Intenções Secretas
Bera: minhas desculpas por confundir os países. Tenho que admitir, minha escolha sobre onde fazer o primeiro capítulo foi totalmente por acaso. Eu apenas quis um lugar remoto e exótico o suficiente para diferenciar daquelas antiquadas voltas a Hogwarts. E obrigada por me esclarecer as coisas.
Shahrezad1 – Biscoitos? Pra mim? prontamente enchendo a cara com eles antes que alguém possa roubá-los Muito muito muito obrigada, do meu estômago que ama tanto biscoitos.
Jade e Kurtfan – Estou tão feliz por saber que você acha que os personagens estão fiéis à história, eu me preocupei um pouco com isso. Espero que você goste desse capítulo tanto quanto dos outros.
Obrigada a todos que revisaram!
Capítulo Doze – Realidade e Romance
Severus não podia se lembrar de um tempo em que fora mais feliz. Duas semanas, ele havia passado sem os chamados do Lord das Trevas. Por duas semanas, ele fora capaz de se afogar nos montes de calor e carinho que vinham de Sonora e fingiu que aquilo era seguro.
Seus momentos favoritos eram quando ficavam a sós nas masmorras. Uma noite ele estivera remarcando alguns papéis, Sonora trabalhando igualmente numa outra mesa perto dele. Perdera a concentração em sua tarefa quando olhou para ela, capturado pela simples beleza dela. Ela finalmente percebera o que ele estava fazendo e erguera os olhos com um sorriso que ele sabia ser só dele.
"O quão comprido é o seu cabelo?", ele se descobriu falando. As suaves mechas onduladas tinham-no fascinado por tempo demais. Ela os usava presos para cima constantemente, a cor rica lembrando a nogueira que constituía seu dormitório.
Ela pareceu surpresa com a pergunta, mas então sorriu. Erguendo um braço, ela tiraria alguns grampos, apenas alguns, mas achou melhor tocá-los com a varinha, murmurando um calmo "finite incantatem". Severus assistira fascinado as mechas caindo umas sobre as outras até a cintura numa cortina luminosa.
Ele fora incapaz de evitar que fosse até ela e tocasse um pedaço bem grosso em suas próprias mãos. "Por que você sempre usa preso?", ele perguntara, os olhos brilhando enquanto contemplava os fios brilhantes sob a luz ambiente entre seus dedos.
Sonora ficara assistindo-o com os olhos suaves e expressivos, então deu uma risada. "Porque pode ser arriscado não fazê-lo", ela disse. Severus a olhou, interrogativo. Ela sorriu maliciosamente. "Quando eu estava no segundo ano, cometi o erro de deixá-lo solto na aula de Poções", dissera então. "Quando eu curvei o meu caldeirão para mexer a poção, caiu sobre os meus ombros."
Severus compreendera e rira alto ao imaginar a cena. Andou na direção dela. "O que você estava fazendo?", perguntou.
Os lábios dela se contraíram. "Poção do Crescimento Rápido", ela disse, e ele riu de novo.
E então ali tinham ficado no escuro, em quentes momentos que ele a enlaçava em seus braços e a beijava intensamente. Cada vez que o fazia, tentava desesperadamente encontrar alguma gentileza em si para dar a ela, mas a boca dela era sempre tão quente e faminta quanto a dele própria, e ele tentava sempre conter a fera de seus desejos. Até aquele momento, ele conseguira não arrastá-la para sua cama pelo cabelo, mas isso ficava cada vez mais difícil. Às vezes ele não tinha certeza sobre o que estava esperando, podia ver nos olhos dela que Sonora compartilhava seus desejos.
Ele suspeitou ter sido esse o motivo dela ter feito de novo aquele comentário sobre ninguém nunca ter precisado dela também. Severus tinha um pressentimento de que isso significava mais do que ela dissera. Suas mãos eram sempre ansiosas, mas ainda incertas. Seus lábios eram famintos, mas inexperientes. Tanto quanto ele queria dar aquele último passo em seu relacionamento, descobria a si mesmo contendo-se, acalmando-a o mais lenta e gentilmente que podia.
Ele olhou de relance através da sala onde ela estava agora ocupada com Draco. O garoto ainda resistia a ela, mas ela ainda não tinha desistido. Ele tentou esconder seu sorriso, pousando os olhos sobre uma pilha de ensaios. Era algo que aprendera sobre Sonora havia muito tempo. Ela nunca parecia desistir.
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Sonora estava reaprendendo o significado de paciência enquanto tentava lidar com Draco Malfoy. Toda noite em que tinha de estar com ela, o sonserino apresentava-se prontamente, admiravelmente comportado, e positivamente mudo, em silêncio. Sonora estava começando a ficar frustrada.
Esta noite não era diferente. Severus estava sentado à sua mesa, remarcando papéis, e ela selecionara a Draco a tarefa de pulverizar chifres de rinoceronte para os quartanistas. Draco silenciosamente começara a trabalhar, e os casuais comentários dela a ele foram respondidos com monossílabos ou nem mesmo isso.
Sonora estava contemplando o garoto, mais para obter alguma reação dele, quando houve uma batida na porta. Olhou para Severus num reflexo, e seus olhos estiveram tranqüilizadores em sua face austera quando ele chamara, "Entre!"
A porta se abriu para admitir uma Madame Pomfrey com o queixo cor-de-rosa. Sonora deu-lhe um sorriso de boas vindas. "Madame Pomfrey", ela disse. "mas que cargas d'água trouxeram-na todo o caminho até aqui embaixo?"
A enfermeira parecia um pouco sem fôlego. "Céus, eu havia me esquecido de quão grande é a caminhada da enfermaria até aqui!", disse com um sorriso. "Eu estava checando meus estoques ontem à noite e percebi que estou quase sem Poção Para Dormir Sem Sonhar. E com o jogo de quadribol de amanhã entre Sonserina e Corvinal, eu suspeito que possa ter alguns pacientes que acabarão precisando..."
Sonora riu. "Então você veio para pegar, emprestar ou roubar, não é?", provocou.
Madame Pomfrey virou os olhos. "Mais ou menos", disse. Seus olhos moveram- se para onde Severus estava sentado e Sonora observou sua face se suavizar. "Imagino que não tenha nenhum à mão no momento, não é, Professor Snape?", ela perguntou.
Sonora olhou então para Severus, que balançou a cabeça. "Infelizmente não.", ele disse. Sonora se perguntou ao acaso como sua voz grave conseguia arrepiá-la mesmo ao dizer as palavras mais banais. "Mas vou enviar-lhe um suprimento fresco amanhã, de qualquer jeito."
Madame Pomfrey sorriu radiante para ele. "É muito gentil da sua parte, muito obrigada, Professor.", ela disse. Virou-se depois de volta para Sonora e disse, meio que num sussurro: "Eu não sei exatamente o que você fez a ele, querida, mas ele está muito mais agradável desde que você chegou."
Sonora lutou contra o rubor. "Ahh, obrigada.", conseguiu murmurar. A expressão nos olhos da mulher dizia que ela tinha suas suspeitas a respeito do que ela andava fazendo com seu companheiro professor de Poções.
Severus havia se levantado e começado a coletar ingredientes para uma leva de Poção para Dormir Sem Sonhar enquanto Sonora dava boa noite a Madame Pomfrey. Sonora virou-se de novo para a sala de aula, e seus olhos caíram sobre Draco, ainda pulverizando os chifres de rinoceronte. Foi então sacudida por uma idéia.
"Sr. Malfoy", ela disse a ele, e o garoto ergueu os olhos para ela, aquele triste traço de ressentimento ainda pousado sobre o canto dos seus olhos. "Acho que já temos estoque suficiente para a aula de amanhã. Você seria gentil o suficiente a ponto de atender ao pedido de Madame Pomfrey?"
Do outro lado da sala, Severus parou o que estava fazendo e se virou para estudá-la, mas ela ainda não tirara os olhos do garoto. Um olhar surpreso surgiu em seu rosto e ele deixou escapar, "Eu?"
Sonora se permitiu sorrir a ele mais calorosamente do que o normal. "Acredito que você possa lidar com essa poção", ela disse. "Você certamente executou-a perfeitamente em aula. Dobre a receita e poderá fazer o suficiente para algum tempo de uso na enfermaria.", disse, olhando de modo encorajador.
A boca do garoto estava aberta, os olhos pálidos arregalados com a surpresa, então se iluminaram prazerosamente. Sonora sentiu um ímpeto de triunfo ao final. "Sim, professora", Draco disse, a voz mais confiante do que ela estava acostumada a ouvir já havia um bom tempo.
Severus já retornara à sua cadeira e se sentara enquanto tudo isso se passava, e agora assistia com os olhos meditativos enquanto observava Draco limpar sua mesa do chifre de rinoceronte, e então começando a coletar os ingredientes para a Poção para Dormir Sem Sonhar. Sonora caminhou depressa até sua própria cadeira e sentou-se.
Severus se inclinou em murmurou no ouvido dela, "Você acha essa uma idéia sábia?"
Sonora arriscou um sorriso rápido para ele, depois de se certificar que Draco estivesse olhando para qualquer outro lugar. "Acho que possa ser.", ela sussurrou de volta, resistindo ao impulso de beijá-lo.
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Severus manteve sempre um olho no trabalho de Draco, mesmo quando estava corrigindo os ensaios. Não obstante da confiança de Sonora no garoto, ele ainda não confiava tanto que o garoto não fosse propositalmente arruinar a poção. Ela podia tê-lo perdoado pelo que tinha feito a ela, mas Malfoy já estava havia muito tempo sem aprontar nenhuma.
E então ele, de algum modo, ficou surpreso de notar que ele parecia estar tomando cuidado redobrado com a poção, medindo tudo duas vezes e consultando em dobro o livro texto sobre os ingredientes. Talvez Sonora estivesse certa e ainda houvesse alguma esperança para o garoto, ele pensou.
Voltou sua atenção para sua tarefa mundana de corrigir os ensaios e tentou concentrar-se mais neles do que na mulher sentada a seu lado. Era bem difícil, com aquele cabelo brilhante preso e refletindo a luz. Ele era o único que sabia o quão grande ele era, pensou com grande satisfação. O único que o vira cair em ondas sobre os ombros dela até sua cintura.
Cegamente, ele continuou a marcar os papéis, a mente ainda devaneando enquanto ele a imaginava com aquele cabelo de veludo solto, e aquela suave e provocante camisola caindo sobre seu corpo...
Foi com um susto que voltou a si, ao som da voz de Draco. "Professora?", o garoto estava dizendo. "Terminei."
Sonora se levantou da cadeira de novo, e Severus observou cuidadosamente se ela não se machucaria fazendo-o. Ele estava, assumidamente, um pouco superprotetor sobre ela e seu machucado. Mas ela não parecia se importar.
Sonora caminhou depressa até a mesa e testou a poção enquanto Malfoy ficava parado atrás dela, esperando. Severus notou o olhar ansioso nos olhos do garoto. Aquele era o modo como estava acostumado a vê-lo, pensou com ligeira surpresa. Confiou em Sonora para que soubesse percebê-lo.
Sonora deu um sorriso caloroso a Malfoy, do tipo que, Severus sabia por experiência própria, faria o garoto se sentir pressionado a devolver. "Excelente trabalho, Sr. Malfoy", ela disse. "Cinco pontos para a Sonserina pelo trabalho bem feito.". A face do garoto se iluminou por um momento, antes que ele recuperasse o controle de suas emoções. Severus imaginou o quanto deveria estar sendo bom voltar a ganhar pontos para a Sonserina.
"Engarrafe-o, e não se esqueça do Feitiço Antiquebra, e então, se for tão gentil a ponto de levá-lo até Madame Pomfrey, estará dispensado por esta noite.", Sonora estava ainda sorrindo, parecendo muito satisfeita.
Draco balançou a cabeça. "Sim, professora", ele disse.
Sonora virou-se e começou a ir até sua mesa, quando parou. "Ah, e Sr. Malfoy, eu sei que estará em Hogwarts nas férias de Páscoa", ela disse, voltando-se e olhando para Draco.
Uma sombra passou pelo rosto do garoto, e Severus podia facilmente adivinhar o motivo. Lucius ficara lívido ao descobrir que seu filho havia quase sido expulso. Severus sabia que o mais velho Malfoy friamente decretara que seu filho deveria ficar em Hogwarts até que o ano acabasse. E claro que Lucius dissera mais uma série de coisas cruéis ao filho, ele podia imaginar. Severus estivera observando Draco quando a carta de seu pai chegara. O garoto estava sentado sozinho, como era agora seu costume, e qualquer cor que restasse e seu rosto foi sumindo ao passo que ele lia a carta.
Sonora pareceu ignorar alegremente a mudança de expressão de Draco. "Vou aproveitar a oportunidade de fazer um trabalhinho extra meu depois do expediente, e gostaria que você me ajudasse."
Severus assistiu enquanto Draco piscava, em surpresa. "Com sua pesquisa? Professora?" ele perguntou, um traço de avidez se denunciando em sua voz. Malfoy realmente gostava de poções, então, Severus refletiu, surpreso novamente.
Sonora sorriu de novo para Malfoy. Ela estava sendo bem liberal com seus sorrisos esta noite, Severus pensou, ácido, particularmente com um garoto que não os merecia. Mas, pensando bem, ele próprio nunca os merecera. "Precisamente. Eu precisarei que você antes faça uma pequena leitura em preparação, mas acho que pode ser de grande ajuda a mim, Sr. Malfoy."
Draco pareceu até um pouco mais alto enquanto engarrafava a Poção de Dormir Sem Sonhar. Severus moveu os olhos para seus ensaios de novo, contemplativo. Parecia que Sonora finalmente descobrira um bom jeito de mover o garoto para o lado da luz.
Ele estava quase terminando com a pilha de ensaios quando uma queimação no seu braço esquerdo assaltou-o. O coração de Severus martelou. Parecia que seu alívio já estava terminado, e tinha que voltar ao mundo real mais uma vez.
Enquanto Draco colocava as garrafas numa caixa para levá-las, Severus cuidadosamente baixou a pena e os ensaios, e sem olhar para Sonora irrompeu em seu próprio escritório. Pegou sua capa do cabide onde estava pendurada e pegou uma garrafa bem fechada dentro de uma gaveta trancada, escorregando-a pra dentro do bolso de suas vestes. Cuidadosamente, ficou ouvindo enquanto jogava a capa por cima dos ombros. Ouviu Sonora dar boa noite a Draco, e então a porta da sala de aula batendo.
Ele esperou mais alguns segundos antes de voltar para a sala de aula. Como esperara, Sonora jogava água sozinha sobre as tochas. Ele observou-a por um momento, tentando guardar na memória a imagem dela, de seu longo cabelo brilhante. Só por prevenção.
Olhou de esguelha para seu caldeirão no canto. Seu esforço estava levando mais tempo do que pensara, e agora ele tinha firmemente decidido encontrar uma resposta. Logo. Seu tempo de fingimento estava terminado, e ele tinha que encontrar uma maneira de manter Sonora segura.
Ela se virou então, e viu-o parado no batente da porta. O sorriso sumiu dos seus lábios quando viu a capa negra. "Você foi chamado", ela disse, em voz baixa.
Ele ficou onde estava. "Sim", disse, observando-a. Iria aquela lembrança de quem ele realmente era afastá-la dele? Seria a coisa inteligente a se fazer.
Ela pareceu dar um suspiro rápido às palavra dele, e então caminhou diretamente até ele. Severus podia simplesmente esperar que ela viesse até ele, mas ele foi rápido na direção dela, jogando os braços com força à volta dela, abraçando aquele corpo pequeno e delicado contra o seu o mais fortemente que podia, os braços dela apertando-o em retorno. A capa negra ainda os separava, como que para cobrir os dois de escuridão.
Ele percebeu isso enquanto ela suspirava bem fundo, e baixou seus olhos para encontrar os dela. Eles estavam amedrontados e tentando não demonstrá- lo. "Tome cuidado", ela disse quase sussurrando, e ficou na ponta dos pés para beijá-lo.
Ele saboreou a sensação dos lábios dela entre os dele, e sentiu tal vontade em seu coração, que se perguntou como o mundo inteiro não podia percebê- los. "Sempre", ele sussurrou diante dos lábios dela, antes de separar-se dela e sair. Se ele olhasse para trás, pensou severamente, abrindo a passagem secreta, ele nunca iria embora dali.
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Sonora não sabia o que fazer consigo mesma depois que Severus saiu. Ela caminhara a esmo por longos momentos, fechando a sala de aula. Aquilo logo já estava feito, então ela se virou para uma pilha de papeis dos alunos, que ainda não haviam sido corrigidos. Ela fora incapaz de se concentrar, entretanto, então finalmente baixou sua pena e tomou o caminho para seus aposentos.
Agora ela se agitava e virava na cama, incapaz de dormir. Sua imaginação trabalhava o tempo todo em horríveis cenas onde Severus era inevitavelmente torturado. Sua mente não permitia que ela o imaginasse morto, felizmente. Sonora não estava certa de como ela enfrentaria tais imagens.
Finalmente ela pegou no sono e escorregou pra fora da cama. Ela não queria ficar ali, sempre apurando os ouvidos para saber se ele não havia chegado ainda. Ela se levantaria e o esperaria, num lugar onde não pudesse sentir sua falta, decidiu de repente.
A bengala na mão, ela atravessou a sala de aula e entrou no escritório de Severus. Parou com a mão sobre a maçaneta e tremeu um pouco na sala gelada. Ela nunca estivera nos cômodos dele. Ela estava um pouco temerosa do que poderia encontrar ali, pensou, divertidamente nervosa.
Respirando depressa, Sonora empurrou a porta para que se abrisse e pisou no quarto escuro. "Lumus", ela disse num sussurro áspero, e olhou em volta enquanto uma série de tochas se acendiam por si mesmas.
O quarto dele era escuro, equipado em madeira. Um guarda roupas simples ficava em um canto e ela pode dar uma olhadela nas vestes escuras ali penduradas. Uma lareira gelada era a única coisa que ocupava a outra parede. Outra porta aberta mostrava um banheiro também escuro. Seus olhos quase não puderam ver uma outra porta escondida no madeiramento num canto distante do quarto. Deveria ser por ali que ele deixava o castelo, ela pensou. E então pousou seus olhos na cama.
Todos o resto do quarto era espartano, óbvio. Mas a cama era um trabalho maciço entalhado em madeira, e a tapeçaria da parede juntamente das cobertas eram de um rico verde escuro. Sonora tremeu de novo no quarto frio enquanto olhava para a cama, e tomou uma decisão.
Andou até a lareira, e com algumas palavras murmuradas, as chamas começaram a crepitar, esquentando o aposento. Então ela se virou e apoiou a bengala numa parede, empurrando depois algumas cobertas. Elas eram grossas e suaves, e ela deitou a si mesma na cama, fechando os olhos com um suspiro de alívio. Os travesseiros carregavam um fraco aroma de Severus, um masculino traço de almíscar que tanto a acalmava. Ela relaxou e deixou que seus olhos se fechassem. Esperaria ali.
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Severus aparatou fora dos terrenos de Hogwarts quando a neve começava a serpentear no ar. Apertou a capa com força contra si enquanto o frio envolvia suas roupas, e começou a andar na direção do castelo.
Ele estava cansado e se sentia sujo. Voldemort se satisfizera com ele aquela noite. Ele havia finalmente preparado e trazido o que o Lord das Trevas queria, um veneno capaz de matar apenas com o toque. Severus fora obrigado a assistir, impotente, enquanto capturava um pobre trouxa qualquer para que seu mestre testasse a nova poção. Severus tremeu no frio, sentindo- o dentro de si enquanto se lembrava dos gritos cortados repentinamente.
Ele não tivera outra escolha senão a de cumprir as ordens de seu mestre, ele se lembrou febrilmente, enquanto o tardio vento de novembro batia contra seu rosto. O próprio Dumbledore dissera isso a ele, os olhos cheios de simpatia e compreensão. Aquilo não tornava nada mais fácil sua tarefa.
Severus finalmente chegou à fria parede de pedra do castelo, e começou a passar por ali seus dedos, procurando pela trava secreta. Por pior que fosse, ele pensou desoladamente, ele não sabia como poderia olhar de novo para Sonora. Agora ele poderia sujá-la até mesmo com sua presença. Encontrou a trava e puxou-a, entrando num corredor de pedra. Parecia mesmo que o frio o perseguia, pensou, enquanto sentia gelo se formando no fundo do seu estômago.
Severus lentamente atravessou o longo corredor secreto, que o levava até seus aposentos. Com poucas palavras murmuradas, ele puxou uma porta para o lado bem no fim, e entrou.
Mal terminara de passar, fechando a porta ali de novo, quando percebeu que algo estava diferente. Havia uma pequena chama dançando na lareira, mandando calor e luz através de seu quarto usualmente frio e impessoal. A madeira das paredes parecia aumentar e crescer, em resposta.
Então seus olhos caíram sobre a cama, e sentiu algo nele sendo pego de surpresa. Sonora estava deitado do outro lado, de costas para ele. As cobertas haviam escorregado o suficiente para mostrarem um ombro, a alça de sua sedosa camisola caída para o lado, a pele brilhando como ouro à luz do fogo. Seu cabelo, todo aquele cabelo glorioso, estava jogado e repartido pelos travesseiros de uma forma que os tornava semelhantes a seda.
O coração de Severus estava martelando em seu peito, e sua garganta estava travada. Seu sangue corria a toda em suas veias, e ele observou, assombrado, que não poderia se afastar dali aquela noite. Não com o modo como ela ficava contra a luz das chamas. Não com o modo como ela se deitara na sua cama para esperá-lo. Em sua cama, ele pensou ferozmente.
E então Sonora suspirou suavemente, e rolou para o lado, os olhos se abrindo a piscando seriamente para ele. "Severus?", ela disse, a voz sonolenta e calorosa. "Você está de volta."
Naquele momento, aquilo veio a ele como um flash cego. Ele a amava. Ele a amava. Ela ousara encarar tudo aquilo que ele era, tudo que o resto do mundo sabia, e acreditou que ele era algo mais. Ela estava ali, esperando por ele. Na sua cama.
Severus estava com medo de se mexer, com medo de que, se fizesse isso, pudesse se arrepender. "Por que você está aqui?", ele conseguiu dizer.
Ela se ergueu com um cotovelo, o cabelo caindo numa cascata, e aquela maldita alça de camisola escorregando um pouco mais. Severus não conseguia evitar que a seguisse com os olhos. "Eu estava esperando por voc", ela disse.
Ele engoliu em seco, o sangue fervendo. "Você... você deveria voltar para a cama", ele disse, roucamente.
Ela ficou quieta por um momento, e ele pode sentir seus olhos nele. E então ela estendeu uma mão. "Você vem, também", ela sussurrou.
Seus olhos se fixaram nela. Sem pensar, seus dedos subiram até os botões de sua capa. Seu corpo estremeceu com a necessidade de tê-la perto dele. "Você tem certeza?", ele se forçou a dizer.
Ele observou-a sorrir à trêmula luz do fogo. "Ah, sim", ela disse suavemente. E ele estava perdido.
