outra voz inglesa apresentou-se a ela, como se tropeçasse nas palavras do árabe. "Sou Remus Lupin" disse. "Eu vim pela minha irmã."
Houve um murmúrio e um tumulto de novo, silenciado por um tiro que ela suspeitou ser da arma de Amar. "Voltem para suas casas", Amar ordenou bruscamente. "Este convidado é meu e eu o tratarei com todo o respeito que lhe é devido".
Houve mais murmúrio e um arrastar de pés enquanto Sonora esperava. Remus Lupin? Ela não se lembrava de ninguém com aquele nome...
Quando a cobertura da entrada foi posta de lado e um homem alto e maltrapilho, vestido em robes velhos e com várias outras coisas, usando um turbante igual ao de Amar atrás dele, entrou no quarto. Ele sorriu para ela, e contudo ela viu seus olhos estenderem-se. Ela deveria estar pior do que pensava. "Sonora?" ele perguntou.
"Sim. Fale inglês, por favor, Amar não entende o idioma", ela o contou, agradecida por não estar estremecendo a cada palavra. Claro, ela deveria ainda estar tão ruim quanto ela se sentia. Só haviam se passado dois dias desde que ela acordara.
Remus sorriu tristemente enquanto ia se sentar na cama dela. "E eu não falo nada de árabe, exceto as poucas frases que o Professor Dumbledore me ensinou," ele disse.
Ela fez um esforço e pegou sua mão, atenta por Amar estar assistindo. "Você tem que fingir ser meu irmão", ela disse, ao lado dele, antes de olhar para Amar e passar a falar em árabe. "Gracioso amigo, meu irmão veio por mim. Logo eu não irei mais abusar de sua hospitalidade."
Amar cruzou os braços e olhou para ela. "Você tem certeza de que está bem o suficiente?", ele disse.
Sonora assentiu com um sorriso. Agora que alguém estava ali para pegar suas coisas...? "Eu estou, gentil amigo".
Ela se voltou para Lupin e para a língua inglesa. "Eu precisarei de você para arrumar as minhas coisas em minhas malas. Há uma pequena garrafa vermelha, com uma trava de vidro que talvez me deixará pronta para andar."
"Você não pode se curar sozinha?" Lupin perguntou, com uma expressão preocupada.
Sonora sacudiu a cabeça só um pouco. Aquilo doeu muito. "Eu fiquei inconsciente por sete dias, e eles já haviam começado a cuidar de mim."
Lupin apertou a mão dela. "Eu cuidarei disso. Estarei de volta em pouco tempo, então."
Sonora olhou para Amar enquanto Lupin se levantava. "Gentil amigo, meu irmão não fala a sua língua. Você poderia mostrar-lhe minha cabana para que ele possa pegar minhas coisas? Você não precisa ficar, eu sei que seu povo é agitado."
Amar deu um fraco aceno. "Eles são, Filha da Noite. Eu irei mostrar a ele o caminho e esperar por ele. Meus homens não irão mais fazer mal à sua família."
Sonora olhou os dois homens saírem, Lupin olhando pra atrás e dando a ela um sorriso que foi pouco tranqüilizador. Ela se perguntou aonde iria quando estivesse de volta à Inglaterra. Talvez ela arrumasse um lugar em Hogsmeade, onde ela poderia se curar de seu próprio jeito, ao menos.
Logo o suficiente, Lupin estava voltando e entrando no quarto de novo. "Eu arrumei suas malas com tudo que não era mobília", ele disse, chegando ao lado da cama dela. "E eu peguei isso pra você, justamente como você disse." Ele tirou a garrafa de vermelho rubi das vestes que ela tinha pedido, e removeu a trava.
"Se você puder me ajudar", ela disse, hesitantemente. Suas mãos não estavam podendo segurar com firmeza a garrafa, e ela não quis derramar nem uma gota.
"Claro", ele disse gentilmente, e segurou a garrafa nos lábios dela. Sonora tomou um gole e imediatamente começou a sentir um calor descendo pela sua garganta. Mais dois goles e a garrafa estava vazia.
"O que era aquilo?" Lupin perguntou, recolocando a trava e guardando-a de volta em seu robe.
"Uma poção que eu criei recentemente," ela o contou, fechando os olhos um pouco, enquanto a poção começava a trabalhar. "Na falta de um nome melhor, eu a chamei de Poção da Cura Rápida." O calor começou a chegar em seu tronco. "Isso será afetado pelo fato de os trouxas já terem deslocado alguns dos meus ossos antes que eu pudesse terminar, e eu não tenho suficiente para melhorar completamente. Mas estou esperando que seja o suficiente para andar."
A sensação de calor estava rastejando pelo seu braço e ela desejou aquilo longe, embaixo talvez, em seu pé. Ela ainda não precisava de um braço estável. Ela precisava andar. Para sua apreciação, a poção obedeceu o comando de seu corpo e seu efeito deslizou pelo corpo, chegando até os pés.
Ela abriu os olhos e olhou para Lupin. "Não bom o suficiente, mas eu acho que já posso andar", ela disse. A poção havia se espalhado e se alongado pelos seus pés, e eles estariam fracos e não completamente curados. Mas andar era o que importava. "Me ajuda a levantar?"
Cuidadosamente, Lupin, segurando grande parte do seu peso, a sentou, ficando então ao lado da cama. Ela cuidadosamente testou seu peso em cada pé. Doeu, e ela podia dizer que não iria agüentar muito tempo. "Será suficiente", ela disse. "Como iremos voltar?"
"Você não está em condições de aparatar" Lupin disse a ela, segurando o braço dela e, vagarosamente, arrastando os pés, inclinando-se pesadamente sobre ele, na direção da porta. "Dumbledore mandou um tapete mágico".
Sonora parou e olhou pra ele. "Um tapete mágico?", ela ecoou, desacreditada. Então ela riu, e para seu prazer, isso não fez sua cabeça doer.
Lupin deu um sorriso largo. "De algum modo eu suspeito que ele pensa assim, também."
Amar estava esperando por eles do lado de fora de sua casa, e foi com muitas reverências e bênçãos e orações por uma viagem segura que eles finalmente puderam ir embora. Lupin guiou-a cuidadosamente através do caminho do vilarejo. Seus pés começaram a tremer enquanto se moviam atrás do terreno irregular.
"Só um pouco mais longe", ele disse a ela, inclinando-se para a frente. "Aqui." Ele parou e pegou em seus bolsos um pequeno pedaço de pano. Sonora ergueu uma sobrancelha, tentando ignorar o sofrimento causado por ter levantado e pelo modo como seu corpo estava reagindo. Lupin sorriu e então o lançou na frente deles com um movimento de pulso. Enquanto ela assistia, o pedaço cresceu até ficar grande o suficiente para os dois poderem deitar- se sobre ele.
Ele flutuou a uma altura de dois pés sobre o chão. "Venha," Lupin disse gentilmente, inclinando-se novamente para ajudá-la. "A Inglaterra está esperando".
