Intenções Secretas

Capítulo Quatro – A Primeira Aula

Sonora se sentiu como se estivesse em casa quando tomou o seu caminho para o Salão Principal, confortavelmente vestida em suas próprias vestes, pelo menos. Estava tudo como ela se lembrava de seus tempos de estudante. Ela seguiu o Professor Snape enquanto ele andava em passos largos na direção da mesa dos professores. Onde ela se sentaria, foi o que se perguntou com súbita distração. Ela não pensara que Snape provavelmente deveria apontar uma cadeira para ela.

"Ah, Professora Stone", a voz de Dumbledore em seus ouvidos a fez se sobressaltar um pouquinho. "Eu espero que Severus e você já tenham arrumado as coisas entre vocês dois, não foi?"

Ela se virou e sorriu para o diretor. "A maior parte, senhor.", ela disse.

"Excelente. Então me permita mostrar a sua cadeira", ele disse, pegando cuidadosamente o braço livre dela. "Nós a posicionamos entre o nosso bom professor de Poções e o professor de Trato das Criaturas Mágicas, Hagrid."

"Hagrid está ensinando agora?", Sonora disse, satisfeita. "Eu me lembro dele, ele era sempre muito gentil com os alunos novatos. Eu acho que nós o lembrávamos animaizinhos de estimação perdidos."

Dumbledore riu com apreciação. "Uma hábil descrição", ele disse, enquanto a ajudava a subir os degraus de pedra até a cadeira que ele dissera pertencê- la. "Ah, aqui estamos. Hagrid, eu gostaria de que você conhecesse a Professora Sonora Stone. Ela será uma professora convidada este ano, como assistente do Professor Snape."

Sonora ergueu os olhos para o grande homem, que sorria de orelha a orelha, exatamente como ela se lembrava. "Ah, eu me lembro de você", ribombou ele. "A pequena Sonora, que gostava de alimentar as corujas. Bem-vinda de volta, Professora."

Sonora sorriu para ele. "Obrigada, Hagrid. É bom estar de volta."

Outra figura de que ela se lembrava apareceu ao lado de Hagrid. "Professora McGonagall!", exclamou, segurando a mão dela. "Como é bom ver a senhora de novo".

A face severa da Professora de Transfiguração relaxou num sorriso. "Sonora Stone", ela disse. "É muito bom ver uma da nossas melhores alunas retornando a Hogwarts. Presumo que esteja ensinando juntamente com o Professor Snape?"

"Sim, senhora", Sonora disse. "Ele está cortesmente dividindo as suas aulas comigo enquanto eu me recupero", ela gesticulou na direção de sua muleta. "Um acidente desafortunado", disse.

McGonagall lançou-lhe um olhar severo. "Eu tenho certeza de que você não está fazendo esforço demais, está?"

Sonora riu. "Não, senhora, posso assegurá-la de que estou bem o suficiente para controlar uma sala de aula."

A Professora McGonagall ergueu uma sobrancelha. "Isso parece ser visível", mas sua expressão estava tranqüila. "Eu ouvi falar sobre algumas pesquisas suas desde que saiu de Hogwarts. No quê você esteve trabalhando ultimamente?"

Sonora sorriu animada. "Algo muito complicado para explicar com facilidade", ela disse, tentando dar um sorriso triste e não ofender ninguém.

McGonagall olhou-a. "Hum. Como disser". Os estudantes estavam começando a entrar no Saguão de Entrada, numa onda de murmúrios e energia vindo com eles. "Se você precisar de ajuda em qualquer momento, Professora Stone, não hesite em pedi-la". Ela abaixou o tom da voz. "Severus pode ser... difícil."

Sonora riu da descrição hábil e educada. "Obrigada, senhora. Eu espero que isso não seja necessário."

McGonagall deu-lhe um aceno de cabeça e se virou para voltar à sua cadeira. Sonora usou a oportunidade para se sentar vagarosamente em sua própria cadeira. Hagrid estava falando com outra mulher do seu lado... sobre alimentar alguma planta híbrida carnívora, foi como soou. Ela resistiu ao impulso de fazer alguma careta. Droga.

Ela tinha acabado de se sentar quando a cadeira ao seu lado foi puxada num movimento abrupto, colidindo com a sua própria. Sonora rangeu os dentes enquanto sua perna tremia. Ela esperou que seu ferimento não demorasse tanto para sarar.

Virando o rosto, ela olhou para o Professor Snape que havia pegado sua cadeira ao lado dela. Ele olhou-a friamente. "Certamente não teve problemas para encontrar o caminho para cá?", ele perguntou, seu tom de voz claramente mostrando que ele tampouco se importaria se tivesse acontecido o contrário.

Sonora silenciosamente lembrou-se da Regra de Ouro, e sorriu do melhor jeito que podia para ele. "Sim, eu me lembrei perfeitamente do caminho, obrigada, Professor Snape.", ela disse, deliberadamente interpretando mal as palavras do homem.

Ele olhou para ela fixamente antes de abrir a boca pra dizer qualquer coisa arrogante, ela tinha certeza, quando a voz de Dumbledore, amplificada e ecoando por todo o Salão Principal.

"Se eu puder ter sua atenção por um momento...", ele disse, e então esperou que os alunos que atravessavam as mesas finalmente ficassem em silêncio. Sonora tirou os olhos de Snape e examinou cada um no aposento, dirigindo depois sua atenção para o diretor.

"Obrigado. Eu não vou atrapalhar o seu jantar por muito tempo", ele disse, com um sorriso bondoso no rosto. "Eu gostaria de apresentá-los ao novo membro do nosso corpo docente". Sonora percebeu com um solavanco que ele estava falando dela mesma. Ah, droga, ela pensou, quando os olhares dos estudantes se direcionaram para ela.

"A Professora Stone está se juntando a nós este ano porque está se recuperando de um acidente. Ela estará dividindo as aulas de Poções com o Professor Snape". Um murmúrio quebrou o silêncio entre os alunos, mas terminou quando Dumbledore continuou a falar. "Somos muito afortunados de tê-la aqui, como ela é uma brilhante pesquisadora e passou muitos anos criando poções que a maioria de vocês aqui estudam."

Sonora sentiu seu rosto esquentar. Ele certamente estava exagerando demais, ela pensou. Próximo dela, ela podia sentir a frieza emanando do Professor Snape. Por que ele tinha que ser sempre tão negativo, ela pensou com certa irritação.

"Eu espero que todos os alunos recebam bem a Professora Stone", Dumbledore disse. Houve uma vigorosa salva de palmas, que pareceu mais entusiasmada na mesa da Grifinória e menos na mesa da Sonserina. "E agora, podem comer."

A comida começou a aparecer e Sonora relaxou com os olhares dos alunos voltando-se para sua própria comida. Claro, ela não tinha dúvida que sua aparição inesperada era o tópico de algumas conversas, ela pensou obliquamente enquanto pegava um prato de espetinho de porco. Mas ela teria que lidar com isso em suas aulas.

Hagrid apoiou-se e olhou para ela gentilmente, por baixo de suas sobrancelhas maciças. "Veja agora, Professora, não parece tão ruim agora, parece?"

Ela sorriu para ele enquanto pegava o pão que ele lhe passara. "Eu tenho um pressentimento de que eu apenas estou começando a me sentir encurralada", ela disse a ele secamente, enquanto olhava de novo os estudantes que olhavam-na de relance e então de voltavam de novo para seus colegas.

Hagrid riu. "Não, não, os grifinórios se gostam entre si mutuamente. Você apenas deve se levantar e dizer a eles quem foi e então verá."

Ela riu. "Ao menos, eu sei de algumas detenções muito interessantes", disse com um sorriso.

"Oh, verdade?", o rígido homem que se sentava do seu outro lado disse, finalmente mostrando algum interesse. "E quais são eles, você poderia nos contar?"

Sonora virou a cabeça e sorriu para Snape. "Você verá, Professor", disse.

Severus sabia que ele estava espiando, mas ele estava curioso. Como poderia a Professora Stone controlar uma sala de aula de alunos entediados, grosseiros e que aprendiam tão devagar, cujo único interesse nela era que ela não era o seu habitual cruel Professor de Poções? Ele sorriu maliciosamente no escuro de seu escritório, a porta aberta apenas o suficiente para ver a frente da sala de aula e a mesa da Professora Stone. Eles veriam em um momento se ela tinha o que era preciso para controlar crianças, ou se seus talentos estavam mesmo na ponta de seus dedos.

Sonora ficou parada silenciosamente no fundo de sua sala, assistindo sua primeira turma entrar. Alunos do segundo ano de Grifinória e Lufa-Lufa, ela pensou, enquanto os estudantes entravam na sala cuidadosamente, como se esperassem serem agarrados e jogados pra fora a qualquer momento. Quando eles a viram, seus rostos pareceram se iluminar, e uma grande onda de sussurros irrompeu enquanto eles pegavam seus lugares.

Ela esperou até que os alunos entrassem e arrumassem seus lugares. "Bom dia", ela disse, caminhando até o seu lugar na frente da sala. Uma fascinada sala de aula assistiu seu longo processo com a muleta enquanto ela andava. Ela parou e seu virou para os estudantes. "Bom dia", repetiu.

Nesse momento os alunos pareceram se tocar. "Bom dia", eles disseram um lento refrão.

Ela deu a eles um sorriso neutro. "Eu sou a Professora Stone", ela disse. "O Professor Snape gentilmente me cedeu algumas de suas turmas para que eu ensinasse este ano, e a sua foi uma delas". Um bom número de rostos pareceu se iluminar com isso, e eles começaram a murmurar de modo excitado. Céus, parecia que o Professor Snape era praticamente o mesmo de que ela se lembrava, ela pensou.

Sonora limpou a garganta e esperou. Os alunos olharam para ela de novo. "Obrigada. Vou dizer a vocês agora algumas coisas antes de começar a aula, para deixá-las logo de lado. Um, eu estou me recuperando de um acidente. Tenho uma perna ferida", ela indicou sua muleta, "e devo pedir que vocês sejam cuidadosos sobre deixarem qualquer coisa ao passarem pelos corredores. Dois, nós estudaremos as mesmas poções que os outros alunos de seu ano." Houve rostos desapontados diante disso. Será que eles tinham esperado alguma espécie de novo show, ela se perguntou, divertida.

"Finalmente, eu tenho uma regra estrita aqui nesta sala de aula", ela disse, olhando em volta e percebendo que tinha a atenção de todos os alunos. "Cada pessoa aqui nesta sala será tratada com respeito". Pares de olhos fixaram-se nela. "Eu entendo que rivalidades entre as Casas podem ser intensas. Eu também entendo que existem certas pessoas, talvez não nessa classe, que não se gostam e com quem preferem não conviver". Sua face estava severa e inflexível. "Todos esses sairão da minha aula. Qualquer um que for pego desrespeitando algum aluno ou algum professor, será disciplinado como merece".

Houve um silêncio mortal enquanto ela encarava os olhares fascinados. "Não pode haver aprendizado quando não há respeito", ela disse para a classe muda diante dela, "E nós estamos aqui pra aprender." Preleção terminada, ela sacou a varinha e fez um aceno com ela.

"Agora eu já falei, podemos começar a trabalhar", ela disse enquanto uma lista de ingredientes e instruções escreviam-se sozinhos no quadro-negro. Como Sonora fizera sua preleção, ela tivera que parar de sorrir, e então ela percebeu o quão confortável ela estava diante da classe. Talvez esse trabalho não fosse tão difícil quando ela temera, ela pensou.

Severus encostou-se em sua cadeira, e contemplou a pequena mulher apoiando- se na muleta. Interessante. Ela era boa, ela tinha que admitir. Ela passara rapidamente pelo fato de que ela estava ensinando e ele não, deu aos estudantes informações o suficiente para mantê-los calados for um bom tempo, e então baixou aquela regra muito interessante.

Ele franziu a testa. Alguma parte de seu cérebro pareceu se mexer quando percebeu que a Professora Stone estava falando. Ela estava o lembrando de algo... algo que ele lera havia muito tempo. Ele revirou suas memórias por um momento, incerto diante das várias filosofias que de repente emergiram em sua mente.

Ele balançou a cabeça. Não tinha problema. Tudo que importava era que a Professora Stone não estava arruinando sua reputação com os estudantes.

Severus sacudiu-se numa pausa que interrompeu suas meditações, com uma dor que subitamente pulsou em seu braço esquerdo. Ele rangeu os dentes para a familiar sensação de doença, e na escuridão ele se permitiu relaxar um pouco. Então ele respirou fundo, deixando que sua expressão voltasse ao normal, para suas linhas implacáveis, antes de se levantar silenciosamente e fazer seu caminho até seus aposentos.

O Lord das Trevas o estava chamando, e graças à Professora Stone, ele podia atender prontamente. Severus se permitiu respirar fundo novamente, antes de abrir uma porta secreta de seu quarto e sair nos gramados de Hogwarts.

Ela teve o primeiro pesadelo aquela noite. Uma onda de imagens, homens com expressões furiosas, punhos e pés, fúria e dor, ondas e ondas de dor através de seus sonhos. Sonora acordou com o som de seu próprio choro.

Ela se sentou na cama, soluçando e tentando normalizar a respiração, ensopada com seu próprio suor. O quarto estava cheio de uma aura de ameaça e ódio e a fez tremer de medo. Ela enterrou o rosto nas mãos. Bela grifinória ela estava se saindo, ela pensou amedrontada, petrificada com seus sonhos. Ela agradeceu a Merlin por ter praticamente adivinhado que não teria uma noite tranqüila, e por ter posto um Feitiço Silenciador no quarto.

Ela pegou sua varinha e iluminou duas velas. Durante toda a noite elas seriam necessárias, ela pensou enquanto lentamente e dolorosamente levantando da cama, e teria sido bom se Snape tivesse irrompido sua porta naquele instante, perguntando por que ela estava gritando daquele jeito.

Dois dias depois, quando ela teve sua primeira aula com os Grifinórios e Sonserinos do quinto ano, ela começou a duvidar seriamente de todo aquele seu otimismo. A tensão naquela turma era incrivelmente densa. Enquanto fazia outra versão daquela sua preleção para os alunos, percebeu-se estudando cada um dos estudantes cuidadosamente, tentando ler rostos e tentando ver quais seriam os que causariam mais problemas.

Sentados no lado esquerdo, ao fundo da sala, estavam alguns dos alunos sobre os quais o Professor Snape a alertara. Neville Longbottom e Hermione Granger. Ela os estudou enquanto a classe começava a pegar ingrediente para uma poção do sono sem sonhos. Nenhum dos dois parecia ser grande causador de problemas. A Srta. Granger, de fato, estava muito cuidadosamente monitorando o trabalho do Sr. Longbottom, ela notou com aprovação.

Seus olhos então se fixaram em outro par de grifinórios. Sr. Rony Weasley e Sr. Harry Potter. O Menino Que Sobreviveu. Ela os estudou enquanto murmuravam um para o outro durante o trabalho. Novamente, eles não pareciam ser o tipo que causava problema.

Ela reavaliou sua opinião quando percebeu os olhares dos dois do outro lado da sala. Claramente, aqueles dois ficariam quietos no lugar por causa da regra sobre respeito. Mas parecia que os dois quintanistas não gostavam de alguém do lado da Sonserina.

Os olhos dela acompanharam a direção que o olhar dos dois grifinórios indicavam, e ela percebeu que eles observavam o Sr. Draco Malfoy e seu parceiro, Sr. Goyle. Malfoy, ela percebera, parecia exibir um eterno sorrisinho malicioso. Ele ficaria quieto, ela pensou enquanto seus olhos demoravam-se nele ao mesmo tempo que ele pulverizava as cabeças de estercorário. Ele parecia ter boas mãos para o preparo de poções, mas ainda...

Sonora franziu a testa enquanto assistia o Sr. Malfoy fazendo uma correção no trabalho de seu parceiro, que visivelmente era um pouco lento. Sim, ela teria que ficar de olho nele.

Ela começou a caminhar pela sala, checando o progresso dos alunos, calmamente dando dicas e lembretes enquanto vários estudantes adicionavam o sangue de morcego muito cedo e acabavam com o cabelo chamuscado – resultado da pequena explosão que a falha provocava. Cada vez que um aluno cometia um erro, ela ouvia um risinho debochado vindo do outro lado da sala.

Sonora deu um discreto aceno de varinha enquanto se inclinava sobre o caldeirão do Sr. Thomas. "Mexa no sentido horário, Sr. Thomas", ela disse calmamente, ouvindo outro risinho.

"Sim, professora", ele disse, mergulhando a cabeça e concentrando-se apenas em seu caldeirão. Sonora franziu a testa novamente. Ela teria que fazer outro pequeno discurso para a classe sobre a importância de cometer erros e corrigi-los, era o que temia.

Ela eventualmente ia até o lado da sala ocupado pelos sonserinos, e notou que vários pares de estudantes pareciam capazes de seguir as instruções com exatidão. Ela poderia ter sido da Grifinória, mas sempre lhe pareceu que os alunos da Sonserina tinham um dom natural para aquela matéria.

Quando Sonora tentou se afastar da mesa da Srta. Parkinson ela foi impedida por uma mochila jogada no meio do corredor. "Sr. Malfoy", ela disse calmamente, "eu já instruí essa classe para manter os corredores limpos."

O garoto loiro olhou-a, sua expressão meramente agradável para a professora. "Desculpe", ele disse, sua voz evidentemente falsa. "Eu me esqueci."

Ela fixou os olhos nele e o encarou até que ele desviasse um pouco. "Não se esqueça de novo. Cinco pontos a menos para a Sonserina." Os colegas de Malfoy olharam para ela, parecendo mesmo assassinos. Houve uns risinhos no outro lado da sala e um murmúrio sussurrado, claramente falando do garoto. Ela teria que lidar com isso antes que a aula terminasse, Sonora pensou.

As poções foram fervidas com menos falhas, e os caldeirões foram limpos alguns minutos antes do fim da aula. "Classe", disse Sonora, encostada na frente de sua mesa.

Os estudantes obedientemente viraram-se na direção dela, alguns ainda resmungando baixinho. Sonora fixou neles seu olhar e então eles se calaram.

Ela deu um aceno com a varinha e o nome das duas Casas apareceram no ar. "Aparentemente alguns de vocês ainda não entenderam seriamente o que eu disse no começo da aula", ela disse, enquanto algumas marcas apareciam abaixo dos dois nomes. "Aqui está o número de vezes que vocês desrespeitaram as Casas uns dos outros". Ela deu um olhar cortante para o Sr. Potter e o Sr. Weasley, e depois para o Sr. Malfoy. Aqueles seriam problema, ela teve um pressentimento.

"Cada uma dessas etiquetas vai custar dez pontos à sua Casa", ela disse. Houve meio que um soluço de horror em toda a sala, e ela olhou-os severamente. "Essa será a lição! Eu não vou tolerar criancices na minha sala de aula. Da próxima vez, espero tirar menos pontos."

Rostos indignados a encararam. "Agora que já disse isso, vocês tiveram um excelente trabalho hoje. Eu espero igual desempenho da próxima vez", ela disse. Então ela deu o comando. "Dispensados."

Os alunos começaram a sair, e fragmentos de conversa chegaram aos ouvidos de Sonora. "Você pode acreditar...? cem pontos... não sei como... maldita injusta... melhor do que aquele velho idiota... vaca estúpida..."

Sonora ficou parada no caminho que fazia até sua carteira e olhou para os dois últimos retardatários, mas quem falara já havia ido embora. Ela suspirou, tentando acalmar a si mesma, e ergueu seu pé machucado pra cima do acolchoado. Ela teria que ficar de olho nessa classe, pensou Sonora enquanto apagava as etiquetas com outro aceno de varinha.

Severus ouviu as reclamações dos alunos perto das masmorras. Ele ficara parado, sem proteger ninguém e se calou sobre o assunto dos pobres tolos. Seus olhos pousaram-se em Potter e em seus amigos, e ele não foi capaz de evitar fazer uma carranca. O garoto e seus amigos nunca falhavam em irritá- lo completamente.

Mas desta vez não eram apenas os grifinórios reclamando de Poções. Os sonserinos estavam fazendo a mesma coisa. Draco Malfoy olhara furioso para ele, e um grupo de meninas da Sonserina lideradas por Pansy Parkinson começaram a tagarelar como as cabeça-ocas que eram.

"Ela tirou cem pontos da Sonserina!", uma garota dizia, enquanto elas passavam pelo quarto obscurecido de Severus. "Você pode imaginar?"

"O Professor Snape nunca tirou cem pontos da Sonserina", outra menina disse ressentidamente, enquanto os alunos tomaram o rumo das escadas para o Saguão de Entrada.

"Ao menos os caras da Grifinória perderam mais", Severus ouviu dizerem.

Severus esperou até que os alunos tivessem todos ido embora. Que diabos aquela mulher tinha feito, Severus perguntou-se furiosamente.

Ele entrou repentinamente na sala de aula, fazendo a porta tremer nas fechaduras, com uma expressão assustadora. "O que acabou de acontecer aqui?", ele demandou. A Professora Stone estava sentada em sua cadeira, examinando uma pilha de ensaios dos alunos, e ergueu os olhos quando ouviu a voz dele.

"Professor Snape", ela disse, com um pequeno sorriso. Severus ficou parado. Ela estava sorrindo para ele, enquanto ele claramente estava louco de raiva? Sua raiva era legendária naquela escola. A mulher tinha enlouquecido? "Qual é o problema?", ela perguntou, os olhos transmitindo tranqüilidade.

Severus continuou parado. "Qual é o problema... Por que você tirou cem pontos da Sonserina?", ele demandou, rudemente, resistindo ao ímpeto de pôr as mãos nos quadris, como seus próprios professores antigamente faziam.

A Professora Stone ainda sorria um pouquinho. "Os alunos escolheram ignorar a minha regra sobre respeito. Na verdade, eu não fiquei completamente surpresa, graças ao seu aviso sobre essa classe", ela disse, com um toque de humor nos olhos. Severus se perguntou que diabo de mensagem ela estava tentando transmitir com os olhos. Eu apenas pus um simples Encanto da Marca na classe, e no fim da aula informei aos alunos que cada marca custaria a Casa deles dez pontos."

Ela subitamente deu um grande sorriso pra ele. "E além do mais, Professor, eu lhe asseguro, a Grifinória perdeu mais pontos do que a Sonserina."

Severus resistiu a piscar para a imprevisão daquele sorriso, e manteve seu rosto em suas graves linhas severas. "Veja se não acaba arruinando a minha Casa com suas regras", ele grunhiu, antes de sair da sala com grande barulho. Ele podia sentir o riso desdenhoso dela seguindo-o enquanto saía. Droga de mulher e suas explicações racionais, ele pensou com irritação. Ele ainda não gostava de estar dividindo suas aulas.